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🎓 Simulado PND 2025 – Letras Português e Inglês (INEP)
Prova Nacional Docente | 50 Questões Objetivas | Nível: Licenciatura
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⬇️ Baixar Caderno de QuestõesCompartilhe com seus colegas e grupos de estudo:
📲 WhatsApp 📢 Telegram 📘 FacebookFUNDAMENTOS TEÓRICOS DA LINGUAGEM
Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO
- • Conceito de signo linguístico
- • Dicotomias fundamentais (langue/parole, sincronia/diacronia)
- • Sistema linguístico como estrutura
- • Valor linguístico e relações opositivas
CAPÍTULO 2: GERATIVISMO CHOMSKIANO
- • Competência vs. Performance
- • Gramática Universal e Princípios/Parâmetros
- • Estrutura profunda e superficial
- • Transformações sintáticas
CAPÍTULO 3: SÓCIO-INTERACIONISMO BAKHTINIANO
- • Dialogismo e polifonia
- • Gêneros do discurso
- • Enunciado vs. oração
- • Alteridade e responsividade
CAPÍTULO 4: FUNCIONALISMO HALLIDAYANO
- • Metafunções da linguagem
- • Registro linguístico
- • Contexto de situação e cultura
- • Gramática sistêmico-funcional
CAPÍTULO 5: PRAGMÁTICA LINGUÍSTICA
- • Teoria dos atos de fala
- • Princípio de cooperação de Grice
- • Implicaturas conversacionais
- • Dêixis e teoria da polidez
CAPÍTULO 1: ESTRUTURALISMO SAUSSURIANO
👨🏫 Ferdinand de Saussure (1857-1913)
Linguista suíço considerado o fundador da linguística moderna. Suas ideias, compiladas no “Curso de Linguística Geral” (1916), estabeleceram os fundamentos teóricos que revolucionaram o estudo da linguagem.
🔤 O Signo Linguístico
Definição do Signo
Para Saussure, o signo linguístico é uma entidade psíquica de duas faces, unindo não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica:
- Significante: A imagem acústica (forma sonora)
- Significado: O conceito (conteúdo mental)
Características do Signo
1. Arbitrariedade
A relação entre significante e significado é arbitrária – não há motivação natural.
2. Linearidade
O significante se desenvolve no tempo com extensão temporal.
3. Imutabilidade
Não pode ser alterado pelo falante individual (sincronia).
4. Mutabilidade
Evolui historicamente através do tempo (diacronia).
⚔️ Dicotomias Saussurianas
LANGUE (Língua) | PAROLE (Fala) |
---|---|
Sistema abstrato de signos | Uso individual e concreto |
Social e coletiva | Individual e pessoal |
Homogênea | Heterogênea |
Objeto da linguística | Manifestação da langue |
SINCRONIA | DIACRONIA |
---|---|
Estado de língua em momento específico | Evolução da língua através do tempo |
Linguística estática | Linguística evolutiva |
Relações sistemáticas | Mudanças históricas |
💎 Valor Linguístico
Conceito de Valor
O valor linguístico não se confunde com significado. É determinado pelas relações que um signo mantém com outros signos no sistema.
🏋️ EXERCÍCIO: Análise do Signo
Questão: Analise o signo linguístico “casa” identificando significante, significado e evidências da arbitrariedade.
Resposta:
- Significante: /kaza/ – sequência de fonemas
- Significado: [conceito de habitação, moradia, lar]
- Arbitrariedade: Inglês “house”, francês “maison”, alemão “Haus” – mesmo conceito, formas diferentes
CAPÍTULO 2: GERATIVISMO CHOMSKIANO
👨🔬 Noam Chomsky (1928-)
Linguista americano que revolucionou a linguística com a teoria gerativa. Sua obra “Syntactic Structures” (1957) inaugurou uma nova era nos estudos linguísticos.
⚡ Competência vs. Performance
COMPETÊNCIA | PERFORMANCE |
---|---|
Conhecimento linguístico internalizado | Uso efetivo da linguagem |
Sistema de regras mentais | Aplicação das regras em contexto |
Idealizada e homogênea | Real e heterogênea |
Infinita (criatividade) | Limitada (fatores externos) |
🌍 Gramática Universal
Princípios e Parâmetros
A Gramática Universal (GU) é o conjunto de princípios linguísticos inatos que constituem o estado inicial da faculdade da linguagem.
Princípios Universais:
- Dependência de estrutura
- Recursividade
- Localidade
- Economia
Parâmetros:
- Variação limitada
- Valores binários
- Efeitos em cascata
📝 Exemplo: Parâmetro do Núcleo
🏗️ Estrutura Profunda e Superficial
Níveis de Representação
- Estrutura Profunda (EP): Nível abstrato onde se determinam relações temáticas
- Estrutura Superficial (ES): Nível derivado, próximo à forma fonética
- Transformações: Operações que mapeiam EP em ES
🏋️ EXERCÍCIO: Transformação Passiva
Questão: Derive a estrutura superficial da passiva “O bolo foi comido pela Maria” a partir da ativa.
CAPÍTULO 3: SÓCIO-INTERACIONISMO BAKHTINIANO
👨🎨 Mikhail Bakhtin (1895-1975)
Filósofo e teórico russo da linguagem que desenvolveu uma abordagem sócio-histórica da linguagem, enfatizando o dialogismo e a interação social.
💬 Dialogismo
Princípio Dialógico
O dialogismo é o princípio constitutivo da linguagem. Todo enunciado é dialógico porque:
- Responde a enunciados anteriores
- Antecipa respostas futuras
- Incorpora vozes sociais diversas
- Estabelece relações de sentido com outros discursos
🎵 Polifonia
Discurso Monológico
- Uma única voz dominante
- Outras vozes subordinadas
- Autoritário e fechado
Discurso Polifônico
- Múltiplas vozes equipolentes
- Perspectivas em diálogo
- Democrático e dialógico
📝 Gêneros do Discurso
GÊNEROS PRIMÁRIOS | GÊNEROS SECUNDÁRIOS |
---|---|
Comunicação cotidiana espontânea | Comunicação cultural complexa |
Diálogo face a face, carta pessoal | Romance, ensaio científico, artigo |
Simples e diretos | Incorporam e reelaboram primários |
🗣️ Enunciado vs. Oração
ORAÇÃO | ENUNCIADO |
---|---|
Unidade da língua (sistema) | Unidade da comunicação discursiva |
Estrutura gramatical | Posição enunciativa |
Repetível e neutra | Irrepetível e valorativa |
Não tem autor | Tem autor e destinatário |
🏋️ EXERCÍCIO: Análise Dialógica
Questão: Analise o dialogismo em: “Dizem que os jovens de hoje não respeitam mais nada, mas eu acho que cada geração tem seus valores.”
Vozes Identificadas:
- Voz 1: Senso comum conservador (“Dizem que os jovens…”)
- Voz 2: Relativismo cultural (“cada geração tem seus valores”)
- Voz 3: Mediação pessoal (“mas eu acho que”)
CAPÍTULO 4: FUNCIONALISMO HALLIDAYANO
👨🔬 Michael Halliday (1925-2018)
Linguista britânico que desenvolveu a Gramática Sistêmico-Funcional, enfatizando a linguagem como sistema de escolhas para realizar funções comunicativas.
🎯 Metafunções da Linguagem
Metafunção | Função | Exemplo |
---|---|---|
IDEACIONAL | Representar experiências do mundo | “João quebrou o vaso” |
INTERPESSOAL | Estabelecer relações sociais | “Você poderia fechar a porta?” |
TEXTUAL | Organizar a mensagem | “Ontem, João chegou tarde” |
🌍 Sistema de Transitividade
Processo | Função | Exemplo PT | Exemplo EN |
---|---|---|---|
Material | Ações físicas | “João construiu uma casa” | “John built a house” |
Mental | Processos cognitivos | “Maria viu o filme” | “Mary saw the movie” |
Relacional | Estados, relações | “O livro é interessante” | “The book is interesting” |
Verbal | Processos de dizer | “Ana disse a verdade” | “Ann told the truth” |
🎭 Registro Linguístico
Três Variáveis do Registro
CAMPO
O que está acontecendo (vocabulário especializado)
RELAÇÃO
Quem participa (modalidade, polidez)
MODO
Papel da linguagem (estrutura textual)
🏋️ EXERCÍCIO: Análise Funcional
Questão: Analise as três metafunções em: “Felizmente, o médico conseguiu salvar o paciente ontem no hospital.”
- Ideacional: Processo material “salvar”, Ator “médico”, Meta “paciente”
- Interpessoal: “Felizmente” expressa atitude positiva do falante
- Textual: “Felizmente” como tema, organização temporal “ontem”
CAPÍTULO 5: PRAGMÁTICA LINGUÍSTICA
🎭 Teoria dos Atos de Fala
Austin e Searle: Fazer Coisas com Palavras
A linguagem não apenas descreve o mundo, mas age sobre ele através de atos de fala:
Ato Locucionário
O ato de dizer algo (forma linguística)
Ato Ilocucionário
O que se faz ao dizer (força ilocucionária)
Ato Perlocucionário
O efeito causado no ouvinte
📝 Exemplo: “Está frio aqui”
🤝 Princípio de Cooperação (Grice)
Máximas de Grice
- Quantidade: Informação suficiente
- Qualidade: Informação verdadeira
- Relação: Informação relevante
- Modo: Informação clara
Implicaturas
A: “Você tem as horas?”
B: “Sim, tenho.”
Violação: Máxima da quantidade – B não fornece a informação esperada
👉 Dêixis
Tipo | Função | Exemplos PT | Exemplos EN |
---|---|---|---|
Pessoal | Referência a participantes | eu, você, ele | I, you, he |
Espacial | Referência a lugares | aqui, aí, lá | here, there |
Temporal | Referência a tempo | agora, ontem, amanhã | now, yesterday, tomorrow |
🎩 Teoria da Polidez
Brown & Levinson: Face e Polidez
Face Positiva
Desejo de ser aprovado e aceito
“Que ideia brilhante!”
Face Negativa
Desejo de não ser impedido
“Desculpe incomodar, mas…”
🏋️ EXERCÍCIO: Análise Pragmática
Questão: Analise os atos de fala em: “Você poderia me passar o sal?”
- Locucionário: Pergunta sobre habilidade/possibilidade
- Ilocucionário: Pedido educado (ato diretivo indireto)
- Perlocucionário: Ouvinte passa o sal
- Polidez: Preserva face negativa do ouvinte (não impõe diretamente)
QUADRO COMPARATIVO DAS TEORIAS
Aspecto | Saussure | Chomsky | Bakhtin | Halliday |
---|---|---|---|---|
Foco | Sistema/Estrutura | Mente/Cognição | Interação/Sociedade | Função/Contexto |
Unidade | Signo | Sentença | Enunciado | Texto |
Método | Estrutural | Formal | Dialógico | Funcional |
Contexto | Sistema interno | Mente individual | Interação social | Situação comunicativa |
🎯 Síntese para a PND
Para a Prova Nacional Docente, é essencial compreender que essas teorias não são mutuamente excludentes, mas oferecem perspectivas complementares sobre a linguagem:
- Saussure: Fundamentos estruturais – como a linguagem se organiza como sistema
- Chomsky: Aspectos cognitivos – como a mente processa a linguagem
- Bakhtin: Dimensão social – como a linguagem funciona na interação
- Halliday: Função comunicativa – como a linguagem realiza propósitos
- Pragmática: Uso contextual – como a linguagem age no mundo
📚 BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL
Estruturalismo
SAUSSURE, F. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
Gerativismo
CHOMSKY, N. Aspectos da Teoria da Sintaxe. Coimbra: Armênio Amado, 1978.
Dialogismo
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
Funcionalismo
HALLIDAY, M.A.K. An Introduction to Functional Grammar. London: Arnold, 2004.
Pragmática
AUSTIN, J.L. How to Do Things with Words. Oxford: Oxford University Press, 1975.
📖 GLOSSÁRIO
Arbitrariedade
Ausência de relação natural entre significante e significado
Competência
Conhecimento linguístico internalizado do falante
Dialogismo
Princípio de que todo enunciado responde e antecipa outros
Metafunção
Função simultânea da linguagem (ideacional, interpessoal, textual)
Ato Ilocucionário
Ação realizada através do ato de fala
Valor Linguístico
Significado determinado por relações opositivas no sistema
Polifonia
Presença de múltiplas vozes em um mesmo discurso
Dêixis
Referência que depende do contexto de enunciação
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FONÉTICA E FONOLOGIA
Português e Inglês – Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
- • Diferença entre fonética e fonologia
- • Aparelho fonador e classificação articulatória
- • Transcrição fonética (IPA) e fonológica
- • Conceitos: fonema, alofone, distribuição complementar
- • Pares mínimos e neutralização
PARTE II: SISTEMA FONOLÓGICO DO PORTUGUÊS
- Cap. 1: Sistema vocálico (7 tônicas, 5 átonas, alçamento)
- Cap. 2: Sistema consonantal (19 fonemas, palatalização)
- Cap. 3: Estrutura silábica e acento
PARTE III: SISTEMA FONOLÓGICO DO INGLÊS
- Cap. 4: Contrastes português-inglês
- Cap. 5: Processos fonológicos do inglês
PARTE IV: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
- • Análise de erros de pronúncia
- • Estratégias para ensino de fonética
- • Consciência fonológica e alfabetização
PARTE I: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
🔬 Fonética vs. Fonologia
Aspecto | FONÉTICA | FONOLOGIA |
---|---|---|
Objeto | Sons da fala (fones) | Sistema sonoro (fonemas) |
Foco | Propriedades físicas | Função linguística |
Método | Experimental, acústico | Estrutural, distributivo |
Transcrição | [colchetes] – detalhada | /barras/ – abstrata |
Exemplo | [kɐ̃ˈtaɾ] – realização | /kɐ̃ˈtar/ – representação |
🗣️ Aparelho Fonador
Três Sistemas Articulatórios
1. Sistema Respiratório
- Pulmões
- Brônquios
- Traqueia
2. Sistema Fonatório
- Laringe
- Pregas vocais
- Glote
3. Sistema Articulatório
- Cavidade oral
- Cavidade nasal
- Faringe
Classificação Articulatória das Consoantes
🔤 Alfabeto Fonético Internacional (IPA)
Símbolos IPA Essenciais
VOGAIS PORTUGUESAS:
CONSOANTES ESPECIAIS:
🎯 Conceitos Fundamentais
FONEMA
Unidade sonora mínima com função distintiva
Ex: /p/ vs /b/ em “pato” vs “bato”
ALOFONE
Variante fonética de um fonema
Ex: [t] vs [tʃ] em “tatu” vs “tia”
DISTRIBUIÇÃO COMPLEMENTAR
Alofones em contextos mutuamente exclusivos
Ex: [t] antes de [a,o,u] / [tʃ] antes de [i]
PAR MÍNIMO
Palavras que diferem por um único fonema
Ex: “faca” /faka/ vs “vaca” /vaka/
🏋️ EXERCÍCIO 1: Identificação de Pares Mínimos
Questão: Identifique os pares mínimos e determine os fonemas contrastivos:
a) pato – bato – gato
b) faca – vaca – baca
c) selo – zelo – pelo
Resposta:
a) /p/ vs /b/ vs /g/ – contraste de sonoridade e ponto
b) /f/ vs /v/ vs /b/ – contraste de sonoridade
c) /s/ vs /z/ vs /p/ – contraste múltiplo
PARTE II: SISTEMA FONOLÓGICO DO PORTUGUÊS
CAPÍTULO 1: SISTEMA VOCÁLICO
🔺 Triângulo Vocálico do Português Brasileiro
Alçamento Vocálico
Processo fonológico que eleva vogais médias em posição átona:
PRETÔNICAS:
- /e/ → [i]: menino → m[i]nino
- /o/ → [u]: coração → c[u]ração
POSTÔNICAS:
- /e/ → [i]: ponte → pont[i]
- /o/ → [u]: livro → livr[u]
Vogais Nasais: Fonemas ou Alofones?
Duas Análises Possíveis:
ANÁLISE 1: Fonemas Nasais
- /ĩ/ – “fim” [fĩ]
- /ẽ/ – “bem” [bẽ]
- /ã/ – “mão” [mãw̃]
- /õ/ – “bom” [bõ]
- /ũ/ – “um” [ũ]
ANÁLISE 2: Alofones Nasais
- /VN/ → [Ṽ] / ___ #
- “canto” /kanto/ → [kãntu]
- “campo” /kampo/ → [kãmpu]
- Nasalização por assimilação
Ditongos
Tipo | Estrutura | Exemplos | Transcrição |
---|---|---|---|
Decrescente | V + Semivogal | pai, céu, foi | [paj], [sɛw], [foj] |
Crescente | Semivogal + V | água, quando | [agwa], [kwãndu] |
Nasal | Ṽ + Semivogal | mão, bem | [mãw̃], [bẽj̃] |
CAPÍTULO 2: SISTEMA CONSONANTAL
🔄 Processos Fonológicos Principais
1. Palatalização de /t, d/
Regra: /t, d/ → [tʃ, dʒ] / ___ [i]
EXEMPLOS:
- “tia” /tia/ → [tʃia]
- “dia” /dia/ → [dʒia]
- “noite” /noite/ → [nojtʃi]
- “tarde” /tarde/ → [tardʒi]
VARIAÇÃO:
- Obrigatória: dialetos do Sudeste
- Opcional: outros dialetos
- Contexto: antes de [i] tônico/átono
2. Vocalização do /r/ em Coda
Regra: /r/ → [ɾ, x, h, ∅] / V ___ {C, #}
REALIZAÇÕES:
- “porta” → [poɾta] ~ [poxta]
- “mar” → [maɾ] ~ [max] ~ [mah]
- “amor” → [amoɾ] ~ [amox]
APAGAMENTO:
- “falar” → [fala] (infinitivos)
- “mulher” → [muʎe] (dialetal)
- Mais comum em final de palavra
🏋️ EXERCÍCIO 2: Processos Fonológicos
Questão: Transcreva foneticamente as palavras abaixo, indicando os processos aplicados:
a) “dentista” b) “partir” c) “menino” d) “bonde”
Resposta:
a) [dẽntʃista] – palatalização de /t/
b) [paxtʃiɾ] – vocalização de /r/ + palatalização
c) [mininu] – alçamento de /e/ e /o/
d) [bõndʒi] – palatalização de /d/
CAPÍTULO 3: ESTRUTURA SILÁBICA E ACENTO
🏗️ Padrões Silábicos
📍 Sistema Acentual
Regras de Acentuação
ACENTO PRIMÁRIO:
- Paroxítonas: padrão default
- Oxítonas: palavras terminadas em vogal
- Proparoxítonas: sempre marcadas
ACENTO SECUNDÁRIO:
- Palavras longas (4+ sílabas)
- Ritmo alternante
- Ex: ˌcafeˈzinho
PARTE III: SISTEMA FONOLÓGICO DO INGLÊS
CAPÍTULO 4: CONTRASTES PORTUGUÊS-INGLÊS
🔊 Sistema Vocálico do Inglês
⚡ Principais Dificuldades para Brasileiros
VOGAIS PROBLEMÁTICAS:
- /ɪ/ vs /i/: “bit” vs “beat”
- /ʊ/ vs /u/: “book” vs “boot”
- /æ/: “cat” – não existe no PB
- /ʌ/: “cut” – confundido com /a/
- /ə/: “about” – schwa átono
CONSOANTES PROBLEMÁTICAS:
- /θ/: “think” – fricativa dental surda
- /ð/: “this” – fricativa dental sonora
- /v/: “very” – confundido com /b/
- /ŋ/: “sing” – nasal velar
- /h/: “house” – aspiração
🔄 Grupos Consonantais Complexos
Onset Complexo (até 3 consoantes)
CC:
- /sp/ – “speak”
- /st/ – “stop”
- /sk/ – “school”
- /pr/ – “price”
- /tr/ – “tree”
CCC:
- /spr/ – “spring”
- /str/ – “street”
- /skr/ – “screen”
- /spl/ – “split”
ESTRATÉGIAS PB:
- Epêntese: [is]”speak”
- Prótese: [es]”school”
- Simplificação: “street” → [strit]
CAPÍTULO 5: PROCESSOS FONOLÓGICOS DO INGLÊS
📝 Morfofônicos: Plurais e Passado
Formação de Plurais
Contexto | Alomorfe | Exemplos |
---|---|---|
Após sibilantes | /ɪz/ | buses, wishes, judges |
Após surdas | /s/ | cats, books, maps |
Após sonoras | /z/ | dogs, beds, cars |
Passado Regular
Contexto | Alomorfe | Exemplos |
---|---|---|
Após /t, d/ | /ɪd/ | wanted, needed |
Após surdas | /t/ | walked, helped |
Após sonoras | /d/ | played, lived |
🔗 Connected Speech
Processos de Ligação
LINKING:
- “an apple” → [ænæpəl]
- “far away” → [fɑrəweɪ]
- “law and order” → [lɔrændɔrdər]
ASSIMILAÇÃO:
- “ten boys” → [tembɔɪz]
- “good girl” → [gʊdgɝl]
- “this year” → [ðɪʃjɪr]
🏋️ EXERCÍCIO 3: Análise Contrastiva
Questão: Identifique os principais problemas de pronúncia para brasileiros nas palavras:
a) “think” b) “very” c) “ship” d) “beach”
Resposta:
a) /θ/ → [s] ou [f] – fricativa dental inexistente no PB
b) /v/ → [b] – confusão labiodental/bilabial
c) /ʃ/ → [ʃi] – epêntese vocálica final
d) /i/ → [i] – alongamento desnecessário
PARTE IV: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
🎯 Análise de Erros de Pronúncia
Tipologia de Erros
ERROS DE TRANSFERÊNCIA:
- Substituição por som similar do PB
- Aplicação de regras do PB ao inglês
- Estrutura silábica do PB
ERROS DESENVOLVIMENTAIS:
- Simplificação de grupos consonantais
- Hipercorreção
- Generalização de regras
📚 Estratégias de Ensino
Abordagens Metodológicas
1. CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
- Desenvolvimento da percepção auditiva
- Discriminação de pares mínimos
- Atividades de segmentação silábica
2. TREINAMENTO ARTICULATÓRIO
- Exercícios de posicionamento dos articuladores
- Uso de espelhos e diagramas
- Técnicas de respiração e relaxamento
3. TECNOLOGIA ASSISTIVA
- Softwares de análise acústica (Praat, Audacity)
- Aplicativos de pronúncia
- Feedback visual em tempo real
🧠 Consciência Fonológica e Alfabetização
Níveis de Consciência Fonológica
Consciência da Palavra
Segmentação de frases em palavras
Consciência Silábica
Identificação e manipulação de sílabas
Consciência Fonêmica
Manipulação de fonemas individuais
RECURSOS COMPLEMENTARES
📊 Tabela IPA Completa
🎵 Recursos Audiovisuais
🔊 Áudios de Pronúncia
- • Sons do IPA: ipachart.com
- • Forvo: forvo.com
- • Cambridge Dictionary
- • Sounds Pronunciation App
💻 Softwares Especializados
- • Praat (análise acústica)
- • Audacity (edição de áudio)
- • Speech Analyzer (SIL)
- • WASP (análise espectral)
🏋️ Questões de Concurso Comentadas
QUESTÃO 1 (ENEM 2019 – Adaptada)
Questão: O processo de palatalização em português brasileiro pode ser exemplificado por:
a) “casa” → [kaza]
b) “tia” → [tʃia]
c) “mar” → [max]
d) “ponte” → [põtʃi]
e) “livro” → [livru]
Resposta: B e D
Comentário: A palatalização ocorre quando /t, d/ se tornam [tʃ, dʒ] antes de [i]. Em “tia”, /t/ → [tʃ]. Em “ponte”, além da nasalização, /t/ → [tʃ] antes do [i] final.
QUESTÃO 2 (Concurso Professor – SP 2018)
Questão: Em inglês, a diferença entre “ship” /ʃɪp/ e “sheep” /ʃip/ é:
a) Apenas de duração vocálica
b) Contraste fonêmico /ɪ/ vs /i/
c) Diferença alofônica
d) Variação dialetal
e) Não há diferença fonológica
Resposta: B
Comentário: /ɪ/ e /i/ são fonemas distintos em inglês (vogal frouxa vs tensa), formando par mínimo. Para brasileiros, essa distinção é problemática pois o PB não possui /ɪ/.
QUESTÃO 3 (UFMG 2020 – Linguística)
Questão: O alçamento vocálico em português brasileiro é um processo que:
a) Ocorre apenas em posição tônica
b) Afeta todas as vogais médias
c) É obrigatório em posição átona final
d) Não tem condicionamento fonológico
e) É um processo morfológico
Resposta: C
Comentário: O alçamento de /e/ → [i] e /o/ → [u] é obrigatório em posição átona final no PB padrão: “ponte” → [põtʃi], “livro” → [livru].
📚 Bibliografia Especializada
Fonética e Fonologia Geral
SILVA, T. C. Fonética e Fonologia do Português. São Paulo: Contexto, 2019.
Português Brasileiro
CÂMARA JR., J. M. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2015.
Inglês
ROACH, P. English Phonetics and Phonology. Cambridge: CUP, 2020.
Análise Contrastiva
BAPTISTA, B. O. & WATKINS, M. A. English with a Latin Beat. Amsterdam: Benjamins, 2006.
Consciência Fonológica
ADAMS, M. J. Beginning to Read: Thinking and Learning about Print. Cambridge: MIT Press, 1990.
📖 Glossário Técnico
Alofone
Variante fonética de um fonema em distribuição complementar
Assimilação
Processo pelo qual um som se torna similar a outro adjacente
Epêntese
Inserção de som para quebrar grupo consonantal
Neutralização
Perda de contraste fonêmico em contexto específico
Palatalização
Mudança articulatória em direção à região palatal
Schwa
Vogal central média neutra /ə/, comum em sílabas átonas
Sonoridade
Vibração das pregas vocais durante a articulação
Vocalização
Mudança de consoante para som vocálico
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
🏋️ EXERCÍCIO 4: Transcrição Fonética
Questão: Transcreva foneticamente as seguintes palavras do português brasileiro:
1. “dentista” 2. “menino” 3. “partir” 4. “bonde” 5. “campo”
Resposta:
1. [dẽntʃista] – palatalização + nasalização
2. [mininu] – alçamento vocálico
3. [paxtʃiɾ] – vocalização do /r/ + palatalização
4. [bõndʒi] – nasalização + palatalização
5. [kãmpu] – nasalização por assimilação
🏋️ EXERCÍCIO 5: Análise de Erros
Questão: Um brasileiro pronuncia as seguintes palavras inglesas. Identifique e explique os erros:
a) “think” → [sink] b) “very” → [bery] c) “school” → [iskul] d) “beach” → [bitʃi]
Análise dos Erros:
a) /θ/ → [s] – substituição por fricativa alveolar (som mais próximo no PB)
b) /v/ → [b] – confusão labiodental/bilabial (interferência do PB)
c) /sk/ → [isk] – prótese vocálica para quebrar grupo consonantal
d) /i/ → [i] + epêntese [i] – alongamento + vogal paragógica
🎯 Resumo para a PND
Esta apostila cobriu os aspectos essenciais de Fonética e Fonologia para a PND Letras:
✅ PORTUGUÊS BRASILEIRO:
- Sistema vocálico (7 tônicas, 5 átonas)
- Alçamento vocálico em posição átona
- Palatalização de /t, d/ antes de [i]
- Vocalização do /r/ em coda
- Estrutura silábica e acento
✅ INGLÊS:
- Contrastes vocálicos (/ɪ/ vs /i/, /ʊ/ vs /u/)
- Consoantes problemáticas (/θ/, /ð/, /v/)
- Grupos consonantais complexos
- Processos morfofônicos
- Connected speech
🔊 Apostila completa – 35 páginas | 🎯 PND Letras 2025 | 📚 Fonética e Fonologia
Material especializado para preparação da Prova Nacional Docente
Inclui análise contrastiva português-inglês e aplicações pedagógicas
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MORFOLOGIA E SINTAXE
Português e Inglês – Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: MORFOLOGIA
- Cap. 1: Fundamentos morfológicos (morfema, morfe, alomorfe)
- Cap. 2: Processos de formação – Português
- Cap. 3: Morfologia do inglês (compounding, blending, clipping)
- Cap. 4: Morfologia flexional comparada
PARTE II: SINTAXE
- Cap. 5: Fundamentos sintáticos
- Cap. 6: Sintaxe do português (ordem, concordância)
- Cap. 7: Sintaxe do inglês (auxiliares, passiva)
- Cap. 8: Análise sintática contrastiva
PARTE III: APLICAÇÕES
- • Análise de erros morfossintáticos
- • Estratégias pedagógicas
- • 30 questões comentadas
- • Bibliografia especializada
PARTE I: MORFOLOGIA
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTOS MORFOLÓGICOS
🧩 Conceitos Fundamentais
Hierarquia das Unidades Morfológicas
Conceito | Definição | Exemplo |
---|---|---|
Morfema | Menor unidade significativa | {re-} em “refazer” |
Morfe | Realização fonológica | [re] em “refazer” |
Alomorfe | Variantes condicionadas | {in-}: [in], [im], [i] |
Morfema Zero | Ausência com significado | “casa” (sing.) vs “casas” |
🔗 Morfemas Livres vs. Presos
MORFEMAS LIVRES
Podem ocorrer isoladamente como palavras
- Classe aberta (lexicais)
- Classe fechada (funcionais)
- Autonomia fonológica
MORFEMAS PRESOS
Devem se anexar a outros morfemas
- Dependência morfológica
- Posição fixa (pré/sufixos)
- Modificam significado/função
⚖️ Morfologia Flexional vs. Derivacional
Aspecto | FLEXIONAL | DERIVACIONAL |
---|---|---|
Função | Adequação sintática | Criação lexical |
Classe | Mantém a classe | Pode mudar a classe |
Posição | Mais externa | Mais interna |
Produtividade | Regular, obrigatória | Irregular, opcional |
Exemplo | cas-a-s | cas-eir-o |
🔍 Análise Mórfica
Metodologia de Segmentação
1. IDENTIFICAÇÃO DE MORFEMAS
Palavra: “infelizmente”
2. TESTE DE COMUTAÇÃO
3. CLASSIFICAÇÃO
💪 EXERCÍCIO 1: Análise Morfológica
Questão: Segmente e classifique os morfemas das palavras:
a) “desfazer” b) “livraria” c) “impossível” d) “gatinhos”
Resposta:
a) des-faz-er (pref.deriv + radical + suf.flex)
b) livr-ari-a (radical + suf.deriv + suf.flex)
c) im-possível (pref.deriv + radical)
d) gat-inh-o-s (radical + suf.deriv + suf.flex + suf.flex)
CAPÍTULO 2: PROCESSOS DE FORMAÇÃO – PORTUGUÊS
🌱 Derivação
Tipos de Derivação
PREFIXAÇÃO
SUFIXAÇÃO
PARASSÍNTESE
Prefixos Produtivos do Português
Prefixo | Significado | Exemplos | Origem |
---|---|---|---|
re- | repetição, volta | refazer, rever | Latim |
des- | negação, separação | desfazer, desligar | Latim |
in-/im- | negação | infeliz, impossível | Latim |
super- | excesso, superioridade | supermercado, superdotado | Latim |
anti- | oposição | antivírus, antiácido | Grego |
🔗 Composição
Tipos de Composição
JUSTAPOSIÇÃO
Elementos mantêm autonomia fonológica
Características: hífen, acento próprio
AGLUTINAÇÃO
Fusão com alterações fonológicas
Características: sem hífen, um acento
🔄 Outros Processos
CONVERSÃO
Mudança de classe sem alteração formal
REGRESSÃO
Formação por subtração
HIBRIDISMO
Elementos de línguas diferentes
ONOMATOPEIA
Imitação de sons
💪 EXERCÍCIO 2: Processos Formativos
Questão: Identifique o processo de formação:
a) “passatempo” b) “entristecer” c) “o correr” d) “petróleo” e) “pernilongo”
Resposta:
a) Composição por justaposição (passa + tempo)
b) Parassíntese (en- + trist- + -ecer)
c) Conversão (verbo → substantivo)
d) Composição por aglutinação (pedra + óleo)
e) Composição por aglutinação (perna + longo)
CAPÍTULO 3: MORFOLOGIA DO INGLÊS
🌿 Derivação em Inglês
Prefixos Produtivos
Prefixo | Significado | Exemplos | Produtividade |
---|---|---|---|
un- | negação | unhappy, undo | Alta |
re- | repetição | remake, rewrite | Alta |
pre- | anterioridade | preview, preorder | Média |
over- | excesso | overeat, overwork | Alta |
Sufixos Produtivos
FORMADORES DE SUBSTANTIVOS
FORMADORES DE ADJETIVOS
🏗️ Compounding (Composição)
Tipos de Compostos
NOUN + NOUN
ADJECTIVE + NOUN
VERB + NOUN
🔀 Blending (Cruzamento)
Processo de Blending
- Processo altamente produtivo
- Comum em tecnologia e marketing
- Combina significados das palavras originais
- Pode se lexicalizar completamente
✂️ Clipping (Truncamento)
Tipos de Clipping
FORE-CLIPPING
Apagamento do início
BACK-CLIPPING
Apagamento do final
MIDDLE-CLIPPING
Apagamento do meio
🔤 Acronymy (Acronímia)
Tipos de Acrônimos
INICIALISMO
Pronunciação letra por letra
ACRÔNIMO VERDADEIRO
Pronunciação como palavra
🔄 Conversion (Conversão)
Conversão Zero-Derivada
Mudança de classe gramatical sem alteração morfológica
NOUN → VERB
VERB → NOUN
💪 EXERCÍCIO 3: Morfologia do Inglês
Questão: Identifique o processo morfológico:
a) “brunch” b) “phone” c) “NASA” d) “to google” e) “unhappy”
Resposta:
a) Blending (breakfast + lunch)
b) Clipping (telephone → phone)
c) Acronymy (National Aeronautics and Space Administration)
d) Conversion (noun “Google” → verb “to google”)
e) Derivation (un- + happy)
CAPÍTULO 4: MORFOLOGIA FLEXIONAL
👥 Flexão Nominal
Categoria | PORTUGUÊS | INGLÊS |
---|---|---|
Gênero | Masculino/Feminino gato/gata | Ausente (lexical) actor/actress |
Número | Singular/Plural casa/casas | Singular/Plural cat/cats |
Caso | Ausente | Genitivo (possessivo) John’s book |
Formação do Plural
PORTUGUÊS
INGLÊS
🔄 Flexão Verbal
Sistemas Verbais Contrastivos
Categoria | Português | Inglês |
---|---|---|
Pessoa | 6 formas cant-o, -as, -a, -amos, -ais, -am | 2 formas sing, sings |
Tempo | Presente, Pretérito, Futuro + compostos | Presente, Passado + auxiliares |
Modo | Indicativo, Subjuntivo, Imperativo | Indicativo, Subjuntivo (limitado) |
Aspecto | Perfectivo/Imperfectivo (lexical) | Progressive/Perfect (gramatical) |
Paradigmas Flexionais
VERBO “CANTAR” (Português)
VERBO “SING” (Inglês)
💪 EXERCÍCIO 4: Morfologia Flexional
Questão: Compare as flexões:
a) Plural de “child” e “criança”
b) Conjugação de “be” e “ser” no presente
c) Formação do passado: “work” vs “trabalhar”
Análise Contrastiva:
a) “child → children” (irregular) vs “criança → crianças” (regular)
b) “am/is/are” (3 formas) vs “sou/és/é/somos/sois/são” (6 formas)
c) “work → worked” (sufixo) vs “trabalhar → trabalhei” (desinência)
PARTE II: SINTAXE
CAPÍTULO 5: FUNDAMENTOS SINTÁTICOS
🏗️ Conceitos Básicos
Unidades Sintáticas
SINTAGMA (PHRASE)
Grupo de palavras organizadas em torno de um núcleo
ORAÇÃO (CLAUSE)
Estrutura com sujeito e predicado
PERÍODO (SENTENCE)
Uma ou mais orações
🌳 Estrutura Hierárquica
Árvore Sintática Básica
S / \ / \ SN SV / / \ / / \ D V SN | | / \ | | / \ The saw D N | | a cat "The boy saw a cat"
🎯 Funções Sintáticas
Função | Definição | Exemplo (PT) | Exemplo (EN) |
---|---|---|---|
Sujeito | Termo sobre o qual se declara algo | [O menino] correu | [The boy] ran |
Predicado | Termo que declara algo sobre o sujeito | O menino [correu] | The boy [ran] |
Objeto Direto | Complemento sem preposição | Comprou [um livro] | Bought [a book] |
Objeto Indireto | Complemento com preposição | Deu [ao menino] | Gave [to the boy] |
Adjunto | Termo acessório | Correu [ontem] | Ran [yesterday] |
CAPÍTULO 6: SINTAXE DO PORTUGUÊS
📍 Ordem dos Constituintes
Ordem Básica: SVO
ORDEM CANÔNICA
VARIAÇÕES PERMITIDAS
🤝 Concordância
Tipos de Concordância
CONCORDÂNCIA NOMINAL
CONCORDÂNCIA VERBAL
🔄 Regência
Regência Verbal e Nominal
REGÊNCIA VERBAL
REGÊNCIA NOMINAL
CAPÍTULO 7: SINTAXE DO INGLÊS
🏗️ Estrutura Básica
Ordem Rígida: SVO
ORDEM FIXA
EXCEÇÕES LIMITADAS
🔧 Sistema de Auxiliares
Verbos Auxiliares
BE
HAVE
DO
🔄 Voz Passiva
Formação da Passiva
Tempo | Ativa | Passiva |
---|---|---|
Presente | John writes letters | Letters are written by John |
Passado | John wrote letters | Letters were written by John |
Futuro | John will write letters | Letters will be written by John |
💪 EXERCÍCIO 5: Análise Sintática
Questão: Analise sintaticamente:
a) “O professor explicou a matéria aos alunos”
b) “The teacher explained the subject to the students”
Análise:
a) [O professor]Suj [explicou]V [a matéria]OD [aos alunos]OI
b) [The teacher]Subj [explained]V [the subject]DO [to the students]IO
Diferença: Mesmo padrão SVO, mas inglês usa preposição “to” para OI
CAPÍTULO 8: ANÁLISE SINTÁTICA CONTRASTIVA
⚖️ Principais Contrastes
Aspecto | PORTUGUÊS | INGLÊS |
---|---|---|
Ordem | SVO (flexível) | SVO (rígida) |
Sujeito | Pode ser nulo | Obrigatório |
Auxiliares | Limitados | Sistema complexo |
Concordância | Rica (nominal/verbal) | Limitada |
Artigo | Definido/Indefinido | Definido/Indefinido/Zero |
🎯 Dificuldades para Brasileiros
Principais Problemas Sintáticos
1. SUJEITO OBRIGATÓRIO
2. ORDEM DOS CONSTITUINTES
3. AUXILIARES
🔍 Análise de Erros
💪 EXERCÍCIO 6: Correção de Erros
Questão: Identifique e corrija os erros:
Correções:
a) It is very hot today (sujeito obrigatório)
b) I don’t speak English (auxiliar negativo)
c) Where are you going? (inversão sujeito-auxiliar)
d) I have been here since morning (present perfect)
PARTE III: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
🎯 Estratégias de Ensino
Abordagens Metodológicas
1. ANÁLISE CONTRASTIVA
- Comparação sistemática das estruturas
- Predição de dificuldades
- Exercícios focalizados
2. CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA
- Reflexão sobre as diferenças
- Desenvolvimento da metalinguagem
- Autonomia do aprendiz
3. ENSINO INDUTIVO
- Descoberta de padrões
- Análise de exemplos
- Formulação de regras
📊 Questões Comentadas
QUESTÃO 7 (ENEM 2020 – Adaptada)
Questão: Em “desfazer”, o processo morfológico é:
a) Composição por justaposição
b) Derivação prefixal
c) Derivação sufixal
d) Parassíntese
e) Conversão
Resposta: B
Comentário: “Desfazer” = des- (prefixo) + fazer (radical). É derivação prefixal, pois acrescenta apenas um prefixo ao radical verbal.
QUESTÃO 8 (Concurso Professor – RJ 2019)
Questão: A diferença entre “email” (inglês) e “correio eletrônico” (português) ilustra:
a) Mesmo processo morfológico
b) Blending vs. composição
c) Clipping vs. derivação
d) Acronymy vs. parassíntese
e) Conversion vs. flexão
Resposta: B
Comentário: “Email” é blending (electronic + mail), enquanto “correio eletrônico” é composição (substantivo + adjetivo).
📚 Bibliografia Especializada
Morfologia
MONTEIRO, J. L. Morfologia Portuguesa. Campinas: Pontes, 2018.
Sintaxe Portuguesa
PERINI, M. A. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2020.
Sintaxe Inglesa
HUDDLESTON, R. & PULLUM, G. The Cambridge Grammar of the English Language. Cambridge: CUP, 2002.
Análise Contrastiva
LADO, R. Linguistics Across Cultures. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1957.
🎯 Resumo para a PND
Esta apostila abordou os aspectos centrais de Morfologia e Sintaxe para a PND Letras:
✅ MORFOLOGIA:
- Conceitos fundamentais (morfema, alomorfe)
- Processos de formação em português
- Morfologia do inglês (blending, clipping)
- Morfologia flexional contrastiva
✅ SINTAXE:
- Fundamentos sintáticos
- Ordem e concordância em português
- Sistema de auxiliares do inglês
- Análise contrastiva e erros comuns
📝 Apostila completa – 40 páginas | 🎯 PND Letras 2025 | 🔍 Morfologia e Sintaxe
Material especializado para preparação da Prova Nacional Docente
Inclui análise contrastiva português-inglês e 30 exercícios práticos
MORFOLOGIA E SINTAXE
Português e Inglês – Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE II: SINTAXE
- Cap. 5: Fundamentos sintáticos (constituintes, funções, árvores)
- Cap. 6: Sintaxe do português (funções, ordem, passiva)
- Cap. 7: Sintaxe do inglês (SVO, phrasal verbs, 12 tempos)
- Cap. 8: Sintaxe gerativa básica (X-barra, movimento)
PARTE III: INTERFACES
- Cap. 9: Morfossintaxe (concordância, regência, colocação)
- Cap. 10: Aplicações pedagógicas (ensino, análise de erros)
RECURSOS FINAIS
- • Tabelas de classificação morfológica
- • Esquemas de análise sintática
- • 30 questões de concurso comentadas
- • Glossário morfossintático
PARTE II: SINTAXE
CAPÍTULO 5: FUNDAMENTOS SINTÁTICOS
🧩 Constituintes Sintáticos e Testes
Definição de Constituinte
Um constituinte sintático é um grupo de palavras que funciona como uma unidade sintática, podendo ser substituído por uma única palavra ou movido como um bloco.
EXEMPLO BÁSICO
Testes de Constituência
Principais Testes
1. TESTE DE SUBSTITUIÇÃO
Substituir por pronome ou palavra equivalente
2. TESTE DE MOVIMENTO
Mover o grupo como uma unidade
3. TESTE DE COORDENAÇÃO
Coordenar com elemento da mesma categoria
4. TESTE DE PERGUNTA
Formar pergunta focalizando o constituinte
⚖️ Funções Sintáticas vs. Categorias
Aspecto | CATEGORIA | FUNÇÃO |
---|---|---|
Definição | Classe morfossintática | Papel na estrutura |
Exemplos | N, V, Adj, Adv, P | Sujeito, Objeto, Adjunto |
Propriedades | Morfológicas, semânticas | Sintáticas, relacionais |
Exemplo | “livro” = N | “livro” = Objeto |
Correspondências Categoria-Função
CATEGORIAS PRINCIPAIS
FUNÇÕES PRINCIPAIS
🌳 Árvores Sintáticas Básicas
Estrutura Hierárquica
S /|\ / | \ / | \ SN | SV /| | /|\ / | | / | \ D N | V | SN | | | | | /|\ | | | | |/ | \ O menino comprou D N | | | | um livro "O menino comprou um livro"
PRINCÍPIOS DA ÁRVORE
- Hierarquia: Estrutura em níveis
- Dominância: Nós superiores dominam inferiores
- Precedência: Ordem linear dos elementos
- Constituência: Agrupamento em unidades
💪 EXERCÍCIO 1: Análise em Constituintes Imediatos
Questão: Identifique os constituintes imediatos e desenhe a árvore:
“A menina bonita leu o livro interessante rapidamente”
Análise:
Constituintes: SN (sujeito), SV (predicado), com subconstituintes internos
CAPÍTULO 6: SINTAXE DO PORTUGUÊS
🎯 Funções Sintáticas
Funções Essenciais
SUJEITO
Termo com o qual o verbo concorda
PREDICADO
Termo que expressa o que se diz do sujeito
Complementos Verbais
Complemento | Características | Exemplo | Teste |
---|---|---|---|
Objeto Direto | Sem preposição obrigatória | Comprou [um carro] | Substituição por “o/a” |
Objeto Indireto | Com preposição obrigatória | Gosta [de música] | Substituição por “lhe” |
Predicativo | Atributo do sujeito/objeto | É [professor] | Verbo de ligação |
Complemento Nominal | Completa nome, adj, adv | Medo [de altura] | Necessário ao sentido |
🔄 Predicativo do Sujeito vs. do Objeto
Distinção Fundamental
PREDICATIVO DO SUJEITO
Atributo que se refere ao sujeito
Verbos: ser, estar, ficar, parecer, virar, tornar-se
PREDICATIVO DO OBJETO
Atributo que se refere ao objeto
Verbos: considerar, julgar, chamar, eleger, nomear
⚖️ Adjuntos vs. Complementos
Critérios de Distinção
Critério | COMPLEMENTO | ADJUNTO |
---|---|---|
Obrigatoriedade | Obrigatório | Opcional |
Seleção | Selecionado pelo núcleo | Não selecionado |
Função | Completa o sentido | Modifica, especifica |
Exemplo | Gosta [de música] | Chegou [ontem] |
TESTE DE OPCIONALIDADE
📍 Ordem dos Constituintes
Ordem Básica SVO
ORDEM CANÔNICA
VARIAÇÕES PERMITIDAS
RESTRIÇÕES
🔄 Construções Passivas
Tipos de Passiva
PASSIVA ANALÍTICA
Formada com ser + particípio
PASSIVA SINTÉTICA
Formada com se + verbo
PASSIVA DE ESTADO
Formada com estar + particípio
💪 EXERCÍCIO 2: Análise Sintática
Questão: Analise sintaticamente as orações:
Análise:
CAPÍTULO 7: SINTAXE DO INGLÊS
🏗️ Ordem Rígida SVO
Características da Ordem Inglesa
RIGIDEZ POSICIONAL
Ordem fixa devido à morfologia pobre
EXCEÇÕES LIMITADAS
🔧 Phrasal Verbs
Estrutura e Comportamento
PHRASAL VERBS TRANSITIVOS
Permitem separação da partícula
Com pronomes: obrigatoriamente separados
PHRASAL VERBS INTRANSITIVOS
Partícula sempre adjacente ao verbo
PREPOSITIONAL VERBS
Preposição não pode ser separada
⏰ Sistema de Tempos Verbais
Tempo | Forma | Exemplo | Uso |
---|---|---|---|
Simple Present | V / V-s | I work / He works | Rotina, fatos |
Present Continuous | am/is/are + V-ing | I am working | Ação em progresso |
Present Perfect | have/has + V-ed | I have worked | Experiência, resultado |
Present Perfect Continuous | have/has been + V-ing | I have been working | Duração até agora |
Simple Past | V-ed | I worked | Ação concluída |
Past Continuous | was/were + V-ing | I was working | Ação em progresso (passado) |
Past Perfect | had + V-ed | I had worked | Anterioridade no passado |
Past Perfect Continuous | had been + V-ing | I had been working | Duração antes do passado |
Simple Future | will + V | I will work | Predição, decisão |
Future Continuous | will be + V-ing | I will be working | Ação em progresso (futuro) |
Future Perfect | will have + V-ed | I will have worked | Conclusão antes do futuro |
Future Perfect Continuous | will have been + V-ing | I will have been working | Duração até o futuro |
🔄 Construções Passivas
Formação e Restrições
PASSIVA BÁSICA
PASSIVA COM OBJETO INDIRETO
RESTRIÇÕES
❓ Question Formation e Wh-Movement
Tipos de Perguntas
YES/NO QUESTIONS
Inversão sujeito-auxiliar
WH-QUESTIONS
Palavra-Wh + inversão
WH-MOVEMENT
Movimento da posição original
💪 EXERCÍCIO 3: Contrastes Sintáticos
Questão: Compare as estruturas:
Análise Contrastiva:
CAPÍTULO 8: SINTAXE GERATIVA BÁSICA
🏗️ Estrutura Profunda vs. Superficial
Conceitos Fundamentais
ESTRUTURA PROFUNDA (D-Structure)
Representação abstrata das relações temáticas
ESTRUTURA SUPERFICIAL (S-Structure)
Representação após aplicação de transformações
EXEMPLO DE DERIVAÇÃO
🔄 Transformações
Principais Transformações
TRANSFORMAÇÃO PASSIVA
TRANSFORMAÇÃO INTERROGATIVA
TRANSFORMAÇÃO NEGATIVA
📐 Teoria X-barra
Esquema X-barra
XP / \ / \ Spec X' / \ / \ X Comp X = núcleo (N, V, A, P) X' = projeção intermediária XP = projeção máxima Spec = especificador Comp = complemento
APLICAÇÃO AO SINTAGMA NOMINAL
NP / \ / \ Det N' | / \ | / \ the N PP | | | | book about syntax
↗️ Movimento Sintático
Tipos de Movimento
WH-MOVEMENT
Movimento de constituintes-Wh para CP
NP-MOVEMENT
Movimento para posição de sujeito
HEAD MOVEMENT
Movimento de núcleos
💪 EXERCÍCIO 4: Derivações Gerativas
Questão: Derive as seguintes estruturas:
Derivações:
PARTE III: INTERFACES
CAPÍTULO 9: MORFOSSINTAXE
🤝 Concordância Nominal e Verbal
Concordância no Português
CONCORDÂNCIA NOMINAL
Determinantes e modificadores concordam com o núcleo
CONCORDÂNCIA VERBAL
Verbo concorda com o sujeito em pessoa e número
Casos Especiais de Concordância
Problemas de Concordância
SUJEITO COMPOSTO
COLETIVOS
PARTITIVOS
🎯 Regência Verbal e Nominal
Verbo | Regência | Exemplo | Observação |
---|---|---|---|
Assistir | VTI (presenciar) VTD (ajudar) | Assisti ao filme Assisti o doente | Mudança semântica |
Aspirar | VTD (respirar) VTI (desejar) | Aspirou o ar Aspira ao cargo | Mudança semântica |
Preferir | VTD + VTI | Prefiro café a chá | Não usar “mais” |
Implicar | VTD (acarretar) VTI (antipatizar) | Isso implica mudanças Implica com todos | Sem preposição “em” |
Chegar | VI + prep. “a” | Chegou à escola | Não usar “em” |
📍 Colocação Pronominal
Posições dos Clíticos
PRÓCLISE
Pronome antes do verbo
ÊNCLISE
Pronome depois do verbo
MESÓCLISE
Pronome no meio do verbo
💪 EXERCÍCIO 5: Fenômenos Morfossintáticos
Questão: Analise os fenômenos:
Análise:
CAPÍTULO 10: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
📚 Ensino de Gramática
Abordagens Metodológicas
PRESCRITIVO
- Norma culta como padrão
- Correção de “erros”
- Regras fixas
- Exercícios de aplicação
DESCRITIVO
- Variação linguística
- Uso real da língua
- Contexto comunicativo
- Reflexão sobre a língua
🔍 Análise de Erros Morfossintáticos
Tipologia de Erros
ERROS DE TRANSFERÊNCIA
Influência da L1 na L2
ERROS INTRALINGUÍSTICOS
Hipergeneralização de regras da L2
ERROS DE DESENVOLVIMENTO
Estágios naturais de aquisição
📈 Progressão Gramatical no Ensino de L2
Sequenciamento Didático
NÍVEL BÁSICO
NÍVEL INTERMEDIÁRIO
NÍVEL AVANÇADO
💪 EXERCÍCIO 6: Sequência Didática
Questão: Elabore uma sequência para ensinar a voz passiva em inglês:
Sequência Didática:
RECURSOS FINAIS
📊 Tabelas de Classificação
Categoria | Subcategoria | Exemplo PT | Exemplo EN |
---|---|---|---|
Morfologia Derivacional | Prefixação | re-fazer | un-happy |
Sufixação | cas-eiro | teach-er | |
Composição | guarda-chuva | classroom | |
Morfologia Flexional | Nominal | gat-o-s | cat-s |
Verbal | cant-a-va-m | work-ed |
🌳 Esquemas de Análise Sintática
Modelo de Análise Completa
FRASE: “The students have been studying linguistics”
IP / \ / \ NP I' /|\ / \ / | \ / \ Det N N I VP | | | | / \ | | | | / \ The students have V' / \ / \ V VP | / \ | / \ been V NP | | | | studying linguistics
❓ 30 Questões de Concurso Comentadas
QUESTÃO 7 (ENEM 2021)
Em “desfazer”, o processo morfológico é:
a) Composição por justaposição
b) Derivação prefixal
c) Derivação sufixal
d) Parassíntese
e) Conversão
Resposta: B
Comentário: “Desfazer” = des- (prefixo negativo) + fazer (radical verbal). É derivação prefixal porque acrescenta apenas um prefixo ao radical, mantendo a classe gramatical (verbo).
QUESTÃO 8 (Concurso Professor – SP 2020)
Na frase “The book was read by Mary”, a estrutura passiva:
a) Mantém o mesmo sujeito da ativa
b) Transforma o objeto em sujeito
c) Elimina o agente da ação
d) Muda o tempo verbal
e) É impossível em inglês
Resposta: B
Comentário: Na transformação passiva, o objeto direto da ativa (“the book”) torna-se sujeito da passiva, enquanto o sujeito original (“Mary”) torna-se agente da passiva introduzido por “by”.
QUESTÃO 9 (UFMG 2019)
Em “Considero João inteligente”, o termo “inteligente” é:
a) Predicativo do sujeito
b) Predicativo do objeto
c) Adjunto adnominal
d) Complemento nominal
e) Objeto direto
Resposta: B
Comentário: “Inteligente” é predicativo do objeto porque atribui uma qualidade ao objeto direto “João”. O verbo “considerar” é transitivo direto e pede predicativo do objeto.
QUESTÃO 10 (Concurso Professor – RJ 2018)
O phrasal verb “give up” em “Don’t give up your dreams”:
a) Não pode ser separado
b) Pode ser separado: “give your dreams up”
c) É um prepositional verb
d) Não aceita objeto direto
e) É sempre intransitivo
Resposta: B
Comentário: “Give up” é um phrasal verb transitivo separável. Pode aparecer como “give up your dreams” ou “give your dreams up”. Com pronomes, a separação é obrigatória: “give them up”.
📖 Glossário Morfossintático
TERMOS MORFOLÓGICOS
TERMOS SINTÁTICOS
📚 Bibliografia Especializada
Morfologia Portuguesa
MONTEIRO, J. L. Morfologia Portuguesa. 4ª ed. Campinas: Pontes, 2018.
Sintaxe Portuguesa
PERINI, M. A. Gramática do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola, 2020.
Morfologia Inglesa
PLAG, I. Word-Formation in English. Cambridge: Cambridge University Press, 2018.
Sintaxe Inglesa
HUDDLESTON, R. & PULLUM, G. The Cambridge Grammar of the English Language. Cambridge: CUP, 2002.
Sintaxe Gerativa
CHOMSKY, N. The Minimalist Program. Cambridge: MIT Press, 1995.
Análise Contrastiva
LADO, R. Linguistics Across Cultures. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1957.
🎯 Resumo Final para a PND
Esta apostila completa abordou todos os aspectos essenciais de Morfologia e Sintaxe para a PND Letras:
✅ MORFOLOGIA:
- Conceitos fundamentais
- Processos formativos
- Morfologia do inglês
- Morfologia flexional
✅ SINTAXE:
- Fundamentos sintáticos
- Sintaxe do português
- Sintaxe do inglês
- Sintaxe gerativa
✅ INTERFACES:
- Morfossintaxe
- Aplicações pedagógicas
- Análise de erros
- 30 questões comentadas
📖 Material completo para dominar Morfologia e Sintaxe na PND Letras! 🎓
📝 Apostila completa – 40 páginas | 🎯 PND Letras 2025 | 🔍 Morfologia e Sintaxe
Material especializado com sintaxe gerativa, análise contrastiva e aplicações pedagógicas
Inclui 30 questões comentadas, glossário e bibliografia especializada
SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA
Prova Nacional Docente (PND 2025) – Letras Português-Inglês
🎯 Público: Licenciandos em Letras Português-Inglês | 📋 Prova: PND 2025
🔍 Foco: Semântica lexical, composicional e pragmática | 📄 Extensão: 35 páginas
⏱️ Tempo de Estudo: 12-15 horas | 📚 Base: Literatura científica consolidada
📋 SUMÁRIO
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTOS SEMÂNTICOS
📚 O que é Significado?
O significado é um conceito central na linguística, mas sua definição precisa tem sido objeto de debate. Tradicionalmente, distinguem-se diferentes aspectos do significado:
- Referência: A relação entre expressões linguísticas e entidades no mundo
- Sentido: O conteúdo conceitual de uma expressão, independente da referência
- Denotação: O conjunto de entidades às quais uma expressão se aplica
- Conotação: Associações e valores emotivos ligados a uma expressão
📝 Exemplo Contrastivo: Referência vs. Sentido
Português: “a estrela da manhã” e “a estrela da tarde”
Inglês: “the morning star” e “the evening star”
- Referência: Ambas se referem ao planeta Vênus (same reference)
- Sentido: Têm sentidos diferentes (manhã vs. tarde / morning vs. evening)
- Descoberta empírica: Que se referem ao mesmo objeto foi uma descoberta astronômica
- Implicação pedagógica: Tradução não é sempre equivalência referencial
(Referência mental)
(Palavra/Signo)
(Objeto no mundo)
(mediada pelo pensamento/conceito)
🧠 Implicações do Triângulo
- Mediação conceitual: Palavras não se conectam diretamente aos objetos
- Variação individual: Conceitos podem variar entre falantes
- Aprendizagem: Adquirimos conceitos através da experiência
- Tradução: Dificuldades surgem quando conceitos diferem entre línguas
🎯 Teoria dos Campos Semânticos
Desenvolvida por Jost Trier e outros linguistas alemães, a teoria dos campos semânticos propõe que o léxico de uma língua se organiza em campos – grupos de palavras relacionadas semanticamente.
- Palavras dentro de um campo se definem mutuamente
- Mudança em uma palavra afeta todo o campo
- Campos podem se sobrepor
- Organização varia entre línguas e culturas
📝 Exemplo Contrastivo: Campo Semântico das Cores
Cores Básicas:
vermelho/red – azul/blue – verde/green – amarelo/yellow
preto/black – branco/white
Diferenças Lexicais:
• PT: roxo ≠ EN: purple/violet (distinção mais sutil)
• PT: marrom/castanho ≠ EN: brown (variação regional)
• PT: rosa ≠ EN: pink (gênero gramatical diferente)
Variações Culturais:
• PT: cor-de-rosa, azul-marinho, verde-limão
• EN: navy blue, lime green, hot pink
Implicação Pedagógica: Campos semânticos não se
correspondem perfeitamente entre línguas
🏋️ EXERCÍCIOS: Análise de Significados Lexicais
1. Analise as diferenças de significado entre as seguintes palavras:
a) casa – lar – residência – moradia
b) morrer – falecer – bater as botas – partir
Identifique aspectos denotativos e conotativos.
Resposta:
a) Habitação:
- Casa: neutro, construção física
- Lar: conotação afetiva, aconchego
- Residência: formal, jurídico
- Moradia: técnico, habitação em geral
b) Morte:
- Morrer: neutro, direto
- Falecer: formal, respeitoso
- Bater as botas: coloquial, humorístico
- Partir: eufemístico, poético
2. Organize as seguintes palavras em um campo semântico e identifique as relações entre elas:
cachorro – animal – mamífero – pastor alemão – vertebrado – canino – vira-lata
Resposta – Hierarquia Taxonômica:
↓
VERTEBRADO
↓
MAMÍFERO
↓
CANINO
↓
CACHORRO (nível básico)
↓
PASTOR ALEMÃO / VIRA-LATA (subordinados)
CAPÍTULO 2: RELAÇÕES SEMÂNTICAS
📖 Definição de Sinonímia
A sinonímia é a relação semântica entre palavras ou expressões que têm significados idênticos ou muito similares. Tradicionalmente, distinguem-se três tipos:
Tipo de Sinonímia | Definição | Exemplo PT | Exemplo EN | Características |
---|---|---|---|---|
Total/Absoluta | Significados idênticos em todos os contextos | oftalmologista / oculista | ophthalmologist / eye doctor | Rara; intercambiáveis sempre |
Parcial | Significados similares, mas não idênticos | bonito / belo | beautiful / pretty | Diferenças de registro ou conotação |
Contextual | Equivalência apenas em contextos específicos | cabeça / mente | head / mind | Dependente do contexto de uso |
Falsos Amigos | Formas similares, significados diferentes | exquisito ≠ exquisite | atestar ≠ attest | Armadilha para aprendizes |
🎯 Questões Teóricas da Sinonímia
- Sinonímia perfeita é rara: Geralmente há diferenças sutis
- Variação diacrônica: Sinônimos podem divergir ao longo do tempo
- Variação diatópica: Sinônimos podem variar regionalmente
- Variação diastrática: Diferenças de registro social
🔄 Tipos de Antonímia
A antonímia envolve oposição semântica, mas nem todas as oposições são iguais. Lyons (1977) distingue três tipos principais:
Tipo | Características | Exemplo | Teste |
---|---|---|---|
Complementar | Oposição binária, sem gradação | vivo / morto | Se não é A, então é B |
Gradual | Oposição em escala, com gradações | quente / frio | Admite intensificadores |
Conversa | Perspectivas diferentes da mesma relação | comprar / vender | Se A faz X para B, B faz Y para A |
📝 Análise de Antonímia Gradual
gelado ← frio ← morno ← quente ← fervente
Características:
• Termos polares: frio ↔ quente
• Termo neutro: morno
• Gradação possível: “muito frio”, “um pouco quente”
• Relatividade: “frio” varia conforme contexto
Teste de Antonímia Gradual:
“Se não está frio, não significa que está quente”
(pode estar morno)
📊 Hierarquias Semânticas
A hiponímia é uma relação hierárquica onde um termo (hipônimo) está semanticamente incluído em outro (hiperônimo). Esta relação estrutura grande parte do nosso conhecimento lexical.
- Assimetria: Se A é hipônimo de B, B não é hipônimo de A
- Transitividade: Se A é hipônimo de B e B de C, então A é hipônimo de C
- Implicação unidirecional: “É um X” implica “É um Y” (hiperônimo)
📝 Hierarquia: Reino Animal
Nível 4: ANIMAL (superordenado)
↓
Nível 3: MAMÍFERO, PÁSSARO, PEIXE (ordenados)
↓
Nível 2: CACHORRO, GATO (nível básico)
↓
Nível 1: PASTOR ALEMÃO, SIAMÊS (subordinados)
Co-hipônimos: Termos no mesmo nível
(cachorro e gato são co-hipônimos de mamífero)
🔗 Relações Parte-Todo
A meronímia expressa relações parte-todo, onde um termo (merônimo) denota uma parte de outro (holônimo). Diferentemente da hiponímia, não envolve inclusão de classes, mas decomposição física ou conceitual.
Tipo de Meronímia | Relação | Exemplo | Características |
---|---|---|---|
Parte-Todo | Componente físico | dedo → mão | Decomposição anatômica |
Membro-Coleção | Elemento de conjunto | árvore → floresta | Agregação de elementos |
Porção-Massa | Quantidade de substância | fatia → pão | Divisão de massa |
🔍 Distinção Teórica
A distinção entre polissemia e homonímia é fundamental mas controversa. Tradicionalmente:
- Polissemia: Uma palavra com múltiplos significados relacionados
- Homonímia: Palavras diferentes que compartilham a mesma forma
📝 Análise Comparativa
1. Parte do corpo: “Dói minha cabeça”
2. Mente/intelecto: “Use a cabeça”
3. Líder: “Cabeça do grupo”
4. Extremidade: “Cabeça do prego”
→ Significados relacionados por extensão metafórica
HOMONÍMIA: “BANCO”
1. Instituição financeira: “Vou ao banco”
2. Assento: “Sentei no banco”
→ Significados não relacionados historicamente
CRITÉRIOS DE DISTINÇÃO:
• Etimologia (origem histórica)
• Intuição dos falantes
• Relacionamento semântico
• Comportamento sintático
🏋️ EXERCÍCIOS: Identificação e Análise de Relações Semânticas
1. Identifique o tipo de relação semântica entre os pares:
a) médico / doutor
b) comprar / vender
c) flor / rosa
d) roda / carro
e) quente / frio
Respostas:
- a) médico / doutor: Sinonímia parcial (diferenças de registro)
- b) comprar / vender: Antonímia conversa (perspectivas da mesma transação)
- c) flor / rosa: Hiperonímia/hiponímia (rosa é tipo de flor)
- d) roda / carro: Meronímia (roda é parte do carro)
- e) quente / frio: Antonímia gradual (opostos em escala)
2. Analise se “manga” (fruta/roupa) é caso de polissemia ou homonímia. Justifique.
Resposta:
Homonímia – As duas palavras “manga” têm origens etimológicas distintas:
- Manga (fruta): Do malaio “mangga”
- Manga (roupa): Do latim “manica”
- Critério: Não há relação semântica entre os significados
- Teste: Falantes não percebem conexão conceitual
3. Construa uma hierarquia semântica para: veículo, transporte, bicicleta, mountain bike, meio de locomoção.
Hierarquia Semântica:
↓
TRANSPORTE
↓
VEÍCULO
↓
BICICLETA (nível básico)
↓
MOUNTAIN BIKE (subordinado)
CAPÍTULO 3: SEMÂNTICA COGNITIVA
🎯 Princípios da Teoria Prototípica
- Estrutura interna das categorias: Membros não são igualmente representativos
- Efeitos de prototipicidade: Alguns exemplos são melhores que outros
- Fronteiras difusas: Limites categóricos não são claros
- Níveis de categorização: Hierarquia com nível básico privilegiado
📝 Experimentos Clássicos de Rosch
MEMBROS PROTOTÍPICOS (resposta rápida):
• Pardal: 1.1 (muito prototípico)
• Robin: 1.1 (muito prototípico)
• Águia: 1.2 (prototípico)
MEMBROS PERIFÉRICOS (resposta lenta):
• Galinha: 3.8 (pouco prototípico)
• Avestruz: 4.2 (pouco prototípico)
• Pinguim: 4.5 (muito pouco prototípico)
MEDIDAS EXPERIMENTAIS:
• Tempo de reação para julgamentos
• Ordem de listagem em tarefas livres
• Frequência de menção
• Facilidade de aprendizagem
🔬 Evidências Experimentais
Os efeitos prototípicos manifestam-se em diversos aspectos da cognição e linguagem:
- Tempo de processamento: Protótipos são processados mais rapidamente
- Aprendizagem: Crianças aprendem protótipos primeiro
- Memória: Protótipos são lembrados com mais facilidade
- Generalização: Novos membros são julgados por similaridade ao protótipo
Nível de Categorização | Características | Exemplo | Propriedades |
---|---|---|---|
Superordenado | Muito geral, poucos atributos | móvel | Abstrato, pouco informativo |
Básico | Nível privilegiado cognitivamente | cadeira | Máxima informatividade |
Subordinado | Muito específico, muitos atributos | cadeira de balanço | Detalhado, especializado |
🧠 Metáfora Conceptual vs. Expressão Metafórica
- Metáfora conceptual: Mapeamento cognitivo entre domínios
- Expressão metafórica: Realização linguística da metáfora conceptual
- Sistematicidade: Uma metáfora conceptual gera múltiplas expressões
- Corporeidade: Muitas metáforas baseiam-se na experiência física
📝 Análise Contrastiva: DISCUSSÃO É GUERRA
MAPEAMENTOS UNIVERSAIS:
• Participantes da discussão → Combatentes
• Argumentos → Armas / Arguments → Weapons
• Vencer a discussão → Vencer a batalha
EXPRESSÕES EM PORTUGUÊS:
• “Seus argumentos são indefensáveis”
• “Ele atacou todos os pontos fracos”
• “Demoliu minha argumentação”
EXPRESSÕES EM INGLÊS:
• “Your arguments are indefensible”
• “He shot down all my arguments”
• “I demolished his argument”
DIFERENÇAS CULTURAIS:
• PT: “bater boca” (aspecto físico)
• EN: “verbal sparring” (esporte de combate)
IMPLICAÇÃO PEDAGÓGICA: Metáforas conceptuais
são amplamente universais, mas realizações
linguísticas podem variar
📖 Metonímia Conceptual
A metonímia é um processo cognitivo onde usamos uma entidade para nos referirmos a outra dentro do mesmo domínio conceptual. Diferentemente da metáfora, não envolve mapeamento entre domínios distintos.
Tipo de Metonímia | Relação | Exemplo | Estrutura |
---|---|---|---|
Parte pelo Todo | Sinédoque | “Preciso de braços para trabalhar” | Braços → Pessoas |
Produtor pelo Produto | Origem | “Comprei um Ford” | Ford → Carro da Ford |
Lugar pela Instituição | Localização | “Brasília decidiu aumentar impostos” | Brasília → Governo |
Instrumento pela Ação | Meio | “Ele tem uma boa pena” | Pena → Escrita |
🏋️ EXERCÍCIOS: Análise Prototípica e Metafórica
1. Ordene os seguintes itens do mais prototípico ao menos prototípico para a categoria FRUTA:
maçã – tomate – banana – coco – azeitona – ruibarbo
Justifique sua ordenação com base nos critérios prototípicos.
Ordenação Prototípica:
- Maçã: Muito prototípica (doce, comida crua, árvore, formato típico)
- Banana: Muito prototípica (doce, popular, formato reconhecível)
- Coco: Moderadamente prototípica (doce, mas formato atípico)
- Tomate: Pouco prototípica (botanicamente fruta, culinariamente vegetal)
- Azeitona: Pouco prototípica (salgada, processada, pequena)
- Ruibarbo: Muito pouco prototípica (ácido, usado como vegetal)
Critérios: Doçura, consumo cru, tamanho, formato, frequência de consumo
2. Identifique a metáfora conceptual subjacente às seguintes expressões:
a) “O tempo é dinheiro”
b) “Estou perdendo tempo”
c) “Investi muito tempo neste projeto”
d) “Não tenho tempo a perder”
Metáfora Conceptual: TEMPO É DINHEIRO
- Tempo → Recurso valioso
- Usar tempo → Gastar dinheiro
- Tempo perdido → Dinheiro perdido
- Tempo investido → Investimento financeiro
Implicações: Esta metáfora estrutura nossa relação com o tempo em sociedades capitalistas, enfatizando eficiência e produtividade.
3. Classifique os seguintes casos como metáfora ou metonímia:
a) “Ele quebrou meu coração”
b) “A Casa Branca anunciou novas medidas”
c) “Ela tem um coração de ouro”
d) “Leu Shakespeare na escola”
Classificação:
- a) “Quebrou meu coração”: METÁFORA (dor emocional → dano físico)
- b) “Casa Branca anunciou”: METONÍMIA (lugar → instituição)
- c) “Coração de ouro”: METÁFORA (bondade → metal precioso)
- d) “Leu Shakespeare”: METONÍMIA (autor → obras do autor)
CAPÍTULO 4: SIGNIFICADO SENTENCIAL
📐 Definição Clássica
O Princípio da Composicionalidade, atribuído a Gottlob Frege, estabelece que o significado de uma expressão complexa é uma função dos significados de suas partes constituintes e do modo como essas partes se combinam sintaticamente.
🎯 Importância Teórica
- Produtividade: Explica como compreendemos sentenças inéditas
- Sistematicidade: Padrões regulares de interpretação
- Aprendibilidade: Como adquirimos competência semântica
- Computabilidade: Base para processamento automático
📝 Análise Composicional
DECOMPOSIÇÃO:
• “o” = artigo definido (especificidade)
• “gato” = substantivo (entidade felina)
• “preto” = adjetivo (propriedade cromática)
• “dormiu” = verbo (ação/estado no passado)
COMPOSIÇÃO HIERÁRQUICA:
1. [gato preto] = gato com propriedade de ser preto
2. [o gato preto] = gato preto específico
3. [dormiu] = ação de dormir no passado
4. [o gato preto dormiu] = gato específico realizou ação
RESULTADO: Proposição sobre evento passado
envolvendo entidade específica
🎪 Teoria dos Papéis Temáticos
Os papéis temáticos (ou theta-roles) especificam as relações semânticas entre predicados e seus argumentos, capturando intuições sobre “quem faz o quê para quem” nas sentenças.
Papel Temático | Definição | Exemplo | Características |
---|---|---|---|
AGENTE | Iniciador consciente e intencional | “João quebrou o vaso” | Controle, volição, animacidade |
PACIENTE | Entidade afetada pela ação | “O vaso quebrou” | Mudança de estado |
TEMA | Entidade movida ou localizada | “João enviou a carta” | Movimento, transferência |
EXPERIENCIADOR | Entidade que experimenta estado psicológico | “Maria teme aranhas” | Estados mentais, emoções |
BENEFICIÁRIO | Entidade que se beneficia da ação | “Comprei flores para Ana” | Recebimento de benefício |
INSTRUMENTO | Meio usado para realizar ação | “Cortou com a faca” | Ferramenta, meio |
LOCATIVO | Lugar onde ocorre a ação | “Estudou na biblioteca” | Localização espacial |
📋 Grade Temática
Cada verbo possui uma grade temática que especifica quantos e quais tipos de argumentos ele seleciona, determinando a estrutura básica da sentença.
📝 Análise de Grades Temáticas
DORMIR: <AGENTE>
• “João dormiu”
• Verbo intransitivo, um argumento
QUEBRAR: <AGENTE, PACIENTE>
• “João quebrou o vaso”
• Verbo transitivo, dois argumentos
DAR: <AGENTE, TEMA, BENEFICIÁRIO>
• “João deu o livro para Maria”
• Verbo ditransitivo, três argumentos
COLOCAR: <AGENTE, TEMA, LOCATIVO>
• “João colocou o livro na mesa”
• Verbo com argumento locativo obrigatório
TEMER: <EXPERIENCIADOR, TEMA>
• “Maria teme aranhas”
• Verbo psicológico, experienciador como sujeito
🏋️ EXERCÍCIOS: Análise de Estruturas Argumentais
1. Identifique os papéis temáticos dos argumentos nas seguintes sentenças:
a) “O menino chutou a bola com o pé”
b) “A carta chegou para Maria ontem”
c) “João teme trovões desde criança”
d) “A professora ensinou matemática aos alunos”
Análise dos Papéis Temáticos:
a) “O menino chutou a bola com o pé”
- “O menino” = AGENTE (iniciador da ação)
- “a bola” = PACIENTE (entidade afetada)
- “com o pé” = INSTRUMENTO (meio usado)
b) “A carta chegou para Maria ontem”
- “A carta” = TEMA (entidade em movimento)
- “para Maria” = BENEFICIÁRIO (destinatário)
- “ontem” = TEMPORAL (tempo da ação)
c) “João teme trovões desde criança”
- “João” = EXPERIENCIADOR (quem sente)
- “trovões” = TEMA (objeto do medo)
- “desde criança” = TEMPORAL (duração)
d) “A professora ensinou matemática aos alunos”
- “A professora” = AGENTE (quem ensina)
- “matemática” = TEMA (conteúdo ensinado)
- “aos alunos” = BENEFICIÁRIO (quem recebe o ensino)
2. Determine a grade temática dos seguintes verbos e construa uma sentença para cada:
a) vender
b) gostar
c) transformar
d) residir
Grades Temáticas e Exemplos:
a) VENDER: <AGENTE, TEMA, BENEFICIÁRIO>
- Exemplo: “João vendeu o carro para Pedro”
- Transferência de posse mediante pagamento
b) GOSTAR: <EXPERIENCIADOR, TEMA>
- Exemplo: “Maria gosta de chocolate”
- Verbo psicológico, estado mental
c) TRANSFORMAR: <AGENTE, PACIENTE, (RESULTADO)>
- Exemplo: “O mago transformou o sapo em príncipe”
- Mudança de estado com resultado específico
d) RESIDIR: <TEMA, LOCATIVO>
- Exemplo: “João reside em São Paulo”
- Localização permanente, argumento locativo obrigatório
CAPÍTULO 5: SEMÂNTICA FORMAL BÁSICA
🎯 Semântica Veritativo-Condicional
A semântica de condições de verdade propõe que conhecer o significado de uma sentença é conhecer as condições sob as quais ela seria verdadeira. Esta abordagem, desenvolvida por Alfred Tarski e outros, fornece uma base formal para a semântica.
🔍 Princípios Fundamentais
- Bivalência: Sentenças são verdadeiras ou falsas
- Composicionalidade: Verdade de complexos depende das partes
- Correspondência: Verdade como correspondência com a realidade
- Sistematicidade: Regras regulares para calcular verdade
📝 Análise de Condições de Verdade
CONDIÇÕES DE VERDADE:
A sentença é verdadeira se e somente se:
• Existe uma entidade que é um gato
• Existe uma entidade que é um tapete
• O gato está localizado sobre/em cima do tapete
• No momento da enunciação
FORMALIZAÇÃO:
∃x∃y [Gato(x) ∧ Tapete(y) ∧ Em(x,y)]
INTERPRETAÇÃO:
“Existe um x e um y tal que x é gato,
y é tapete, e x está em y”
📊 Quantificadores Lógicos
Os quantificadores expressam informações sobre quantidade e são fundamentais para a interpretação semântica. Os dois quantificadores básicos são o universal (∀) e o existencial (∃).
Quantificador | Símbolo | Expressões Linguísticas | Condições de Verdade |
---|---|---|---|
Universal | ∀ | todo, cada, qualquer | Verdadeiro para todos os elementos |
Existencial | ∃ | algum, um, existe | Verdadeiro para pelo menos um elemento |
Negação Universal | ¬∀ / ∃¬ | nem todo, não todos | Falso para pelo menos um elemento |
Negação Existencial | ¬∃ / ∀¬ | nenhum, não existe | Falso para todos os elementos |
📝 Análise de Quantificação
1. “Todo gato é mamífero”
• Formalização: ∀x [Gato(x) → Mamífero(x)]
• Leitura: Para todo x, se x é gato, então x é mamífero
• Verdadeira se não há gatos não-mamíferos
2. “Algum gato é preto”
• Formalização: ∃x [Gato(x) ∧ Preto(x)]
• Leitura: Existe um x tal que x é gato e x é preto
• Verdadeira se há pelo menos um gato preto
3. “Nenhum gato é verde”
• Formalização: ¬∃x [Gato(x) ∧ Verde(x)]
• Equivalente: ∀x [Gato(x) → ¬Verde(x)]
• Verdadeira se não há gatos verdes
🌟 Modalidade Linguística
A modalidade expressa a atitude do falante em relação à proposição, indicando necessidade, possibilidade, probabilidade, ou outros tipos de julgamento modal.
Tipo de Modalidade | Características | Expressões | Exemplo |
---|---|---|---|
Epistêmica | Conhecimento, crença | talvez, provavelmente, certamente | “João deve estar em casa” |
Deôntica | Obrigação, permissão | deve, pode, tem que | “Você deve estudar” |
Dinâmica | Habilidade, disposição | consegue, é capaz de | “João pode nadar” |
Bulética | Desejo, vontade | quero que, espero que | “Quero que chova” |
🕐 Tempo vs. Aspecto
- Tempo: Localização temporal do evento (passado, presente, futuro)
- Aspecto: Estrutura interna temporal do evento (perfectivo, imperfectivo)
- Interação: Tempo e aspecto interagem na interpretação temporal
- Variação linguística: Línguas diferem na expressão de tempo/aspecto
📝 Análise Temporal Contrastiva (PT-EN)
PRESENTE:
• PT: “João canta” (habitual/presente)
• EN: “John sings” (habitual) vs “John is singing” (progressivo)
PASSADO:
• PT: “cantou” (perfectivo) vs “cantava” (imperfectivo)
• EN: “sang” (passado simples) vs “was singing” (progressivo)
PRESENTE PERFEITO:
• PT: “tem cantado” (ação repetida até agora)
• EN: “has sung” (experiência passada relevante)
DIFERENÇAS CRUCIAIS:
• PT: distinção perfectivo/imperfectivo morfológica
• EN: distinção simples/progressivo mais sistemática
• PT: gerúndio menos gramaticalizado
• EN: present perfect com usos mais específicos
IMPLICAÇÃO PEDAGÓGICA: Sistemas temporais
não se correspondem diretamente
🏋️ EXERCÍCIOS: Análise Lógico-Semântica
1. Formalize as seguintes sentenças usando lógica de predicados:
a) “Todo estudante lê algum livro”
b) “Nenhum gato late”
c) “Alguns professores são estudiosos”
d) “Se chover, a festa será cancelada”
Formalizações:
a) “Todo estudante lê algum livro”
- ∀x [Estudante(x) → ∃y [Livro(y) ∧ Lê(x,y)]]
- Para todo x, se x é estudante, então existe y tal que y é livro e x lê y
b) “Nenhum gato late”
- ¬∃x [Gato(x) ∧ Late(x)]
- Equivalente: ∀x [Gato(x) → ¬Late(x)]
c) “Alguns professores são estudiosos”
- ∃x [Professor(x) ∧ Estudioso(x)]
- Existe x tal que x é professor e x é estudioso
d) “Se chover, a festa será cancelada”
- Chover → Cancelada(festa)
- Condicional simples com proposições
2. Identifique o tipo de modalidade nas seguintes sentenças:
a) “João deve chegar às 8h” (obrigação)
b) “João deve estar em casa” (inferência)
c) “João pode nadar 1km” (habilidade)
d) “Pode chover amanhã” (possibilidade)
Tipos de Modalidade:
- a) “João deve chegar às 8h”: DEÔNTICA (obrigação, compromisso)
- b) “João deve estar em casa”: EPISTÊMICA (inferência baseada em evidência)
- c) “João pode nadar 1km”: DINÂMICA (habilidade física)
- d) “Pode chover amanhã”: EPISTÊMICA (possibilidade baseada em conhecimento)
Observação: O mesmo verbo modal pode expressar diferentes tipos de modalidade dependendo do contexto.
🎯 Relevância para Letras Português-Inglês
A pragmática é especialmente crucial para licenciandos em Português-Inglês porque:
- Competência intercultural: Atos de fala variam entre culturas
- Ensino de línguas: Pragmática é essencial para fluência
- Tradução: Equivalência pragmática vs. semântica
- Análise contrastiva: Diferenças sistemáticas PT-EN
- Formação docente: Consciência pragmática do professor
CAPÍTULO 6: TEORIA DOS ATOS DE FALA
🔄 Descoberta dos Performativos
Austin inicialmente distinguiu entre:
- Constatativos: Enunciados que descrevem estados de coisas (verdadeiros ou falsos)
- Performativos: Enunciados que realizam ações (felizes ou infelizes)
Posteriormente, percebeu que todos os enunciados têm dimensão performativa.
📝 Performativos Contrastivos (PT-EN)
PORTUGUÊS:
• “Prometo estar lá às 8h”
• “Peço desculpas pelo atraso”
• “Declaro vocês marido e mulher”
• “Aposto 10 reais que vai chover”
INGLÊS:
• “I promise to be there at 8”
• “I apologize for being late”
• “I pronounce you husband and wife”
• “I bet 10 dollars it will rain”
DIFERENÇAS CULTURAIS:
• PT: “Peço desculpas” (mais formal)
• EN: “Sorry” (mais comum que “I apologize”)
• PT: Uso de subjuntivo em contextos formais
• EN: Estruturas mais diretas
IMPLICAÇÃO PEDAGÓGICA: Atos de fala variam
culturalmente em forma e frequência de uso
🎯 Três Dimensões do Ato de Fala
Austin propôs que todo ato de fala possui três dimensões simultâneas:
Tipo de Ato | Definição | Exemplo | Foco |
---|---|---|---|
Locucionário | Ato de dizer algo com sentido e referência | Proferir “Está frio aqui” | Significado linguístico |
Ilocucionário | Ato realizado ao dizer algo | Fazer um pedido (para fechar janela) | Força/intenção comunicativa |
Perlocucionário | Efeito causado por dizer algo | Conseguir que fechem a janela | Consequências/efeitos |
Classe | Objetivo Ilocucionário | Direção de Ajuste | Exemplo |
---|---|---|---|
ASSERTIVOS | Comprometer falante com verdade | Palavras → Mundo | “Afirmo que está chovendo” |
DIRETIVOS | Fazer ouvinte realizar ação | Mundo → Palavras | “Feche a porta, por favor” |
COMPROMISSIVOS | Comprometer falante com ação futura | Mundo → Palavras | “Prometo ajudar você” |
EXPRESSIVOS | Expressar estado psicológico | Nenhuma | “Obrigado pela ajuda” |
DECLARATIVOS | Alterar realidade pela declaração | Dupla | “Declaro a sessão aberta” |
🎭 Indiretividade na Comunicação
Os atos de fala indiretos ocorrem quando realizamos um ato ilocucionário por meio de outro. São fundamentais para a polidez e eficiência comunicativa.
📝 Análise de Atos Indiretos
ATO PRIMÁRIO (DIRETO):
• Tipo: Pergunta sobre habilidade
• Força ilocucionária: Interrogativo
• Resposta esperada: “Sim” ou “Não”
ATO SECUNDÁRIO (INDIRETO):
• Tipo: Pedido para fechar janela
• Força ilocucionária: Diretivo
• Resposta esperada: Ação de fechar
MECANISMO DE INFERÊNCIA:
1. Reconhecimento do ato literal
2. Percepção de inadequação contextual
3. Busca por intenção alternativa
4. Inferência do ato indireto
VANTAGENS DA INDIRETIVIDADE:
• Polidez (menos impositivo)
• Flexibilidade (permite recusa fácil)
• Eficiência (múltiplas interpretações)
🏋️ EXERCÍCIOS: Identificação e Análise de Atos de Fala
1. Identifique os atos locucionário, ilocucionário e perlocucionário na seguinte situação:
Contexto: Professor em sala de aula diz: “Está muito barulho aqui”
Resultado: Alunos fazem silêncio
Análise Tripartite:
- Ato Locucionário: Proferir a sentença “Está muito barulho aqui” com significado literal (constatação sobre nível de ruído)
- Ato Ilocucionário: Fazer um pedido/ordem indireta para que os alunos façam silêncio
- Ato Perlocucionário: Conseguir que os alunos efetivamente parem de fazer barulho
Observação: O ato ilocucionário é indireto – usa-se uma constatação para realizar um diretivo.
2. Classifique os seguintes atos de fala segundo a taxonomia de Searle:
a) “Juro que não fui eu”
b) “Ordeno que se retire”
c) “Parabéns pela promoção”
d) “Prometo devolver amanhã”
e) “Declaro o réu culpado”
Classificação dos Atos:
- a) “Juro que não fui eu”: ASSERTIVO (comprometimento com verdade de proposição)
- b) “Ordeno que se retire”: DIRETIVO (tentativa de fazer ouvinte agir)
- c) “Parabéns pela promoção”: EXPRESSIVO (expressão de estado psicológico – alegria)
- d) “Prometo devolver amanhã”: COMPROMISSIVO (comprometimento com ação futura)
- e) “Declaro o réu culpado”: DECLARATIVO (mudança da realidade institucional)
3. Analise a indiretividade nos seguintes casos:
a) “Você tem horas?” (para saber que horas são)
b) “Você poderia passar o sal?” (à mesa)
c) “Que calor!” (pedindo para ligar ar condicionado)
Análise da Indiretividade:
a) “Você tem horas?”
- Ato direto: Pergunta sobre posse de relógio
- Ato indireto: Pedido para informar as horas
- Estratégia: Condição preparatória (ter relógio é pré-requisito)
b) “Você poderia passar o sal?”
- Ato direto: Pergunta sobre habilidade/possibilidade
- Ato indireto: Pedido para passar o sal
- Estratégia: Questionamento de condição preparatória
c) “Que calor!”
- Ato direto: Exclamação/constatação sobre temperatura
- Ato indireto: Pedido para ligar ar condicionado
- Estratégia: Menção da razão para a ação desejada
CAPÍTULO 10: SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA NO ENSINO DE LÍNGUAS
📚 Ensino de Semântica Lexical
- Campos semânticos: Organizar vocabulário tematicamente
- Relações semânticas: Ensinar sinonímia, antonímia, hiponímia
- Polissemia: Explorar múltiplos significados contextuais
- Metáforas: Desenvolver consciência metafórica
- Variação semântica: Registros, dialetos, mudança histórica
🔄 Análise Contrastiva Aplicada
- Falsos cognatos: “Exquisite” ≠ “esquisito”
- Lacunas lexicais: “Saudade” sem equivalente direto
- Diferenças aspectuais: Present perfect vs. presente perfeito
- Modalidade: “Must” vs. “dever” (diferentes usos)
- Pragmática intercultural: Polidez, diretividade, cortesia
📝 Atividade Pedagógica: Atos de Fala Contrastivos
SITUAÇÃO: Pedido em restaurante
PORTUGUÊS (mais direto):
• “Eu quero um café”
• “Me traz um café”
• “Você pode trazer um café?”
INGLÊS (mais indireto):
• “Could I have a coffee, please?”
• “I’d like a coffee, please”
• “May I have a coffee?”
ANÁLISE:
• Inglês prefere maior indiretividade
• “Please” é mais obrigatório em inglês
• Português aceita mais diretividade
IMPLICAÇÃO PEDAGÓGICA: Ensinar não apenas
formas linguísticas, mas normas culturais
🎯 Abordagens Integradas
- Consciência metalinguística: Reflexão sobre significado e uso
- Análise de corpus: Padrões reais de uso linguístico
- Atividades contrastivas: Comparação sistemática PT-EN
- Pragmática em contexto: Situações comunicativas autênticas
- Desenvolvimento da competência intercultural
🏋️ EXERCÍCIO FINAL: Análise Pedagógica Integrada
Situação: Você é professor(a) de inglês e um aluno pergunta: “Por que não posso dizer ‘I am agreeing with you’ se posso dizer ‘I am working’?”
Tarefa: Elabore uma explicação que integre conhecimentos de semântica e pragmática, considerando:
- Aspectos semânticos dos verbos
- Diferenças entre português e inglês
- Estratégias pedagógicas apropriadas
Explicação Pedagógica Integrada:
1. Análise Semântica:
- “Work”: Verbo dinâmico, expressa atividade em progresso
- “Agree”: Verbo estativo, expressa estado mental/opinião
- Regra: Verbos estativos raramente usam forma progressiva
2. Contraste PT-EN:
- Português: “Estou concordando” é possível (menos restrições)
- Inglês: Distinção estativo/dinâmico mais rígida
- Interferência: Aluno transfere padrão do português
3. Estratégia Pedagógica:
- Consciência metalinguística: Explicar diferença estativo/dinâmico
- Exemplos contrastivos: Mostrar padrões em ambas as línguas
- Prática contextualizada: Exercícios com situações reais
- Feedback positivo: Valorizar tentativa de aplicar regra
📚 Bibliografia Essencial
- AUSTIN, J.L. (1962). How to Do Things with Words. Oxford University Press.
- SEARLE, J.R. (1969). Speech Acts: An Essay in the Philosophy of Language. Cambridge University Press.
- GRICE, H.P. (1975). Logic and Conversation. In: Syntax and Semantics, vol. 3. Academic Press.
- BROWN, P. & LEVINSON, S. (1987). Politeness: Some Universals in Language Usage. Cambridge University Press.
- LAKOFF, G. & JOHNSON, M. (1980). Metaphors We Live By. University of Chicago Press.
- ROSCH, E. (1978). Principles of Categorization. In: Cognition and Categorization. Lawrence Erlbaum.
- LYONS, J. (1977). Semantics. Cambridge University Press.
- KEMPSON, R. (1977). Semantic Theory. Cambridge University Press.
- LEVINSON, S. (1983). Pragmatics. Cambridge University Press.
- CRUSE, D.A. (1986). Lexical Semantics. Cambridge University Press.
🎯 Resumo Final para PND
Pontos essenciais para dominar:
- Semântica Lexical: Relações semânticas, campos semânticos, teoria dos protótipos
- Semântica Composicional: Princípio da composicionalidade, papéis temáticos, estrutura argumental
- Semântica Formal: Condições de verdade, quantificação, modalidade, tempo e aspecto
- Pragmática: Atos de fala, implicaturas conversacionais, teoria da polidez
- Interfaces: Relação entre semântica e pragmática, aplicações ao ensino
Competências desenvolvidas:
- Análise semântica de palavras e sentenças
- Identificação de relações semânticas
- Compreensão de processos pragmáticos
- Aplicação de teorias ao ensino de línguas
- Reflexão sobre linguagem e cognição
👉 Conhecimentos Básicos para Concursos: Simulado com 50 Questões
SOCIOLINGUÍSTICA E VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
- Língua como fato social (Meillet, Labov)
- Comunidade de fala vs. comunidade de prática
- Repertório linguístico e competência comunicativa
- Norma e uso: prescrição vs. descrição
- Variação diatópica (geográfica)
- Variação diastrática (social)
- Variação diafásica (estilística)
- Variação diacrônica (temporal)
PARTE II: VARIAÇÃO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
- Realização do /r/ em coda
- Palatalização de /t, d/
- Monotongação e ditongação
- Rotacismo e lambdacismo
- Concordância verbal e nominal
- Sistema pronominal brasileiro
- Estratégias de relativização
- Colocação pronominal
- Regionalismos e atlas linguísticos
- Gírias e linguagens especializadas
- Empréstimos e estrangeirismos
- Neologismos e arcaísmos
PARTE III: FENÔMENOS SOCIOLINGUÍSTICOS
- Conceitos de Ferguson e Fishman
- Code-switching e code-mixing
- Situação linguística brasileira
- Mitos sobre a língua (Bagno)
- Prestígio e estigma linguístico
- Ideologias linguísticas
- Variação como motor da mudança
- Difusão lexical e gramaticalização
- Tempo aparente vs. tempo real
PARTE IV: SOCIOLINGUÍSTICA APLICADA
- Planejamento linguístico
- Línguas minoritárias no Brasil
- Legislação e direitos linguísticos
- Bidialetalismo e pedagogia da variação
- Norma culta vs. variedades populares
- Propostas didáticas inclusivas
PARTE V: METODOLOGIA DE PESQUISA
- Metodologia laboviana
- Variáveis linguísticas e sociais
- Análise quantitativa e qualitativa
- Paradoxo do observador
RECURSOS COMPLEMENTARES
- Atlas linguísticos e mapas de isoglossas
- 30 questões de concurso comentadas
- Corpus de variação linguística
- Bibliografia especializada atualizada
- Glossário de termos técnicos
- Índice remissivo completo
PARTE I: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Base conceitual da Sociolinguística moderna
CAPÍTULO 1: CONCEITOS FUNDAMENTAIS
🏛️ Língua como Fato Social
Fundamentos Epistemológicos
ANTOINE MEILLET (1866-1936)
“A língua é eminentemente um fato social. Com efeito, ela existe independentemente de cada um dos indivíduos que a falam, e, embora não tenha realidade fora da soma dos indivíduos, é, no entanto, geral em relação a eles.”
- Exterioridade: A língua existe independentemente dos indivíduos
- Coercitividade: Impõe-se aos falantes como norma social
- Generalidade: É compartilhada pela coletividade
- Historicidade: Produto da atividade coletiva no tempo
- Variabilidade: Reflete a organização social
- Mudança: Evolui conforme mudam as estruturas sociais
WILLIAM LABOV (1927-)
“A estrutura linguística inclui a variação ordenada como um de seus aspectos. A língua é um sistema inerentemente variável, mas a variação não é livre – ela é condicionada por fatores linguísticos e sociais.”
- Heterogeneidade ordenada: Variação não é caótica
- Condicionamento social: Fatores sociais são sistemáticos
- Metodologia quantitativa: Análise estatística da variação
- Língua em uso: Foco na performance real
- Mudança em progresso: Variação como motor da mudança
- Competência sociolinguística: Conhecimento das regras variáveis
PARADIGMAS LINGUÍSTICOS
Aspecto | Estruturalismo | Gerativismo | Sociolinguística |
---|---|---|---|
Objeto | Sistema homogêneo | Competência ideal | Sistema heterogêneo |
Variação | “Ruído” no sistema | Performance imperfeita | Parte da estrutura |
Método | Análise distribucional | Introspecção | Pesquisa empírica |
Foco | Langue (sistema) | Competência | Uso social |
👥 Comunidade de Fala vs. Comunidade de Prática
Conceitos de Comunidade Linguística
COMUNIDADE DE FALA (LABOV, 1972)
Definição: Grupo de falantes que compartilha um conjunto de normas e atitudes em relação ao uso linguístico.
- Normas compartilhadas: Avaliação social das variantes
- Densidade comunicativa: Frequência de interação interna
- Diferenciação externa: Distinção de outros grupos
- Consciência normativa: Conhecimento do uso apropriado
- Variação estruturada: Padrões regulares de variação
- Identidade coletiva: Senso de pertencimento linguístico
COMUNIDADE DE PRÁTICA (ECKERT & MCCONNELL-GINET, 1992)
Definição: Agregado de pessoas que se reúnem em torno de um empreendimento comum, desenvolvendo práticas compartilhadas.
- Interação regular e sustentada
- Relacionamentos interpessoais
- Negociação de significados
- Objetivos compartilhados
- Responsabilidade mútua
- Interpretações negociadas
- Recursos linguísticos comuns
- Rotinas e procedimentos
- Histórias e artefatos
COMPARAÇÃO SISTEMÁTICA
Dimensão | Comunidade de Fala | Comunidade de Prática |
---|---|---|
Critério definidor | Normas de avaliação linguística | Participação em práticas sociais |
Escopo geográfico | Amplo (cidade, região, país) | Restrito (local, institucional) |
Duração | Estável, duradoura | Dinâmica, pode ser temporária |
Pertencimento | Involuntário (nascimento, residência) | Voluntário (escolha, participação) |
Foco analítico | Variação e mudança linguística | Construção de identidades |
Exemplo típico | Falantes paulistanos | Professores de uma escola |
🎭 Repertório Linguístico e Competência Comunicativa
Recursos Comunicativos dos Falantes
REPERTÓRIO LINGUÍSTICO (GUMPERZ, 1964)
Definição: Totalidade das variedades linguísticas disponíveis a um falante ou comunidade para uso em diferentes situações sociais.
- Dialeto de origem
- Dialeto de residência
- Variedades de prestígio
- Formal/cerimonioso
- Informal/coloquial
- Íntimo/familiar
- Linguagem técnica/profissional
- Linguagem acadêmica
- Linguagem jurídica
- Estilo cuidadoso
- Estilo casual
- Estilo vernacular
REPERTÓRIO DE UM FALANTE URBANO ESCOLARIZADO: ├── PORTUGUÊS PADRÃO │ ├── Modalidade escrita formal │ ├── Apresentações públicas │ └── Contextos institucionais │ ├── PORTUGUÊS COLOQUIAL │ ├── Conversas cotidianas │ ├── Interações familiares │ └── Situações informais │ ├── GÍRIA JUVENIL/PROFISSIONAL │ ├── Grupo de pares │ ├── Ambiente de trabalho │ └── Redes sociais │ ├── LINGUAGEM TÉCNICA │ ├── Área de especialização │ ├── Contextos acadêmicos │ └── Comunicação profissional │ └── DIALETO REGIONAL ├── Origem familiar ├── Identidade local └── Situações específicas
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA (HYMES, 1972)
Definição: Conhecimento não apenas das regras gramaticais, mas também das regras de uso apropriado da língua em diferentes contextos sociais.
- Gramaticalmente correto
- Fonologicamente realizável
- Lexicalmente adequado
- Processável cognitivamente
- Memorizável
- Produzível em tempo real
- Apropriado à situação
- Adequado aos participantes
- Conforme às normas sociais
- Atinge os objetivos
- Produz efeitos desejados
- Mantém relações sociais
MODELO SPEAKING (HYMES, 1974)
Framework para análise etnográfica da comunicação:
Componente | Significado | Questões-chave | Exemplo |
---|---|---|---|
S – Setting | Cenário físico e temporal | Onde? Quando? | Sala de aula, tribunal, igreja |
P – Participants | Participantes da interação | Quem fala? Para quem? | Professor-aluno, juiz-réu |
E – Ends | Finalidades e objetivos | Para quê? Com que fim? | Ensinar, julgar, convencer |
A – Act sequence | Sequência de atos de fala | Que forma? Que conteúdo? | Pergunta-resposta, ordem-execução |
K – Key | Tom, modalidade | Como? Que atitude? | Sério, jocoso, irônico |
I – Instrumentalities | Canal e código | Que meio? Que variedade? | Oral/escrito, formal/informal |
N – Norms | Normas de interação | Que regras? Que expectativas? | Polidez, hierarquia, turnos |
G – Genre | Gênero discursivo | Que tipo de evento? | Aula, julgamento, sermão |
⚖️ Norma e Uso: Prescrição vs. Descrição
Abordagens da Norma Linguística
ABORDAGEM PRESCRITIVA
Características fundamentais:
- Normatividade: Estabelece regras de “certo” e “errado”
- Tradicionalismo: Baseia-se na tradição literária clássica
- Escritocentrismo: Privilegia a modalidade escrita
- Purismo: Rejeita inovações e variações
- Uniformização: Busca homogeneidade linguística
- Autoridade: Gramáticos como legisladores
- Pedagogia: Ensino de regras fixas
- Ideologia: Língua como patrimônio a preservar
ABORDAGEM DESCRITIVA
Características fundamentais:
- Empirismo: Descreve como a língua é realmente usada
- Inclusividade: Considera todas as variedades
- Sistematicidade: Analisa padrões regulares de uso
- Naturalidade: Reconhece a variação como inerente
- Contextualização: Relaciona uso e contexto social
- Cientificidade: Método objetivo de análise
- Dinamismo: Língua como sistema em mudança
- Funcionalidade: Foco na comunicação efetiva
TIPOS DE NORMA (COSERIU, 1952)
DINÂMICA DAS NORMAS: NORMA OBJETIVA ←→ NORMA SUBJETIVA ←→ NORMA PRESCRITIVA ↓ ↓ ↓ Uso frequente Avaliação social Codificação oficial ↓ ↓ ↓ "A gente vai" "Mais informal" "Nós vamos" ↓ ↓ ↓ Mudança em Mudança de Resistência progresso atitude institucional CONFLITOS POSSÍVEIS: • Norma objetiva ≠ Norma prescritiva ("A gente" vs. "Nós") • Norma subjetiva ≠ Norma objetiva (Estigma vs. Uso frequente) • Mudança: Norma objetiva → Norma subjetiva → Norma prescritiva
💪 EXERCÍCIO 1: Análise de Comunidades de Fala
Questão: Analise as seguintes situações comunicativas identificando:
Para cada situação, identifique: tipo de comunidade (fala/prática), repertório linguístico utilizado, normas de uso predominantes, componentes do modelo SPEAKING.
ANÁLISE DETALHADA:
- Comunidade: De prática (engajamento profissional comum)
- Repertório: Linguagem técnico-pedagógica, registro formal-consultivo
- Normas: Padrão culto, terminologia especializada, polidez profissional
- SPEAKING: S=sala de reunião, P=colegas de profissão, E=discutir metodologia, A=apresentação-debate, K=sério-colaborativo, I=oral formal, N=hierarquia respeitosa, G=reunião pedagógica
- Comunidade: De prática (grupo etário, interesses comuns)
- Repertório: Gíria juvenil, linguagem de internet, registro informal
- Normas: Informalidade, criatividade lexical, solidariedade grupal
- SPEAKING: S=pátio escolar, P=pares etários, E=socializar, A=conversa espontânea, K=descontraído-íntimo, I=oral coloquial, N=igualdade, G=bate-papo informal
- Comunidade: De fala (comunidade acadêmica ampla)
- Repertório: Registro solene, linguagem cerimonial, padrão culto
- Normas: Máxima formalidade, tradição acadêmica, prestígio
- SPEAKING: S=auditório solene, P=reitor-formandos-famílias, E=celebrar conquista, A=discurso oficial, K=solene-inspirador, I=oral formal, N=protocolo rígido, G=cerimônia acadêmica
- Comunidade: De prática (família, intimidade compartilhada)
- Repertório: Registro íntimo, dialeto familiar, linguagem afetiva
- Normas: Informalidade máxima, afetividade, conhecimento compartilhado
- SPEAKING: S=mesa familiar, P=membros da família, E=planejar e socializar, A=conversa livre, K=íntimo-carinhoso, I=oral familiar, N=hierarquia afetiva, G=conversa doméstica
CAPÍTULO 2: TIPOS DE VARIAÇÃO
🗺️ Variação Diatópica (Geográfica)
Dialetos e Falares Regionais
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
DIVISÃO DIALETAL DO BRASIL
DIVISÃO TRADICIONAL (NASCENTES, 1953): ┌─────────────────────────────────────────────────────────┐ │ FALAR AMAZÔNICO (Norte) │ │ • Estados: AM, RR, AP, PA, AC, RO, norte de MT │ │ • Características: │ │ - /r/ retroflex em coda: "porta" [ˈpɔɻta] │ │ - Vocabulário de origem indígena │ │ - Influência das línguas amazônicas │ │ - Entonação específica │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR NORDESTINO │ │ • Estados: MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA │ │ • Características: │ │ - /r/ fricativo: "porta" [ˈpɔhta] │ │ - Manutenção de "tu": "tu vais" │ │ - Vocabulário específico: "macaxeira", "jerimum" │ │ - Ditongação: "muito" [ˈmujtu] │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR BAIANO │ │ • Estado: BA (características específicas) │ │ • Transição entre Nordeste e Sudeste │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR FLUMINENSE │ │ • Estados: RJ, ES │ │ • Características: │ │ - /s/ chiado: "mesmo" [ˈmeʃmu] │ │ - Palatalização: "tia" [ˈtʃia] │ │ - /r/ fricativo velar │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR MINEIRO │ │ • Estado: MG │ │ • Características: │ │ - /r/ retroflexo (interior) │ │ - Entonação característica │ │ - Vocabulário específico │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR PAULISTA │ │ • Estado: SP │ │ • Características: │ │ - /r/ retroflexo (interior): "porta" [ˈpɔɻta] │ │ - Influência de línguas de imigração │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ FALAR SULINO │ │ • Estados: PR, SC, RS │ │ • Características: │ │ - Influência do espanhol (RS) │ │ - Influência de línguas de imigração │ │ - /r/ vibrante múltipla │ └─────────────────────────────────────────────────────────┘
- AM, RR, AP, PA, AC, RO, TO
- Subdivisões: Amazônia Ocidental e Oriental
- MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA
- Subdivisões: Sertão, Agreste, Zona da Mata
- MT, MS, GO, DF
- Características de transição
- MG, ES, RJ, SP
- Subdivisões: Norte/Sul de MG, Interior/Capital SP
- PR, SC, RS
- Influência de línguas de imigração
EXEMPLOS DE VARIAÇÃO DIATÓPICA
Fenômeno | Norte/Nordeste | Sudeste | Sul |
---|---|---|---|
Léxico – Mandioca | macaxeira, mandioca | mandioca, aipim (RJ) | mandioca, aipim |
Léxico – Abóbora | jerimum | abóbora | abóbora, moranga |
/r/ em coda | [h] – porta [ˈpɔhta] | [ɾ] – porta [ˈpɔɾta] | [r] – porta [ˈpɔrta] |
Pronomes | tu vais, você vai | você vai | tu vais (RS), você vai |
Gerúndio | tô fazendo | tô fazeno (popular) | tô fazendo |
Palatalização | tia [ˈtia] | tia [ˈtʃia] (RJ) | tia [ˈtia] |
👔 Variação Diastrática (Social)
Estratificação Social da Língua
FATORES SOCIAIS DETERMINANTES
- Renda familiar: Acesso a bens culturais
- Ocupação profissional: Prestígio social
- Escolaridade: Capital cultural
- Origem familiar: Herança linguística
- Anos de estudo: Exposição à norma padrão
- Tipo de escola: Pública vs. privada
- Letramento: Práticas de leitura/escrita
- Formação superior: Registro acadêmico
- Geração linguística: Época de aquisição
- Mudança em progresso: Inovação vs. conservação
- Pressão normativa: Vida adulta vs. juventude
- Tecnologia: Influência digital
- Sensibilidade ao prestígio: Normas sociais
- Redes sociais: Padrões de interação
- Papéis sociais: Expectativas diferenciadas
- Liderança na mudança: Inovação linguística
PADRÕES DE ESTRATIFICAÇÃO (LABOV)
• Classe alta: [tʃi], [dʒi] (palatalização)
• Classe baixa: [ti], [di] (não palatalização)
• Formal: “Os meninos chegaram” (mais concordância)
• Informal: “Os menino chegou” (menos concordância)
• Estigmatizado: “Nós vai”, “Os menino”
• Comentários: “Isso é erro de português”
CURVA SOCIOLINGUÍSTICA TÍPICA
PADRÃO DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: CLASSE SOCIAL USO DA VARIANTE PADRÃO ↑ ↑ Alta ████████████████████ 90% ████████████████████ Média ███████████████ 75% Alta ███████████████ Média ██████████ 60% Baixa ██████████ Baixa █████ 40% █████ ↓ ↓ Menos prestígio Menos uso padrão CARACTERÍSTICAS: • Estratificação contínua (não categórica) • Sobreposição entre classes • Correlação com outros fatores (idade, sexo, escolaridade) • Variação intra-individual (estilística)
🎭 Variação Diafásica (Estilística)
Registros e Estilos Contextuais
CONTINUUM ESTILÍSTICO
ESCALA DE FORMALIDADE (JOOS, 1961): ÍNTIMO ←→ CASUAL ←→ CONSULTIVO ←→ FORMAL ←→ SOLENE | | | | | família amigos conhecidos trabalho cerimônia gíria coloquial neutro técnico rebuscado "tá" "está" "está" "está" "encontra-se" "né" "não é" "não é" "não é" "não é verdade" "pra" "para" "para" "para" "para" próclise próclise próclise ênclise ênclise CARACTERÍSTICAS POR NÍVEL: ├── ÍNTIMO: Máxima informalidade, conhecimento compartilhado ├── CASUAL: Informalidade controlada, situações relaxadas ├── CONSULTIVO: Neutralidade, situações de trabalho/estudo ├── FORMAL: Formalidade marcada, situações oficiais └── SOLENE: Máxima formalidade, cerimônias e rituais
FATORES CONTEXTUAIS
Fator | Informal | Formal | Efeito Linguístico |
---|---|---|---|
Interlocutor | Íntimo, igual status | Distante, superior | Tratamento, polidez |
Tópico | Cotidiano, pessoal | Técnico, oficial | Vocabulário especializado |
Canal | Oral, espontâneo | Escrito, planejado | Estrutura sintática |
Ambiente | Privado, relaxado | Público, solene | Monitoramento estilístico |
Finalidade | Socialização | Informação, persuasão | Estratégias discursivas |
MARCAS ESTILÍSTICAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
- Contrações: “tá”, “né”, “pra”, “cê”
- Apagamentos: “falá” (falar), “andá” (andar)
- Assimilações: “tem que” → “tem qui”
- Gírias: “maneiro”, “massa”, “dahora”
- Expressões: “tipo assim”, “sei lá”
- Intensificadores: “super”, “mega”, “hiper”
- Próclise: “me dá”, “te amo”
- Concordância variável: “nós vai”
- Ordem: “Esse livro, eu já li”
- Formas plenas: “está”, “para”, “você”
- Articulação cuidadosa
- Entonação controlada
- Vocabulário técnico/erudito
- Evita gírias e coloquialismos
- Precisão terminológica
- Ênclise: “dê-me”, “encontra-se”
- Concordância padrão
- Períodos complexos
⏰ Variação Diacrônica (Temporal)
Mudança Linguística no Tempo
TIPOS DE MUDANÇA TEMPORAL
• Jovens (20-30 anos): 85% “a gente”
• Idosos (60-70 anos): 30% “a gente”
→ Inferência: “A gente” está substituindo “nós”
• 1980 (aos 30 anos): 20% “a gente”
• 2020 (aos 70 anos): 60% “a gente”
→ Evidência: Mudança individual + comunitária
MUDANÇAS HISTÓRICAS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: SÉCULO XVI-XVII (Português Clássico): ├── Sistema pronominal português completo │ • tu/vós, ele/eles, lhe/lhes ├── Concordância verbal plena obrigatória ├── Colocação pronominal lusitana (ênclise) ├── Léxico português/latim + empréstimos indígenas └── Sintaxe complexa (hipérbatos, inversões) SÉCULO XVIII-XIX (Formação do PB): ├── Influência africana massiva │ • Simplificação morfológica │ • Mudanças fonológicas ├── Mudança no sistema pronominal │ • "Você" > "tu" (tratamento) │ • Perda de "vós" ├── Mudança na colocação pronominal │ • Próclise generalizada └── Empréstimos indígenas consolidados SÉCULO XX-XXI (PB Moderno): ├── "A gente" > "nós" (1ª pessoa plural) ├── Próclise categórica na fala ├── Simplificação da concordância │ • Verbal: "nós vai" │ • Nominal: "as menina" ├── Empréstimos ingleses/tecnológicos └── Influência da mídia e internet
FATORES DE MUDANÇA LINGUÍSTICA
- Analogia morfológica: Regularização de paradigmas
- Reanálise sintática: Reinterpretação de estruturas
- Gramaticalização: Lexical → gramatical
- Economia linguística: Simplificação de processos
- Frequência de uso: Formas mais usadas mudam mais
- Contato linguístico: Influência de outras línguas
- Mudanças sociais: Urbanização, industrialização
- Migração populacional: Mistura de dialetos
- Escolarização: Padronização vs. variação
- Mídia e tecnologia: Novos canais de difusão
💪 EXERCÍCIO 2: Identificação de Tipos de Variação
Questão: Classifique os tipos de variação nos exemplos abaixo, justificando sua resposta:
ANÁLISE DETALHADA:
- Justificativa: Diferentes lexemas para o mesmo referente em regiões distintas
- Distribuição: SP (mandioca), PE (macaxeira), RJ (aipim)
- Origem: Diferentes substratos linguísticos e histórias de colonização
- Tipo: Variação lexical regional
- Justificativa: Mesmo falante usa formas diferentes conforme o contexto
- Diferenças: “Nós vamos ao” (formal) vs. “A gente vai no” (informal)
- Fatores: Situação comunicativa, interlocutor, grau de monitoramento
- Tipo: Variação morfossintática estilística
- Justificativa: Correlação com classe social e escolaridade
- Padrão: Classe popular (menos concordância) vs. classe média (mais concordância)
- Fatores: Acesso à educação formal, prestígio social
- Tipo: Variação morfossintática social (concordância)
- Justificativa: Evolução histórica da mesma forma linguística
- Processo: Redução fonética e gramaticalização
- Cronologia: Séc. XVI → XVIII → XXI
- Tipo: Mudança morfológica e fonética
- Justificativa: Diferentes registros para expressar a mesma ideia
- Escala: Coloquial (“pra caramba”) → Neutro → Formal (“excessivamente”)
- Fatores: Grau de formalidade, contexto situacional
- Tipo: Variação lexical estilística
📚 Apostila Completa em Desenvolvimento
Esta é uma prévia das primeiras seções da apostila completa de 40 páginas sobre Sociolinguística e Variação Linguística.
Conteúdo já desenvolvido: Fundamentos teóricos completos com exercícios práticos
Próximas seções: Variação no PB, Fenômenos Sociolinguísticos, Metodologia de Pesquisa e 30 questões comentadas
ANÁLISE DO DISCURSO
Prova Nacional Docente (PND 2025)
Licenciatura em Letras Português-Inglês
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: ESCOLA FRANCESA (PÊCHEUX)
- Materialismo histórico e linguística
- Ideologia e aparelhos ideológicos (Althusser)
- Discurso vs. texto vs. enunciado
- Condições de produção do discurso
- Conceito de formação discursiva (FD)
- Formação ideológica e FD
- Relações entre FDs
- Heterogeneidade do discurso
- Memória discursiva e interdiscurso
- Pré-construído e articulação
- Esquecimentos nº 1 e nº 2
- Sujeito ideológico vs. empírico
- Posição-sujeito e forma-sujeito
- Interpelação ideológica
PARTE II: DESENVOLVIMENTOS CONTEMPORÂNEOS
- Fairclough: três dimensões
- Van Dijk: cognição social
- Poder, dominação e resistência
- Charaudeau: contrato de comunicação
- Estratégias discursivas
- Identidades discursivas
PARTE III: AD NO BRASIL
- Eni Orlandi: discurso pedagógico
- Sírio Possenti: humor e discurso
- Maingueneau: cenas da enunciação
- Bakhtin: dialogismo e polifonia
- Gêneros primários vs. secundários
- Cronotopo e arquitetônica
PARTE IV: ANÁLISE MULTIMODAL
- Kress & van Leeuwen: gramática visual
- Metafunções visuais
- Multimodalidade e multissemiose
- Gêneros digitais emergentes
- Hipertextualidade e interatividade
- Redes sociais e formação discursiva
PARTE V: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
- Discurso pedagógico e autoritarismo
- Leitura e interpretação vs. compreensão
- Autoria e produção de sentidos
- Dispositivo analítico
- Recortes e sequências discursivas
- Paráfrase e polissemia
RECURSOS COMPLEMENTARES
- 25 exercícios práticos comentados
- Corpus de análise discursiva
- Mapas conceituais das teorias
- Bibliografia especializada atualizada
- Glossário de termos técnicos
- Índice remissivo completo
PARTE I: ESCOLA FRANCESA (PÊCHEUX)
Fundamentos da Análise do Discurso materialista
CAPÍTULO 1: FUNDAMENTOS TEÓRICOS
🏛️ Materialismo Histórico e Linguística
Base Epistemológica da AD Francesa
MICHEL PÊCHEUX (1938-1983)
“Não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia: o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua faz sentido.”
- Articulação tripla: Materialismo histórico + Linguística + Psicanálise
- Crítica ao positivismo: Rejeição da neutralidade científica
- Língua como base material: Discurso como efeito de sentidos
- Sujeito descentrado: Não origem do sentido
- Ideologia constitutiva: Não há discurso sem ideologia
- História como determinante: Condições sócio-históricas
TRÊS REGIÕES DO CONHECIMENTO
ARTICULAÇÃO TEÓRICA DA AD FRANCESA: ┌─────────────────────────────────────────────────────────┐ │ MATERIALISMO HISTÓRICO (Marx/Althusser) │ │ • Base material da existência social │ │ • Luta de classes e contradições │ │ • Ideologia como prática material │ │ • Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE) │ │ ↓ FORNECE: Teoria das formações sociais │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ LINGUÍSTICA (Saussure/Jakobson) │ │ • Língua como sistema de diferenças │ │ • Autonomia relativa da língua │ │ • Materialidade específica do significante │ │ • Equívoco constitutivo da língua │ │ ↓ FORNECE: Base material do discurso │ ├─────────────────────────────────────────────────────────┤ │ PSICANÁLISE (Freud/Lacan) │ │ • Inconsciente estruturado como linguagem │ │ • Sujeito dividido, descentrado │ │ • Ordem simbólica e significante │ │ • Impossibilidade da completude │ │ ↓ FORNECE: Teoria do sujeito │ └─────────────────────────────────────────────────────────┘ ↓ ANÁLISE DO DISCURSO (Teoria materialista do discurso)
RUPTURAS COM ABORDAGENS ANTERIORES
Aspecto | Análise de Conteúdo | Análise do Discurso |
---|---|---|
Concepção de língua | Instrumento de comunicação | Base material do discurso |
Relação forma/conteúdo | Forma = veículo do conteúdo | Forma constitui o sentido |
Sujeito | Origem intencional do sentido | Posição no discurso |
Contexto | Situação empírica | Condições de produção |
Ideologia | Distorção da realidade | Condição de existência do sentido |
Método | Quantificação de temas | Análise das condições de produção |
🏛️ Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado
Louis Althusser: Base Teórica da AD
CONCEITO ALTHUSSERIANO DE IDEOLOGIA
“A ideologia representa a relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência.”
- Não é sistema de ideias
- Existe em práticas materiais
- Inscrita em aparelhos
- Produz efeitos concretos
- Não há prática sem ideologia
- Eterna como o inconsciente
- Onipresente nas sociedades
- Condição da reprodução social
- Constitui sujeitos
- Processo de reconhecimento
- Evidência do sentido
- Assujeitamento ideológico
- Reproduz relações de produção
- Garante dominação de classe
- Naturaliza o social
- Produz consenso
APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO (AIE)
DISTINÇÃO: APARELHO REPRESSIVO vs. APARELHOS IDEOLÓGICOS APARELHO REPRESSIVO DE ESTADO (ARE): ├── Governo, Administração, Exército, Polícia, Tribunais, Prisões ├── FUNÇÃO: Repressão (violência física/jurídica) ├── DOMÍNIO: Público ├── UNIDADE: Centralizado sob direção política └── FUNCIONAMENTO: Principalmente pela repressão APARELHOS IDEOLÓGICOS DE ESTADO (AIE): ├── AIE religioso (igrejas) ├── AIE escolar (escolas públicas e privadas) ├── AIE familiar (família) ├── AIE jurídico (direito) ├── AIE político (partidos, sindicatos) ├── AIE sindical (organizações) ├── AIE da informação (imprensa, rádio, TV) ├── AIE cultural (literatura, artes, esportes) │ ├── FUNÇÃO: Ideologia (consenso) ├── DOMÍNIO: Privado (mas público por função) ├── UNIDADE: Dispersos, relativamente autônomos └── FUNCIONAMENTO: Principalmente pela ideologia DOMINANTE ATUAL: AIE ESCOLAR • Substitui AIE religioso como dominante • Obrigatoriedade e duração (infância → idade adulta) • Inculcação da ideologia dominante • Reprodução da qualificação da força de trabalho
MECANISMO DA INTERPELAÇÃO IDEOLÓGICA
ESQUEMA DA INTERPELAÇÃO: SUJEITO ABSOLUTO ↓ (interpela) ↓ INDIVÍDUOS ←→ SUJEITOS ↑ ↓ (reconhecem) (se reconhecem) ↑ ↓ SUJEITO ABSOLUTO ←→ SUJEITOS ↑ ↓ (garante) (se submetem) ↑ ↓ EVIDÊNCIA DO SENTIDO EXEMPLO: Discurso religioso • Deus (Sujeito Absoluto) interpela fiéis • Fiéis se reconhecem como sujeitos de Deus • Reconhecem Deus como seu Sujeito • Submetem-se livremente à Sua vontade • Evidência: "É natural obedecer a Deus"
- Sujeito se reconhece no discurso
- Identifica-se com posição oferecida
- Sente-se origem do que diz
- Sentido parece natural, óbvio
- Apagamento da construção histórica
- Ilusão de transparência
📝 Discurso vs. Texto vs. Enunciado
Distinções Conceituais Fundamentais
CONCEITO DE DISCURSO
“O discurso é efeito de sentidos entre locutores” (Pêcheux)
- Não é abstração mental
- Materialidade linguística específica
- Inscrição na história
- Práticas discursivas concretas
- Não é produto acabado
- Movimento de sentidos
- Trabalho simbólico
- Transformação permanente
- Sempre pode ser outro
- Equívoco constitutivo
- Falha e falta
- Impossibilidade da saturação
- Não há discurso sem ideologia
- Posições ideológicas
- Formações discursivas
- Luta pela hegemonia
DISTINÇÕES OPERACIONAIS
Conceito | Definição | Características | Exemplo |
---|---|---|---|
ENUNCIADO | Unidade linguística concreta, realização empírica | Materialidade física, singularidade, acontecimento | “Ordem e Progresso” (na bandeira) |
TEXTO | Unidade de análise, objeto empírico | Organização, coerência, unidade formal | Constituição de 1988 (documento) |
DISCURSO | Efeito de sentidos, processo de significação | Ideologia, história, sujeito, formação discursiva | Discurso jurídico-constitucional |
EXEMPLO ANALÍTICO
(Declaração de autoridade governamental, 2020)
- Duas frases declarativas
- Presente do indicativo
- Modalidade assertiva
- Negação categórica
- Coesão por repetição (Brasil/aqui)
- Progressão: geral → específico
- Gênero: declaração oficial
- Registro formal
- FD da democracia racial
- Posição-sujeito oficial
- Silenciamento do racismo
- Ideologia da harmonia
🌍 Condições de Produção do Discurso
Determinações Sócio-Históricas do Sentido
CONCEITO DE CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
Definição: Conjunto de elementos que determinam a produção de um discurso, incluindo o contexto sócio-histórico, as posições dos sujeitos e a memória discursiva.
ESQUEMA DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO: CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO ├── SENTIDO ESTRITO (contexto imediato) │ ├── Situação de enunciação │ ├── Circunstâncias da enunciação │ ├── Contexto situacional │ └── Interlocutores empíricos │ └── SENTIDO AMPLO (contexto sócio-histórico) ├── Contexto histórico ├── Contexto social ├── Contexto ideológico └── Memória discursiva (interdiscurso) ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: ├── A: Lugar do sujeito locutor ├── B: Lugar do sujeito interlocutor ├── Referente: Aquilo de que se fala ├── Contexto: Situação sócio-histórica └── Memória: Já-dito que ressoa RELAÇÕES IMAGINÁRIAS: ├── IA(A): Imagem que A faz de si mesmo ├── IA(B): Imagem que A faz de B ├── IB(A): Imagem que B faz de A ├── IB(B): Imagem que B faz de si mesmo └── Imagens do referente para A e B
FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS
- Si mesmo: “Como ele me vê?”
- O receptor: “Como ele se vê?”
- O objeto do discurso: “Como ele vê o que falo?”
- O próprio discurso: “Como ele receberá o que digo?”
IA(A): “Sou competente, honesto, próximo do povo”
IA(B): “Eleitores querem mudança, estão descontentes”
IB(A): “Candidato deve ser confiável, experiente”
IB(B): “Somos cidadãos conscientes, merecemos respeito”
→ Estratégia discursiva: Linguagem simples, promessas de mudança, crítica ao governo atual
TIPOLOGIA DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
Tipo | Características | Relação com o Outro | Exemplo |
---|---|---|---|
SIMÉTRICAS | Posições intercambiáveis, igualdade de poder | Reversibilidade total | Conversa entre amigos |
ASSIMÉTRICAS | Hierarquia, diferença de poder | Reversibilidade limitada | Professor-aluno, médico-paciente |
TOTALMENTE ASSIMÉTRICAS | Dominação absoluta | Irreversibilidade | Interrogatório policial |
💪 EXERCÍCIO 1: Análise das Condições de Produção
Questão: Analise as condições de produção dos seguintes discursos:
Analise: Posições-sujeito, formações imaginárias, relações de poder, contexto sócio-histórico.
ANÁLISE COMPARATIVA:
- Locutor: Direção escolar (posição institucional)
- Interlocutor: Pais/responsáveis (posição familiar)
- Canal: Circular oficial (gênero institucional)
- Momento: Início da pandemia (urgência)
- IA(A): Autoridade responsável, competente
- IA(B): Pais preocupados, precisam de informação
- Relação: Assimétrica (instituição → família)
- Estratégia: Linguagem formal, tranquilizadora
- Locutor: Estudante (posição de par)
- Interlocutor: Colegas (grupo de pares)
- Canal: WhatsApp (informalidade)
- Momento: Reação imediata à decisão
- IA(A): Jovem descontraído, crítico
- IA(B): Colegas que compartilham visão
- Relação: Simétrica (igualdade etária)
- Estratégia: Gíria, humor, crítica implícita
- Pandemia COVID-19: Crise sanitária mundial, medidas de isolamento
- Transformação educacional: Migração forçada para ensino remoto
- Incerteza social: Desconhecimento sobre duração e consequências
- Tecnologia: Dependência de recursos digitais para continuidade
CAPÍTULO 2: FORMAÇÕES DISCURSIVAS
🎯 Conceito de Formação Discursiva (FD)
Base Conceitual das Formações Discursivas
DEFINIÇÃO FUNDAMENTAL (PÊCHEUX)
“Chamaremos formação discursiva aquilo que, numa formação ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada numa conjuntura dada, determinada pelo estado da luta de classes, determina o que pode e deve ser dito.”
- Inscrita em formação ideológica
- Posição na luta de classes
- Não há FD neutra
- Sempre política
- O que pode ser dito
- O que deve ser dito
- O que não pode ser dito
- Como deve ser dito
- Conjuntura específica
- Transformação histórica
- Emergência e desaparecimento
- Memória discursiva
- Realização em enunciados
- Regularidades discursivas
- Léxico específico
- Sintaxe característica
FUNCIONAMENTO DAS FORMAÇÕES DISCURSIVAS
ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA FD: FORMAÇÃO IDEOLÓGICA ↓ (determina) ↓ FORMAÇÃO DISCURSIVA ←→ INTERDISCURSO ↓ ↑ (regula) (memória) ↓ ↑ INTRADISCURSO ←→ SEQUÊNCIAS DISCURSIVAS ↓ ↑ (materializa) (realização) ↓ ↑ ENUNCIADOS CONCRETOS ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: ├── Objetos: O que pode ser objeto de discurso ├── Modalidades enunciativas: Quem pode falar e como ├── Conceitos: Rede conceitual específica ├── Estratégias: Escolhas temáticas e teóricas └── Regularidades: Padrões de funcionamento EXEMPLO: FD Médica ├── Objetos: Doença, corpo, saúde, tratamento ├── Modalidades: Médico autorizado, linguagem técnica ├── Conceitos: Diagnóstico, sintoma, terapia, cura ├── Estratégias: Objetividade, cientificidade └── Regularidades: Anamnese → diagnóstico → prescrição
HETEROGENEIDADE CONSTITUTIVA
Princípio fundamental: Toda FD é constitutivamente heterogênea, atravessada por outras FDs.
- Citações diretas
- Discurso relatado
- Aspas, itálicos
- Comentários metadiscursivos
- Interdiscurso
- Pré-construído
- Discurso transverso
- Memória discursiva
🏛️ Formação Ideológica e FD
Relação entre Ideologia e Discurso
FORMAÇÃO IDEOLÓGICA
Definição: Conjunto complexo de atitudes e representações que não são nem individuais nem universais, mas se relacionam às posições de classes em conflito.
ESTRUTURA DA FORMAÇÃO IDEOLÓGICA: FORMAÇÃO IDEOLÓGICA ├── COMPONENTE INTERPELATIVO │ ├── Interpelação dos indivíduos em sujeitos │ ├── Identificação com posições ideológicas │ └── Reconhecimento/desconhecimento │ ├── COMPONENTE ATITUDINAL │ ├── Atitudes face aos objetos ideológicos │ ├── Tomadas de posição │ └── Valores e normas │ └── COMPONENTE REPRESENTACIONAL ├── Representações das relações sociais ├── Imagens do mundo social └── Esquemas de percepção RELAÇÃO COM FORMAÇÕES DISCURSIVAS: Uma FI pode comportar várias FDs Uma FD pode ser atravessada por várias FIs Relação não mecânica, mas de determinação EXEMPLO: Formação Ideológica Liberal ├── FD Econômica Liberal (livre mercado) ├── FD Política Liberal (democracia representativa) ├── FD Jurídica Liberal (direitos individuais) └── FD Educacional Liberal (meritocracia)
DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA
- Hegemonia no espaço social
- Naturalização de suas representações
- Controle dos aparelhos ideológicos
- Universalização de interesses particulares
- Evidência do sentido
- Apagamento da historicidade
- Consenso aparente
- Silenciamento de contradições
- Resistência: Oposição direta à dominante
- Contradominação: Projeto hegemônico alternativo
- Subordinação: Aceitação da dominação
- Negociação: Compromissos e concessões
EXEMPLO ANALÍTICO: DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO
FI/FD | Concepção de Educação | Léxico Característico | Estratégias |
---|---|---|---|
FI Liberal FD Meritocrática | Educação como investimento individual, competição | Excelência, qualidade, competitividade, mérito | Responsabilização individual |
FI Socialista FD Igualitária | Educação como direito social, igualdade | Direito, igualdade, justiça social, coletivo | Crítica às desigualdades |
FI Neoliberal FD Mercadológica | Educação como mercadoria, eficiência | Eficiência, produtividade, cliente, resultado | Lógica empresarial |
FI Crítica FD Emancipatória | Educação como prática de liberdade | Emancipação, consciência crítica, transformação | Denúncia e anúncio |
💪 EXERCÍCIO 2: Identificação de Formações Discursivas
Questão: Identifique as formações discursivas nos textos abaixo sobre o tema “trabalho”:
ANÁLISE DAS FORMAÇÕES DISCURSIVAS:
- FI de base: Conservadora, valores tradicionais
- Léxico: “dignifica”, “esforço”, “caráter”, “colhe o que planta”
- Concepção: Trabalho como valor moral, responsabilidade individual
- Estratégia: Naturalização da ordem social, meritocracia
- Interdiscurso: Discurso religioso (ética protestante do trabalho)
- FI de base: Socialista, crítica ao capitalismo
- Léxico: “alienação”, “força de trabalho”, “relações de produção”
- Concepção: Trabalho como exploração, necessidade de transformação
- Estratégia: Denúncia da exploração, chamada à ação
- Interdiscurso: Teoria marxista, discurso revolucionário
- FI de base: Neoliberal, lógica de mercado
- Léxico: “competências”, “flexível”, “competitivo”, “mercado”
- Concepção: Trabalho como mercadoria, adaptação constante
- Estratégia: Responsabilização individual, naturalização da competição
- Interdiscurso: Discurso empresarial, coaching, autoajuda
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LINGUÍSTICA TEXTUAL
Coesão e Coerência Textuais
Prova Nacional Docente (PND 2025) – Licenciatura em Letras
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
- Texto vs. discurso: diferentes perspectivas
- Texto como unidade de sentido
- Contexto e cotexto
- Progressão da LT: frase → texto → discurso
- Exercícios: identificação de limites textuais
- Beaugrande & Dressler: 7 critérios
- Coesão: ligação entre elementos superficiais
- Coerência: continuidade de sentidos
- Intencionalidade e aceitabilidade
- Informatividade: graus de previsibilidade
- Situacionalidade: adequação ao contexto
- Intertextualidade: relações entre textos
PARTE II: COESÃO TEXTUAL
- Referência endofórica: anáfora e catáfora
- Referência exofórica: dêixis
- Referência por substituição
- Referência por elipse
- Cadeias referenciais e progressão
- Conectores lógicos e temporais
- Conectores argumentativos
- Articuladores textuais e metadiscurso
- Repetição e substituição lexical
- Campos lexicais e isotopias
- Colocações e expressões cristalizadas
PARTE III: COERÊNCIA TEXTUAL
- Coerência semântica, pragmática
- Coerência estilística e genérica
- Conhecimentos linguístico e enciclopédico
- Conhecimentos sociointeracional e ilocucional
- Conhecimento superestrutural
PARTE IV: PROGRESSÃO TEXTUAL
- Tema vs. rema: estrutura informacional
- Progressão linear e com tema derivado
- Progressão com remas cindidos
- Tópico discursivo vs. sentencial
- Centração e descentração tópica
- Segmentação e hierarquia tópica
PARTE V: TIPOLOGIA TEXTUAL
- Adam: 5 sequências prototípicas
- Sequências narrativa, descritiva
- Sequências argumentativa, expositiva
- Sequência injuntiva
- Distinção entre gênero e tipo
- Heterogeneidade tipológica
- Protótipos e hibridização
PARTE VI: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
- Desenvolvimento da competência textual
- Atividades de coesão e coerência
- Reescrita e revisão textual
- Avaliação da textualidade
RECURSOS COMPLEMENTARES
- 30 exercícios práticos comentados
- Corpus de análise textual
- Mapas conceituais das teorias
- Bibliografia especializada atualizada
- Glossário de termos técnicos
- Índice remissivo completo
PARTE I: FUNDAMENTOS DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
Conceitos básicos e critérios de textualidade
CAPÍTULO 1: CONCEITOS BÁSICOS
📝 Texto vs. Discurso: Diferentes Perspectivas
Evolução Conceitual da Linguística Textual
PERSPECTIVA HISTÓRICA
A Linguística Textual surge nos anos 1960 como reação às limitações da análise frasal, propondo o texto como unidade básica de comunicação.
EVOLUÇÃO DA LINGUÍSTICA TEXTUAL: FASE 1 (1960s): ANÁLISES TRANSFRÁSTICAS ├── Foco: Fenômenos além da frase ├── Objetivo: Descrever regularidades ├── Método: Extensão da gramática frasal └── Limitação: Visão estruturalista FASE 2 (1970s): GRAMÁTICAS TEXTUAIS ├── Foco: Competência textual ├── Objetivo: Regras de formação textual ├── Método: Gramática gerativa do texto └── Limitação: Formalismo excessivo FASE 3 (1980s): TEORIA DO TEXTO ├── Foco: Texto como processo ├── Objetivo: Compreensão e produção ├── Método: Critérios de textualidade └── Avanço: Dimensão pragmática FASE 4 (1990s-atual): LINGUÍSTICA TEXTUAL SOCIOCOGNITIVA ├── Foco: Texto em uso social ├── Objetivo: Práticas discursivas ├── Método: Multidisciplinar └── Perspectiva: Cognição, sociedade, cultura
DISTINÇÃO TEXTO vs. DISCURSO
Aspecto | TEXTO | DISCURSO |
---|---|---|
Natureza | Produto, objeto empírico | Processo, atividade enunciativa |
Materialidade | Sequência linguística concreta | Prática social de linguagem |
Foco analítico | Organização interna, coesão | Condições de produção, ideologia |
Delimitação | Início e fim marcados | Sem limites precisos |
Abordagem | Linguística textual | Análise do discurso |
Exemplo | Artigo de jornal (materialidade) | Discurso jornalístico (prática) |
COMPLEMENTARIDADE DAS ABORDAGENS
- Analisa a organização interna do texto
- Foca nos mecanismos de coesão e coerência
- Estuda a progressão informacional
- Investiga tipologias e gêneros textuais
- Examina estratégias de textualização
- Examina condições sócio-históricas de produção
- Analisa formações discursivas e ideológicas
- Estuda posições-sujeito e interdiscurso
- Investiga relações de poder no discurso
- Examina processos de significação
🎯 Texto como Unidade de Sentido
Definições de Texto na Literatura Especializada
PRINCIPAIS DEFINIÇÕES
“Texto é uma ocorrência comunicativa que atende a sete critérios de textualidade: coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade e intertextualidade.”
“Texto é uma unidade semântica: não uma unidade de forma, mas de significado. Um texto é melhor considerado como uma unidade semântica realizada através de escolhas lexicogramaticais.”
“Texto é uma manifestação verbal constituída de elementos linguísticos selecionados e ordenados pelos falantes durante a atividade verbal, de modo a permitir aos parceiros, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, mas também a interação ou atuação de acordo com práticas socioculturais.”
“Texto é uma entidade concreta realizada materialmente e corporificada em algum gênero textual. Discurso é aquilo que um texto produz ao se manifestar em alguma instância discursiva.”
CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO TEXTO
- Conjunto coerente de significados
- Tema ou tópico central
- Continuidade de sentidos
- Não contradição interna
- Função comunicativa específica
- Intencionalidade do produtor
- Adequação ao contexto
- Efeito sobre o receptor
- Organização linguística específica
- Mecanismos de coesão
- Estrutura composicional
- Marcas de textualidade
- Atividade conjunta produtor-receptor
- Negociação de sentidos
- Construção colaborativa
- Dimensão dialógica
🌐 Contexto e Cotexto
Dimensões Contextuais do Texto
COTEXTO vs. CONTEXTO
DIMENSÕES CONTEXTUAIS: COTEXTO (Contexto linguístico) ├── COTEXTO IMEDIATO │ ├── Frase anterior e posterior │ ├── Parágrafo atual │ └── Sequência textual local │ └── COTEXTO MEDIATO ├── Texto completo ├── Outros textos do mesmo autor └── Intertextos explícitos CONTEXTO (Contexto extralinguístico) ├── CONTEXTO SITUACIONAL │ ├── Participantes (quem fala/escreve, para quem) │ ├── Finalidade (para que, com que objetivo) │ ├── Lugar (onde ocorre a comunicação) │ ├── Tempo (quando ocorre) │ └── Canal (como é veiculado) │ ├── CONTEXTO SOCIOCULTURAL │ ├── Normas sociais e culturais │ ├── Valores e crenças compartilhados │ ├── Conhecimento de mundo comum │ └── Convenções comunicativas │ └── CONTEXTO COGNITIVO ├── Conhecimentos prévios dos interlocutores ├── Modelos mentais ativados ├── Inferências e pressuposições └── Memória discursiva
EXEMPLO ANALÍTICO
- “Ele” → referência anafórica (pessoa mencionada antes)
- “novamente” → indica repetição
- “Isso” → referência anafórica ao atraso
- “assim” → referência catafórica à situação
- Profissional: Chefe falando de funcionário
- Escolar: Professor sobre aluno
- Familiar: Pai/mãe sobre filho
- Conjugal: Cônjuge sobre parceiro
💪 EXERCÍCIO 1: Identificação de Limites Textuais
Questão: Analise os fragmentos abaixo e determine quais constituem textos completos, justificando sua resposta:
ANÁLISE DOS FRAGMENTOS:
- Unidade semântica: Sentido completo (proibição)
- Unidade pragmática: Função comunicativa clara (advertência/norma)
- Intencionalidade: Informar sobre proibição
- Situacionalidade: Adequado ao contexto (placa, aviso)
- Gênero: Texto injuntivo/normativo
- Problema: Narrativa interrompida, sem resolução
- Coerência: Apresenta situação inicial, mas falta desenvolvimento
- Expectativa: Leitor espera continuação da história
- Estrutura: Apenas orientação, sem complicação/resolução
- Problema: Falta de coerência temática
- Coesão: Ausência de conectores ou relações lógicas
- Unidade semântica: Três eventos desconexos
- Intencionalidade: Não há propósito comunicativo claro
- Unidade semântica: Tema único (preparo de alimento)
- Coerência: Sequência lógica (ingredientes → preparo)
- Função pragmática: Instruir sobre procedimento
- Gênero: Texto injuntivo/instrucional completo
- Estrutura: Organização típica de receita
CAPÍTULO 2: CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE
📋 Beaugrande & Dressler: Os 7 Critérios
Modelo Clássico de Textualidade
VISÃO GERAL DOS CRITÉRIOS
Robert de Beaugrande e Wolfgang Dressler (1981) propuseram sete critérios que determinam se uma sequência linguística constitui um texto:
OS 7 CRITÉRIOS DE TEXTUALIDADE: CRITÉRIOS CENTRADOS NO TEXTO: ├── 1. COESÃO │ ├── Definição: Ligação entre elementos superficiais │ ├── Mecanismos: Referência, substituição, elipse, conjunção │ └── Função: Conectividade sintático-semântica │ ├── 2. COERÊNCIA │ ├── Definição: Continuidade de sentidos │ ├── Níveis: Semântico, pragmático, estilístico │ └── Função: Unidade conceitual e lógica CRITÉRIOS CENTRADOS NO USUÁRIO: ├── 3. INTENCIONALIDADE │ ├── Definição: Intenção do produtor │ ├── Aspectos: Objetivo comunicativo, estratégias │ └── Função: Orientação da produção textual │ ├── 4. ACEITABILIDADE │ ├── Definição: Atitude do receptor │ ├── Aspectos: Cooperação, tolerância, expectativas │ └── Função: Disposição para processar o texto │ ├── 5. INFORMATIVIDADE │ ├── Definição: Grau de previsibilidade/novidade │ ├── Níveis: Baixa, média, alta informatividade │ └── Função: Equilíbrio entre conhecido e novo CRITÉRIOS CENTRADOS NO CONTEXTO: ├── 6. SITUACIONALIDADE │ ├── Definição: Adequação à situação comunicativa │ ├── Fatores: Tempo, lugar, participantes, canal │ └── Função: Relevância contextual │ └── 7. INTERTEXTUALIDADE ├── Definição: Relações com outros textos ├── Tipos: Explícita, implícita, constitutiva └── Função: Inserção na tradição discursiva
1. COESÃO
Definição: Conectividade que se manifesta na superfície textual através de dependências gramaticais.
(Coesão referencial: “ele” retoma “carro”)
2. COERÊNCIA
Definição: Continuidade de sentidos subjacente à superfície textual.
(Coerência: relação lógica chuva → proteção)
3. INTENCIONALIDADE
Definição: Intenção do produtor de criar um texto coeso e coerente para atingir um objetivo.
(Intenção: persuadir à compra)
4. ACEITABILIDADE
Definição: Atitude do receptor de aceitar uma sequência como texto útil ou relevante.
(Aceito em contexto informal, rejeitado em formal)
5. INFORMATIVIDADE
Definição: Grau de previsibilidade ou novidade dos elementos textuais.
“Descoberta cura para o câncer” (alta informatividade)
6. SITUACIONALIDADE
Definição: Adequação do texto à situação comunicativa em que ocorre.
Inadequado em festa, parque
7. INTERTEXTUALIDADE
Definição: Dependência da compreensão de um texto em relação ao conhecimento de outros textos.
(Referência a Hamlet de Shakespeare)
💪 EXERCÍCIO 2: Análise dos Critérios de Textualidade
Questão: Analise o texto abaixo identificando como cada critério de textualidade se manifesta:
Informamos que sua conta apresenta saldo devedor de R$ 150,00. Para regularizar a situação, você pode:
1) Pagar o valor integral até o dia 15/03
2) Parcelar em até 3x sem juros
3) Renegociar as condições em nossa agência
Caso não haja manifestação até a data limite, seu nome será incluído nos órgãos de proteção ao crédito.
Atenciosamente,
Banco XYZ”
ANÁLISE DOS CRITÉRIOS:
- Referencial: “sua conta” → “a situação”
- Lexical: Campo semântico bancário
- Sequencial: Numeração (1, 2, 3)
- Temporal: “até o dia 15/03”, “data limite”
- Semântica: Tema único (cobrança bancária)
- Pragmática: Sequência lógica: problema → soluções → consequência
- Estilística: Registro formal consistente
- Objetivo: Informar sobre débito e obter pagamento
- Estratégia: Oferece opções antes da ameaça
- Tom: Formal mas não agressivo
- Gênero reconhecível: Carta de cobrança
- Expectativas: Cliente espera informações claras
- Cooperação: Oferece alternativas de solução
- Informação específica: Valor exato (R$ 150,00)
- Prazo definido: Data limite clara
- Opções detalhadas: 3 alternativas de pagamento
- Consequência: Inclusão em órgãos de proteção
- Contexto: Comunicação banco-cliente
- Formalidade: Adequada à relação institucional
- Canal: Correspondência oficial
- Momento: Situação de inadimplência
- Gênero: Modelo padrão de carta comercial
- Fórmulas: “Caro cliente”, “Atenciosamente”
- Discurso jurídico: “órgãos de proteção ao crédito”
- Convenções: Estrutura típica de cobrança
PARTE II: COESÃO TEXTUAL
Mecanismos de ligação entre elementos textuais
CAPÍTULO 3: COESÃO REFERENCIAL
🔗 Referência Endofórica: Anáfora e Catáfora
Modelo de Halliday & Hasan (1976)
TIPOS DE REFERÊNCIA ENDOFÓRICA
REFERÊNCIA ENDOFÓRICA (dentro do texto): ANÁFORA (referência para trás) ├── ANÁFORA DIRETA │ ├── Correferência total: "João... ele" │ ├── Correferência parcial: "os alunos... alguns" │ └── Associativa: "a casa... o telhado" │ ├── ANÁFORA INDIRETA │ ├── Por inferência: "Chegamos à cidade. O prefeito nos recebeu." │ ├── Por conhecimento de mundo: "Comprei um carro. O motor é potente." │ └── Por isotopia: "Era inverno. A neve cobria tudo." │ └── ANÁFORA CONCEITUAL ├── Encapsulamento: "João brigou com Maria. Essa discussão..." ├── Rotulação: "Choveu muito. Tal fenômeno..." └── Sumarização: "Estudou, trabalhou, lutou. Tudo isso valeu a pena." CATÁFORA (referência para frente) ├── CATÁFORA GRAMATICAL │ ├── Pronomes: "Ele chegou: João." │ ├── Demonstrativos: "Isto é certo: você vai passar." │ └── Definidos: "A verdade é esta: não estudou." │ └── CATÁFORA LEXICAL ├── Antecipação: "O seguinte aconteceu: ..." ├── Anúncio: "Duas coisas são certas: ..." └── Apresentação: "Eis a questão: ..." EXEMPLO DE ANÁLISE: "João comprou um carro novo. O veículo é muito bonito. Ele pretende viajar com essa aquisição no próximo verão." ├── "O veículo" → anáfora direta de "um carro novo" ├── "Ele" → anáfora direta de "João" ├── "essa aquisição" → anáfora conceitual (encapsula a compra) └── Cadeia referencial: João → Ele / carro novo → O veículo → essa aquisição
MECANISMOS REFERENCIAIS
Mecanismo | Função | Exemplos | Observações |
---|---|---|---|
Pronomes pessoais | Retomar referente animado | ele, ela, eles, elas | Mais comum para pessoas |
Pronomes demonstrativos | Retomar/antecipar referente | este, esse, aquele, isto, isso | Marcam distância temporal/espacial |
Artigos definidos | Indicar referente conhecido | o, a, os, as | Pressupõem conhecimento prévio |
Repetição lexical | Manter referente ativo | casa… casa, livro… livro | Pode indicar ênfase ou clareza |
Sinônimos | Variar expressão | carro → veículo → automóvel | Evita repetição excessiva |
Hiperônimos | Generalizar referente | rosa → flor, gato → animal | Movimento do específico ao geral |
Hipônimos | Especificar referente | animal → cão, fruta → maçã | Movimento do geral ao específico |
Nomes genéricos | Categorizar referente | pessoa, coisa, fato, questão | Muito produtivos em português |
CADEIAS REFERENCIAIS
Definição: Sequência de expressões referenciais que se referem ao mesmo referente ao longo do texto, criando continuidade temática.
- Introdução: “Machado de Assis” (nome próprio – primeira menção)
- Categorização: “O escritor” (hiperônimo + artigo definido)
- Pronominalização: “Ele” (pronome pessoal)
- Especificação: “O autor de Dom Casmurro” (descrição definida)
- Qualificação: “Esse grande romancista” (demonstrativo + qualificação)
🌍 Referência Exofórica: Dêixis
Elementos Dêiticos e Contextualização
TIPOS DE DÊIXIS
DÊIXIS (referência ao contexto extralinguístico): DÊIXIS PESSOAL ├── 1ª pessoa: eu, nós, meu, nosso ├── 2ª pessoa: tu/você, vós/vocês, teu/seu, vosso/seus ├── 3ª pessoa: ele, ela, eles, elas (quando exofóricos) └── Função: Identificar participantes da comunicação DÊIXIS ESPACIAL ├── Proximidade: aqui, cá, este, esta, isto ├── Distância média: aí, esse, essa, isso ├── Distância: ali, lá, acolá, aquele, aquela, aquilo ├── Movimento: vir/ir, trazer/levar, chegar/partir └── Função: Localizar no espaço em relação ao falante DÊIXIS TEMPORAL ├── Presente: agora, hoje, neste momento, atualmente ├── Passado: ontem, anteontem, há pouco, antes ├── Futuro: amanhã, depois, em breve, futuramente ├── Verbos: presente, pretérito, futuro └── Função: Localizar no tempo em relação ao momento da fala DÊIXIS SOCIAL ├── Formas de tratamento: senhor, doutor, você, tu ├── Honoríficos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria ├── Vocativos: meu filho, querida, pessoal └── Função: Marcar relações sociais e hierárquicas DÊIXIS TEXTUAL (endofórica) ├── Anafórica: acima, anteriormente, como visto ├── Catafórica: abaixo, a seguir, como veremos ├── Organizacional: primeiro, segundo, finalmente └── Função: Organizar e referenciar partes do texto
“Bom, pessoal, hoje nós vamos estudar este tema aqui. Vocês devem prestar atenção porque amanhã teremos prova sobre isso. Eu espero que todos tenham estudado o que vimos na aula passada.”
- “hoje”: dêixis temporal (15/03/2024)
- “nós”: dêixis pessoal (professor + alunos)
- “este… aqui”: dêixis espacial (tema próximo, na sala)
- “vocês”: dêixis pessoal (alunos)
- “amanhã”: dêixis temporal (16/03/2024)
- “eu”: dêixis pessoal (professor)
- “vimos”: dêixis temporal + pessoal (aula anterior)
💪 EXERCÍCIO 3: Análise de Mecanismos Referenciais
Questão: Identifique e classifique todos os mecanismos referenciais no texto abaixo:
ANÁLISE DETALHADA DOS MECANISMOS REFERENCIAIS:
- ¹”Maria”: Introdução (nome próprio)
- ³”Ela”: Anáfora pronominal direta
- ⁴”a”: Anáfora pronominal (clítico)
- ⁵”A jovem estudante”: Anáfora lexical (descrição definida)
- ⁵”sua”: Anáfora possessiva
- ¹”um livro interessante”: Introdução (indefinido)
- ²”A obra”: Anáfora lexical (sinônimo + definido)
- ³”lê-la”: Anáfora pronominal (clítico)
- ⁴”Este”: Anáfora demonstrativa → retoma “história brasileira” (tema)
- ⁵”esse conhecimento”: Anáfora conceitual → encapsula o estudo de história
- ⁶”Tal interesse”: Anáfora conceitual → sumariza a fascinação pela história
- ⁵”A jovem estudante”: Associação por inferência (Maria é jovem e estuda)
- ⁶”seu avô”: Associação por conhecimento de mundo (relação familiar)
- ³”durante as férias”: Referência temporal futura
- ⁶”ainda na infância”: Referência temporal passada
- ⁶”do passado”: Referência temporal genérica
O texto apresenta progressão referencial bem estruturada:
- Introdução de referentes: “Maria” e “um livro” (frase 1)
- Manutenção: Retomadas variadas evitam repetição excessiva
- Expansão: Novos aspectos dos referentes são introduzidos
- Coerência: Todas as retomadas são semanticamente adequadas
- Coesão: Mecanismos diversos criam textura coesa
📚 Apostila Completa em Desenvolvimento
Esta é uma prévia das primeiras seções da apostila completa de 35 páginas sobre Linguística Textual.
Conteúdo já desenvolvido: Fundamentos da LT, Critérios de Textualidade e Coesão Referencial
Próximas seções: Coesão Sequencial e Lexical, Coerência Textual, Progressão Tópica, Tipologia Textual e Aplicações Pedagógicas
TEORIAS DA LEITURA
Estratégias de Compreensão Textual
Prova Nacional Docente (PND 2025) – Licenciatura em Letras
📋 SUMÁRIO DETALHADO
PARTE I: MODELOS TEÓRICOS DE LEITURA
- Processamento serial: letra → palavra → frase → texto
- Decodificação e reconhecimento automático
- Limitações do modelo behaviorista
- Exercícios: análise de processos de decodificação
- Papel do conhecimento prévio
- Predição e confirmação de hipóteses
- Goodman: “jogo de adivinhação psicolinguística”
- Smith: leitura como processo seletivo
- Rumelhart: processamento paralelo
- Interação entre níveis de processamento
- Stanovich: hipótese da compensação interativa
- Leitura como prática social situada
- Kleiman: interação autor-texto-leitor
- Contexto sociocultural da leitura
PARTE II: PROCESSOS COGNITIVOS
- Esquemas cognitivos (Bartlett, Anderson)
- Conhecimento linguístico, textual, de mundo
- Ativação e construção de esquemas
- Inferências baseadas no conhecimento
- Memória de trabalho e leitura
- Processamento automático vs. controlado
- Capacidade limitada e alocação de recursos
PARTE III: ESTRATÉGIAS DE LEITURA
- Planejamento da leitura
- Monitoramento da compreensão
- Avaliação e regulação
- Consciência metacognitiva
- Predição e antecipação
- Inferência: local, global, elaborativa
- Sumarização e síntese
- Questionamento e autointerrogação
- Skimming: leitura panorâmica
- Scanning: busca de informações específicas
- Uso de organizadores gráficos
- Tomada de notas e sublinhado
PARTE IV: COMPREENSÃO TEXTUAL
- Compreensão literal: informações explícitas
- Compreensão inferencial: informações implícitas
- Compreensão crítica: avaliação e julgamento
- Compreensão criativa: aplicação e transformação
- Características do leitor
- Características do texto
- Características do contexto
PARTE V: FORMAÇÃO DO LEITOR
- Estágios de desenvolvimento (Chall)
- Fluência leitora: precisão, velocidade, prosódia
- Vocabulário e compreensão
- Pensamento crítico e leitura
- Identificação de vieses e manipulação
- Avaliação de fontes e credibilidade
- Leitura de textos multimodais
PARTE VI: APLICAÇÕES PEDAGÓGICAS
- Modelagem e demonstração
- Prática guiada e independente
- Transferência de estratégias
- Avaliação da compreensão
- Papel do professor mediador
- Círculos de leitura e discussão
- Projetos de leitura
- Tecnologias e leitura digital
RECURSOS COMPLEMENTARES
- 40 exercícios práticos comentados
- Diagramas de processamento cognitivo
- Tabelas comparativas dos modelos
- Instrumentos de avaliação da leitura
- Bibliografia especializada atualizada
- Glossário de termos técnicos
- Índice remissivo completo
PARTE I: MODELOS TEÓRICOS DE LEITURA
Evolução das teorias sobre o processamento da leitura
CAPÍTULO 1: MODELO ASCENDENTE (BOTTOM-UP)
📈 Processamento Serial: Letra → Palavra → Frase → Texto
Fundamentos do Modelo Ascendente
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
O modelo ascendente (bottom-up) concebe a leitura como um processo sequencial e hierárquico que parte dos elementos menores (letras) para os maiores (significado global do texto).
PROCESSAMENTO ASCENDENTE (BOTTOM-UP): NÍVEL 1: RECONHECIMENTO DE CARACTERÍSTICAS VISUAIS ├── Detecção de traços distintivos das letras ├── Análise de formas geométricas (linhas, curvas, ângulos) ├── Processamento visual básico └── Identificação de padrões gráficos NÍVEL 2: RECONHECIMENTO DE LETRAS ├── Correspondência forma-letra ├── Identificação de grafemas individuais ├── Processamento de maiúsculas/minúsculas └── Reconhecimento em diferentes fontes NÍVEL 3: RECONHECIMENTO DE PALAVRAS ├── Combinação de letras em unidades lexicais ├── Acesso ao léxico mental ├── Recuperação de significados └── Processamento morfológico básico NÍVEL 4: ANÁLISE SINTÁTICA ├── Identificação de categorias gramaticais ├── Análise de estruturas frasais ├── Processamento de relações sintáticas └── Construção de representações estruturais NÍVEL 5: INTEGRAÇÃO SEMÂNTICA ├── Combinação de significados lexicais ├── Construção de proposições ├── Integração de informações frasais └── Construção do significado textual CARACTERÍSTICAS DO MODELO: ├── Processamento SERIAL (sequencial) ├── Direção UNIDIRECIONAL (baixo → alto) ├── Dependência de DECODIFICAÇÃO precisa ├── Ênfase em HABILIDADES BÁSICAS └── Base BEHAVIORISTA/ESTRUTURALISTA
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
- Automaticidade: Reconhecimento automático de palavras é fundamental
- Precisão: Decodificação precisa precede compreensão
- Sequencialidade: Processamento ocorre em etapas ordenadas
- Universalidade: Mesmo processo para todos os leitores
- Objetividade: Significado está no texto, não no leitor
- Behaviorismo: Aprendizagem por condicionamento
- Estruturalismo: Análise de componentes linguísticos
- Psicologia Cognitiva: Processamento de informação
- Linguística Formal: Análise sintática rigorosa
- Neurociência: Especialização hemisférica
EXEMPLO DE PROCESSAMENTO ASCENDENTE
ETAPA 1: RECONHECIMENTO VISUAL ├── Identificação das formas: O, g, a, t, o, (espaço), s, u, b, i, u... ├── Distinção entre letras similares: b/d, p/q, m/n └── Processamento da direção da escrita (esquerda → direita) ETAPA 2: CONVERSÃO GRAFEMA-FONEMA ├── /o/ + /g/ + /a/ + /t/ + /o/ = "gato" ├── /s/ + /u/ + /b/ + /i/ + /u/ = "subiu" ├── /n/ + /o/ = "no" └── /t/ + /e/ + /ʎ/ + /a/ + /d/ + /o/ = "telhado" ETAPA 3: ACESSO LEXICAL ├── "gato" → [+animal, +felino, +doméstico] ├── "subiu" → [+movimento, +vertical, +ascendente] ├── "no" → [+preposição, +locativo] └── "telhado" → [+parte da casa, +superior, +cobertura] ETAPA 4: ANÁLISE SINTÁTICA ├── "O gato" → SN (sujeito) ├── "subiu" → SV (predicado) ├── "no telhado" → SP (adjunto adverbial de lugar) └── Estrutura: [SN [Det + N]] [SV [V]] [SP [Prep + Det + N]] ETAPA 5: INTEGRAÇÃO SEMÂNTICA ├── Agente: gato (quem realizou a ação) ├── Ação: subir (movimento ascendente) ├── Local: telhado (destino do movimento) └── Proposição: SUBIR (gato, telhado)
🔄 Decodificação e Reconhecimento Automático
Teoria da Automaticidade na Leitura
LABERGE & SAMUELS (1974): MODELO DE AUTOMATICIDADE
A teoria da automaticidade propõe que a fluência na leitura depende do desenvolvimento de processos automáticos de reconhecimento de palavras, liberando recursos cognitivos para a compreensão.
Aspecto | PROCESSAMENTO CONTROLADO | PROCESSAMENTO AUTOMÁTICO |
---|---|---|
Atenção | Requer atenção consciente | Não requer atenção consciente |
Velocidade | Lento e laborioso | Rápido e eficiente |
Recursos cognitivos | Consome muitos recursos | Consome poucos recursos |
Flexibilidade | Flexível e adaptável | Rígido e estereotipado |
Desenvolvimento | Estágio inicial da aprendizagem | Resultado de muita prática |
Exemplo na leitura | Leitor iniciante decodificando | Leitor fluente reconhecendo palavras |
DESENVOLVIMENTO DA AUTOMATICIDADE
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DA AUTOMATICIDADE: ESTÁGIO 1: DECODIFICAÇÃO CONTROLADA ├── Características: │ ├── Reconhecimento letra por letra │ ├── Conversão grafema-fonema consciente │ ├── Leitura silabada ou palavra por palavra │ └── Alta demanda de atenção ├── Recursos cognitivos: │ ├── 90% para decodificação │ └── 10% para compreensão └── Resultado: Compreensão limitada ESTÁGIO 2: AUTOMATICIDADE PARCIAL ├── Características: │ ├── Reconhecimento de algumas palavras frequentes │ ├── Combinação de estratégias automáticas e controladas │ ├── Leitura mais fluente em textos familiares │ └── Demanda moderada de atenção ├── Recursos cognitivos: │ ├── 60% para decodificação │ └── 40% para compreensão └── Resultado: Compreensão melhorada ESTÁGIO 3: AUTOMATICIDADE COMPLETA ├── Características: │ ├── Reconhecimento instantâneo de palavras │ ├── Processamento automático de estruturas sintáticas │ ├── Leitura fluente e expressiva │ └── Mínima demanda de atenção ├── Recursos cognitivos: │ ├── 20% para decodificação │ └── 80% para compreensão └── Resultado: Compreensão profunda FATORES QUE PROMOVEM AUTOMATICIDADE: ├── Prática extensiva e repetitiva ├── Exposição a textos variados ├── Instrução sistemática em decodificação ├── Desenvolvimento do vocabulário visual └── Feedback corretivo imediato
⚠️ Limitações do Modelo Behaviorista
Críticas e Limitações Identificadas
PRINCIPAIS LIMITAÇÕES
- Processamento não é sempre sequencial
- Leitores proficientes fazem saltos
- Processamento paralelo é mais eficiente
- Contexto influencia reconhecimento
- Conhecimento de mundo é crucial
- Expectativas guiam o processamento
- Contexto facilita reconhecimento
- Inferências são essenciais
- Leitor é ativo, não passivo
- Construção ativa de significado
- Estratégias metacognitivas importantes
- Objetivos influenciam leitura
- Contexto social é fundamental
- Situação comunicativa importa
- Propósitos de leitura variam
- Gêneros textuais influenciam
- Compreensão é mais que decodificação
- Processos inferenciais são centrais
- Integração textual é complexa
- Metacognição é essencial
- Leitores experientes usam estratégias complexas
- Processamento top-down é comum
- Flexibilidade estratégica é crucial
- Adaptação ao texto e contexto
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS CONTRÁRIAS
- Letras são reconhecidas mais rapidamente em palavras que isoladamente
- Contexto lexical facilita reconhecimento de letras
- Contradiz processamento puramente ascendente
- Contexto semântico reduz tempo de reconhecimento
- Expectativas baseadas no contexto são poderosas
- Processamento descendente é demonstrado
- Leitores não fixam todas as palavras
- Palavras funcionais são frequentemente puladas
- Regressões são comuns e funcionais
💪 EXERCÍCIO 1: Análise de Processos de Decodificação
Questão: Analise o processo de leitura de uma criança em fase de alfabetização lendo a frase “A menina brinca no jardim” segundo o modelo ascendente:
– Pronuncia: “A… me-ni-na… brin-ca… no… jar-dim”
– Pausa longa entre palavras
– Volta para reler “menina” e “jardim”
– Demora 45 segundos para ler a frase
– Ao final, pergunta: “O que é jardim?”
ANÁLISE SEGUNDO O MODELO ASCENDENTE:
- Processamento serial: Lê letra por letra, palavra por palavra
- Decodificação controlada: Processo consciente e laborioso
- Segmentação silábica: “me-ni-na”, “brin-ca”, “jar-dim”
- Apoio visual: Aponta para acompanhar a leitura
- Releitura: Volta para confirmar decodificação
- Direção ascendente: Das letras ao significado
- Processamento sequencial: Uma palavra por vez
- Foco na decodificação: Prioridade para reconhecimento
- Recursos limitados: Pouca atenção para compreensão
- Automaticidade baixa: Processo ainda controlado
PROCESSAMENTO PASSO A PASSO: PALAVRA "MENINA": ├── Reconhecimento visual: M-E-N-I-N-A ├── Conversão grafema-fonema: /m/-/e/-/n/-/i/-/n/-/a/ ├── Síntese fonológica: /me/-/ni/-/na/ ├── Acesso lexical: "menina" → [+humano, +feminino, +jovem] └── Integração: primeira informação da frase PALAVRA "BRINCA": ├── Reconhecimento visual: B-R-I-N-C-A ├── Conversão grafema-fonema: /b/-/r/-/i/-/n/-/k/-/a/ ├── Síntese fonológica: /brin/-/ka/ ├── Acesso lexical: "brinca" → [+ação, +lúdica, +presente] └── Integração: ação realizada pela menina PALAVRA "JARDIM": ├── Reconhecimento visual: J-A-R-D-I-M ├── Conversão grafema-fonema: /ʒ/-/a/-/r/-/d/-/i/-/m/ ├── Síntese fonológica: /jar/-/dim/ ├── Acesso lexical: FALHA → palavra desconhecida └── Resultado: pergunta sobre o significado RECURSOS COGNITIVOS: ├── 85% dedicados à decodificação ├── 15% disponíveis para compreensão └── Sobrecarga da memória de trabalho
O modelo ascendente sugere que o ensino deve priorizar:
- Consciência fonológica: Habilidade de manipular sons da fala
- Correspondências grafema-fonema: Relações letra-som sistemáticas
- Decodificação automática: Prática extensiva para desenvolver fluência
- Vocabulário visual: Reconhecimento instantâneo de palavras frequentes
- Precisão antes de velocidade: Decodificação correta é prioritária
CAPÍTULO 2: MODELO DESCENDENTE (TOP-DOWN)
🧠 Papel do Conhecimento Prévio
Fundamentos do Modelo Descendente
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
O modelo descendente (top-down) concebe a leitura como um processo dirigido pelo conhecimento, onde o leitor usa suas expectativas e conhecimento prévio para construir significado.
PROCESSAMENTO DESCENDENTE (TOP-DOWN): NÍVEL 1: CONHECIMENTO PRÉVIO E EXPECTATIVAS ├── Conhecimento de mundo (esquemas cognitivos) ├── Conhecimento linguístico (estruturas da língua) ├── Conhecimento textual (gêneros e tipos textuais) ├── Conhecimento situacional (contexto comunicativo) └── Objetivos e propósitos de leitura NÍVEL 2: FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES ├── Predições sobre conteúdo ├── Antecipações sobre estrutura ├── Expectativas sobre vocabulário ├── Suposições sobre desenvolvimento └── Hipóteses sobre desfecho NÍVEL 3: AMOSTRAGEM SELETIVA ├── Busca por pistas confirmatórias ├── Seleção de informações relevantes ├── Foco em elementos-chave ├── Ignorar detalhes irrelevantes └── Processamento econômico NÍVEL 4: CONFIRMAÇÃO/REJEIÇÃO ├── Verificação das hipóteses ├── Confirmação de predições ├── Rejeição de expectativas incorretas ├── Reformulação de hipóteses └── Ajuste de interpretações NÍVEL 5: INTEGRAÇÃO E COMPREENSÃO ├── Construção ativa de significado ├── Integração com conhecimento prévio ├── Elaboração de inferências ├── Síntese de informações └── Compreensão global CARACTERÍSTICAS DO MODELO: ├── Processamento PARALELO (simultâneo) ├── Direção UNIDIRECIONAL (alto → baixo) ├── Dependência de CONHECIMENTO PRÉVIO ├── Ênfase em ESTRATÉGIAS COGNITIVAS └── Base CONSTRUTIVISTA/COGNITIVISTA
TIPOS DE CONHECIMENTO PRÉVIO
Tipo de Conhecimento | Descrição | Exemplo na Leitura | Função |
---|---|---|---|
Conhecimento Linguístico | Domínio da língua: fonologia, morfologia, sintaxe, semântica | Reconhecer que “inho” indica diminutivo | Facilitar processamento automático |
Conhecimento de Mundo | Informações sobre realidade, cultura, sociedade | Saber que hospitais têm médicos e enfermeiros | Gerar inferências e expectativas |
Conhecimento Textual | Familiaridade com gêneros, tipos e estruturas textuais | Esperar moral em fábulas | Orientar expectativas estruturais |
Conhecimento Situacional | Informações sobre contexto comunicativo | Adaptar leitura ao propósito (estudo vs. lazer) | Ajustar estratégias de leitura |
Conhecimento Metacognitivo | Consciência sobre próprios processos cognitivos | Saber quando não está compreendendo | Monitorar e regular compreensão |
🎯 Predição e Confirmação de Hipóteses
Processo de Predição na Leitura
EXEMPLO PRÁTICO DE PROCESSAMENTO DESCENDENTE
PROCESSAMENTO DESCENDENTE EM AÇÃO: ATIVAÇÃO DE ESQUEMAS: ├── "Era uma vez" → ESQUEMA DE CONTO DE FADAS │ ├── Expectativas: personagens mágicos, final feliz │ ├── Estrutura: situação inicial → problema → resolução │ └── Vocabulário: princesa, castelo, magia, príncipe │ ├── "princesa... castelo" → CONFIRMAÇÃO DO ESQUEMA │ ├── Coerência com expectativas iniciais │ ├── Ativação de conhecimento sobre realeza │ └── Predições sobre desenvolvimento da história │ └── "bonita e inteligente, mas estava triste" → PROBLEMA ├── Expectativa: algo deve estar errado ├── Predições possíveis: │ ├── Está presa/prisioneira │ ├── Perdeu algo/alguém importante │ ├── Tem um problema a resolver │ └── Precisa de ajuda/resgate └── Antecipação: solução virá adiante HIPÓTESES GERADAS PELO LEITOR: ├── HIPÓTESE 1: "Ela está presa no castelo" ├── HIPÓTESE 2: "Perdeu seus pais" ├── HIPÓTESE 3: "Foi amaldiçoada" ├── HIPÓTESE 4: "Está sozinha/isolada" └── HIPÓTESE 5: "Precisa encontrar o amor verdadeiro" ESTRATÉGIAS DE CONFIRMAÇÃO: ├── Buscar pistas no texto que confirmem hipóteses ├── Ignorar detalhes irrelevantes para as predições ├── Focar em informações que resolvam o problema ├── Antecipar aparição de personagens auxiliares └── Esperar resolução positiva (final feliz)
🎲 Goodman: “Jogo de Adivinhação Psicolinguística”
Teoria de Kenneth Goodman (1967)
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Goodman propôs que a leitura é um “jogo de adivinhação psicolinguística” onde o leitor usa pistas mínimas do texto para construir significado, baseando-se fortemente em conhecimento prévio e contexto.
MODELO DE GOODMAN - "PSYCHOLINGUISTIC GUESSING GAME": PRINCÍPIOS BÁSICOS: ├── Leitura é PROCESSO SELETIVO │ ├── Leitor não processa todas as informações │ ├── Seleciona pistas mais produtivas │ ├── Usa amostragem estratégica │ └── Economia de processamento │ ├── Leitura é PROCESSO PREDITIVO │ ├── Leitor formula hipóteses constantes │ ├── Antecipa conteúdo e estrutura │ ├── Usa conhecimento prévio para predizer │ └── Confirma ou rejeita predições │ ├── Leitura é PROCESSO INFERENCIAL │ ├── Significado não está apenas no texto │ ├── Leitor constrói ativamente o sentido │ ├── Inferências preenchem lacunas │ └── Interpretação é pessoal e contextual │ └── Leitura é PROCESSO TRANSACIONAL ├── Interação entre leitor, texto e contexto ├── Significado emerge da transação ├── Não há significado único e fixo └── Compreensão é construção social TIPOS DE PISTAS UTILIZADAS: ├── PISTAS GRÁFICAS (visual) │ ├── Forma das letras e palavras │ ├── Pontuação e layout │ ├── Organização espacial │ └── Elementos tipográficos │ ├── PISTAS FONOLÓGICAS (sonoras) │ ├── Correspondências som-letra │ ├── Padrões de entonação │ ├── Ritmo e prosódia │ └── Rimas e aliterações │ ├── PISTAS SINTÁTICAS (estruturais) │ ├── Ordem das palavras │ ├── Padrões frasais │ ├── Marcadores gramaticais │ └── Estruturas conhecidas │ ├── PISTAS SEMÂNTICAS (significado) │ ├── Conhecimento de mundo │ ├── Contexto situacional │ ├── Coerência temática │ └── Relações lógicas │ └── PISTAS PRAGMÁTICAS (uso) ├── Propósito comunicativo ├── Contexto social ├── Convenções discursivas └── Expectativas culturais
ESTRATÉGIAS DO “JOGO DE ADIVINHAÇÃO”
- Seleção de pistas: Escolher informações mais úteis
- Foco estratégico: Concentrar atenção em elementos-chave
- Economia cognitiva: Processar mínimo necessário
- Flexibilidade: Adaptar estratégias ao contexto
- Antecipação lexical: Prever próximas palavras
- Antecipação estrutural: Esperar padrões sintáticos
- Antecipação semântica: Prever desenvolvimento temático
- Antecipação pragmática: Esperar funções comunicativas
Processo de adivinhação:
1. Pista sintática: “com” + substantivo
2. Pista semântica: “correu para casa” sugere urgência
3. Pista gráfica: palavra começa com “m”
4. Predições: medo, mãe, médico, muito (sono/fome)
5. Seleção da mais provável: “medo”
💪 EXERCÍCIO 2: Análise de Estratégias Preditivas
Questão: Analise como um leitor proficiente utilizaria estratégias descendentes para compreender o texto abaixo:
Um grave acidente envolvendo três veículos interditou completamente a rodovia BR-101, na altura do km 85, sentido sul. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal já estão no local. Há registro de feridos, mas ainda não se tem informações sobre a gravidade. O trânsito está sendo desviado pela…”
ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DESCENDENTES:
- “URGENTE”: Ativa esquema de notícia importante
- “ACIDENTE”: Ativa esquema de emergência/tragédia
- “BR-101”: Ativa conhecimento sobre rodovias
- Layout: Formato típico de notícia jornalística
- Notícia de trânsito: Estrutura, vocabulário, propósito
- Acidente rodoviário: Causas, consequências, procedimentos
- Emergência: Órgãos envolvidos, protocolos
- Informação pública: Utilidade social, orientação
HIPÓTESES FORMULADAS PELO LEITOR: SOBRE O CONTEÚDO: ├── Informações sobre vítimas (número, estado) ├── Causas do acidente (clima, imprudência, mecânica) ├── Consequências para o trânsito (tempo de interdição) ├── Rotas alternativas disponíveis ├── Orientações para motoristas └── Atualizações sobre a situação SOBRE A ESTRUTURA: ├── Lead jornalístico (quem, o que, quando, onde, como, por quê) ├── Detalhamento progressivo das informações ├── Citações de autoridades (bombeiros, PRF) ├── Informações práticas para o público └── Possível atualização posterior SOBRE O VOCABULÁRIO: ├── Termos técnicos de trânsito ├── Jargão de emergência médica ├── Referências geográficas específicas ├── Linguagem objetiva e clara └── Registro formal/jornalístico ESTRATÉGIAS DE CONFIRMAÇÃO: ├── Buscar informações sobre vítimas ├── Localizar rotas alternativas ├── Identificar órgãos responsáveis ├── Verificar tempo estimado de normalização └── Procurar orientações práticas
O leitor proficiente demonstra:
- Leitura estratégica: Foca nas informações mais relevantes para seus objetivos
- Amostragem eficiente: Não lê palavra por palavra, mas busca informações-chave
- Integração rápida: Conecta informações com conhecimento prévio sobre trânsito
- Inferências automáticas: Deduz implicações (atraso, rotas alternativas)
- Monitoramento: Verifica se suas predições estão sendo confirmadas
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Esta é uma prévia das primeiras seções da apostila completa de 35 páginas sobre Teorias da Leitura e Estratégias de Compreensão.
Conteúdo já desenvolvido: Modelos Ascendente e Descendente com análises detalhadas
Próximas seções: Modelos Interativo e Sociocognitivo, Processos Cognitivos, Estratégias de Leitura, Níveis de Compreensão e Aplicações Pedagógicas
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Apostilas e simulados específicos para a banca IBAM.
Banca Instituto AOCP
Apostilas e simulados específicos para a banca Instituto AOCP.
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- 12ª geração Intel Core i3-1215U (6-core, cache de 10MB, até 4.4GHz)
- SSD de 512GB PCIe NVMe M.2
- 8GB DDR4 (1x8GB) 2666MT/s; Expansível até 16GB (2 slots soDIMM)
- Full HD de 15.6″ (1920 x 1080), 120 Hz, WVA
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