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Simulado PND: Química

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Simulado PND: Química

🧪 Simulado PND Química

Prova Nacional Docente – 50 Questões Estilo INEP

📚 8 Eixos Temáticos
🔍 Asserções Múltiplas
✓ Verdadeiro/Falso
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Simulado PND: Química

Apostila PND Química

Estrutura da Matéria e Propriedades Físico-Químicas

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química
Material completo para estudo e preparação

Índice de Conteúdos

1. Estrutura Atômica Fundamental
2. Configuração Eletrônica
3. Propriedades Periódicas
4. Ligações Químicas
5. Geometria Molecular
6. Forças Intermoleculares
7. Estados da Matéria
8. Propriedades Coligativas
1
Estrutura Atômica Fundamental

1.1 Modelos Atômicos Históricos

A compreensão da estrutura atômica evoluiu através de diversos modelos científicos, cada um contribuindo para nossa visão atual do átomo.
Evolução dos Modelos Atômicos
  • Dalton (1803): Átomo indivisível, esfera maciça
  • Thomson (1897): “Pudim de passas” – elétrons dispersos em massa positiva
  • Rutherford (1911): Núcleo central positivo, elétrons orbitando
  • Bohr (1913): Órbitas circulares definidas, níveis de energia quantizados
  • Modelo Quântico (1926): Orbitais probabilísticos, princípio da incerteza
Representação do Átomo Atual
N

Núcleo: Prótons (+) e Nêutrons (neutros)
Eletrosfera: Elétrons (-) em orbitais probabilísticos

1.2 Partículas Subatômicas

PartículaSímboloCargaMassa (u.m.a)Localização
Prótonp⁺+11,007Núcleo
Nêutronn⁰01,009Núcleo
Elétrone⁻-10,0005Eletrosfera
💡 Dica Importante:
O número atômico (Z) define o elemento químico e corresponde ao número de prótons no núcleo. Em átomos neutros, Z = número de elétrons.

1.3 Números Quânticos

Os Quatro Números Quânticos
  • Principal (n): Nível de energia (1, 2, 3, 4…)
  • Azimutal (ℓ): Subnível/formato orbital (0 a n-1)
  • Magnético (mℓ): Orientação espacial (-ℓ a +ℓ)
  • Spin (ms): Rotação do elétron (+½ ou -½)
Exemplo Prático: Elétron 2p³

Situação: Terceiro elétron no subnível 2p

Números quânticos:

  • n = 2 (segundo nível)
  • ℓ = 1 (subnível p)
  • mℓ = +1 (terceiro orbital p)
  • ms = +½ (primeiro elétron no orbital)
2
Configuração Eletrônica

2.1 Princípios Fundamentais

Regras para Distribuição Eletrônica
  • Princípio de Aufbau: Elétrons ocupam orbitais de menor energia primeiro
  • Princípio de Pauli: Máximo 2 elétrons por orbital, com spins opostos
  • Regra de Hund: Orbitais degenerados são preenchidos com elétrons desemparelhados primeiro
Diagrama de Energia dos Orbitais
7s
6s     6p
5s     5p     5d     5f
4s     4p     4d     4f
3s     3p     3d
2s     2p
1s

2.2 Ordem de Preenchimento

Ordem energética: 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶ 4s² 3d¹⁰ 4p⁶ 5s² 4d¹⁰ 5p⁶ 6s² 4f¹⁴ 5d¹⁰ 6p⁶ 7s²…
Exemplo: Configuração do Ferro (Fe, Z=26)
1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶ 4s² 3d⁶

Configuração condensada: [Ar] 4s² 3d⁶

Elétrons de valência: 4s² 3d⁶ (8 elétrons)

Diagrama de orbitais para o Nitrogênio (N, Z=7):

1s:
↑↓
2s:
↑↓
2p:

2.3 Configurações Especiais

⚠️ Atenção às Exceções:
Alguns elementos apresentam configurações anômalas devido à estabilização extra de subníveis semi-preenchidos ou totalmente preenchidos.
ElementoZConfiguração EsperadaConfiguração RealMotivo
Cromo (Cr)24[Ar] 4s² 3d⁴[Ar] 4s¹ 3d⁵Estabilização d⁵
Cobre (Cu)29[Ar] 4s² 3d⁹[Ar] 4s¹ 3d¹⁰Estabilização d¹⁰
3
Propriedades Periódicas

3.1 Raio Atômico

O raio atômico é a distância do núcleo até a região de maior probabilidade de encontrar o elétron mais externo.
Variação do Raio Atômico na Tabela Periódica
Período → Raio

Tendência: Diminui no período (→) | Aumenta no grupo (↓)

Fatores que Influenciam o Raio Atômico
  • Carga nuclear efetiva: Maior carga → menor raio
  • Número de camadas: Mais camadas → maior raio
  • Blindagem eletrônica: Mais elétrons internos → menor atração

3.2 Energia de Ionização

X(g) → X⁺(g) + e⁻ ΔH = EI₁ (primeira energia de ionização)
Exemplo: Energias de Ionização do Magnésio

1ª EI: Mg(g) → Mg⁺(g) + e⁻    EI₁ = 738 kJ/mol

2ª EI: Mg⁺(g) → Mg²⁺(g) + e⁻    EI₂ = 1451 kJ/mol

3ª EI: Mg²⁺(g) → Mg³⁺(g) + e⁻    EI₃ = 7733 kJ/mol

Note o grande salto na 3ª EI (remoção de elétron de camada interna)

PropriedadeTendência no PeríodoTendência no GrupoExplicação
Energia de IonizaçãoAumenta →Diminui ↓Maior Zef, menor raio
Afinidade EletrônicaAumenta →Diminui ↓Maior tendência a receber e⁻
EletronegatividadeAumenta →Diminui ↓Maior atração por e⁻ de ligação

3.3 Eletronegatividade

A eletronegatividade mede a capacidade de um átomo atrair elétrons em uma ligação química. A escala de Pauling é a mais utilizada.
Valores de Eletronegatividade (Pauling)
F: 4,0 (mais eletronegativo)
O: 3,5    N: 3,0    Cl: 3,0
Br: 2,8    C: 2,5    S: 2,5
I: 2,5    H: 2,1    P: 2,1
Cs: 0,7 (menos eletronegativo)
💡 Aplicação Prática:
A diferença de eletronegatividade determina o tipo de ligação:
  • ΔEN < 0,4: Ligação covalente apolar
  • 0,4 ≤ ΔEN < 1,7: Ligação covalente polar
  • ΔEN ≥ 1,7: Ligação iônica
4
Ligações Químicas

4.1 Ligação Iônica

A ligação iônica ocorre entre metais (baixa EI) e não-metais (alta AE), com transferência completa de elétrons e formação de íons.
Na⁺
Cl⁻
Exemplo: Formação do NaCl

Processo:

Na: [Ne] 3s¹ → Na⁺: [Ne] + e⁻
Cl: [Ne] 3s² 3p⁵ + e⁻ → Cl⁻: [Ne] 3s² 3p⁶ = [Ar]

Força motriz: Ambos os íons adquirem configuração de gás nobre

Características da Ligação Iônica
  • Transferência completa de elétrons
  • Formação de íons com cargas opostas
  • Atração eletrostática (Lei de Coulomb)
  • Estrutura cristalina tridimensional
  • Condutividade elétrica quando fundidos ou em solução
  • Altos pontos de fusão e ebulição
  • Solubilidade em solventes polares

4.2 Ligação Covalente

A ligação covalente envolve compartilhamento de pares de elétrons entre átomos, geralmente não-metais com eletronegatividades similares.
H
H
Tipos de Ligação Covalente
  • Simples: Um par de elétrons compartilhado (H-H)
  • Dupla: Dois pares de elétrons compartilhados (O=O)
  • Tripla: Três pares de elétrons compartilhados (N≡N)
  • Polar: Compartilhamento desigual (H-Cl)
  • Apolar: Compartilhamento igual (Cl-Cl)
  • Coordenada: Um átomo fornece ambos os elétrons
Exemplo: Molécula de Água (H₂O)

Estrutura de Lewis:

H-O-H
  | |
  • •

Características:

  • Oxigênio: 2 ligações covalentes + 2 pares isolados
  • Geometria angular (104,5°)
  • Molécula polar (μ ≠ 0)

Representação de Ligações Múltiplas:

C
O

Dupla (C=O)

N
N

Tripla (N≡N)

4.3 Ligação Metálica

A ligação metálica é caracterizada por um “mar de elétrons” deslocalizados que mantém unidos os cátions metálicos em uma estrutura cristalina.
Modelo do Mar de Elétrons
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺

••• Mar de elétrons deslocalizados •••

Propriedades dos Metais
  • Condutividade elétrica: Elétrons móveis transportam corrente
  • Condutividade térmica: Elétrons transferem energia cinética
  • Maleabilidade: Camadas deslizam sem quebrar ligações
  • Ductilidade: Podem ser estirados em fios
  • Brilho metálico: Elétrons absorvem e reemitem luz
  • Resistência mecânica: Ligações não direcionais
5
Geometria Molecular

5.1 Teoria VSEPR

A Teoria da Repulsão dos Pares Eletrônicos da Camada de Valência (VSEPR) prevê a geometria molecular baseada na repulsão entre pares de elétrons.
Princípios da Teoria VSEPR
  • Pares de elétrons se repelem e se afastam ao máximo
  • Pares isolados ocupam mais espaço que pares ligantes
  • Ligações múltiplas são tratadas como uma única região eletrônica
  • A geometria é determinada apenas pelos átomos (não pelos pares isolados)
Pares EletrônicosPares LigantesPares IsoladosGeometriaÂnguloExemplo
220Linear180°CO₂
330Trigonal plana120°BF₃
321Angular~117°SO₂
440Tetraédrica109,5°CH₄
431Piramidal~107°NH₃
422Angular~104,5°H₂O

5.2 Polaridade Molecular

A polaridade molecular depende da polaridade das ligações e da geometria molecular. Uma molécula é polar se possui momento dipolar resultante diferente de zero.
Análise de Polaridade: CO₂ vs H₂O

CO₂ (Apolar)

O=C=O

Geometria: Linear

Dipolos se cancelam

μ = 0

H₂O (Polar)

H-O-H

Geometria: Angular

Dipolos não se cancelam

μ ≠ 0

🔍 Regra Prática para Polaridade:
  1. Identifique as ligações polares (ΔEN > 0,4)
  2. Determine a geometria molecular (VSEPR)
  3. Verifique se os dipolos se cancelam por simetria
  4. Se não se cancelam → molécula polar

5.3 Hibridização

A hibridização explica a formação de orbitais híbridos pela combinação de orbitais atômicos puros, permitindo a formação de ligações equivalentes.
HibridizaçãoOrbitais EnvolvidosGeometriaÂnguloExemplo
sp1s + 1pLinear180°BeCl₂, C₂H₂
sp²1s + 2pTrigonal plana120°BF₃, C₂H₄
sp³1s + 3pTetraédrica109,5°CH₄, NH₃, H₂O
sp³d1s + 3p + 1dBipiramidal trigonal90°, 120°PF₅
sp³d²1s + 3p + 2dOctaédrica90°SF₆
Exemplo: Hibridização do Carbono no Metano (CH₄)

Configuração do C: 1s² 2s² 2p²

Promoção: 1s² 2s¹ 2p³ (4 elétrons desemparelhados)

Hibridização sp³: 1 orbital s + 3 orbitais p → 4 orbitais sp³

Resultado: 4 ligações σ equivalentes, geometria tetraédrica

6
Forças Intermoleculares

6.1 Tipos de Forças Intermoleculares

As forças intermoleculares são interações fracas entre moléculas que determinam propriedades físicas como pontos de fusão, ebulição e solubilidade.
Classificação das Forças Intermoleculares
  • Forças de van der Waals:
    • Dipolo-dipolo
    • Dipolo induzido-dipolo induzido (London)
  • Ligações de hidrogênio: Caso especial de dipolo-dipolo
  • Interações íon-dipolo: Entre íons e moléculas polares
Tipo de ForçaIntensidade (kJ/mol)Ocorre EntreExemplo
Ligação de hidrogênio10-40H-F, H-O, H-NH₂O…H₂O
Dipolo-dipolo5-25Moléculas polaresHCl…HCl
Forças de London0,05-40Todas as moléculasAr líquido
Íon-dipolo40-600Íons e moléculas polaresNa⁺…H₂O

6.2 Ligações de Hidrogênio

As ligações de hidrogênio são as mais fortes interações intermoleculares, ocorrendo quando H está ligado a F, O ou N e interage com outro átomo eletronegativo.
Exemplo: Ligações de Hidrogênio na Água
H₂O···H-O-H···H₂O
   |         |
   H         H

Consequências:

  • Alto ponto de ebulição (100°C vs -60°C esperado)
  • Densidade máxima a 4°C
  • Gelo menos denso que água líquida
  • Alta capacidade calorífica
🧬 Importância Biológica:
As ligações de hidrogênio são fundamentais para:
  • Estrutura secundária de proteínas (α-hélice, folha β)
  • Pareamento de bases no DNA (A-T, G-C)
  • Solubilidade de biomoléculas em água
  • Estabilidade de membranas celulares

6.3 Forças de London (Dispersão)

As forças de London resultam de flutuações momentâneas na distribuição eletrônica, criando dipolos temporários que induzem dipolos em moléculas vizinhas.
Fatores que Influenciam as Forças de London
  • Tamanho molecular: Moléculas maiores → forças mais intensas
  • Número de elétrons: Mais elétrons → maior polarizabilidade
  • Forma molecular: Moléculas lineares → maior contato → forças mais intensas
  • Ramificação: Moléculas ramificadas → menor contato → forças mais fracas
Exemplo: Pontos de Ebulição dos Alcanos
CompostoFórmulaP.E. (°C)Explicação
MetanoCH₄-162Menor, menos elétrons
ButanoC₄H₁₀-0,5Linear, maior contato
Isobutano(CH₃)₃CH-12Ramificado, menor contato
7
Estados da Matéria

7.1 Teoria Cinético-Molecular

A teoria cinético-molecular explica o comportamento dos gases baseada no movimento constante e aleatório das partículas.
Postulados da Teoria Cinético-Molecular
  • Gases são compostos por partículas em movimento constante e aleatório
  • O volume das partículas é desprezível comparado ao volume do recipiente
  • Colisões entre partículas e com as paredes são perfeitamente elásticas
  • Não há forças intermoleculares significativas
  • A energia cinética média é proporcional à temperatura absoluta
Energia cinética média: Ec = (3/2)kT = (3/2)RT/NA
Aplicação: Lei dos Gases Ideais
PV = nRT

Onde:

  • P = pressão (atm, Pa)
  • V = volume (L, m³)
  • n = número de mols
  • R = constante dos gases (0,082 atm·L/mol·K)
  • T = temperatura absoluta (K)

7.2 Mudanças de Estado

Diagrama de Mudanças de Estado
SÓLIDO
↕ (fusão/solidificação)
LÍQUIDO
↕ (vaporização/condensação)
GASOSO
Sublimação: Sólido ⇌ Gasoso (direto)
EstadoArranjo MolecularMovimentoForças IntermolecularesPropriedades
SólidoOrdenado, fixoVibraçãoMuito fortesForma e volume definidos
LíquidoPróximo, móvelTranslação limitadaModeradasVolume definido, forma variável
GasosoDisperso, livreTranslação totalMuito fracasForma e volume variáveis

7.3 Diagramas de Fase

Os diagramas de fase mostram as condições de temperatura e pressão nas quais cada estado da matéria é estável.
Diagrama de Fase da Água
Ponto Triplo SÓLIDO LÍQUIDO VAPOR Temperatura Pressão
🔬 Pontos Importantes:
  • Ponto triplo: Coexistência dos três estados
  • Ponto crítico: Acima dele, não há distinção líquido-vapor
  • Curva de sublimação: Equilíbrio sólido-vapor
  • Curva de vaporização: Equilíbrio líquido-vapor
8
Propriedades Coligativas

8.1 Conceitos Fundamentais

As propriedades coligativas dependem apenas do número de partículas em solução, não de sua natureza química.
As Quatro Propriedades Coligativas
  • Tonoscopia: Diminuição da pressão de vapor
  • Ebulioscopia: Elevação do ponto de ebulição
  • Crioscopia: Diminuição do ponto de congelamento
  • Osmose: Pressão osmótica
Fator de van’t Hoff: i = número de partículas formadas por fórmula unitária
Exemplo: Fator de van’t Hoff
SolutoDissociaçãoFator i
Glicose (C₆H₁₂O₆)Não dissociai = 1
NaClNa⁺ + Cl⁻i = 2
CaCl₂Ca²⁺ + 2Cl⁻i = 3

8.2 Fórmulas e Aplicações

PropriedadeFórmulaConstanteUnidade
TonoscopiaΔP = P₀ · X₂ · immHg, atm
EbulioscopiaΔTe = Ke · m · iKe = 0,52 °C/m (H₂O)°C
CrioscopiaΔTc = Kc · m · iKc = 1,86 °C/m (H₂O)°C
Osmoseπ = M · R · T · iR = 0,082 atm·L/mol·Katm
Problema Resolvido: Ponto de Congelamento

Questão: Qual o ponto de congelamento de uma solução aquosa 0,1 m de CaCl₂?

Dados: Kc(H₂O) = 1,86 °C/m; CaCl₂ → Ca²⁺ + 2Cl⁻ (i = 3)

Resolução:

ΔTc = Kc × m × i = 1,86 × 0,1 × 3 = 0,558 °C

Ponto de congelamento: 0°C – 0,558°C = -0,558°C

8.3 Osmose e Pressão Osmótica

A osmose é o movimento espontâneo do solvente através de uma membrana semipermeável, do meio menos concentrado para o mais concentrado.
Processo Osmótico

Inicial

H₂O
Solução

Níveis iguais

Durante

H₂O
Solução

Fluxo de H₂O

Equilíbrio

H₂O
Solução

Pressão osmótica

🩺 Importância Biológica da Osmose:
  • Hemólise: Células em meio hipotônico incham e rompem
  • Crenação: Células em meio hipertônico murcham
  • Soro fisiológico: NaCl 0,9% (isotônico com sangue)
  • Transporte celular: Regulação do volume celular

Conclusão

Esta apostila abordou os conceitos fundamentais da estrutura da matéria e propriedades físico-químicas, essenciais para a Prova Nacional Docente em Química. O domínio destes tópicos é crucial para compreender fenômenos químicos mais complexos e para o ensino eficaz da disciplina.

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Formação Geral Docente (com 30 questões)

📘 Prompt 2 – Ligações Químicas e Interações Intermoleculares

📘 Apostila PND Química – Ligações Químicas e Interações Intermoleculares

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Material completo para estudo e preparação
Teoria detalhada • Exemplos práticos • Quadros-resumo • Esquemas visuais

📋 Índice de Conteúdos

1. Fundamentos das Ligações Químicas
2. Ligação Iônica
3. Ligação Covalente
4. Ligação Metálica
5. Geometria Molecular e Hibridização
6. Polaridade Molecular
7. Forças Intermoleculares
8. Propriedades e Aplicações
1
Fundamentos das Ligações Químicas

1.1 Conceitos Fundamentais

As ligações químicas são forças que mantêm os átomos unidos, formando compostos químicos. Elas surgem da tendência dos átomos em adquirir configuração eletrônica estável, geralmente seguindo a regra do octeto.
⚛️ Regra do Octeto
  • Átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar elétrons
  • Objetivo: atingir 8 elétrons na camada de valência
  • Exceção: Hidrogênio busca 2 elétrons (dueto)
  • Configuração similar aos gases nobres
  • Maior estabilidade energética
💡 Exemplo: Configurações Estáveis
He: 1s² (dueto completo)
Ne: 1s² 2s² 2p⁶ (octeto completo)
Ar: 1s² 2s² 2p⁶ 3s² 3p⁶ (octeto completo)

Resultado: Gases nobres são quimicamente inertes devido à estabilidade eletrônica.

1.2 Classificação das Ligações

Tipo de LigaçãoMecanismoElementos EnvolvidosDiferença de EletronegatividadeExemplo
IônicaTransferência de elétronsMetal + Não-metalΔEN ≥ 1,7NaCl, MgO
Covalente PolarCompartilhamento desigualNão-metais diferentes0,4 ≤ ΔEN < 1,7HCl, H₂O
Covalente ApolarCompartilhamento igualNão-metais iguaisΔEN < 0,4H₂, Cl₂
MetálicaMar de elétronsMetal + MetalBaixa ENFe, Cu, Al
⚡ Energia de Ligação:
A energia necessária para quebrar uma ligação química é igual à energia liberada na sua formação. Ligações mais fortes requerem mais energia para serem rompidas.

1.3 Eletronegatividade e Caráter das Ligações

📊 Escala de Eletronegatividade (Pauling)
F
4,0
O
3,5
N,Cl
3,0
Br
2,8
C,S
2,5
H
2,1
Na
0,9
Cs
0,7
🔍 Determinação do Tipo de Ligação

Exemplo 1: NaCl

ΔEN = 3,0 – 0,9 = 2,1 → Ligação Iônica

Exemplo 2: HCl

ΔEN = 3,0 – 2,1 = 0,9 → Ligação Covalente Polar

Exemplo 3: Cl₂

ΔEN = 3,0 – 3,0 = 0,0 → Ligação Covalente Apolar

2
Ligação Iônica

2.1 Formação da Ligação Iônica

A ligação iônica resulta da transferência completa de elétrons de um átomo metálico (baixa energia de ionização) para um átomo não-metálico (alta afinidade eletrônica), formando íons com cargas opostas.
Na
→ e⁻ →
Cl
Na⁺
Cl⁻
⚗️ Processo de Formação do NaCl
Etapa 1 – Ionização:
Na(g) → Na⁺(g) + e⁻    ΔH = +496 kJ/mol

Etapa 2 – Afinidade Eletrônica:
Cl(g) + e⁻ → Cl⁻(g)    ΔH = -349 kJ/mol

Etapa 3 – Atração Eletrostática:
Na⁺(g) + Cl⁻(g) → NaCl(s)    ΔH = -786 kJ/mol

Resultado: ΔH total = -639 kJ/mol (processo exotérmico)

🎯 Fatores que Favorecem a Ligação Iônica
  • Baixa energia de ionização: Metais dos grupos 1 e 2
  • Alta afinidade eletrônica: Não-metais dos grupos 16 e 17
  • Grande diferença de eletronegatividade: ΔEN ≥ 1,7
  • Formação de íons estáveis: Configuração de gás nobre
  • Alta energia reticular: Íons pequenos e altamente carregados

2.2 Estrutura dos Compostos Iônicos

Os compostos iônicos formam estruturas cristalinas tridimensionais onde cada íon é cercado pelo maior número possível de íons de carga oposta, maximizando as atrações e minimizando as repulsões.
🔷 Estrutura Cristalina do NaCl
Na⁺
Cl⁻
Na⁺
Cl⁻
Cl⁻
Na⁺
Cl⁻
Na⁺
Na⁺
Cl⁻
Na⁺
Cl⁻
Cl⁻
Na⁺
Cl⁻
Na⁺

Número de coordenação: 6 (cada íon é cercado por 6 íons de carga oposta)

CompostoEstruturaNúmero de CoordenaçãoRazão de RaiosExemplo
Tipo NaClCúbica de face centrada6:60,414 – 0,732NaCl, MgO
Tipo CsClCúbica simples8:80,732 – 1,000CsCl, CsBr
Tipo ZnSCúbica (blenda)4:40,225 – 0,414ZnS, CuCl
Tipo CaF₂Fluorita8:4VariávelCaF₂, BaCl₂

2.3 Propriedades dos Compostos Iônicos

🔬 Características dos Compostos Iônicos
  • Estado físico: Sólidos cristalinos à temperatura ambiente
  • Pontos de fusão e ebulição: Elevados devido às fortes atrações eletrostáticas
  • Condutividade elétrica: Conduzem quando fundidos ou em solução aquosa
  • Solubilidade: Geralmente solúveis em solventes polares (água)
  • Dureza: Duros mas quebradiços
  • Densidade: Relativamente alta devido ao empacotamento eficiente
📊 Energia Reticular e Propriedades

Definição: Energia necessária para separar completamente um mol de composto iônico sólido em íons gasosos.

U ∝ (q₁ × q₂) / r₀

Onde:

  • q₁, q₂ = cargas dos íons
  • r₀ = distância entre os centros dos íons
CompostoEnergia Reticular (kJ/mol)P.F. (°C)
NaCl786801
MgO37912852
CaF₂26511418
🔥 Teste de Chama:
Muitos compostos iônicos produzem cores características quando aquecidos:
  • Lítio (Li⁺): Vermelho carmim
  • Sódio (Na⁺): Amarelo intenso
  • Potássio (K⁺): Violeta
  • Cálcio (Ca²⁺): Laranja-avermelhado
  • Cobre (Cu²⁺): Verde-azulado
3
Ligação Covalente

3.1 Teoria da Ligação de Valência

A ligação covalente forma-se pelo compartilhamento de pares de elétrons entre átomos, geralmente não-metais, que possuem eletronegatividades similares. O compartilhamento permite que ambos os átomos atinjam configuração eletrônica estável.
H
H
H₂
🔗 Formação da Molécula de H₂
Átomos isolados:
H• + •H

Compartilhamento:
H:H ou H—H

Resultado:
Cada H atinge configuração do He (dueto)
🔗 Tipos de Ligação Covalente
  • Simples: Compartilhamento de 1 par de elétrons (σ)
  • Dupla: Compartilhamento de 2 pares de elétrons (σ + π)
  • Tripla: Compartilhamento de 3 pares de elétrons (σ + 2π)
  • Coordenada (dativa): Um átomo fornece ambos os elétrons
  • Polar: Compartilhamento desigual dos elétrons
  • Apolar: Compartilhamento igual dos elétrons

3.2 Estruturas de Lewis

As estruturas de Lewis representam as ligações covalentes através de traços (pares ligantes) e pontos (pares isolados), mostrando como os elétrons de valência estão distribuídos na molécula.
📝 Construção da Estrutura de Lewis – H₂O

Passo 1: Contar elétrons de valência

H: 1 × 2 = 2 elétrons | O: 6 elétrons | Total: 8 elétrons

Passo 2: Determinar átomo central (menos eletronegativo)

Átomo central: O (H nunca é central)

Passo 3: Conectar átomos com ligações simples

H—O—H

Passo 4: Distribuir elétrons restantes como pares isolados

H—O—H
   | |
   • •

Verificação: O tem 8 elétrons (octeto), H tem 2 elétrons (dueto)

Metano (CH₄)
  H
  |
H—C—H
  |
  H
Tetraédrica – 109,5°
Amônia (NH₃)
  •
  |
H—N—H
  |
  H
Piramidal – 107°
Água (H₂O)
•  •
  |
H—O—H
Angular – 104,5°
Dióxido de Carbono (CO₂)
O=C=O
Linear – 180°

3.3 Ressonância e Estruturas Canônicas

Algumas moléculas não podem ser adequadamente representadas por uma única estrutura de Lewis. A ressonância descreve a deslocalização eletrônica através de múltiplas estruturas canônicas.
🔄 Ressonância no Íon Nitrato (NO₃⁻)
Estruturas Canônicas:

   O⁻           O            O
   ||            ||            ||
O—N—O  ↔  O—N—O⁻  ↔  O⁻—N—O

Híbrido de Ressonância:
Ligações N-O com caráter parcial duplo (1,33)
Carga negativa deslocalizada nos três oxigênios

Consequências:

  • Todas as ligações N-O são equivalentes
  • Comprimento de ligação intermediário
  • Maior estabilidade que qualquer estrutura individual
📐 Regras para Ressonância:
  • Apenas elétrons π e pares isolados podem se mover
  • Posições dos núcleos permanecem fixas
  • Número total de elétrons deve ser conservado
  • Estruturas com menor separação de cargas são mais estáveis
  • Cargas negativas devem estar nos átomos mais eletronegativos

3.4 Exceções à Regra do Octeto

⚠️ Principais Exceções
  • Octeto incompleto: Be, B, Al (menos de 8 elétrons)
  • Octeto expandido: Elementos do 3º período em diante (mais de 8 elétrons)
  • Número ímpar de elétrons: Radicais livres (NO, NO₂)
🔍 Exemplos de Exceções

BF₃ (Octeto Incompleto)

  F
  |
F—B—F

B tem apenas 6 elétrons

SF₆ (Octeto Expandido)

  F
  |
F—S—F
  |
  F
(+ 2F acima/abaixo)

S tem 12 elétrons

NO (Radical Livre)

N=O•

11 elétrons totais
(número ímpar)

CompostoÁtomo CentralElétrons de ValênciaTipo de ExceçãoGeometria
BeCl₂Be4Octeto incompletoLinear
BF₃B6Octeto incompletoTrigonal plana
PCl₅P10Octeto expandidoBipiramidal trigonal
SF₆S12Octeto expandidoOctaédrica
ClO₂Cl19Número ímparAngular
4
Ligação Metálica

4.1 Modelo do Mar de Elétrons

A ligação metálica é caracterizada por um “mar” de elétrons deslocalizados que se movem livremente entre os cátions metálicos organizados em uma estrutura cristalina. Este modelo explica as propriedades únicas dos metais.
🌊 Estrutura da Ligação Metálica
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺
M⁺

Características: Cátions fixos + elétrons móveis = propriedades metálicas

⚛️ Formação da Ligação Metálica no Sódio
Átomos isolados:
Na: [Ne] 3s¹

No cristal metálico:
Na⁺: [Ne] + e⁻ (deslocalizado)

Resultado:
Rede de Na⁺ + mar de elétrons 3s

Energia de coesão: 108 kJ/mol (energia para vaporizar o metal)

💪 Fatores que Influenciam a Força da Ligação Metálica
  • Número de elétrons de valência: Mais elétrons → ligação mais forte
  • Tamanho do cátion: Cátions menores → maior densidade de carga
  • Configuração eletrônica: Orbitais d parcialmente preenchidos aumentam a força
  • Empacotamento cristalino: Estruturas mais compactas → mais vizinhos próximos

4.2 Estruturas Cristalinas Metálicas

EstruturaSímboloNúmero de CoordenaçãoEficiência de EmpacotamentoExemplos
Cúbica SimplesCS652%Po (raro)
Cúbica de Corpo CentradoCCC868%Fe, Cr, W
Cúbica de Face CentradaCFC1274%Cu, Au, Al
Hexagonal CompactaHC1274%Zn, Mg, Ti
🔬 Empacotamento Compacto:
As estruturas CFC e HC representam o empacotamento mais eficiente possível de esferas idênticas, com 74% do espaço ocupado. A diferença está na sequência de empilhamento das camadas.

4.3 Propriedades dos Metais

✨ Propriedades Características dos Metais
  • Condutividade elétrica: Elétrons móveis transportam corrente
  • Condutividade térmica: Elétrons transferem energia cinética
  • Maleabilidade: Podem ser moldados sem quebrar
  • Ductilidade: Podem ser estirados em fios
  • Brilho metálico: Elétrons absorvem e reemitem luz
  • Densidade elevada: Empacotamento eficiente dos átomos
🔍 Explicação das Propriedades Metálicas
⚡ Condutividade Elétrica

Mecanismo: Elétrons deslocalizados se movem sob diferença de potencial

Tendência: Diminui com o aumento da temperatura (maior vibração dos cátions)

🔨 Maleabilidade/Ductilidade

Mecanismo: Camadas de cátions deslizam sem quebrar ligações

Razão: Ligações não direcionais permitem deformação

✨ Brilho Metálico

Mecanismo: Elétrons absorvem fótons e reemitem imediatamente

Resultado: Reflexão especular da luz visível

MetalCondutividade Elétrica (S/m)Condutividade Térmica (W/m·K)Ponto de Fusão (°C)Densidade (g/cm³)
Prata (Ag)6,30 × 10⁷42996210,5
Cobre (Cu)5,96 × 10⁷40110858,96
Ouro (Au)4,52 × 10⁷317106419,3
Alumínio (Al)3,77 × 10⁷2376602,70
Ferro (Fe)1,04 × 10⁷8015387,87

🔄 CONTINUA NA PARTE 2

Esta é a primeira parte da apostila. A segunda parte contém:

  • 5. Geometria Molecular e Hibridização
  • 6. Polaridade Molecular
  • 7. Forças Intermoleculares
  • 8. Propriedades e Aplicações


📘 Prompt 2 – Ligações Químicas e Interações Intermoleculares (Parte 2)

📘 Apostila PND Química – Ligações Químicas e Interações Intermoleculares (Parte 2)

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Continuação: Geometria Molecular, Polaridade e Forças Intermoleculares
Teoria avançada • Hibridização • Aplicações práticas • Propriedades físicas
5
Geometria Molecular e Hibridização

5.1 Teoria VSEPR (Repulsão dos Pares Eletrônicos)

A Teoria VSEPR (Valence Shell Electron Pair Repulsion) prediz a geometria molecular baseada na repulsão entre pares de elétrons na camada de valência do átomo central. Os pares eletrônicos se organizam no espaço para minimizar a repulsão.
📐 Princípios da Teoria VSEPR
  • Pares eletrônicos (ligantes e isolados) se repelem mutuamente
  • Arranjo espacial minimiza a repulsão eletrostática
  • Pares isolados ocupam mais espaço que pares ligantes
  • Ordem de repulsão: isolado-isolado > isolado-ligante > ligante-ligante
  • Ligações múltiplas são tratadas como uma única região eletrônica
2 Pares – Linear
C
O
O
180°

Exemplo: CO₂, BeCl₂

3 Pares – Trigonal Plana
  F
  |
F—B—F
120°

Exemplo: BF₃, SO₃

4 Pares – Tetraédrica
C
H
H
H
H
109,5°

Exemplo: CH₄, CCl₄

5 Pares – Bipiramidal Trigonal
   F
   |
F—P—F
   |
   F
(+ F acima)
90°/120°

Exemplo: PCl₅, PF₅

6 Pares – Octaédrica
   F
   |
F—S—F
   |
   F
(+ 2F acima/abaixo)
90°

Exemplo: SF₆, IF₆⁻

Efeito dos Pares Isolados
H₂O: Angular (104,5°)
NH₃: Piramidal (107°)
ClF₃: Forma T (87,5°)
Ângulos reduzidos

Razão: Pares isolados repelem mais

🔍 Determinação da Geometria – SF₄

Passo 1: Estrutura de Lewis

S: 6 elétrons + 4F: 4×7 = 28 elétrons + 4 ligações = 32 elétrons
SF₄ tem 1 par isolado no S

Passo 2: Contagem de regiões eletrônicas

4 pares ligantes + 1 par isolado = 5 regiões eletrônicas

Passo 3: Geometria eletrônica vs molecular

Eletrônica: Bipiramidal trigonal

Molecular: Gangorra (par isolado na posição equatorial)

Resultado: Ângulos F-S-F = 173° e 101,5°

5.2 Teoria da Hibridização

A hibridização explica a formação de ligações equivalentes através da mistura de orbitais atômicos para formar novos orbitais híbridos com energias e formas intermediárias. Cada tipo de hibridização corresponde a uma geometria específica.
HibridizaçãoOrbitais MisturadosGeometriaÂnguloExemplo
sp1s + 1pLinear180°BeCl₂, C₂H₂
sp²1s + 2pTrigonal plana120°BF₃, C₂H₄
sp³1s + 3pTetraédrica109,5°CH₄, NH₃, H₂O
sp³d1s + 3p + 1dBipiramidal trigonal90°/120°PCl₅, SF₄
sp³d²1s + 3p + 2dOctaédrica90°SF₆, IF₅
⚛️ Hibridização do Carbono no Metano (CH₄)

Carbono Isolado

2s
2p
2p
2p

Carbono Hibridizado

sp³
sp³
sp³
sp³
Processo:
1. Promoção: 2s² 2p² → 2s¹ 2p³
2. Hibridização: 1s + 3p → 4 sp³
3. Ligação: 4 sp³ + 4 H(1s) → CH₄

Resultado: 4 ligações σ equivalentes, geometria tetraédrica
🔬 Ligações σ e π:
  • Ligação σ (sigma): Sobreposição frontal de orbitais, permite rotação livre
  • Ligação π (pi): Sobreposição lateral de orbitais p, impede rotação
  • Ligação simples:
  • Ligação dupla: 1σ + 1π
  • Ligação tripla: 1σ + 2π

5.3 Exemplos de Hibridização em Moléculas Orgânicas

Etano (C₂H₆)
H   H
|   |
H—C—C—H
|   |
H   H
Hibridização: sp³-sp³
Ligações:
Rotação livre
Eteno (C₂H₄)
H   H
|   |
C=C
|   |
H   H
Hibridização: sp²-sp²
Ligações: 5σ + 1π
Planar, sem rotação
Etino (C₂H₂)
H—C≡C—H
Hibridização: sp-sp
Ligações: 3σ + 2π
Linear, sem rotação
Benzeno (C₆H₆)
  H
  |
H—C—C—H
||   ||
H—C—C—H
  |
  H
Hibridização: sp²
Ligações: 12σ + 3π deslocalizadas
Planar, aromático
🧪 Análise da Molécula de Formaldeído (H₂CO)
Estrutura de Lewis:
  O
  ||
H—C—H

Análise do Carbono:
• 3 regiões eletrônicas (2 C-H + 1 C=O)
• Hibridização sp²
• Geometria trigonal plana
• Ângulo H-C-H ≈ 120°

Ligações:
• 3 ligações σ (2 C-H + 1 C-O)
• 1 ligação π (C=O)
• Total: 3σ + 1π
6
Polaridade Molecular

6.1 Momento Dipolar e Eletronegatividade

A polaridade molecular resulta da distribuição assimétrica de elétrons, criando regiões com cargas parciais positivas (δ⁺) e negativas (δ⁻). O momento dipolar (μ) quantifica essa separação de cargas e determina muitas propriedades físicas e químicas.
μ = q × d

Onde: μ = momento dipolar, q = carga, d = distância

Molécula Polar

δ⁻      δ⁺
Cl ← H

HCl: μ = 1,08 D

Distribuição assimétrica

Molécula Apolar

H ← H
(sem dipolo)

H₂: μ = 0 D

Distribuição simétrica

⚖️ Fatores que Determinam a Polaridade
  • Diferença de eletronegatividade: Cria dipolos de ligação
  • Geometria molecular: Determina se os dipolos se cancelam
  • Presença de pares isolados: Contribuem para assimetria
  • Hibridização: Influencia a geometria e polaridade

6.2 Análise de Polaridade por Geometria

CO₂ – Apolar
δ⁻          δ⁻
O ← C → O
   

Geometria: Linear

Resultado: Dipolos se cancelam

μ = 0 D
H₂O – Polar
δ⁺      δ⁺
H      H
  \   /
   O
   δ⁻

Geometria: Angular

Resultado: Dipolo resultante

μ = 1,85 D
NH₃ – Polar
   N
   δ⁻
  /|\
H  H  H
δ⁺ δ⁺ δ⁺

Geometria: Piramidal

Resultado: Dipolo resultante

μ = 1,47 D
CCl₄ – Apolar
   Cl
   |
Cl—C—Cl
   |
   Cl

Geometria: Tetraédrica

Resultado: Dipolos se cancelam

μ = 0 D
🔍 Análise Detalhada – Tricloreto de Boro vs Amônia

BF₃ (Apolar)

Geometria: Trigonal plana
Ângulos: 120°
Dipolos B-F: Iguais
Simetria: Perfeita
Resultado: μ = 0 D

NH₃ (Polar)

Geometria: Piramidal
Ângulos: 107°
Dipolos N-H: Iguais
Par isolado: Quebra simetria
Resultado: μ = 1,47 D
MoléculaGeometriaMomento Dipolar (D)PolaridadeExplicação
H₂OAngular1,85PolarAssimetria + pares isolados
CO₂Linear0ApolarDipolos opostos se cancelam
CH₄Tetraédrica0ApolarSimetria perfeita
CHCl₃Tetraédrica1,04PolarSubstituição assimétrica
SO₂Angular1,63PolarGeometria angular

6.3 Consequências da Polaridade

💧 Solubilidade

Regra: “Semelhante dissolve semelhante”

  • Polar + Polar: Solúvel (H₂O + NaCl)
  • Apolar + Apolar: Solúvel (CCl₄ + I₂)
  • Polar + Apolar: Insolúvel (H₂O + óleo)
🌡️ Pontos de Ebulição

Tendência: Moléculas polares > apolares

  • H₂O: 100°C (polar)
  • H₂S: -60°C (menos polar)
  • CH₄: -162°C (apolar)
⚡ Condutividade

Comportamento: Moléculas polares favorecem ionização

  • Solventes polares: Dissociam íons
  • Solventes apolares: Mantêm moléculas neutras
  • Constante dielétrica: Maior em polares
🧲 Interações Intermoleculares

Tipos: Determinados pela polaridade

  • Polares: Dipolo-dipolo, ligações H
  • Apolares: Forças de London
  • Mistas: Dipolo-dipolo induzido
🔬 Determinação Experimental da Polaridade:
  • Teste da régua eletrizada: Líquidos polares são atraídos
  • Solubilidade em água: Compostos polares são mais solúveis
  • Constante dielétrica: Maior para substâncias polares
  • Espectroscopia: Momento dipolar medido diretamente
7
Forças Intermoleculares

7.1 Classificação das Forças Intermoleculares

As forças intermoleculares são interações fracas entre moléculas que determinam propriedades físicas como pontos de fusão, ebulição, viscosidade e solubilidade. Sua intensidade varia de 1-50 kJ/mol, muito menor que as ligações covalentes (200-800 kJ/mol).

Forças de London

1-10 kJ/mol
Fraca

Origem: Dipolos instantâneos

Ocorre em: Todas as moléculas

Exemplo: He, H₂, CH₄

Dipolo-Dipolo

5-25 kJ/mol
Média

Origem: Dipolos permanentes

Ocorre em: Moléculas polares

Exemplo: HCl, SO₂, CHCl₃

Ligação de Hidrogênio

10-50 kJ/mol
Forte

Origem: H ligado a N, O, F

Ocorre em: H-F, H-O, H-N

Exemplo: H₂O, NH₃, HF

📊 Comparação de Intensidades
Ligação de Hidrogênio > Dipolo-Dipolo > Forças de London

Nota: A intensidade das forças de London aumenta com o tamanho molecular

7.2 Forças de London (Dispersão)

🌊 Mecanismo das Forças de London

1. Flutuação eletrônica: Elétrons se movem constantemente, criando dipolos instantâneos

2. Indução: Dipolo instantâneo induz dipolo em molécula vizinha

3. Atração: Dipolos correlacionados se atraem mutuamente

4. Universalidade: Presente em todas as moléculas, mesmo apolares

📈 Tendências das Forças de London
MoléculaMassa Molar (g/mol)ElétronsP.E. (°C)Força de London
He42-269Muito fraca
Ne2010-246Fraca
Ar4018-186Média
Kr8436-153Forte
Xe13154-108Muito forte

Conclusão: Maior número de elétrons → maior polarizabilidade → forças de London mais intensas

🔍 Fatores que Influenciam as Forças de London:
  • Tamanho molecular: Moléculas maiores têm forças mais intensas
  • Número de elétrons: Mais elétrons = maior polarizabilidade
  • Forma molecular: Moléculas lineares > ramificadas (maior área de contato)
  • Distância intermolecular: Forças diminuem com r⁶

7.3 Interações Dipolo-Dipolo

⚡ Características das Interações Dipolo-Dipolo

Requisito: Moléculas com momento dipolar permanente (μ ≠ 0)

Orientação: Extremidades opostas dos dipolos se atraem

Dependência: Proporcional a μ₁ × μ₂ / r³

Direcionalidade: Máxima quando dipolos estão alinhados

Orientação Favorável

δ⁺—δ⁻      δ⁺—δ⁻
                                
δ⁻—δ⁺      δ⁻—δ⁺

Resultado: Atração máxima

Orientação Desfavorável

δ⁺—δ⁻      δ⁺—δ⁻
                                
δ⁺—δ⁻      δ⁺—δ⁻

Resultado: Repulsão

🔍 Comparação: HCl vs Cl₂
HCl (Polar)

Momento dipolar: 1,08 D

Forças presentes:

  • Dipolo-dipolo
  • Forças de London

P.E.: -85°C

Cl₂ (Apolar)

Momento dipolar: 0 D

Forças presentes:

  • Apenas forças de London

P.E.: -34°C

Observação: Cl₂ tem P.E. maior que HCl devido ao maior número de elétrons (forças de London mais intensas)

7.4 Ligações de Hidrogênio

A ligação de hidrogênio é uma interação especialmente forte que ocorre quando o hidrogênio está ligado covalentemente a átomos muito eletronegativos (F, O, N) e interage com pares isolados de outros átomos eletronegativos.
🔗 Requisitos para Ligação de Hidrogênio
  • Átomo doador: H ligado a F, O ou N
  • Átomo receptor: F, O ou N com par isolado
  • Geometria: Aproximadamente linear (D-H···A)
  • Distância: Menor que a soma dos raios de van der Waals
💧 Ligações de Hidrogênio na Água
Estrutura:

      H
      |
H—O···H—O
                |
                H

Características:
• Cada H₂O pode formar até 4 ligações H
• 2 como doadora (átomos H)
• 2 como receptora (pares isolados do O)
• Ângulo O-H···O ≈ 180°
• Distância O···O ≈ 2,8 Å
CompostoMassa MolarLigação HP.E. (°C)P.F. (°C)
HF20Sim19,5-83
H₂O18Sim1000
NH₃17Sim-33-78
HCl36,5Não-85-114
H₂S34Não-60-86
🧬 Importância Biológica das Ligações de Hidrogênio
DNA

Ligações H entre bases complementares:

  • A-T: 2 ligações H
  • G-C: 3 ligações H

Função: Estabilidade da dupla hélice

Proteínas

Estruturas secundárias:

  • α-hélice
  • Folha β

Função: Manutenção da conformação

Água

Propriedades anômalas:

  • Alto P.E. e P.F.
  • Densidade máxima a 4°C
  • Alto calor específico

Função: Solvente universal

8
Propriedades e Aplicações

8.1 Relação entre Forças Intermoleculares e Propriedades Físicas

As forças intermoleculares determinam diretamente as propriedades físicas macroscópicas dos materiais. Compreender essas relações é fundamental para prever comportamentos e desenvolver aplicações tecnológicas.
🌡️ Pontos de Fusão e Ebulição

Relação: Forças mais intensas → temperaturas mais altas

Ligação H > Dipolo-Dipolo > London

Exemplo:

  • H₂O: 100°C (ligação H)
  • HCl: -85°C (dipolo-dipolo)
  • CH₄: -162°C (London)
🌊 Viscosidade

Definição: Resistência ao escoamento

Fatores:

  • Intensidade das forças intermoleculares
  • Tamanho e forma molecular
  • Temperatura

Exemplo: Glicerol > água > hexano

💧 Tensão Superficial

Origem: Forças intermoleculares na superfície

Tendência:

  • Ligação H: alta tensão
  • Forças fracas: baixa tensão

Aplicação: Capilaridade, molhamento

🔄 Volatilidade

Definição: Tendência à vaporização

Relação inversa: Forças fracas → alta volatilidade

Aplicações:

  • Perfumes (compostos voláteis)
  • Combustíveis
  • Solventes
📊 Análise Comparativa: Álcoois
ÁlcoolFórmulaMassa MolarP.E. (°C)Viscosidade (cP)Solubilidade em H₂O
MetanolCH₃OH32650,59Infinita
EtanolC₂H₅OH46781,20Infinita
1-PropanolC₃H₇OH60972,27Infinita
1-ButanolC₄H₉OH741182,957,3 g/100g
1-OctanolC₈H₁₇OH1301957,360,054 g/100g

Tendências observadas:

  • P.E. aumenta com o tamanho da cadeia (mais forças de London)
  • Viscosidade aumenta (maior emaranhamento molecular)
  • Solubilidade em água diminui (caráter apolar predomina)

8.2 Aplicações Tecnológicas

🔬 Aplicações das Ligações Químicas na Tecnologia
💎 Materiais Cerâmicos

Ligação: Iônica/Covalente

Propriedades:

  • Alta dureza
  • Resistência térmica
  • Isolamento elétrico

Aplicações: Turbinas, eletrônicos, biomateriais

⚡ Condutores Metálicos

Ligação: Metálica

Propriedades:

  • Condutividade elétrica
  • Maleabilidade
  • Condutividade térmica

Aplicações: Fios, circuitos, dissipadores

🧪 Polímeros

Ligação: Covalente (cadeia) + Intermoleculares

Propriedades:

  • Flexibilidade
  • Resistência química
  • Leveza

Aplicações: Plásticos, fibras, adesivos

💧 Surfactantes

Princípio: Moléculas anfifílicas

Estrutura:

  • Cabeça polar (hidrofílica)
  • Cauda apolar (hidrofóbica)

Aplicações: Detergentes, emulsões, cosméticos

🔋 Caso de Estudo: Baterias de Íon-Lítio
Ânodo (Grafite)

Ligação: Covalente (camadas) + van der Waals (entre camadas)

Função: Intercalação de Li⁺

Reação: C₆ + Li⁺ + e⁻ → LiC₆

Cátodo (LiCoO₂)

Ligação: Iônica (Li⁺-CoO₂⁻)

Função: Fonte de Li⁺

Reação: LiCoO₂ → Li₁₋ₓCoO₂ + xLi⁺ + xe⁻

⚡ Importância das Ligações:
  • Estabilidade estrutural: Ligações covalentes mantêm integridade dos eletrodos
  • Mobilidade iônica: Ligações fracas permitem movimento de Li⁺
  • Condutividade: Ligação metálica no coletor de corrente
  • Segurança: Eletrólito com ligações estáveis

8.3 Tendências Periódicas e Previsões

As propriedades das ligações químicas seguem tendências periódicas previsíveis, permitindo a estimativa de propriedades de compostos desconhecidos e o design racional de novos materiais.
PropriedadeTendência no GrupoTendência no PeríodoExplicação
Energia de IonizaçãoDiminui ↓Aumenta →Tamanho atômico e carga nuclear
Afinidade EletrônicaDiminui ↓Aumenta →Estabilização do ânion
EletronegatividadeDiminui ↓Aumenta →Atração pelos elétrons de ligação
Caráter MetálicoAumenta ↓Diminui →Facilidade de perder elétrons
Raio AtômicoAumenta ↓Diminui →Camadas eletrônicas e carga nuclear
🔮 Previsão de Propriedades: Haletos de Hidrogênio
CompostoEletronegatividadeMomento Dipolar (D)P.E. (°C)Acidez em H₂O
HF4,01,8219,5Fraco
HCl3,01,08-85Forte
HBr2,80,82-67Forte
HI2,50,44-35Forte

Análise das tendências:

  • Momento dipolar: Diminui com a eletronegatividade
  • P.E.: HF anômalo (ligação H), outros aumentam (forças de London)
  • Acidez: HF fraco (ligação H-F muito forte), outros fortes
🎯 Estratégias para Design de Materiais
🔧 Princípios de Design Molecular
  • Alta resistência: Ligações covalentes direcionais (diamante, grafeno)
  • Condutividade: Ligação metálica ou conjugação π (polímeros condutores)
  • Flexibilidade: Ligações simples com rotação livre (polietileno)
  • Solubilidade controlada: Balanço hidrofílico/hidrofóbico
  • Biocompatibilidade: Ligações H para interação com biomoléculas

8.4 Resumo Integrado e Perspectivas

🎯 Mapa Conceitual: Ligações Químicas
Ligação Iônica
Transferência de e⁻
Metal + Não-metal
Cristais, alta T.F.
Ligação Covalente
Compartilhamento de e⁻
Não-metal + Não-metal
Moléculas, geometria
Ligação Metálica
Mar de elétrons
Metal + Metal
Condutividade, maleabilidade
Forças Intermoleculares
London, dipolo, ligação H
Entre moléculas
Propriedades físicas
🚀 Perspectivas Futuras:
  • Materiais 2D: Grafeno, MoS₂ – propriedades únicas por ligações direcionais
  • MOFs: Redes metal-orgânicas para captura de CO₂ e catálise
  • Supercondutores: Compreensão das ligações para T_c mais altas
  • Biomateriais: Mimetização de ligações biológicas
  • Computação quântica: Controle preciso de ligações em qubits
Conclusão: O domínio dos conceitos de ligações químicas e interações intermoleculares é fundamental para compreender desde propriedades básicas da matéria até o desenvolvimento de tecnologias avançadas. A integração desses conhecimentos permite prever comportamentos, explicar fenômenos e projetar novos materiais com propriedades específicas.

🎓 APOSTILA COMPLETA

Ligações Químicas e Interações Intermoleculares
Material completo para a Prova Nacional Docente

✅ Teoria Completa
Fundamentos até aplicações avançadas
✅ Exemplos Práticos
Casos reais e exercícios resolvidos
✅ Esquemas Visuais
Diagramas e representações claras
✅ Aplicações Tecnológicas
Conexões com o mundo real


📘 Prompt 3 – Termodinâmica e Cinética Química

📘 Apostila PND Química – Termodinâmica e Cinética Química

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Eixo: Termodinâmica e Cinética Química
Leis da Termodinâmica • Energia e Entalpia • Velocidade de Reação • Equilíbrio Químico
1
Fundamentos da Termodinâmica Química

1.1 Conceitos Fundamentais

A Termodinâmica Química estuda as transformações de energia que acompanham as reações químicas e mudanças de estado. Ela permite prever se uma reação é espontânea, calcular o calor envolvido e determinar as condições de equilíbrio.
🔧 Definições Básicas
  • Sistema: Parte do universo sob estudo (reagentes e produtos)
  • Vizinhança: Tudo que está fora do sistema
  • Universo: Sistema + vizinhança
  • Estado: Condição definida por propriedades como P, V, T
  • Processo: Mudança de um estado para outro
  • Função de Estado: Propriedade que depende apenas do estado atual
🔄 Sistema Aberto

Características:

  • Troca matéria e energia
  • Exemplo: Reação em béquer aberto
  • Pressão constante (isobárico)
🔒 Sistema Fechado

Características:

  • Troca apenas energia
  • Exemplo: Reação em recipiente selado
  • Volume constante (isocórico)
⚡ Sistema Isolado

Características:

  • Não troca matéria nem energia
  • Exemplo: Calorímetro ideal
  • Energia interna constante
🔍 Identificação de Sistemas

Situação 1: Combustão de metano em fogão doméstico

CH₄(g) + 2O₂(g) → CO₂(g) + 2H₂O(g)

  • Sistema: Aberto (gases escapam para atmosfera)
  • Processo: Isobárico (pressão atmosférica constante)
  • Energia: Liberada como calor e luz

Situação 2: Reação em bomba calorimétrica

  • Sistema: Fechado (volume constante)
  • Processo: Isocórico
  • Medida: Variação da energia interna (ΔU)

1.2 As Leis da Termodinâmica

Lei do Equilíbrio Térmico

Se dois sistemas estão em equilíbrio térmico com um terceiro, então estão em equilíbrio térmico entre si.

T_A = T_B = T_C

Aplicação: Fundamento dos termômetros

Lei da Conservação da Energia

A energia do universo é constante. A energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada.

ΔU = q + w

Onde: ΔU = variação da energia interna, q = calor, w = trabalho

Lei da Entropia

A entropia do universo tende a aumentar. Processos espontâneos aumentam a entropia total.

ΔS_universo ≥ 0

Aplicação: Determina espontaneidade de processos

Lei do Zero Absoluto

A entropia de um cristal perfeito no zero absoluto é zero.

S(0 K) = 0

Aplicação: Cálculo de entropias absolutas

⚡ Aplicação da 1ª Lei – Expansão de um Gás

Situação: 1 mol de gás ideal se expande de 1 L para 2 L a 25°C

Dados:
V₁ = 1 L, V₂ = 2 L
T = 298 K (constante)
P₁ = nRT/V₁ = 24,4 atm
P₂ = nRT/V₂ = 12,2 atm

Cálculo do trabalho (expansão isotérmica):

w = -nRT ln(V₂/V₁)
w = -1 × 8,314 × 298 × ln(2)
w = -1717 J = -1,72 kJ

Para processo isotérmico: ΔU = 0, logo q = -w = +1,72 kJ

Interpretação: O sistema absorve calor para manter a temperatura constante durante a expansão.

1.3 Energia Interna e Entalpia

A energia interna (U) representa toda a energia contida no sistema, enquanto a entalpia (H) é uma função de estado que facilita cálculos em processos a pressão constante, condição mais comum em laboratório.
📊 Relação entre U e H
H = U + PV
Energia Interna (U)
• Energia cinética molecular
• Energia potencial intermolecular
• Energia das ligações químicas
• Não pode ser medida diretamente
Entalpia (H)
• H = U + PV
• Função de estado
• Útil para processos isobáricos
• ΔH pode ser medido experimentalmente
🔍 Quando usar U ou H:
  • Volume constante (bomba calorimétrica): Use ΔU
  • Pressão constante (reações abertas): Use ΔH
  • Para gases: ΔH = ΔU + ΔnRT
  • Para líquidos/sólidos: ΔH ≈ ΔU (PV desprezível)
🔥 Cálculo de ΔH vs ΔU – Combustão do Metano

Reação: CH₄(g) + 2O₂(g) → CO₂(g) + 2H₂O(g)

ParâmetroValorUnidadeObservação
ΔH°combustão-890,3kJ/molMedido experimentalmente
Δn (mols de gás)0mol3 produtos – 3 reagentes
ΔnRT (25°C)0kJ/mol0 × 8,314 × 298
ΔU°combustão-890,3kJ/molΔU = ΔH – ΔnRT

Conclusão: Para esta reação, ΔH = ΔU porque não há variação no número de mols de gases.

Exemplo com Δn ≠ 0:

2H₂(g) + O₂(g) → 2H₂O(g)

Δn = 2 – 3 = -1 mol

ΔU = ΔH – (-1)(8,314)(298) = ΔH + 2,48 kJ/mol

2
Termoquímica e Calorimetria

2.1 Tipos de Entalpia

A termoquímica estuda as variações de entalpia que acompanham as reações químicas e mudanças de estado. Diferentes tipos de processos têm entalpias características que podem ser medidas e tabeladas.
🔥 Entalpia de Combustão (ΔH°c)

Definição: Energia liberada na combustão completa de 1 mol de substância

C₂H₆ + 7/2 O₂ → 2CO₂ + 3H₂O
ΔH°c = -1560 kJ/mol

Aplicação: Cálculo do poder calorífico de combustíveis

⚗️ Entalpia de Formação (ΔH°f)

Definição: Energia envolvida na formação de 1 mol de composto a partir dos elementos

C(grafite) + 2H₂(g) → CH₄(g)
ΔH°f = -74,8 kJ/mol

Convenção: ΔH°f = 0 para elementos no estado padrão

💧 Entalpia de Vaporização (ΔH°vap)

Definição: Energia necessária para vaporizar 1 mol de líquido

H₂O(l) → H₂O(g)
ΔH°vap = +40,7 kJ/mol (100°C)

Característica: Sempre positiva (processo endotérmico)

🧊 Entalpia de Fusão (ΔH°fus)

Definição: Energia necessária para fundir 1 mol de sólido

H₂O(s) → H₂O(l)
ΔH°fus = +6,01 kJ/mol (0°C)

Relação: ΔH°fus < ΔH°vap (ligações intermoleculares)

🔗 Entalpia de Ligação (ΔH°lig)

Definição: Energia necessária para quebrar 1 mol de ligações em fase gasosa

H₂(g) → 2H(g)
ΔH°lig = +436 kJ/mol

Uso: Estimativa de ΔH de reações usando energias de ligação

💧 Entalpia de Solução (ΔH°sol)

Definição: Energia envolvida na dissolução de 1 mol de soluto

NaCl(s) → Na⁺(aq) + Cl⁻(aq)
ΔH°sol = +3,9 kJ/mol

Componentes: Energia reticular + energia de hidratação

📊 Comparação de Entalpias – Álcoois
ÁlcoolFórmulaΔH°f (kJ/mol)ΔH°c (kJ/mol)ΔH°vap (kJ/mol)
MetanolCH₃OH-238,7-72637,4
EtanolC₂H₅OH-277,7-136738,6
1-PropanolC₃H₇OH-302,6-202147,4
1-ButanolC₄H₉OH-327,3-267652,4

Tendências observadas:

  • ΔH°f: Mais negativo com o aumento da cadeia (maior estabilidade)
  • ΔH°c: Mais negativo com o aumento da cadeia (mais energia liberada)
  • ΔH°vap: Aumenta com o tamanho (forças intermoleculares mais intensas)

2.2 Lei de Hess

A Lei de Hess estabelece que a variação de entalpia de uma reação depende apenas dos estados inicial e final, sendo independente do caminho percorrido. Isso permite calcular ΔH de reações através de combinações de outras reações conhecidas.
🔄 Representação da Lei de Hess
Reagentes
Estado Inicial
H₁
→ Caminho Direto →
↓ Caminho 1 ↓
Intermediário
↓ Caminho 2 ↓
Produtos
Estado Final
H₂
ΔH_total = ΔH₁ + ΔH₂ = ΔH_direto
🧮 Aplicação da Lei de Hess – Formação do Metano

Objetivo: Calcular ΔH°f do CH₄(g) usando dados de combustão

Reação desejada:

C(grafite) + 2H₂(g) → CH₄(g) ΔH°f = ?

Dados disponíveis:

Equação 1:
C(grafite) + O₂(g) → CO₂(g)
ΔH°₁ = -393,5 kJ/mol
Equação 2:
H₂(g) + ½O₂(g) → H₂O(l)
ΔH°₂ = -285,8 kJ/mol
Equação 3:
CH₄(g) + 2O₂(g) → CO₂(g) + 2H₂O(l)
ΔH°₃ = -890,3 kJ/mol

Manipulação das equações:

Equação 1: C(grafite) + O₂(g) → CO₂(g) ΔH° = -393,5 kJ
Equação 2 × 2: 2H₂(g) + O₂(g) → 2H₂O(l) ΔH° = -571,6 kJ
Equação 3 invertida: CO₂(g) + 2H₂O(l) → CH₄(g) + 2O₂(g) ΔH° = +890,3 kJ
_______________________________________________________________
Soma: C(grafite) + 2H₂(g) → CH₄(g) ΔH°f = -74,8 kJ/mol

Verificação: O valor calculado coincide com o valor tabelado!

💡 Estratégias para usar a Lei de Hess:
  • Identifique a reação alvo: Escreva claramente a equação desejada
  • Analise as equações dadas: Veja quais substâncias aparecem onde
  • Manipule as equações: Inverta, multiplique ou divida conforme necessário
  • Some algebricamente: Cancele substâncias que aparecem em ambos os lados
  • Verifique o resultado: A equação final deve ser a desejada

2.3 Calorimetria

A calorimetria é a técnica experimental para medir o calor envolvido em reações químicas e mudanças físicas. Baseia-se no princípio de que o calor perdido por um sistema é igual ao calor ganho pelo outro.
☕ Calorímetro de Café

Uso: Reações em solução aquosa

Condição: Pressão constante

Medida: ΔH

q = m × c × ΔT

Onde: m = massa, c = calor específico, ΔT = variação de temperatura

💣 Bomba Calorimétrica

Uso: Combustões e reações violentas

Condição: Volume constante

Medida: ΔU

q = C_cal × ΔT

Onde: C_cal = capacidade calorífica do calorímetro

🧪 Cálculo Calorimétrico – Neutralização

Reação: HCl(aq) + NaOH(aq) → NaCl(aq) + H₂O(l)

Dados experimentais:

  • Volume de HCl 1,0 M: 50,0 mL
  • Volume de NaOH 1,0 M: 50,0 mL
  • Temperatura inicial: 22,0°C
  • Temperatura final: 28,7°C
  • Densidade da solução: 1,00 g/mL
  • Calor específico: 4,18 J/g·°C

Cálculos:

1. Massa total da solução:
m = (50,0 + 50,0) mL × 1,00 g/mL = 100,0 g

2. Variação de temperatura:
ΔT = 28,7 – 22,0 = 6,7°C

3. Calor absorvido pela solução:
q_solução = 100,0 g × 4,18 J/g·°C × 6,7°C = 2801 J

4. Calor liberado pela reação:
q_reação = -q_solução = -2801 J

5. Mols de água formada:
n = 0,050 L × 1,0 M = 0,050 mol

6. Entalpia de neutralização:
ΔH = -2801 J / 0,050 mol = -56,0 kJ/mol

Resultado: ΔH°neutralização = -56,0 kJ/mol (próximo do valor teórico: -57,3 kJ/mol)

🏭 Aplicações Industriais da Calorimetria
⛽ Combustíveis

Determinação do poder calorífico:

  • Gasolina: ~44 MJ/kg
  • Etanol: ~27 MJ/kg
  • Gás natural: ~50 MJ/kg

Importância: Eficiência energética e custos

🍔 Alimentos

Valor calórico nutricional:

  • Carboidratos: 4 kcal/g
  • Proteínas: 4 kcal/g
  • Lipídios: 9 kcal/g

Método: Bomba calorimétrica

🏗️ Materiais

Caracterização térmica:

  • Calor específico
  • Condutividade térmica
  • Estabilidade térmica

Aplicação: Design de isolantes térmicos

3
Cinética Química

3.1 Velocidade de Reação

A cinética química estuda a velocidade das reações e os fatores que a influenciam. A velocidade de reação é definida como a variação da concentração de reagentes ou produtos por unidade de tempo.
Para a reação: aA + bB → cC + dD

v = -1/a × d[A]/dt = -1/b × d[B]/dt = +1/c × d[C]/dt = +1/d × d[D]/dt
📈 Variação da Concentração com o Tempo

Reagentes

[A] e [B] diminuem

Concentração decresce exponencialmente

Produtos

[C] e [D] aumentam

Concentração cresce até o equilíbrio

Tempo (s) Concentração (mol/L)
📊 Cálculo de Velocidade – Decomposição do N₂O₅

Reação: 2N₂O₅(g) → 4NO₂(g) + O₂(g)

Tempo (s)[N₂O₅] (mol/L)[NO₂] (mol/L)[O₂] (mol/L)
00,1000,0000,000
1000,0730,0540,0135
2000,0540,0920,023
3000,0390,1220,0305

Cálculo da velocidade média (0-100s):

v_N₂O₅ = -Δ[N₂O₅]/Δt = -(0,073-0,100)/(100-0) = 2,7×10⁻⁴ mol/L·s

v_NO₂ = +Δ[NO₂]/Δt = +(0,054-0,000)/(100-0) = 5,4×10⁻⁴ mol/L·s

v_O₂ = +Δ[O₂]/Δt = +(0,0135-0,000)/(100-0) = 1,35×10⁻⁴ mol/L·s

Velocidade da reação:

v = 1/2 × v_N₂O₅ = 1/4 × v_NO₂ = 1/1 × v_O₂ = 1,35×10⁻⁴ mol/L·s
⚡ Características da Velocidade de Reação:
  • Sempre positiva: Definida como módulo da variação
  • Varia com o tempo: Geralmente diminui à medida que reagentes se esgotam
  • Depende da estequiometria: Coeficientes afetam as velocidades relativas
  • Unidade típica: mol/L·s ou M/s

3.2 Lei de Velocidade e Ordem de Reação

A lei de velocidade expressa a dependência da velocidade de reação com as concentrações dos reagentes. A ordem de reação indica como a velocidade varia com a concentração de cada reagente.
Para a reação: aA + bB → produtos

Lei de velocidade: v = k[A]^m[B]^n

Onde:
k = constante de velocidade
m = ordem em relação a A
n = ordem em relação a B
m + n = ordem global da reação
0️⃣ Ordem Zero

Lei: v = k

Característica: Velocidade independe da concentração

Exemplo: Decomposição catalítica (superfície saturada)

[A] = [A]₀ – kt
1️⃣ Primeira Ordem

Lei: v = k[A]

Característica: Velocidade proporcional à concentração

Exemplo: Decaimento radioativo

ln[A] = ln[A]₀ – kt
2️⃣ Segunda Ordem

Lei: v = k[A]²

Característica: Velocidade proporcional ao quadrado da concentração

Exemplo: Dimerização

1/[A] = 1/[A]₀ + kt
🔍 Determinação da Lei de Velocidade – Método das Velocidades Iniciais

Reação: 2NO(g) + 2H₂(g) → N₂(g) + 2H₂O(g)

Experimento[NO]₀ (M)[H₂]₀ (M)v₀ (M/s)
10,100,101,23×10⁻³
20,100,202,46×10⁻³
30,200,104,92×10⁻³

Análise:

Ordem em H₂:
Comparando experimentos 1 e 2 ([NO] constante):
v₂/v₁ = (2,46×10⁻³)/(1,23×10⁻³) = 2,0
[H₂]₂/[H₂]₁ = 0,20/0,10 = 2,0
Logo: 2,0 = 2,0ⁿ → n = 1 (primeira ordem em H₂)
Ordem em NO:
Comparando experimentos 1 e 3 ([H₂] constante):
v₃/v₁ = (4,92×10⁻³)/(1,23×10⁻³) = 4,0
[NO]₃/[NO]₁ = 0,20/0,10 = 2,0
Logo: 4,0 = 2,0ᵐ → m = 2 (segunda ordem em NO)
Lei de velocidade:
v = k[NO]²[H₂]¹
Ordem global = 2 + 1 = 3
Constante de velocidade:
k = v/([NO]²[H₂]) = (1,23×10⁻³)/((0,10)²(0,10))
k = 1,23 M⁻²s⁻¹
OrdemLei IntegradaGráfico LinearMeia-vidaUnidade de k
0[A] = [A]₀ – kt[A] vs tt₁/₂ = [A]₀/2kM·s⁻¹
1ln[A] = ln[A]₀ – ktln[A] vs tt₁/₂ = ln2/ks⁻¹
21/[A] = 1/[A]₀ + kt1/[A] vs tt₁/₂ = 1/k[A]₀M⁻¹·s⁻¹

3.3 Fatores que Afetam a Velocidade de Reação

🌡️ Temperatura
↑ T → ↑ v

Regra prática: Velocidade dobra a cada 10°C

k = Ae^(-Ea/RT)
(Equação de Arrhenius)

Explicação: Mais moléculas com energia suficiente para reagir

📊 Concentração
↑ [reagentes] → ↑ v

Razão: Maior número de colisões efetivas

Dependência: Definida pela lei de velocidade

Exemplo: v = k[A]ᵐ[B]ⁿ

🔬 Catalisador
↓ Ea → ↑ v

Função: Oferece caminho alternativo com menor energia de ativação

Característica: Não é consumido na reação

Tipos: Homogêneo e heterogêneo

📏 Superfície de Contato
↑ Área → ↑ v

Aplicação: Reações heterogêneas

Exemplo: Comprimido efervescente inteiro vs triturado

Razão: Mais sítios ativos disponíveis

💨 Pressão (gases)
↑ P → ↑ v

Relação: P ∝ concentração (Lei dos Gases Ideais)

Efeito: Moléculas mais próximas, mais colisões

Aplicação: Processos industriais (Haber-Bosch)

💡 Luz (fotoquímica)
↑ Intensidade → ↑ v

Mecanismo: Fótons fornecem energia de ativação

Exemplo: Fotossíntese, decomposição de AgBr

Característica: Específica para certas reações

🌡️ Efeito da Temperatura – Equação de Arrhenius

Dados experimentais para a reação: 2N₂O₅ → 4NO₂ + O₂

Temperatura (K)k (s⁻¹)1/T (K⁻¹)ln k
2737,87×10⁻⁷3,66×10⁻³-14,05
2983,46×10⁻⁵3,36×10⁻³-10,27
3184,98×10⁻⁴3,14×10⁻³-7,61
3384,87×10⁻³2,96×10⁻³-5,33

Forma linearizada da equação de Arrhenius:

ln k = ln A – Ea/RT

Gráfico de ln k vs 1/T:
Coeficiente angular = -Ea/R
Coeficiente linear = ln A

Cálculo da energia de ativação:

Usando dois pontos (273 K e 338 K):

ln(k₂/k₁) = -Ea/R × (1/T₂ – 1/T₁)

ln(4,87×10⁻³/7,87×10⁻⁷) = -Ea/8,314 × (1/338 – 1/273)

8,72 = -Ea/8,314 × (-6,87×10⁻⁴)

Ea = 105 kJ/mol
4
Mecanismos de Reação e Catálise

4.1 Teoria das Colisões e Estado de Transição

A teoria das colisões explica como as reações ocorrem em nível molecular. Para que uma reação aconteça, as moléculas devem colidir com energia suficiente (energia de ativação) e orientação adequada.
⚡ Diagrama de Energia de Ativação
Reagentes
Energia inicial
E_reagentes
Estado de Transição
Energia máxima
E_ativação
↑ Ea ↑
↓ ΔH ↓
Produtos
Energia final
E_produtos
Ea = E_estado_transição – E_reagentes
ΔH = E_produtos – E_reagentes
🎯 Condições para Reação Efetiva
  • Energia suficiente: E_colisão ≥ Ea
  • Orientação adequada: Geometria favorável para formação/quebra de ligações
  • Frequência de colisões: Maior concentração → mais colisões
  • Fator estérico: Probabilidade de orientação correta
💥 Análise de Colisão – Reação H₂ + I₂ → 2HI
Colisão Efetiva
H—H + I—I
    ↓
[H···H···I···I]‡
    ↓
H—I + H—I

Resultado: Formação de produtos

Colisão Inefetiva
H—H + I—I
(orientação inadequada
ou energia insuficiente)
    ↓
H—H + I—I

Resultado: Moléculas se separam inalteradas

Dados experimentais:
Ea = 167 kJ/mol
Fator pré-exponencial (A) = 1,6×10¹¹ M⁻¹s⁻¹
Fator estérico ≈ 0,16 (16% das colisões têm orientação adequada)
🔥 Reações Exotérmicas

Característica: ΔH < 0

Energia: Produtos mais estáveis que reagentes

Exemplo: Combustões

Ea reversa: Ea(reversa) = Ea(direta) – ΔH

❄️ Reações Endotérmicas

Característica: ΔH > 0

Energia: Produtos menos estáveis que reagentes

Exemplo: Decomposições térmicas

Ea reversa: Ea(reversa) = Ea(direta) + |ΔH|

4.2 Mecanismos de Reação

O mecanismo de reação descreve a sequência detalhada de etapas elementares pelas quais os reagentes se transformam em produtos. Cada etapa elementar tem sua própria lei de velocidade.
🔍 Características dos Mecanismos
  • Etapas elementares: Processos que ocorrem em uma única colisão
  • Intermediários: Espécies formadas e consumidas durante o mecanismo
  • Etapa determinante: Etapa mais lenta que controla a velocidade global
  • Molecularidade: Número de moléculas que participam de uma etapa elementar
🔬 Mecanismo da Reação NO₂ + CO → NO + CO₂

Reação global: NO₂(g) + CO(g) → NO(g) + CO₂(g)

Lei de velocidade experimental: v = k[NO₂]²

Etapa 1 (lenta):
NO₂(g) + NO₂(g) → NO₃(g) + NO(g)
v₁ = k₁[NO₂]²
Etapa 2 (rápida):
NO₃(g) + CO(g) → NO₂(g) + CO₂(g)
v₂ = k₂[NO₃][CO]

Análise do mecanismo:

  • Intermediário: NO₃ (formado na etapa 1, consumido na etapa 2)
  • Etapa determinante: Etapa 1 (mais lenta)
  • Lei de velocidade: v = k₁[NO₂]² (coincide com experimental)
  • Soma das etapas: Reproduz a reação global
✅ Validação do Mecanismo:
  • Lei de velocidade teórica = experimental
  • Soma das etapas = reação global
  • Intermediários cancelam na soma
  • Mecanismo é quimicamente plausível
MolecularidadeDefiniçãoLei de VelocidadeExemplo
Unimolecular1 molécula reagentev = k[A]A → produtos
Bimolecular2 moléculas reagentesv = k[A][B] ou k[A]²A + B → produtos
Trimolecular3 moléculas reagentesv = k[A][B][C]A + B + C → produtos

4.3 Catálise

Catalisadores são substâncias que aumentam a velocidade de reação sem serem consumidas no processo. Eles funcionam oferecendo um caminho alternativo com menor energia de ativação.

Sem Catalisador

Ea = 105 kJ/mol

Características:

  • Alta energia de ativação
  • Velocidade baixa
  • Caminho direto

Com Catalisador

Ea = 58 kJ/mol

Características:

  • Menor energia de ativação
  • Velocidade alta
  • Caminho alternativo
🧪 Catálise Homogênea

Definição: Catalisador na mesma fase dos reagentes

Vantagens:

  • Alta seletividade
  • Condições brandas
  • Controle preciso

Desvantagens:

  • Difícil separação
  • Possível desativação

Exemplo: H₂SO₄ na esterificação

⚗️ Catálise Heterogênea

Definição: Catalisador em fase diferente dos reagentes

Vantagens:

  • Fácil separação
  • Reutilização
  • Estabilidade térmica

Desvantagens:

  • Limitação por difusão
  • Envenenamento

Exemplo: Pt na hidrogenação

🧬 Catálise Enzimática

Definição: Catálise por enzimas (proteínas)

Características:

  • Altíssima especificidade
  • Condições fisiológicas
  • Regulação alostérica

Mecanismo:

  • Formação do complexo ES
  • Estabilização do estado de transição

Exemplo: Catalase (H₂O₂ → H₂O + O₂)

🏭 Processo Haber-Bosch – Síntese da Amônia

Reação: N₂(g) + 3H₂(g) ⇌ 2NH₃(g) ΔH = -92 kJ/mol

ParâmetroSem CatalisadorCom Fe/K₂O/Al₂O₃Observação
Temperatura1000°C400-500°CEconomia de energia
Pressão1000 atm150-300 atmMenor custo operacional
VelocidadeMuito baixaComercialmente viávelProdução industrial
Rendimento~5%15-25%Recirculação necessária

Mecanismo catalítico (superfície de Fe):

1. Adsorção:
N₂(g) + 2* → 2N(ads)
H₂(g) + 2* → 2H(ads)
2. Reação superficial:
N(ads) + H(ads) → NH(ads)
NH(ads) + H(ads) → NH₂(ads)
NH₂(ads) + H(ads) → NH₃(ads)
3. Dessorção:
NH₃(ads) → NH₃(g) + *

Função dos promotores:

  • K₂O: Aumenta a força de adsorção do N₂
  • Al₂O₃: Previne sinterização do Fe, mantém área superficial
🌱 Aplicações Modernas da Catálise
🚗 Catalisadores Automotivos

Função: Redução de poluentes

Reações:

  • 2CO + O₂ → 2CO₂
  • 2NO → N₂ + O₂
  • C₈H₁₈ + O₂ → CO₂ + H₂O

Catalisador: Pt/Pd/Rh em cerâmica

🔋 Células a Combustível

Reação: 2H₂ + O₂ → 2H₂O

Catalisador: Pt nanoparticulado

Desafio: Reduzir quantidade de Pt

Alternativas: Ligas Pt-Co, catalisadores não-nobres

♻️ Química Verde

Objetivo: Processos sustentáveis

Estratégias:

  • Catálise aquosa
  • Biocatálise
  • Catálise fotoquímica

Benefícios: Menor impacto ambiental

🎓 APOSTILA COMPLETA

Termodinâmica e Cinética Química
Material completo para a Prova Nacional Docente

✅ Leis da Termodinâmica
Fundamentos e aplicações práticas
✅ Termoquímica
Entalpia, calorimetria e Lei de Hess
✅ Cinética Química
Velocidade, ordem e mecanismos
✅ Catálise
Teoria e aplicações industriais


📘 Prompt 4 – Equilíbrios Químicos

📘 Apostila PND Química – Equilíbrios Químicos

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Eixo: Equilíbrios Químicos
Ácido-Base • Solubilidade • Complexos • pH e pOH • Titulações • Sistemas Tampão
1
Fundamentos do Equilíbrio Químico

1.1 Conceitos Fundamentais

O equilíbrio químico é um estado dinâmico onde as velocidades das reações direta e inversa são iguais, resultando em concentrações constantes de reagentes e produtos. Este conceito é fundamental para compreender a maioria dos processos químicos e biológicos.
Reagentes
A + B
v₁ = k₁[A][B]
Produtos
C + D
v₂ = k₂[C][D]
No equilíbrio: v₁ = v₂
k₁[A][B] = k₂[C][D]

Constante de Equilíbrio:
K = k₁/k₂ = [C][D]/[A][B]
⚖️ Características do Equilíbrio Químico
  • Estado dinâmico: Reações continuam ocorrendo em ambas as direções
  • Velocidades iguais: v_direta = v_inversa
  • Concentrações constantes: [reagentes] e [produtos] não variam
  • Propriedades macroscópicas constantes: Cor, temperatura, pH
  • Pode ser perturbado: Mudanças nas condições alteram o equilíbrio
  • Reversível: Pode ser atingido de qualquer direção
📊 Constante de Equilíbrio (K)

Definição: Razão entre produtos e reagentes em equilíbrio

aA + bB ⇌ cC + dD
K = [C]ᶜ[D]ᵈ/[A]ᵃ[B]ᵇ

Características:

  • Depende apenas da temperatura
  • Adimensional (convenção)
  • K > 1: favorece produtos
  • K < 1: favorece reagentes
🔄 Quociente de Reação (Q)

Definição: Razão entre produtos e reagentes em qualquer momento

Q = [C]ᶜ[D]ᵈ/[A]ᵃ[B]ᵇ
(concentrações instantâneas)

Interpretação:

  • Q = K: sistema em equilíbrio
  • Q < K: reação favorece produtos
  • Q > K: reação favorece reagentes
⚗️ Cálculo de Constante de Equilíbrio

Reação: N₂(g) + 3H₂(g) ⇌ 2NH₃(g)

Condições: 500°C, após atingir o equilíbrio

EspécieConcentração Inicial (M)Variação (M)Concentração no Equilíbrio (M)
N₂1,00-0,150,85
H₂3,00-0,452,55
NH₃0,00+0,300,30

Cálculo da constante:

K = [NH₃]²/([N₂][H₂]³)

K = (0,30)²/((0,85)(2,55)³)

K = 0,090/(0,85 × 16,58)

K = 0,090/14,09 = 6,4×10⁻³

Interpretação: K < 1 indica que o equilíbrio favorece os reagentes (N₂ e H₂), o que está de acordo com as baixas conversões observadas industrialmente nesta temperatura.

1.2 Princípio de Le Châtelier

O Princípio de Le Châtelier estabelece que quando um sistema em equilíbrio é perturbado, ele se desloca na direção que minimiza a perturbação, buscando um novo estado de equilíbrio.
📈 Efeito da Concentração

Adição de reagente: Equilíbrio desloca para a direita

Adição de produto: Equilíbrio desloca para a esquerda

Remoção de reagente: Equilíbrio desloca para a esquerda

Remoção de produto: Equilíbrio desloca para a direita

A + B ⇌ C + D
↑[A] → mais C e D
↑[C] → mais A e B
🌡️ Efeito da Temperatura

Reação exotérmica (ΔH < 0):

  • ↑T: equilíbrio desloca para reagentes
  • ↓T: equilíbrio desloca para produtos

Reação endotérmica (ΔH > 0):

  • ↑T: equilíbrio desloca para produtos
  • ↓T: equilíbrio desloca para reagentes
A + B ⇌ C + D + calor
↑T ← ⇌ →
↓T → ⇌ ←
💨 Efeito da Pressão

Aplicável apenas a gases

↑Pressão: Favorece o lado com menor número de mols de gás

↓Pressão: Favorece o lado com maior número de mols de gás

N₂ + 3H₂ ⇌ 2NH₃
4 mols → 2 mols
↑P favorece NH₃
↓P favorece N₂ + H₂
⚡ Efeito do Catalisador

Não altera a posição do equilíbrio

Acelera ambas as reações: Direta e inversa igualmente

Reduz o tempo: Para atingir o equilíbrio

Não altera K: Constante permanece igual

Sem catalisador: t = 10 h
Com catalisador: t = 1 h
Mesmo K e composição final
🏭 Aplicação Industrial – Síntese da Amônia

Reação: N₂(g) + 3H₂(g) ⇌ 2NH₃(g) ΔH = -92 kJ/mol

CondiçãoEfeito no EquilíbrioJustificativaAplicação Industrial
Alta Pressão (150-300 atm)Favorece NH₃4 mols → 2 molsMaior rendimento
Temperatura Moderada (400-500°C)CompromissoVelocidade vs RendimentoOtimização econômica
Catalisador (Fe/K₂O)Não altera posiçãoAcelera ambas direçõesViabilidade cinética
Remoção contínua de NH₃Favorece formaçãoDiminui [NH₃]Conversão completa
💡 Estratégia Industrial:

O processo Haber-Bosch usa condições que não maximizam o rendimento termodinâmico, mas otimizam a relação custo-benefício considerando velocidade de reação, consumo energético e custos de equipamentos.

1.3 Relação entre K e Termodinâmica

A constante de equilíbrio está intimamente relacionada com a energia livre de Gibbs (ΔG°), fornecendo informações sobre a espontaneidade e extensão das reações químicas.
ΔG° = -RT ln K

Onde:
ΔG° = variação da energia livre padrão
R = constante dos gases (8,314 J/mol·K)
T = temperatura absoluta (K)
K = constante de equilíbrio
✅ ΔG° < 0 (Espontânea)

Característica: K > 1

Significado: Reação favorece produtos

Exemplo: Combustões

ΔG° = -50 kJ/mol
K = e^(50000/RT) >> 1
⚖️ ΔG° = 0 (Equilíbrio)

Característica: K = 1

Significado: Reagentes e produtos igualmente favorecidos

Condição: Sistema em equilíbrio padrão

ΔG° = 0
ln K = 0
K = 1
❌ ΔG° > 0 (Não-espontânea)

Característica: K < 1

Significado: Reação favorece reagentes

Exemplo: Decomposições endotérmicas

ΔG° = +30 kJ/mol
K = e^(-30000/RT) << 1
🧮 Cálculo de ΔG° a partir de K

Reação: 2SO₂(g) + O₂(g) ⇌ 2SO₃(g)

Dados: T = 727°C (1000 K), K = 3,0×10⁴

Cálculo de ΔG°:

ΔG° = -RT ln K

ΔG° = -(8,314 J/mol·K)(1000 K) ln(3,0×10⁴)

ΔG° = -8314 × ln(30000)

ΔG° = -8314 × 10,31

ΔG° = -85,7 kJ/mol

Interpretação:

  • ΔG° < 0: Reação espontânea nas condições padrão
  • K >> 1: Equilíbrio fortemente deslocado para produtos
  • Aplicação: Produção industrial de SO₃ para H₂SO₄
ΔG° (kJ/mol)K (25°C)InterpretaçãoExemplo
< -40> 10⁷Reação praticamente completaCombustões
-40 a -1010² a 10⁷Favorece produtosMuitas sínteses
-10 a +1010⁻² a 10²Equilíbrio significativoEsterificações
+10 a +4010⁻⁷ a 10⁻²Favorece reagentesDecomposições
> +40< 10⁻⁷Reação não ocorreReações impossíveis
2
Equilíbrios Ácido-Base

2.1 Teorias Ácido-Base

As teorias ácido-base evoluíram para explicar diferentes aspectos do comportamento químico. Cada teoria tem sua aplicabilidade específica e contribui para o entendimento completo dos equilíbrios ácido-base.
🧪 Teoria de Arrhenius

Ácido: Substância que libera H⁺ em solução aquosa

Base: Substância que libera OH⁻ em solução aquosa

HCl → H⁺ + Cl⁻
NaOH → Na⁺ + OH⁻
H⁺ + OH⁻ → H₂O

Limitações:

  • Apenas soluções aquosas
  • NH₃ não se enquadra
  • Não explica força ácida/básica
💧 Teoria de Brønsted-Lowry

Ácido: Doador de prótons (H⁺)

Base: Receptor de prótons (H⁺)

HCl + H₂O → H₃O⁺ + Cl⁻
ácido₁ + base₂ → ácido₂ + base₁
NH₃ + H₂O ⇌ NH₄⁺ + OH⁻

Vantagens:

  • Inclui solventes não-aquosos
  • Explica NH₃ como base
  • Conceito de pares conjugados
⚛️ Teoria de Lewis

Ácido: Receptor de par de elétrons

Base: Doador de par de elétrons

BF₃ + NH₃ → F₃B-NH₃
ácido + base → aduto
Al³⁺ + 6H₂O → [Al(H₂O)₆]³⁺

Aplicações:

  • Complexos metálicos
  • Catálise ácida
  • Reações sem prótons
🔍 Identificação de Ácidos e Bases

Reação: HSO₄⁻ + H₂O ⇌ H₃O⁺ + SO₄²⁻

EspécieFunçãoPar ConjugadoObservação
HSO₄⁻Ácido₁SO₄²⁻ (base₁)Doa H⁺
H₂OBase₂H₃O⁺ (ácido₂)Recebe H⁺
H₃O⁺Ácido₂H₂O (base₂)Pode doar H⁺
SO₄²⁻Base₁HSO₄⁻ (ácido₁)Pode receber H⁺

Análise:

  • Pares conjugados: HSO₄⁻/SO₄²⁻ e H₃O⁺/H₂O
  • Anfótero: H₂O pode atuar como ácido ou base
  • Força relativa: HSO₄⁻ é ácido mais forte que H₃O⁺

2.2 pH, pOH e Autoionização da Água

A água pura sofre autoionização, estabelecendo um equilíbrio que define as escalas de pH e pOH. Este equilíbrio é fundamental para todos os cálculos de ácido-base em meio aquoso.
Autoionização da água:
2H₂O(l) ⇌ H₃O⁺(aq) + OH⁻(aq)

Kw = [H₃O⁺][OH⁻] = 1,0×10⁻¹⁴ (25°C)

pH = -log[H₃O⁺]
pOH = -log[OH⁻]
pH + pOH = 14 (25°C)
0
Muito
Ácido
1
2
3
4
5
6
Ácido
7
Neutro
8
Básico
9
10
11
12
13
14
Muito
Básico
🔴 Soluções Ácidas

Característica: [H₃O⁺] > [OH⁻]

pH: < 7

pOH: > 7

[H₃O⁺] > 1,0×10⁻⁷ M
[OH⁻] < 1,0×10⁻⁷ M

Exemplos:

  • Suco de limão: pH ≈ 2
  • Café: pH ≈ 5
  • Chuva ácida: pH < 5,6
🟢 Soluções Neutras

Característica: [H₃O⁺] = [OH⁻]

pH: = 7

pOH: = 7

[H₃O⁺] = [OH⁻] = 1,0×10⁻⁷ M

Exemplos:

  • Água pura: pH = 7,00
  • Solução de NaCl: pH ≈ 7
  • Sangue: pH ≈ 7,4 (levemente básico)
🔵 Soluções Básicas

Característica: [H₃O⁺] < [OH⁻]

pH: > 7

pOH: < 7

[H₃O⁺] < 1,0×10⁻⁷ M
[OH⁻] > 1,0×10⁻⁷ M

Exemplos:

  • Amônia doméstica: pH ≈ 11
  • Sabão: pH ≈ 9
  • Soda cáustica: pH ≈ 14
🧮 Cálculos de pH e pOH

Exemplo 1: Calcule o pH de uma solução de HCl 0,025 M

HCl é ácido forte → ionização completa
[H₃O⁺] = [HCl] = 0,025 M

pH = -log[H₃O⁺]
pH = -log(0,025)
pH = -log(2,5×10⁻²)
pH = -(log 2,5 + log 10⁻²)
pH = -(0,40 – 2) = 1,60

Exemplo 2: Calcule o pOH de uma solução de NaOH 0,0050 M

NaOH é base forte → dissociação completa
[OH⁻] = [NaOH] = 0,0050 M

pOH = -log[OH⁻]
pOH = -log(0,0050)
pOH = -log(5,0×10⁻³)
pOH = 2,30

pH = 14 – pOH = 14 – 2,30 = 11,70

Exemplo 3: Uma solução tem pH = 8,25. Calcule [H₃O⁺] e [OH⁻]

[H₃O⁺] = 10⁻ᵖᴴ = 10⁻⁸’²⁵
[H₃O⁺] = 5,6×10⁻⁹ M

[OH⁻] = Kw/[H₃O⁺]
[OH⁻] = (1,0×10⁻¹⁴)/(5,6×10⁻⁹)
[OH⁻] = 1,8×10⁻⁶ M
🌡️ Efeito da Temperatura no Kw:
  • 25°C: Kw = 1,0×10⁻¹⁴, pH neutro = 7,00
  • 37°C: Kw = 2,4×10⁻¹⁴, pH neutro = 6,81
  • 100°C: Kw = 5,1×10⁻¹³, pH neutro = 6,14
  • Regra: Temperatura ↑ → Kw ↑ → pH neutro ↓

2.3 Ácidos e Bases Fracos

Ácidos e bases fracos estabelecem equilíbrios em solução aquosa, não se ionizando completamente. Suas constantes de ionização (Ka e Kb) determinam a força e o comportamento em solução.
Ácido fraco: HA + H₂O ⇌ H₃O⁺ + A⁻
Ka = [H₃O⁺][A⁻]/[HA]

Base fraca: B + H₂O ⇌ BH⁺ + OH⁻
Kb = [BH⁺][OH⁻]/[B]

Relação: Ka × Kb = Kw (par conjugado)
🔬 Constante de Ionização (Ka)

Definição: Medida da força de um ácido

Interpretação:

  • Ka > 10⁻³: ácido forte
  • 10⁻³ > Ka > 10⁻¹⁰: ácido fraco
  • Ka < 10⁻¹⁰: ácido muito fraco
pKa = -log Ka
Quanto menor pKa,
mais forte o ácido
⚗️ Grau de Ionização (α)

Definição: Fração de moléculas ionizadas

α = [H₃O⁺]/[HA]₀

α = √(Ka/C₀)
(para ácidos fracos)

Interpretação:

  • α × 100% = % ionização
  • α ↑ quando C₀ ↓ (diluição)
  • α depende de Ka e concentração
ÁcidoFórmulaKa (25°C)pKaClassificação
Ácido fórmicoHCOOH1,8×10⁻⁴3,74Fraco
Ácido acéticoCH₃COOH1,8×10⁻⁵4,74Fraco
Ácido carbônicoH₂CO₃4,3×10⁻⁷6,37Muito fraco
Ácido hipoclorosoHClO3,0×10⁻⁸7,52Muito fraco
Ácido bóricoH₃BO₃5,4×10⁻¹⁰9,27Muito fraco
🧪 Cálculo de pH de Ácido Fraco

Problema: Calcule o pH de uma solução de ácido acético 0,10 M

Dados: Ka(CH₃COOH) = 1,8×10⁻⁵

Equilíbrio: CH₃COOH + H₂O ⇌ H₃O⁺ + CH₃COO⁻

EspécieInicial (M)Variação (M)Equilíbrio (M)
CH₃COOH0,10-x0,10 – x
H₃O⁺0+xx
CH₃COO⁻0+xx
Expressão de Ka:
Ka = [H₃O⁺][CH₃COO⁻]/[CH₃COOH]
1,8×10⁻⁵ = x²/(0,10 – x)

Aproximação (x << 0,10):
1,8×10⁻⁵ ≈ x²/0,10
x² = 1,8×10⁻⁶
x = 1,34×10⁻³ M

Verificação:
x/C₀ = 1,34×10⁻³/0,10 = 0,0134 = 1,34%
Como < 5%, aproximação é válida

pH:
pH = -log(1,34×10⁻³) = 2,87

Grau de ionização:

α = x/C₀ = 1,34×10⁻³/0,10 = 0,0134 = 1,34%
3
Sistemas Tampão e Titulações

3.1 Sistemas Tampão

Sistemas tampão são soluções que resistem a mudanças significativas de pH quando pequenas quantidades de ácido ou base são adicionadas. São essenciais em processos biológicos e aplicações analíticas.
🛡️ Composição de um Sistema Tampão
Tipo 1: Ácido Fraco + Sal

Componentes:

  • Ácido fraco (HA)
  • Sal da base conjugada (A⁻)

Exemplo: CH₃COOH + CH₃COONa

HA + OH⁻ → A⁻ + H₂O
A⁻ + H₃O⁺ → HA + H₂O
Tipo 2: Base Fraca + Sal

Componentes:

  • Base fraca (B)
  • Sal do ácido conjugado (BH⁺)

Exemplo: NH₃ + NH₄Cl

B + H₃O⁺ → BH⁺ + H₂O
BH⁺ + OH⁻ → B + H₂O
Equação de Henderson-Hasselbalch:

pH = pKa + log([A⁻]/[HA])

ou

pOH = pKb + log([BH⁺]/[B])
🧮 Cálculo de pH de Sistema Tampão

Problema: Calcule o pH de uma solução tampão contendo CH₃COOH 0,15 M e CH₃COONa 0,25 M

Dados: Ka(CH₃COOH) = 1,8×10⁻⁵, pKa = 4,74

Usando Henderson-Hasselbalch:

pH = pKa + log([CH₃COO⁻]/[CH₃COOH])

pH = 4,74 + log(0,25/0,15)

pH = 4,74 + log(1,67)

pH = 4,74 + 0,22 = 4,96

Teste da capacidade tampão:

Adição de 0,01 mol de HCl a 1 L da solução tampão:

HCl + CH₃COO⁻ → CH₃COOH + Cl⁻

[CH₃COOH]final = 0,15 + 0,01 = 0,16 M
[CH₃COO⁻]final = 0,25 – 0,01 = 0,24 M

pH = 4,74 + log(0,24/0,16)
pH = 4,74 + 0,18 = 4,92

Variação: ΔpH = 4,92 – 4,96 = -0,04

Comparação com água pura:

Adição de 0,01 M HCl em água: pH = 2,00 (ΔpH = -5,00)

Eficiência: O tampão reduz a variação de pH em mais de 100 vezes!

💪 Capacidade Tampão

Definição: Quantidade de ácido/base que o tampão pode neutralizar

Fatores:

  • Concentração total dos componentes
  • Razão [A⁻]/[HA] próxima de 1
  • pKa próximo do pH desejado
Faixa efetiva:
pH = pKa ± 1
🧬 Tampões Biológicos

Importância: Manutenção do pH fisiológico

Exemplos:

  • Sangue: HCO₃⁻/H₂CO₃ (pH 7,4)
  • Células: HPO₄²⁻/H₂PO₄⁻ (pH 7,2)
  • Proteínas: grupos amino/carboxila
CO₂ + H₂O ⇌ H₂CO₃
H₂CO₃ ⇌ H⁺ + HCO₃⁻
🏥 Aplicações dos Sistemas Tampão
🩸 Sistema Sanguíneo

Componentes: H₂CO₃/HCO₃⁻

pH normal: 7,35 – 7,45

Regulação:

  • Pulmões: eliminam CO₂
  • Rins: excretam H⁺
  • Hemoglobina: tampão adicional
🧪 Laboratório

Usos:

  • Calibração de pHmetros
  • Reações enzimáticas
  • Eletroforese
  • Cromatografia

Tampões comuns: Fosfato, Tris, HEPES

🏭 Indústria

Aplicações:

  • Controle de pH em processos
  • Tratamento de águas
  • Produção de medicamentos
  • Conservação de alimentos

3.2 Titulações Ácido-Base

Titulações são técnicas analíticas quantitativas que permitem determinar a concentração de soluções através da reação com soluções de concentração conhecida. As curvas de titulação fornecem informações valiosas sobre o sistema estudado.
📈 Curva de Titulação: Ácido Forte vs Base Forte

Início

pH baixo

Excesso de H⁺

PONTO DE EQUIVALÊNCIA
pH = 7,00
Salto de pH: 4-10

Reação: H⁺ + OH⁻ → H₂O

Final

pH alto

Excesso de OH⁻

💪 Ácido Forte + Base Forte

Características:

  • Ponto de equivalência: pH = 7
  • Salto de pH acentuado
  • Qualquer indicador serve

Exemplo: HCl + NaOH

HCl + NaOH → NaCl + H₂O
Sal neutro: pH = 7
🔬 Ácido Fraco + Base Forte

Características:

  • Ponto de equivalência: pH > 7
  • Salto de pH menos acentuado
  • Indicador: fenolftaleína

Exemplo: CH₃COOH + NaOH

CH₃COOH + NaOH → CH₃COONa + H₂O
CH₃COO⁻ + H₂O ⇌ CH₃COOH + OH⁻
⚗️ Ácido Forte + Base Fraca

Características:

  • Ponto de equivalência: pH < 7
  • Salto de pH menos acentuado
  • Indicador: alaranjado de metila

Exemplo: HCl + NH₃

HCl + NH₃ → NH₄Cl
NH₄⁺ + H₂O ⇌ NH₃ + H₃O⁺
Alaranjado de Metila

Faixa: pH 3,1 – 4,4

Cores: Vermelho → Amarelo

Uso: Ácido forte + Base fraca

Azul de Bromotimol

Faixa: pH 6,0 – 7,6

Cores: Amarelo → Azul

Uso: Ácido forte + Base forte

Fenolftaleína

Faixa: pH 8,2 – 10,0

Cores: Incolor → Rosa

Uso: Ácido fraco + Base forte

🧪 Cálculo de Titulação

Problema: 25,0 mL de solução de HCl são titulados com NaOH 0,150 M. O ponto de equivalência é atingido com 18,6 mL de NaOH. Calcule a concentração do HCl.

Reação: HCl + NaOH → NaCl + H₂O
Proporção estequiométrica: 1:1

Mols de NaOH:
n(NaOH) = M × V = 0,150 mol/L × 0,0186 L
n(NaOH) = 2,79×10⁻³ mol

Mols de HCl:
n(HCl) = n(NaOH) = 2,79×10⁻³ mol

Concentração do HCl:
M(HCl) = n/V = 2,79×10⁻³ mol / 0,0250 L
M(HCl) = 0,112 M

Verificação:

M₁V₁ = M₂V₂
0,112 × 25,0 = 0,150 × 18,6
2,80 = 2,79 ✓

3.3 Hidrólise de Sais

A hidrólise de sais ocorre quando íons provenientes de ácidos ou bases fracas reagem com a água, alterando o pH da solução. Este fenômeno explica por que nem todos os sais produzem soluções neutras.
🟢 Sal de Ácido Forte + Base Forte

Comportamento: Não sofre hidrólise

pH: ≈ 7 (neutro)

Exemplos: NaCl, KBr, CaSO₄

NaCl → Na⁺ + Cl⁻
Na⁺ e Cl⁻ não reagem com H₂O
pH = 7,00
🔵 Sal de Ácido Fraco + Base Forte

Comportamento: Hidrólise básica

pH: > 7 (básico)

Exemplos: CH₃COONa, Na₂CO₃

CH₃COO⁻ + H₂O ⇌ CH₃COOH + OH⁻
Kh = Kw/Ka
pH > 7
🔴 Sal de Ácido Forte + Base Fraca

Comportamento: Hidrólise ácida

pH: < 7 (ácido)

Exemplos: NH₄Cl, AlCl₃

NH₄⁺ + H₂O ⇌ NH₃ + H₃O⁺
Kh = Kw/Kb
pH < 7
🟡 Sal de Ácido Fraco + Base Fraca

Comportamento: Hidrólise dupla

pH: Depende de Ka e Kb

Exemplos: CH₃COONH₄

Se Ka > Kb → pH < 7
Se Ka < Kb → pH > 7
Se Ka = Kb → pH = 7
🧮 Cálculo de pH por Hidrólise

Problema: Calcule o pH de uma solução de acetato de sódio (CH₃COONa) 0,10 M

Dados: Ka(CH₃COOH) = 1,8×10⁻⁵

Hidrólise do íon acetato:

CH₃COO⁻ + H₂O ⇌ CH₃COOH + OH⁻

Kh = Kw/Ka = (1,0×10⁻¹⁴)/(1,8×10⁻⁵)
Kh = 5,6×10⁻¹⁰
EspécieInicial (M)Variação (M)Equilíbrio (M)
CH₃COO⁻0,10-x0,10 – x
CH₃COOH0+xx
OH⁻0+xx
Expressão de Kh:
Kh = [CH₃COOH][OH⁻]/[CH₃COO⁻]
5,6×10⁻¹⁰ = x²/(0,10 – x)

Aproximação (x << 0,10):
5,6×10⁻¹⁰ ≈ x²/0,10
x² = 5,6×10⁻¹¹
x = [OH⁻] = 7,5×10⁻⁶ M

pOH e pH:
pOH = -log(7,5×10⁻⁶) = 5,12
pH = 14 – 5,12 = 8,88

Conclusão: A solução é básica (pH > 7) devido à hidrólise do íon acetato.

🎓 APOSTILA COMPLETA

Equilíbrios Químicos
Material completo para a Prova Nacional Docente

✅ Fundamentos
Constantes e Princípio de Le Châtelier
✅ Ácido-Base
pH, pOH e teorias ácido-base
✅ Sistemas Tampão
Henderson-Hasselbalch e aplicações
✅ Titulações
Curvas e indicadores ácido-base


📘 Prompt 5 – Eletroquímica e Propriedades Coligativas

📘 Apostila PND Química – Eletroquímica e Propriedades Coligativas

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Eixo: Eletroquímica e Propriedades Coligativas
Células Galvânicas • Eletrólise • Potenciais • Osmose • Crioscopia • Ebulioscopia
1
Fundamentos da Eletroquímica

1.1 Reações de Oxidação-Redução

As reações de oxidação-redução (redox) envolvem transferência de elétrons entre espécies químicas. Estes processos são fundamentais para a eletroquímica e ocorrem em células galvânicas, eletrólise e corrosão.
🔄 Conceitos Fundamentais
🔴 Oxidação

Definição: Perda de elétrons

Número de oxidação: Aumenta

Agente: Redutor (sofre oxidação)

Zn → Zn²⁺ + 2e⁻
NOx: 0 → +2
(Zn é oxidado)
🔵 Redução

Definição: Ganho de elétrons

Número de oxidação: Diminui

Agente: Oxidante (sofre redução)

Cu²⁺ + 2e⁻ → Cu
NOx: +2 → 0
(Cu²⁺ é reduzido)
⚡ Regras para Número de Oxidação (NOx)
  • Elemento livre: NOx = 0 (H₂, O₂, Cl₂, etc.)
  • Íon monoatômico: NOx = carga do íon (Na⁺ = +1, Cl⁻ = -1)
  • Hidrogênio: NOx = +1 (exceto em hidretos: -1)
  • Oxigênio: NOx = -2 (exceto em peróxidos: -1)
  • Metais alcalinos: NOx = +1 sempre
  • Metais alcalino-terrosos: NOx = +2 sempre
  • Soma dos NOx: = carga total da espécie
🧮 Balanceamento de Equações Redox

Reação: MnO₄⁻ + Fe²⁺ → Mn²⁺ + Fe³⁺ (meio ácido)

Passo 1: Identificar as semi-reações

Oxidação: Fe²⁺ → Fe³⁺ + e⁻
Redução: MnO₄⁻ + 8H⁺ + 5e⁻ → Mn²⁺ + 4H₂O

Passo 2: Balancear elétrons

Oxidação: 5 × (Fe²⁺ → Fe³⁺ + e⁻)
Redução: 1 × (MnO₄⁻ + 8H⁺ + 5e⁻ → Mn²⁺ + 4H₂O)

Passo 3: Somar as semi-reações

MnO₄⁻ + 5Fe²⁺ + 8H⁺ → Mn²⁺ + 5Fe³⁺ + 4H₂O

Verificação:

  • Átomos: Mn(1), Fe(5), O(4), H(8) ✓
  • Cargas: Esquerda: -1+10+8 = +17, Direita: +2+15 = +17 ✓
Agente OxidanteSemi-reação de ReduçãoForça OxidanteAplicação
F₂F₂ + 2e⁻ → 2F⁻Muito forteFluoração
MnO₄⁻MnO₄⁻ + 8H⁺ + 5e⁻ → Mn²⁺ + 4H₂OForteTitulações
Cr₂O₇²⁻Cr₂O₇²⁻ + 14H⁺ + 6e⁻ → 2Cr³⁺ + 7H₂OForteAnálises
H₂O₂H₂O₂ + 2H⁺ + 2e⁻ → 2H₂OModeradaDesinfecção
I₂I₂ + 2e⁻ → 2I⁻FracaIodometria

1.2 Células Galvânicas

Células galvânicas (ou voltaicas) convertem energia química em energia elétrica através de reações redox espontâneas. São a base das pilhas e baterias que utilizamos no cotidiano.
🔋 Estrutura de uma Célula Galvânica
ÂNODO (-)
Zn | Zn²⁺
Oxidação
Zn → Zn²⁺ + 2e⁻
Ponte Salina
KCl
CÁTODO (+)
Cu²⁺ | Cu
Redução
Cu²⁺ + 2e⁻ → Cu
Reação Global:
Zn(s) + Cu²⁺(aq) → Zn²⁺(aq) + Cu(s)

Notação da Célula:
Zn(s) | Zn²⁺(aq) || Cu²⁺(aq) | Cu(s)
⚡ Componentes da Célula

Ânodo: Eletrodo onde ocorre oxidação (polo negativo)

Cátodo: Eletrodo onde ocorre redução (polo positivo)

Ponte salina: Permite fluxo iônico, mantém neutralidade

Circuito externo: Conduz elétrons do ânodo ao cátodo

🔄 Fluxo de Partículas

Elétrons: Ânodo → Cátodo (circuito externo)

Cátions: Migram para o cátodo

Ânions: Migram para o ânodo

Corrente convencional: Cátodo → Ânodo

🔋 Pilha de Daniell

Descrição: Célula galvânica clássica com eletrodos de Zn e Cu

ComponenteÂnodoCátodo
EletrodoZn metálicoCu metálico
SoluçãoZnSO₄ 1MCuSO₄ 1M
Semi-reaçãoZn → Zn²⁺ + 2e⁻Cu²⁺ + 2e⁻ → Cu
PolaridadeNegativa (-)Positiva (+)
ObservaçãoEletrodo se dissolveDeposição de Cu
💡 Lembrete Importante:

AN-OX-CAT-RED: ÂNodo = OXidação, CÁTodo = REDução

Polaridade: Em células galvânicas, ânodo é negativo e cátodo é positivo

1.3 Potenciais de Eletrodo

O potencial de eletrodo é uma medida da tendência de uma espécie química sofrer redução. Os potenciais padrão de redução permitem prever a espontaneidade das reações e calcular a força eletromotriz das células.
Potencial Padrão de Redução (E°):

Medido em condições padrão:
• Concentrações: 1 M
• Pressão: 1 atm
• Temperatura: 25°C

Referência: 2H⁺ + 2e⁻ → H₂ E° = 0,00 V
Semi-reação de ReduçãoE° (V)Força OxidanteObservação
F₂ + 2e⁻ → 2F⁻+2,87Muito forteMais oxidante
MnO₄⁻ + 8H⁺ + 5e⁻ → Mn²⁺ + 4H₂O+1,51ForteMeio ácido
Cl₂ + 2e⁻ → 2Cl⁻+1,36ForteGás cloro
Ag⁺ + e⁻ → Ag+0,80ModeradaMetal nobre
Cu²⁺ + 2e⁻ → Cu+0,34FracaCobre
2H⁺ + 2e⁻ → H₂0,00ReferênciaEletrodo padrão
Zn²⁺ + 2e⁻ → Zn-0,76Bom redutor
Al³⁺ + 3e⁻ → Al-1,66Forte redutor
Li⁺ + e⁻ → Li-3,05Mais redutor
Cálculo da FEM da célula:

E°célula = E°cátodo – E°ânodo

ou

E°célula = E°redução – E°oxidação

Se E°célula > 0 → Reação espontânea
Se E°célula < 0 → Reação não-espontânea
⚡ Cálculo de Potencial de Célula

Problema: Calcule o potencial da célula Zn | Zn²⁺ || Ag⁺ | Ag

Dados: E°(Zn²⁺/Zn) = -0,76 V, E°(Ag⁺/Ag) = +0,80 V

Identificação dos eletrodos:

Ânodo (oxidação): Zn → Zn²⁺ + 2e⁻ E°ox = +0,76 V
Cátodo (redução): Ag⁺ + e⁻ → Ag E°red = +0,80 V

Balanceamento:

Ânodo: Zn → Zn²⁺ + 2e⁻
Cátodo: 2 × (Ag⁺ + e⁻ → Ag)

Global: Zn + 2Ag⁺ → Zn²⁺ + 2Ag

Cálculo do potencial:

E°célula = E°cátodo – E°ânodo
E°célula = (+0,80) – (-0,76)
E°célula = +1,56 V

Interpretação: E° > 0, logo a reação é espontânea. A célula pode fornecer 1,56 V.

🎯 Regras Práticas:
  • Maior E°: Melhor oxidante (sofre redução)
  • Menor E°: Melhor redutor (sofre oxidação)
  • Espontaneidade: Oxidante forte + Redutor forte
  • Potencial não depende: Da quantidade de material
2
Equação de Nernst e Eletrólise

2.1 Equação de Nernst

A equação de Nernst permite calcular o potencial de eletrodo em condições não-padrão, considerando o efeito das concentrações, temperatura e pressão sobre o potencial da célula eletroquímica.
Equação de Nernst:

E = E° – (RT/nF) ln Q

A 25°C:
E = E° – (0,0592/n) log Q

Onde:
E = potencial em condições não-padrão
E° = potencial padrão
n = número de elétrons transferidos
Q = quociente de reação
📊 Fatores que Afetam o Potencial

Concentração:

  • ↑[oxidante] → ↑E (mais positivo)
  • ↑[redutor] → ↓E (menos positivo)

Temperatura:

  • Afeta através do termo RT/nF
  • Geralmente pequeno efeito
⚖️ Quociente de Reação (Q)

Para a reação: aA + bB → cC + dD

Q = [C]ᶜ[D]ᵈ/[A]ᵃ[B]ᵇ

Observações:

  • Sólidos e líquidos puros: atividade = 1
  • Gases: usar pressões parciais
  • Soluções diluídas: usar concentrações
🧮 Aplicação da Equação de Nernst

Problema: Calcule o potencial da célula Zn | Zn²⁺(0,01 M) || Cu²⁺(2,0 M) | Cu

Dados: E°(Zn²⁺/Zn) = -0,76 V, E°(Cu²⁺/Cu) = +0,34 V

Reação global:

Zn(s) + Cu²⁺(aq) → Zn²⁺(aq) + Cu(s)
n = 2 elétrons

Potencial padrão:

E°célula = E°cátodo – E°ânodo
E°célula = (+0,34) – (-0,76) = +1,10 V

Quociente de reação:

Q = [Zn²⁺]/[Cu²⁺] = 0,01/2,0 = 0,005

Aplicação de Nernst:

E = E° – (0,0592/n) log Q
E = 1,10 – (0,0592/2) log(0,005)
E = 1,10 – 0,0296 × (-2,30)
E = 1,10 + 0,068 = 1,17 V

Interpretação: O potencial é maior que o padrão devido à baixa concentração de Zn²⁺ e alta concentração de Cu²⁺.

🔋 Aplicações da Equação de Nernst
📱 Baterias

Monitoramento: Estado de carga

Otimização: Composição do eletrólito

Exemplo: Bateria de chumbo-ácido

E = 2,04 – 0,0592 log([H₂O]²/[H₂SO₄]²)
🧪 Eletrodos de Referência

Calomelano: Hg₂Cl₂/Hg

Ag/AgCl: Eletrodo de prata

Função: Potencial constante e conhecido

📊 Medidas de pH

Eletrodo de vidro: Sensível a H⁺

E = E° – 0,0592 pH

Vantagem: Medida direta e precisa

2.2 Eletrólise

A eletrólise é um processo não-espontâneo que utiliza energia elétrica para promover reações químicas. É fundamental na produção industrial de metais, gases e compostos químicos.
⚡ Célula Eletrolítica
ÂNODO (+)
Eletrodo positivo
Oxidação
2Cl⁻ → Cl₂ + 2e⁻
FONTE EXTERNA
Solução de NaCl
CÁTODO (-)
Eletrodo negativo
Redução
2H₂O + 2e⁻ → H₂ + 2OH⁻
⚠️ Diferença Importante:

Na eletrólise, a polaridade é oposta às células galvânicas: ânodo é positivo (+) e cátodo é negativo (-).

🧊 Eletrólise Ígnea

Condições: Sal fundido, alta temperatura

Vantagem: Não há competição com H₂O

Exemplo: NaCl fundido

Ânodo: 2Cl⁻ → Cl₂ + 2e⁻
Cátodo: Na⁺ + e⁻ → Na
Global: 2NaCl → 2Na + Cl₂
💧 Eletrólise Aquosa

Condições: Solução aquosa

Complicação: Competição com H₂O

Regra: Ocorre a reação mais fácil (menor potencial)

Possíveis no cátodo:
M^n+ + ne⁻ → M
2H₂O + 2e⁻ → H₂ + 2OH⁻
EletrólitoReação no ÂnodoReação no CátodoProdutos
NaCl(aq)2Cl⁻ → Cl₂ + 2e⁻2H₂O + 2e⁻ → H₂ + 2OH⁻Cl₂, H₂, NaOH
CuSO₄(aq)2H₂O → O₂ + 4H⁺ + 4e⁻Cu²⁺ + 2e⁻ → CuO₂, Cu, H₂SO₄
H₂SO₄(aq)2H₂O → O₂ + 4H⁺ + 4e⁻2H⁺ + 2e⁻ → H₂O₂, H₂
NaCl(l)2Cl⁻ → Cl₂ + 2e⁻Na⁺ + e⁻ → NaCl₂, Na
🏭 Eletrólise da Água

Processo: Decomposição da água em H₂ e O₂

Eletrólito: H₂SO₄ diluído (condutor)

Ânodo (+): 2H₂O → O₂ + 4H⁺ + 4e⁻
Cátodo (-): 4H⁺ + 4e⁻ → 2H₂
Reação Global:
2H₂O → 2H₂ + O₂

Proporção volumétrica:
H₂ : O₂ = 2 : 1

Observações experimentais:

  • Cátodo: Maior volume de gás (H₂)
  • Ânodo: Menor volume de gás (O₂)
  • Teste: H₂ queima com “pop”, O₂ reaviva chama
💡 Aplicação Industrial:

A eletrólise da água é usada para produzir H₂ ultrapuro para a indústria eletrônica e como combustível limpo.

2.3 Leis de Faraday

As leis de Faraday estabelecem relações quantitativas entre a quantidade de eletricidade e a quantidade de substância produzida ou consumida na eletrólise, permitindo cálculos precisos em processos eletroquímicos.
Leis de Faraday:

1ª Lei: m ∝ Q (massa ∝ carga)
2ª Lei: m ∝ M/n (massa ∝ massa molar/elétrons)

Equação unificada:
m = (M × I × t)/(n × F)

Onde:
m = massa (g)
M = massa molar (g/mol)
I = corrente (A)
t = tempo (s)
n = número de elétrons
F = constante de Faraday (96.485 C/mol)
⚡ Grandezas Elétricas

Corrente (I): Fluxo de carga por tempo

Carga (Q): Q = I × t

Faraday (F): Carga de 1 mol de elétrons

1 F = 96.485 C/mol
1 F = 6,022×10²³ elétrons
🧮 Equivalente Eletroquímico

Definição: Massa depositada por 1 coulomb

E = M/(n × F)

m = E × Q = E × I × t

Unidade: g/C

🧮 Cálculos com as Leis de Faraday

Problema 1: Quanto cobre é depositado pela passagem de 2,0 A por 30 min em solução de CuSO₄?

Dados:

  • I = 2,0 A
  • t = 30 min = 1800 s
  • M(Cu) = 63,5 g/mol
  • n = 2 (Cu²⁺ + 2e⁻ → Cu)
m = (M × I × t)/(n × F)

m = (63,5 × 2,0 × 1800)/(2 × 96485)

m = 228600/192970 = 1,18 g

Problema 2: Que corrente é necessária para produzir 1,0 L de H₂ (CNTP) em 2 horas?

Dados:

  • V(H₂) = 1,0 L
  • n(H₂) = 1,0/22,4 = 0,0446 mol
  • t = 2 h = 7200 s
  • Reação: 2H⁺ + 2e⁻ → H₂
n(e⁻) = 2 × n(H₂) = 2 × 0,0446 = 0,0892 mol

Q = n(e⁻) × F = 0,0892 × 96485 = 8606 C

I = Q/t = 8606/7200 = 1,20 A
🏭 Aplicações Industriais da Eletrólise
🥄 Galvanoplastia

Processo: Revestimento metálico

Exemplos: Niquelação, cromação, douração

Vantagens: Proteção contra corrosão, estética

⚗️ Produção de Metais

Alumínio: Eletrólise da alumina (Al₂O₃)

Sódio: Eletrólise do NaCl fundido

Magnésio: Eletrólise do MgCl₂ fundido

🧪 Produção de Químicos

Cloro e NaOH: Eletrólise de salmoura

Hidrogênio: Eletrólise da água

Flúor: Eletrólise de fluoretos fundidos

3
Propriedades Coligativas

3.1 Fundamentos das Propriedades Coligativas

Propriedades coligativas são propriedades físicas das soluções que dependem apenas da quantidade de partículas de soluto dissolvidas, não da natureza química dessas partículas. São fundamentais para entender fenômenos como congelamento da água do mar e funcionamento de células vivas.
❄️ Crioscopia

Fenômeno: Diminuição do ponto de congelamento

Fórmula: ΔTc = Kc × m

Exemplo: Sal nas estradas no inverno

🌡️ Ebulioscopia

Fenômeno: Elevação do ponto de ebulição

Fórmula: ΔTe = Ke × m

Exemplo: Água salgada ferve a > 100°C

💨 Tonoscopia

Fenômeno: Diminuição da pressão de vapor

Fórmula: ΔP = P° × χsoluto

Exemplo: Evaporação mais lenta de soluções

🧬 Osmose

Fenômeno: Passagem de solvente através de membrana

Fórmula: π = MRT

Exemplo: Funcionamento das células

🔬 Conceitos Fundamentais
  • Molalidade (m): mols de soluto / kg de solvente
  • Fração molar (χ): mols de componente / mols totais
  • Molaridade (M): mols de soluto / L de solução
  • Fator de van’t Hoff (i): número de partículas formadas por fórmula
  • Soluto molecular: i = 1 (não ioniza)
  • Soluto iônico: i > 1 (ioniza)
SolutoDissociaçãoFator i (teórico)Fator i (real)Observação
Glicose (C₆H₁₂O₆)Não ioniza11Molecular
NaClNa⁺ + Cl⁻21,9Pareamento iônico
CaCl₂Ca²⁺ + 2Cl⁻32,7Eletrólito forte
Al₂(SO₄)₃2Al³⁺ + 3SO₄²⁻54,2Muitos íons
CH₃COOHIonização parcial21,01Ácido fraco
🧮 Cálculo de Concentrações

Problema: Uma solução contém 58,5 g de NaCl em 500 g de água. Calcule a molalidade.

Dados:
m(NaCl) = 58,5 g
M(NaCl) = 58,5 g/mol
m(H₂O) = 500 g = 0,500 kg

Cálculo:
n(NaCl) = 58,5 g / 58,5 g/mol = 1,00 mol

Molalidade = n(soluto) / kg(solvente)
m = 1,00 mol / 0,500 kg = 2,00 m

Interpretação: A solução é 2,00 molal em NaCl, ou seja, contém 2,00 mols de NaCl por kg de água.

3.2 Crioscopia e Ebulioscopia

A crioscopia estuda a diminuição do ponto de congelamento, enquanto a ebulioscopia estuda a elevação do ponto de ebulição de soluções. Ambos os fenômenos são explicados pela diminuição da pressão de vapor do solvente.
📊 Diagrama de Fases: Solvente Puro vs Solução

Solvente Puro

Ponto de Congelamento: Tc°

Ponto de Ebulição: Te°

Pressão de Vapor:

Solução

Ponto de Congelamento: Tc° – ΔTc

Ponto de Ebulição: Te° + ΔTe

Pressão de Vapor: P° – ΔP

Equações das Propriedades Coligativas:

Crioscopia: ΔTc = Kc × m × i
Ebulioscopia: ΔTe = Ke × m × i
Tonoscopia: ΔP/P° = χsoluto
Osmose: π = i × M × R × T

Onde:
Kc, Ke = constantes crioscópica e ebulioscópica
m = molalidade
i = fator de van’t Hoff
χ = fração molar
M = molaridade
R = constante dos gases
T = temperatura absoluta
SolventeTc° (°C)Kc (°C·kg/mol)Te° (°C)Ke (°C·kg/mol)
Água0,01,86100,00,52
Benzeno5,55,1280,12,53
Ácido acético16,63,90117,93,07
Cânfora179,840,0207,45,95
❄️ Cálculo de Crioscopia

Problema: Calcule o ponto de congelamento de uma solução aquosa de CaCl₂ 0,50 m.

Dados: Kc(H₂O) = 1,86 °C·kg/mol, i(CaCl₂) = 2,7

Aplicação da equação:
ΔTc = Kc × m × i
ΔTc = 1,86 × 0,50 × 2,7
ΔTc = 2,51 °C

Ponto de congelamento:
Tc = Tc° – ΔTc
Tc = 0,0 – 2,51 = -2,51 °C

Interpretação: A solução congela a -2,51°C, temperatura menor que a da água pura devido à presença dos íons Ca²⁺ e Cl⁻.

🧂 Aplicação Prática:

Este princípio é usado no sal de cozinha espalhado nas ruas durante o inverno para evitar o congelamento da água.

🌡️ Cálculo de Ebulioscopia

Problema: Uma solução aquosa de glicose ferve a 100,26°C. Calcule a molalidade da solução.

Dados: Ke(H₂O) = 0,52 °C·kg/mol, i(glicose) = 1

Cálculo da elevação:
ΔTe = Te – Te°
ΔTe = 100,26 – 100,00 = 0,26 °C

Aplicação da equação:
ΔTe = Ke × m × i
0,26 = 0,52 × m × 1
m = 0,26 / 0,52 = 0,50 m

Interpretação: A solução tem molalidade 0,50 m, ou seja, contém 0,50 mol de glicose por kg de água.

3.3 Pressão Osmótica

A osmose é o movimento espontâneo do solvente através de uma membrana semipermeável, do meio menos concentrado para o mais concentrado. A pressão osmótica é a pressão necessária para impedir este fluxo e é fundamental em processos biológicos.
🧬 Processo de Osmose
Solução Diluída
Menor concentração
Maior potencial químico
Solução Concentrada
Maior concentração
Menor potencial químico

Fluxo de solvente: Diluída → Concentrada
Objetivo: Equalizar concentrações

Equação de van’t Hoff:

π = i × M × R × T

Onde:
π = pressão osmótica (atm)
i = fator de van’t Hoff
M = molaridade (mol/L)
R = 0,082 atm·L/(mol·K)
T = temperatura absoluta (K)
🔬 Tipos de Soluções

Isotônica: π₁ = π₂ (sem fluxo líquido)

Hipotônica: π₁ < π₂ (fluxo para 2)

Hipertônica: π₁ > π₂ (fluxo para 1)

Soro fisiológico:
NaCl 0,9% (isotônico)
🧬 Osmose Reversa

Princípio: Aplicar pressão > π

Resultado: Fluxo invertido

Aplicação: Dessalinização da água

P > π → Solvente puro
(Concentrada → Diluída)
🧮 Cálculo de Pressão Osmótica

Problema: Calcule a pressão osmótica de uma solução de sacarose 0,25 M a 25°C.

Dados: i(sacarose) = 1, T = 25°C = 298 K

Aplicação da equação:
π = i × M × R × T
π = 1 × 0,25 × 0,082 × 298
π = 6,1 atm

Interpretação: É necessária uma pressão de 6,1 atm para impedir a osmose nesta solução.

Problema 2: Compare com uma solução de NaCl 0,15 M nas mesmas condições.

Para NaCl (i = 1,9):
π = 1,9 × 0,15 × 0,082 × 298
π = 7,0 atm

Conclusão: A solução de NaCl, mesmo com menor molaridade, tem maior pressão osmótica devido à ionização.

🏥 Aplicações Biológicas e Tecnológicas
🩸 Medicina

Soro fisiológico: NaCl 0,9% (isotônico)

Soro glicosado: Glicose 5% (isotônico)

Diálise: Remoção de toxinas do sangue

Preservação: Órgãos em soluções isotônicas

🌱 Biologia

Células vegetais: Turgescência e plasmólise

Células animais: Crenação e hemólise

Transporte: Absorção de água pelas raízes

Regulação: Pressão osmótica nos organismos

🏭 Tecnologia

Dessalinização: Osmose reversa

Tratamento de água: Purificação

Indústria alimentícia: Concentração de sucos

Farmacêutica: Purificação de medicamentos

🧠 Memorização das Fórmulas:
  • Crioscopia/Ebulioscopia: ΔT = K × m × i (molalidade)
  • Osmose: π = i × M × R × T (molaridade)
  • Tonoscopia: ΔP/P° = χsoluto (fração molar)
  • Todas dependem: Do número de partículas (i)

🎓 APOSTILA COMPLETA

Eletroquímica e Propriedades Coligativas
Material completo para a Prova Nacional Docente

✅ Eletroquímica
Células galvânicas e potenciais
✅ Eletrólise
Leis de Faraday e aplicações
✅ Equação de Nernst
Potenciais em condições não-padrão
✅ Propriedades Coligativas
Crioscopia, ebulioscopia e osmose

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📘 Prompt 6 – Química Orgânica (funções, reações, macromoléculas)

📘 Apostila PND Química – Química Orgânica (funções, reações, macromoléculas)

Prova Nacional Docente – Área Específica de Química

Eixo: Química Orgânica (funções, reações, macromoléculas)
Funções Orgânicas • Reações • Isomeria • Polímeros • Biomoléculas
1
Fundamentos da Química Orgânica

1.1 Características do Carbono

O carbono é o elemento fundamental da química orgânica devido às suas propriedades únicas: tetravalência, capacidade de formar ligações covalentes estáveis consigo mesmo e com outros elementos, e versatilidade para formar cadeias lineares, ramificadas e cíclicas.
⚛️ Propriedades do Carbono

Número atômico: 6

Configuração eletrônica: 1s² 2s² 2p²

Valência: 4 (tetravalente)

Hibridização: sp³, sp², sp

Eletronegatividade: 2,5 (moderada)

🔗 Tipos de Ligação

Ligação simples (σ): C-C, C-H

Ligação dupla (π): C=C, C=O

Ligação tripla: C≡C, C≡N

Estabilidade: σ > π

Comprimento: Simples > Dupla > Tripla

Carbono Primário (1°)
-CH₃
(ligado a 1 carbono)
Carbono Secundário (2°)
-CH₂-
(ligado a 2 carbonos)
Carbono Terciário (3°)
>CH-
(ligado a 3 carbonos)
Carbono Quaternário (4°)
>C<
(ligado a 4 carbonos)
🧮 Identificação de Carbonos

Estrutura: CH₃-CH₂-CH(CH₃)-CH₂-CH₃

CarbonoClassificaçãoLigações C-CHibridização
C₁ (CH₃)Primário1sp³
C₂ (CH₂)Secundário2sp³
C₃ (CH)Terciário3sp³
C₄ (CH₂)Secundário2sp³
C₅ (CH₃)Primário1sp³

1.2 Classificação das Cadeias Carbônicas

As cadeias carbônicas podem ser classificadas segundo diferentes critérios: natureza dos átomos, disposição dos átomos, tipo de ligação e presença de ciclos. Esta classificação é fundamental para compreender as propriedades e reatividade dos compostos orgânicos.
🔗 Critérios de Classificação
  • Natureza dos átomos: Homogênea (só C) ou Heterogênea (C + heteroátomos)
  • Disposição: Aberta (acíclica) ou Fechada (cíclica)
  • Saturação: Saturada (só ligações simples) ou Insaturada (duplas/triplas)
  • Ramificação: Normal (linear) ou Ramificada
Tipo de CadeiaExemploFórmulaCaracterísticas
Aberta, normal, saturadaButanoCH₃-CH₂-CH₂-CH₃Linear, só ligações simples
Aberta, ramificada, saturadaIsobutano(CH₃)₃CHCom ramificação
Aberta, normal, insaturadaButenoCH₃-CH₂-CH=CH₂Com ligação dupla
Fechada, alicíclicaCiclobutanoC₄H₈Ciclo saturado
Fechada, aromáticaBenzenoC₆H₆Ciclo com ressonância

1.3 Nomenclatura IUPAC

A nomenclatura IUPAC estabelece regras sistemáticas para nomear compostos orgânicos, garantindo que cada composto tenha um nome único e inequívoco, facilitando a comunicação científica internacional.
PREFIXO + INFIXO + SUFIXO

PREFIXO: indica ramificações
INFIXO: indica o tipo de ligação
SUFIXO: indica a função orgânica
🔢 Prefixos Numéricos
  • 1 C: met-
  • 2 C: et-
  • 3 C: prop-
  • 4 C: but-
  • 5 C: pent-
  • 6 C: hex-
  • 7 C: hept-
  • 8 C: oct-
🔗 Infixos de Ligação
  • -an-: apenas ligações simples
  • -en-: uma ligação dupla
  • -dien-: duas ligações duplas
  • -in-: uma ligação tripla
  • -diin-: duas ligações triplas
📝 Exemplo de Nomenclatura

Estrutura: CH₃-CH₂-CH(CH₃)-CH₂-CH₃

Passo 1: Cadeia principal = 5 carbonos (pentano)
Passo 2: Numeração: 1-2-3-4-5
Passo 3: Ramificação CH₃ no carbono 3
Passo 4: Apenas ligações simples (-an-)
Passo 5: Hidrocarboneto (sufixo -o)
Nome: 3-metilpentano
2
Funções Orgânicas

2.1 Hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados exclusivamente por carbono e hidrogênio. São a base de todos os combustíveis fósseis e matéria-prima fundamental da indústria petroquímica.
🛢️ ALCANOS
CₙH₂ₙ₊₂
R-CH₂-CH₂-R

Características:

  • Saturados (só ligações simples)
  • Hibridização sp³
  • Sufixo: -ano
  • Menos reativos
🔗 ALCENOS
CₙH₂ₙ
R-CH=CH-R

Características:

  • Uma ligação dupla C=C
  • Hibridização sp²
  • Sufixo: -eno
  • Reações de adição
⚡ ALCINOS
CₙH₂ₙ₋₂
R-C≡C-R

Características:

  • Uma ligação tripla C≡C
  • Hibridização sp
  • Sufixo: -ino
  • Muito reativos
💍 AROMÁTICOS
C₆H₆ (benzeno)
Anel benzênico

Características:

  • Sistema conjugado
  • Ressonância
  • Estabilidade especial
  • Substituição eletrofílica
AlcanoFórmulaP.E. (°C)Estado (25°C)Uso Principal
MetanoCH₄-162GásGás natural
EtanoC₂H₆-89GásPetroquímica
PropanoC₃H₈-42GásGLP
ButanoC₄H₁₀-0,5GásGLP, isqueiros
OctanoC₈H₁₈126LíquidoGasolina

2.2 Funções Oxigenadas

As funções oxigenadas são caracterizadas pela presença de oxigênio em sua estrutura molecular. Incluem álcoois, fenóis, éteres, aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos e ésteres.
🍷 ÁLCOOIS
R-OH
Hidroxila

Nomenclatura: -ol

Exemplo: Etanol (C₂H₅OH)

Propriedades: Polares, ligações H

🌸 FENÓIS
Ar-OH
OH no benzeno

Nomenclatura: fenol

Exemplo: Fenol (C₆H₅OH)

Propriedades: Ácidos fracos

🔗 ÉTERES
R-O-R’
Ponte de oxigênio

Nomenclatura: éter

Exemplo: Éter etílico

Propriedades: Apolares, voláteis

🍋 ALDEÍDOS
R-CHO
Carbonila terminal

Nomenclatura: -al

Exemplo: Formaldeído

Propriedades: Redutores

🧪 CETONAS
R-CO-R’
Carbonila interna

Nomenclatura: -ona

Exemplo: Acetona

Propriedades: Solventes

🍋 ÁCIDOS
R-COOH
Carboxila

Nomenclatura: ácido -óico

Exemplo: Ác. acético

Propriedades: Ácidos

🧪 Reações das Funções Oxigenadas

Oxidação do Etanol:

CH₃CH₂OH → CH₃CHO → CH₃COOH
(etanol) → (acetaldeído) → (ác. acético)

Condições:
• Oxidação branda: K₂Cr₂O₇ + H₂SO₄
• Oxidação completa: KMnO₄ + H₂SO₄

Esterificação (Ácido + Álcool):

R-COOH + R’-OH ⇌ R-COO-R’ + H₂O
(ácido) + (álcool) ⇌ (éster) + (água)

Catalisador: H₂SO₄ concentrado
Equilíbrio: Favorecido pela remoção de H₂O

2.3 Funções Nitrogenadas

As funções nitrogenadas são caracterizadas pela presença de nitrogênio em sua estrutura. Incluem aminas, amidas e nitrocompostos, sendo fundamentais em produtos farmacêuticos e biomoléculas.
🧬 AMINAS
R-NH₂ (1°)
R₂NH (2°)
R₃N (3°)

Características:

  • Derivadas da amônia
  • Básicas (recebem H⁺)
  • Odor característico
  • Solúveis em água (pequenas)
🧪 AMIDAS
R-CO-NH₂ (1°)
R-CO-NHR’ (2°)
R-CO-NR’R” (3°)

Características:

  • Derivadas de ácidos
  • Ligações peptídicas
  • Pontos de fusão altos
  • Estáveis
💥 NITROCOMPOSTOS
R-NO₂
Grupo nitro

Características:

  • Grupo nitro (-NO₂)
  • Explosivos potenciais
  • Reduzem a aminas
  • Amarelados
🧬 NITRILAS
R-C≡N
Grupo ciano

Características:

  • Ligação tripla C≡N
  • Hidrolisam a ácidos
  • Solventes
  • Síntese orgânica
CompostoFunçãoFórmulaAplicação
MetilaminaAmina 1°CH₃NH₂Síntese de pesticidas
AnilinaAmina aromáticaC₆H₅NH₂Corantes, medicamentos
UreiaAmidaCO(NH₂)₂Fertilizante, cosméticos
NitrobenzenoNitrocompostoC₆H₅NO₂Síntese de anilina
3
Isomeria e Reações Orgânicas

3.1 Isomeria Estrutural

A isomeria estrutural ocorre quando compostos têm a mesma fórmula molecular, mas diferem na conectividade dos átomos. É fundamental para compreender a diversidade de compostos orgânicos.
🔗 Isomeria de Cadeia

Diferença: Tipo de cadeia carbônica

C₄H₁₀
CH₃-CH₂-CH₂-CH₃ (normal)
(CH₃)₃CH (ramificada)

Exemplo: Butano vs Isobutano

📍 Isomeria de Posição

Diferença: Posição do grupo funcional

C₃H₈O
CH₃-CH₂-CH₂-OH (propan-1-ol)
CH₃-CH(OH)-CH₃ (propan-2-ol)

Exemplo: Álcoois isômeros

⚗️ Isomeria de Função

Diferença: Função orgânica

C₂H₆O
CH₃-CH₂-OH (álcool)
CH₃-O-CH₃ (éter)

Exemplo: Etanol vs Éter dimetílico

🧪 Tautomeria

Diferença: Equilíbrio dinâmico

CH₃-CO-CH₃ ⇌ CH₃-C(OH)=CH₂
(ceto) ⇌ (enol)

Exemplo: Tautomeria ceto-enólica

3.2 Isomeria Espacial (Estereoisomeria)

A estereoisomeria ocorre quando compostos têm a mesma conectividade atômica, mas diferem no arranjo espacial dos átomos. Inclui isomeria geométrica e óptica.
🔄 Isomeria Geométrica (Cis-Trans)

Condições:

  • Ligação dupla C=C (rotação restrita)
  • Dois grupos diferentes em cada carbono
  • Ciclos (rotação impedida)
Cis: grupos iguais do mesmo lado
Trans: grupos iguais em lados opostos
🔬 Isomeria Óptica

Carbono Assimétrico: Ligado a 4 grupos diferentes

C*
/ | \ \
A B C D
(todos diferentes)

Enantiômeros: Imagens especulares não sobreponíveis

Propriedades: Rotação óptica oposta

💊 Importância Farmacológica:

Talidomida: Enantiômero R (sedativo) vs S (teratogênico)
Ibuprofeno: Apenas enantiômero S é ativo
Quiralidade: Fundamental na ação de medicamentos

3.3 Reações Orgânicas Fundamentais

As reações orgânicas podem ser classificadas em tipos fundamentais: substituição, adição, eliminação e rearranjo. Cada tipo tem mecanismos específicos e é influenciado pela estrutura molecular.
🔄 Reações de Substituição
⚡ Substituição Nucleofílica (SN)

SN1: Mecanismo em duas etapas

R-X → R⁺ + X⁻ (lenta)
R⁺ + Nu⁻ → R-Nu (rápida)

Favorecida: Substratos 3° > 2° >> 1°

SN2: Mecanismo concertado

Nu⁻ + R-X → Nu-R + X⁻

Favorecida: Substratos 1° > 2° >> 3°
Inversão de configuração
🔥 Substituição Eletrofílica Aromática

Mecanismo geral:

Ar-H + E⁺ → Ar-E + H⁺

Etapas:
1. Formação do complexo σ
2. Eliminação de H⁺
3. Restauração da aromaticidade

Exemplos:

  • Nitração: HNO₃/H₂SO₄
  • Halogenação: Cl₂/FeCl₃
  • Sulfonação: H₂SO₄ fumegante
➕ Reações de Adição
🔗 Adição a Alcenos

Hidrogenação:

R-CH=CH-R’ + H₂ → R-CH₂-CH₂-R’
Catalisador: Pt, Pd, Ni
Adição syn (mesmo lado)

Halogenação:

R-CH=CH-R’ + X₂ → R-CHX-CHX-R’
Adição anti (lados opostos)
Teste para insaturações
⚗️ Regra de Markovnikov

Adição de HX a alcenos:

R-CH=CH₂ + HX → R-CHX-CH₃

“H vai para o carbono mais hidrogenado”
“X vai para o carbono menos hidrogenado”

Explicação: Formação do carbocátion mais estável (3° > 2° > 1°)

🧪 Síntese do Polietileno

Polimerização por adição do etileno:

n CH₂=CH₂ → [-CH₂-CH₂-]ₙ

Condições:
• Iniciador: Peróxidos ou catalisadores Ziegler-Natta
• Temperatura: 150-300°C
• Pressão: 1000-3000 atm (processo antigo)
• Catalisador: Baixa pressão (processo moderno)

Mecanismo radicalar:

Iniciação: R-O-O-R → 2 R-O•
Propagação: R-O• + CH₂=CH₂ → R-O-CH₂-CH₂•
Terminação: 2 R• → R-R
4
Macromoléculas e Polímeros

4.1 Polímeros Sintéticos

Os polímeros sintéticos são macromoléculas formadas pela repetição de unidades menores (monômeros) através de reações de polimerização. São fundamentais na indústria moderna.
➕ Polímeros de Adição

Mecanismo: Abertura de ligações duplas

Características:

  • Não há eliminação de moléculas
  • Mesma composição do monômero
  • Crescimento em cadeia
n CH₂=CHX → [-CH₂-CHX-]ₙ
🔄 Polímeros de Condensação

Mecanismo: Eliminação de moléculas pequenas

Características:

  • Eliminação de H₂O, HCl, etc.
  • Composição diferente do monômero
  • Crescimento por etapas
A-A + B-B → [-A-B-]ₙ + nXY
PolímeroMonômeroTipoAplicaçõesCódigo
Polietileno (PE)CH₂=CH₂AdiçãoSacolas, garrafas2, 4
Polipropileno (PP)CH₂=CH-CH₃AdiçãoEmbalagens, fibras5
Poliestireno (PS)CH₂=CH-C₆H₅AdiçãoIsopor, copos6
PVCCH₂=CHClAdiçãoTubos, revestimentos3
PETÁc. tereftálico + etilenoglicolCondensaçãoGarrafas, fibras1
🧪 Síntese do PET

Monômeros:

  • Ácido tereftálico: HOOC-C₆H₄-COOH
  • Etilenoglicol: HO-CH₂-CH₂-OH

Reação de polimerização:

n HOOC-C₆H₄-COOH + n HO-CH₂-CH₂-OH →
[-OC-C₆H₄-CO-O-CH₂-CH₂-O-]ₙ + 2n H₂O

Condições:
• Temperatura: 250-280°C
• Catalisador: Compostos de antimônio
• Vácuo: Para remoção de água
♻️ Reciclagem do PET:

Processo: Coleta → Separação → Lavagem → Trituração → Fusão → Novos produtos
Produtos: Novas garrafas, fibras para roupas, carpetes

4.2 Polímeros Naturais

Os polímeros naturais são macromoléculas produzidas por organismos vivos, incluindo carboidratos (celulose, amido), proteínas e ácidos nucleicos. São biodegradáveis e servem como modelos para materiais sustentáveis.
🌿 Celulose

Estrutura: β-1,4-glicose

[-C₆H₁₀O₅-]ₙ
Ligações β-glicosídicas
Cadeias lineares

Propriedades:

  • Insolúvel em água
  • Resistente mecanicamente
  • Não digerível por humanos

Aplicações: Papel, algodão, madeira

🌾 Amido

Estrutura: α-1,4-glicose

Amilose: linear
Amilopectina: ramificada
Ligações α-glicosídicas

Propriedades:

  • Solúvel em água quente
  • Digerível por humanos
  • Forma géis

Aplicações: Alimentos, bioplásticos

🧬 Proteínas

Estrutura:

  • Primária: Sequência de aminoácidos
  • Secundária: α-hélice, folha β
  • Terciária: Dobramento 3D
  • Quaternária: Múltiplas cadeias
Ligação peptídica:
-CO-NH-
(planar, estável)
🧬 Ácidos Nucleicos

DNA: Dupla hélice, bases A-T-G-C

RNA: Fita simples, bases A-U-G-C

DNA: Desoxirribose
RNA: Ribose
Ligações fosfodiéster

Funções: Armazenamento genético, síntese proteica

4.3 Biomoléculas e Aplicações

As biomoléculas são compostos orgânicos essenciais para a vida. Compreender sua estrutura e função é fundamental para medicina, biotecnologia e desenvolvimento de novos materiais.
🫒 Lipídios

Ácidos Graxos:

  • Saturados: Sem duplas ligações
  • Insaturados: Com duplas ligações
CH₃-(CH₂)ₙ-COOH
Palmítico: n=14
Oleico: C₁₈ com 1 dupla

Fosfolipídios: Cabeça polar + caudas apolares

🧬 Aminoácidos

Estrutura geral:

H₂N-CHR-COOH
(grupo amino + grupo carboxila)

Características:

  • Anfóteros: Ácido e base
  • Zwitteríon: Forma iônica interna
  • Essenciais: Não produzidos pelo corpo
🏥 Aplicações Biotecnológicas

Nanotecnologia Médica:

  • Lipossomos: Entrega direcionada de fármacos
  • Nanopartículas: Diagnóstico por imagem
  • Hidrogéis: Liberação controlada

Bioplásticos:

  • PLA: Ácido polilático (milho, cana)
  • PHA: Polihidroxialcanoatos (bactérias)
  • Amido modificado: Embalagens biodegradáveis

Engenharia de Proteínas:

  • Enzimas industriais: Detergentes, alimentos
  • Proteínas terapêuticas: Insulina, anticorpos
  • Biomateriais: Colágeno, elastina
5
Síntese Orgânica e Mecanismos

5.1 Estratégias de Síntese

A síntese orgânica envolve o planejamento e execução de sequências reacionais para construir moléculas complexas a partir de precursores mais simples. Requer compreensão de mecanismos, seletividade e análise retrossintética.
🎯 Princípios da Síntese Orgânica
  • Análise retrossintética: Trabalhar do produto final para os reagentes
  • Grupos funcionais: Identificar transformações necessárias
  • Proteção/desproteção: Mascarar grupos reativos temporariamente
  • Seletividade: Controlar regio-, estéreo- e quimiosseletividade
  • Economia atômica: Minimizar resíduos e maximizar eficiência
🔄 Interconversão de Grupos Funcionais

Oxidação:

1° álcool → aldeído → ácido
2° álcool → cetona
3° álcool → não oxida facilmente

Redução:

Ácido → aldeído → 1° álcool
Cetona → 2° álcool
Alqueno → alcano
🔗 Formação de Ligações C-C

Reações importantes:

  • Alquilação de Friedel-Crafts: Ar-H + R-X
  • Condensação aldólica: 2 aldeídos/cetonas
  • Reação de Grignard: R-MgX + C=O
  • Acoplamento de Suzuki: Ar-B + Ar-X
🧪 Síntese do Ácido Acetilsalicílico (Aspirina)

Análise retrossintética:

Aspirina ← Ácido salicílico + Anidrido acético
(produto final) ← (precursor) + (reagente de acilação)

Síntese:

C₆H₄(OH)COOH + (CH₃CO)₂O →
C₆H₄(OCOCH₃)COOH + CH₃COOH

Condições:
• Catalisador: H₃PO₄ ou H₂SO₄
• Temperatura: 85°C
• Tempo: 15 minutos

Mecanismo:

1. Ativação do anidrido pelo ácido
2. Ataque nucleofílico do OH fenólico
3. Eliminação de ácido acético
4. Formação da ligação éster

5.2 Catálise em Química Orgânica

A catálise é fundamental na química orgânica moderna, permitindo reações mais eficientes, seletivas e sustentáveis. Inclui catálise ácida/básica, organometálica, enzimática e organocatálise.
⚗️ Catálise Ácida e Básica

Catálise ácida:

  • Protonação de grupos básicos
  • Ativação de carbonilas
  • Facilitação de eliminações

Catálise básica:

  • Desprotonação de ácidos fracos
  • Ativação de nucleófilos
  • Facilitação de condensações
🏭 Catálise Organometálica

Vantagens:

  • Alta seletividade
  • Condições brandas
  • Formação de ligações C-C

Exemplos:

  • Hidrogenação: Pd, Pt, Rh
  • Metátese: Ru (Grubbs)
  • Acoplamento: Pd (Suzuki, Heck)
🧬 Catálise Enzimática

Características das enzimas:

  • Especificidade: Substrato e produto específicos
  • Eficiência: Aceleram reações até 10¹⁷ vezes
  • Condições brandas: Temperatura e pH fisiológicos
  • Regulação: Ativação/inibição por moléculas

Aplicações industriais:

EnzimaReaçãoAplicaçãoVantagem
LipasesHidrólise de ésteresDetergentes, alimentosBiodegradável
ProteasesHidrólise de proteínasDetergentes, couroEspecífica
AmilasesHidrólise de amidoPanificação, cervejaNatural
Glucose oxidaseOxidação de glucoseBiosensoresSeletiva

5.3 Química Verde e Sustentabilidade

A química verde busca desenvolver processos químicos que reduzam ou eliminem o uso e geração de substâncias perigosas, promovendo sustentabilidade ambiental e eficiência econômica.
🌱 12 Princípios da Química Verde
  • Prevenção: Evitar resíduos em vez de tratá-los
  • Economia atômica: Incorporar todos os átomos no produto final
  • Sínteses menos perigosas: Usar/gerar substâncias menos tóxicas
  • Produtos mais seguros: Preservar eficácia com menor toxicidade
  • Solventes seguros: Minimizar uso de auxiliares perigosos
  • Eficiência energética: Condições ambientais quando possível
💧 Solventes Verdes

Alternativas sustentáveis:

  • Água: Não tóxica, abundante
  • CO₂ supercrítico: Não inflamável, reciclável
  • Líquidos iônicos: Baixa volatilidade
  • Solventes bio-based: Etanol, glicerol

Vantagens: Menor toxicidade, biodegradabilidade

🔄 Processos Sustentáveis

Estratégias:

  • Catálise: Menor energia, maior seletividade
  • Microondas: Aquecimento eficiente
  • Fluxo contínuo: Menor resíduo, maior controle
  • Biocatálise: Condições brandas
🌿 Exemplos de Química Verde

Síntese do Ibuprofeno (Processo BHC):

Processo tradicional: 6 etapas, 40% economia atômica
Processo verde: 3 etapas, 77% economia atômica

Vantagens:
• Menos resíduos
• Menor uso de solventes
• Catálise com HF reciclável
• Maior eficiência

Produção de Ácido Adípico:

Processo tradicional: HNO₃ (gera N₂O)
Processo verde: H₂O₂ + catalisador

Benefícios:
• Elimina emissão de N₂O (gás estufa)
• Usa oxidante mais limpo
• Menor impacto ambiental
🎯 Métricas de Sustentabilidade:

Economia Atômica: (PM produto / Σ PM reagentes) × 100%
Fator E: kg resíduo / kg produto
PMI: Process Mass Intensity (massa total / massa produto)

6
Aplicações e Tendências Atuais

6.1 Química Medicinal

A química medicinal aplica princípios da química orgânica no design, síntese e desenvolvimento de compostos farmacêuticos. Envolve compreensão de relações estrutura-atividade, farmacocinética e toxicologia.
💊 Design de Fármacos

Estratégias:

  • Modificação molecular: Alterar estrutura de compostos ativos
  • Bioisosterismo: Substituir grupos por equivalentes
  • Pró-fármacos: Formas inativas que se ativam no organismo
  • Drug design racional: Baseado na estrutura do alvo
🎯 Relação Estrutura-Atividade (SAR)

Fatores importantes:

  • Grupos farmacóforos: Essenciais para atividade
  • Estereoquímica: Configuração espacial
  • Propriedades físico-químicas: Lipofilia, pKa
  • Flexibilidade conformacional: Adaptação ao receptor
🧬 Desenvolvimento de Antivirais

Inibidores de protease (HIV):

Estratégia: Mimetizar estado de transição
Estrutura: Peptídeo modificado com grupo não-clivável
Exemplo: Ritonavir, Saquinavir

Características:
• Alta afinidade pelo sítio ativo
• Resistência à hidrólise
• Seletividade para protease viral

Análogos de nucleosídeos:

Princípio: Competir com nucleosídeos naturais
Mecanismo: Terminação prematura da síntese de DNA/RNA
Exemplos: AZT (HIV), Aciclovir (Herpes)

Modificações:
• Substituição de grupos OH
• Alteração da base nitrogenada
• Modificação do açúcar
Classe TerapêuticaMecanismoExemploCaracterística Estrutural
Anti-inflamatóriosInibição COXAspirina, IbuprofenoÁcido carboxílico
Antibióticos β-lactâmicosInibição síntese paredePenicilina, AmoxicilinaAnel β-lactâmico
AntidepressivosInibição recaptaçãoFluoxetina, SertralinaAmina terciária
AntihistamínicosAntagonismo H1Loratadina, CetirizinaEtilamina substituída

6.2 Materiais Avançados

A química orgânica contribui para o desenvolvimento de materiais com propriedades específicas: condutores, semicondutores, materiais inteligentes e nanomateriais com aplicações em eletrônica, medicina e energia.
⚡ Polímeros Condutores

Características:

  • Sistema π conjugado
  • Dopagem para condutividade
  • Flexibilidade mecânica

Exemplos:

  • Poliacetileno: Primeiro polímero condutor
  • Polianilina: Estável ao ar
  • PEDOT: Transparente, condutor
🔬 Nanomateriais Orgânicos

Tipos:

  • Nanotubos de carbono: Propriedades excepcionais
  • Grafeno: Condutor 2D
  • Dendrímeros: Estruturas ramificadas
  • MOFs: Frameworks metal-orgânicos
🔋 Materiais para Energia

Células solares orgânicas:

Componentes:
• Doador de elétrons: Polímero conjugado
• Receptor: Fulereno (C₆₀, C₇₀)
• Eletrodos: ITO, alumínio

Vantagens:
• Processamento em solução
• Flexibilidade
• Baixo custo
• Transparência

Baterias orgânicas:

Materiais ativos:
• Quinonas: Reações redox reversíveis
• Polímeros condutores: Armazenamento de carga
• Compostos organossulfurados: Alta capacidade

Benefícios:
• Sustentabilidade
• Reciclabilidade
• Abundância de recursos

6.3 Biotecnologia e Química Orgânica

A interface entre química orgânica e biotecnologia gera inovações em medicina personalizada, agricultura sustentável e produção de materiais biológicos com propriedades sob medida.
🧬 Engenharia Metabólica

Objetivos:

  • Produção de compostos de interesse
  • Otimização de vias metabólicas
  • Síntese de moléculas não-naturais

Ferramentas:

  • CRISPR: Edição genética precisa
  • Biologia sintética: Circuitos genéticos
  • Evolução dirigida: Otimização de enzimas
🌱 Química Bio-inspirada

Conceitos:

  • Mimetizar processos naturais
  • Eficiência energética
  • Seletividade excepcional

Aplicações:

  • Fotossíntese artificial: Conversão CO₂
  • Adesivos bio-inspirados: Gecko, mexilhão
  • Materiais auto-reparadores: Sistemas biológicos
🏭 Produção Biotecnológica

Fermentação para químicos:

ProdutoMicrorganismoSubstratoAplicação
Ácido láticoLactobacillusGlucosePLA, alimentos
Ácido succínicoE. coli modificadaGlucosePolímeros, solventes
1,4-ButanodiolE. coli engenheiradaGlucosePlásticos, fibras
IsobutanolLevedura modificadaAçúcaresBiocombustível
🔬 Tendências Futuras:

Química de fluxo: Sínteses contínuas, automatizadas
IA em química: Predição de propriedades, otimização
Química sustentável: Processos carbono-neutros
Medicina personalizada: Fármacos sob medida



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