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Simulado para Técnico do Ministério Público RS: Língua Portuguesa

Simulado para Técnico do Ministério Público RS: Língua Portuguesa


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Simulado Técnico MP-RS – Língua Portuguesa

Simulado – Técnico do Ministério Público do RS

Área: Língua Portuguesa | Banca: Instituto AOCP

Tempo restante: 03:00:00

Instruções

  • Este simulado contém 30 questões de múltipla escolha sobre Língua Portuguesa.
  • Você terá 3 horas para completar o simulado.
  • Cada questão possui apenas uma alternativa correta.
  • Ao finalizar, você poderá revisar suas respostas e consultar o gabarito comentado.
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Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

1. Compreensão e interpretação de texto

A compreensão e interpretação de texto é uma das habilidades mais importantes para qualquer concurso público, pois está presente em praticamente todas as provas, independentemente da área.

Conceitos fundamentais

Compreensão textual: É o entendimento literal do texto, ou seja, aquilo que está explicitamente escrito.

Interpretação textual: É a capacidade de inferir informações que não estão explícitas no texto, mas que podem ser deduzidas a partir do contexto.

A interpretação vai além da compreensão, pois exige que o leitor estabeleça relações entre as informações do texto e seu conhecimento prévio.

Estratégias para compreensão e interpretação

  1. Leitura atenta: Leia o texto com atenção, identificando o tema central e as ideias principais.
  2. Identificação do gênero textual: Reconhecer o gênero ajuda a entender a estrutura e o propósito do texto.
  3. Análise do contexto: Observe o contexto em que as palavras e expressões são utilizadas.
  4. Identificação de palavras-chave: Localize termos que são fundamentais para a compreensão do texto.
  5. Reconhecimento da progressão textual: Observe como as ideias se desenvolvem ao longo do texto.
  6. Identificação do ponto de vista do autor: Perceba qual é a posição do autor sobre o tema abordado.

Tipos de questões comuns em provas

Ideia central

Questões que pedem para identificar o tema principal ou a ideia central do texto.

Informações explícitas

Questões que solicitam a localização de informações que estão claramente expressas no texto.

Informações implícitas

Questões que exigem a dedução de informações que não estão explícitas, mas podem ser inferidas.

Relações entre partes do texto

Questões sobre como diferentes partes do texto se relacionam entre si.

Vocabulário contextual

Questões sobre o significado de palavras ou expressões no contexto específico do texto.

Argumentação

Questões sobre os argumentos utilizados pelo autor para defender seu ponto de vista.

Exemplo prático

Texto:

A tecnologia tem transformado radicalmente a forma como nos comunicamos. Se antes era necessário esperar dias para receber uma carta, hoje podemos conversar instantaneamente com pessoas do outro lado do mundo. Essa facilidade de comunicação trouxe inúmeros benefícios, como a democratização do acesso à informação e a aproximação de pessoas distantes. No entanto, também gerou novos desafios, como a superficialidade das relações e a disseminação de notícias falsas.

Questão: De acordo com o texto, é correto afirmar que:

  1. A tecnologia prejudicou completamente as relações humanas.
  2. A comunicação instantânea só trouxe benefícios para a sociedade.
  3. A tecnologia transformou a comunicação, trazendo tanto benefícios quanto desafios.
  4. As notícias falsas são o único problema gerado pela tecnologia.
  5. A democratização do acesso à informação é um problema da era tecnológica.

Resposta: C

Explicação: O texto apresenta uma visão equilibrada sobre os impactos da tecnologia na comunicação, mencionando tanto aspectos positivos (democratização da informação, aproximação de pessoas) quanto negativos (superficialidade das relações, fake news). Portanto, a alternativa C é a única que reflete corretamente o conteúdo do texto.

Dica para o concurso: Nas questões de interpretação de texto, elimine alternativas que apresentem informações contraditórias ao texto, generalizações excessivas (como “sempre”, “nunca”, “todos”, “nenhum”) ou informações que não podem ser inferidas a partir do texto.

2. Tipologia e gêneros textuais

Tipologia textual

Tipologia textual refere-se às estruturas linguísticas e características internas que compõem um texto. São classificadas em cinco tipos principais:

TipoCaracterísticasEstruturaExemplos
NarraçãoRelata acontecimentos reais ou fictícios, com personagens, tempo e espaço definidos.Apresentação, complicação, clímax e desfecho.Romances, contos, crônicas, fábulas.
DescriçãoCaracteriza seres, objetos, ambientes ou sensações.Apresentação do objeto e suas características.Retratos, paisagens, caracterizações de personagens.
DissertaçãoExpõe, analisa e argumenta sobre um tema.Introdução, desenvolvimento e conclusão.Artigos de opinião, editoriais, ensaios.
InjunçãoOrienta, instrui ou ordena a realização de ações.Verbos no imperativo ou infinitivo.Receitas, manuais, bulas, regulamentos.
ExposiçãoApresenta informações sobre um assunto de forma objetiva.Definição, divisão, exemplificação.Verbetes de dicionário, textos didáticos.

É importante ressaltar que um mesmo texto pode apresentar mais de um tipo textual, sendo comum a predominância de um tipo sobre os outros.

Gêneros textuais

Gêneros textuais são formas relativamente estáveis de textos que circulam socialmente e que são reconhecidas por suas características sociocomunicativas. Diferentemente das tipologias, os gêneros são inúmeros e estão em constante evolução.

Principais gêneros textuais:

Gêneros literários

Romance, conto, crônica, poema, fábula, lenda, novela.

Gêneros jornalísticos

Notícia, reportagem, editorial, artigo de opinião, entrevista, resenha.

Gêneros acadêmicos

Artigo científico, monografia, dissertação, tese, resumo, resenha crítica.

Gêneros do cotidiano

Carta, e-mail, bilhete, receita, manual de instruções, bula de remédio.

Gêneros digitais

Blog, post em rede social, e-mail, chat, meme, podcast.

Gêneros publicitários

Anúncio, propaganda, folder, panfleto, cartaz.

Diferenças entre tipologia e gênero textual

Tipologia TextualGênero Textual
Limitada a cinco categoriasInúmeros e em constante evolução
Baseada em aspectos linguísticos e estruturaisBaseado em aspectos sociocomunicativos e funcionais
Construções teóricasRealizações concretas e circulação social
Sequências linguísticasTextos materializados em situações comunicativas

Exemplo prático

Texto:

“Coloque a água para ferver. Enquanto isso, descasque e pique os legumes em cubos pequenos. Quando a água estiver fervendo, adicione os legumes e deixe cozinhar por aproximadamente 15 minutos. Tempere com sal e pimenta a gosto. Sirva quente.”

Questão: O texto acima pertence a qual tipologia e gênero textual, respectivamente?

  1. Narração e conto
  2. Descrição e manual
  3. Injunção e receita
  4. Exposição e artigo
  5. Dissertação e ensaio

Resposta: C

Explicação: O texto apresenta características da tipologia injuntiva, pois orienta a realização de ações por meio de verbos no imperativo (“coloque”, “descasque”, “adicione”, “sirva”). Quanto ao gênero, trata-se de uma receita culinária, que tem como função social orientar o preparo de um alimento.

Dica para o concurso: Para identificar o gênero textual, observe a função social do texto, o suporte em que circula e suas características formais. Para identificar a tipologia, analise a estrutura linguística predominante no texto.

3. Figuras de linguagem

Figuras de linguagem são recursos estilísticos que conferem expressividade ao texto, desviando-se do uso comum da língua para criar efeitos de sentido específicos. São amplamente utilizadas tanto na linguagem literária quanto na linguagem cotidiana.

Principais categorias de figuras de linguagem

Figuras de Som

São recursos que exploram os aspectos sonoros da língua.

FiguraDefiniçãoExemplo
AliteraçãoRepetição de sons consonantais.Vozes veladas, veludosas vozes.”
AssonânciaRepetição de sons vocálicos.“Nem tento entender o que sente meu coração.”
OnomatopeiaReprodução de sons naturais por meio de palavras.“O tique-taque do relógio ecoava no silêncio.”
ParonomásiaUso de palavras com sons semelhantes, mas significados diferentes.“Eles emigraram da Europa e imigraram no Brasil.”

Figuras de Palavra

São recursos que alteram o sentido usual das palavras.

FiguraDefiniçãoExemplo
MetáforaComparação implícita entre elementos, baseada em uma relação de semelhança.“Aquele homem é um leão nos negócios.”
ComparaçãoComparação explícita entre elementos, utilizando conectivos comparativos.“Ela é rápida como uma gazela.”
MetonímiaSubstituição de uma palavra por outra, baseada em uma relação de contiguidade.“Ele leu todo o Machado de Assis.” (obra pelo autor)
CatacreseMetáfora de uso comum, já incorporada à linguagem cotidiana. da mesa”, “cabeça do prego”
SinestesiaMistura de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos.“Aquela música tinha um sabor doce.”
AntonomásiaSubstituição de um nome próprio por uma expressão que o caracterize.“O Rei do Futebol (Pelé) marcou mais de mil gols.”

Figuras de Pensamento

São recursos que expressam ideias de forma não literal, criando imagens mentais.

FiguraDefiniçãoExemplo
IroniaExpressão que transmite o contrário do que se diz literalmente.Que maravilha! Cheguei atrasado e perdi a prova.”
HipérboleExagero intencional para enfatizar uma ideia.“Já te disse um milhão de vezes para não fazer isso.”
EufemismoSuavização de uma expressão considerada desagradável ou ofensiva.“Ele partiu desta vida ontem.” (em vez de “morreu”)
Prosopopeia/PersonificaçãoAtribuição de características humanas a seres inanimados ou irracionais.“As árvores dançavam com o vento.”
AntíteseAproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.“É melhor morrer em pé do que viver de joelhos.”
ParadoxoAfirmação aparentemente contraditória, mas que contém uma verdade.É preciso se perder para se encontrar.”

Figuras de Sintaxe

São recursos que alteram a estrutura sintática normal da frase.

FiguraDefiniçãoExemplo
ElipseOmissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.“Uns [foram] para a direita, outros [foram] para a esquerda.”
ZeugmaElipse de um termo já expresso anteriormente.“Ele gosta de literatura; eu, [gosto] de música.”
PleonasmoRedundância intencional para enfatizar uma ideia.Vi com meus próprios olhos.”
AnacolutoQuebra da estrutura sintática normal da frase.As crianças, ninguém sabe o que fazer com elas.”
Hipérbato/InversãoAlteração da ordem direta dos termos da oração.Pelos campos a morte passeava.” (em vez de “A morte passeava pelos campos”)
SilepseConcordância que se faz com a ideia e não com a palavra expressa.“A maioria dos alunos chegaram atrasados.” (silepse de número)

Outras figuras importantes

FiguraDefiniçãoExemplo
AlegoriaRepresentação de uma ideia abstrata por meio de elementos concretos.“A caverna” de Platão, onde as sombras representam a ignorância humana.
GradaçãoSequência de palavras ou expressões em ordem crescente ou decrescente de intensidade.“Vim, vi, venci.” (intensidade crescente)
ApóstrofeInvocação direta a uma pessoa, entidade ou objeto personificado.Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!”

Exemplo prático

Texto:

“O tempo voa como uma flecha, enquanto as horas se arrastam como tartarugas. Os ponteiros do relógio dançam em seu círculo eterno, marcando o compasso da vida que escorre pelos nossos dedos.”

Questão: No trecho “Os ponteiros do relógio dançam em seu círculo eterno”, identifica-se a figura de linguagem:

  1. Metáfora
  2. Personificação
  3. Hipérbole
  4. Comparação
  5. Metonímia

Resposta: B

Explicação: No trecho, atribui-se aos ponteiros do relógio (objetos inanimados) a capacidade de “dançar”, que é uma ação tipicamente humana. Trata-se, portanto, de uma personificação ou prosopopeia.

Dica para o concurso: Para identificar figuras de linguagem, observe se há desvios do sentido literal das palavras, alterações na estrutura sintática normal ou exploração de aspectos sonoros. Lembre-se de que um mesmo trecho pode conter mais de uma figura de linguagem.

4. Semântica: significação de palavras e expressões

A semântica é o estudo do significado das palavras, expressões e enunciados linguísticos. Compreender os aspectos semânticos da língua é fundamental para a interpretação adequada de textos.

Conceitos fundamentais

Significado e significante: O significante é a imagem acústica ou gráfica da palavra (sua forma), enquanto o significado é o conceito ou ideia que essa forma representa.

Denotação: É o sentido objetivo, literal e dicionarizado da palavra, independente de contexto específico.

Conotação: É o sentido figurado, subjetivo ou expressivo que uma palavra adquire em determinados contextos.

Exemplo:

Denotação: “O leão é um animal carnívoro da família dos felídeos.” (sentido literal)

Conotação: “Aquele advogado é um leão na defesa de seus clientes.” (sentido figurado: pessoa corajosa, forte)

Relações semânticas

RelaçãoDefiniçãoExemplo
SinonímiaPalavras com significados semelhantes ou idênticos.casa/lar, começar/iniciar, alegre/contente
AntonímiaPalavras com significados opostos ou contrários.claro/escuro, amor/ódio, vida/morte
HomonímiaPalavras com a mesma pronúncia e/ou grafia, mas significados diferentes.manga (fruta) e manga (parte da roupa)
ParonímiaPalavras com pronúncia e grafia semelhantes, mas significados diferentes.eminente/iminente, comprimento/cumprimento
PolissemiaUma mesma palavra com vários significados relacionados entre si.“pé” (parte do corpo, base de um objeto, medida)
HiponímiaRelação de inclusão, onde um termo específico está incluído em um termo mais geral.rosa é hipônimo de flor
HiperonímiaRelação de inclusão, onde um termo geral inclui termos mais específicos.fruta é hiperônimo de maçã, banana, uva

Tipos de homônimos

Homônimos perfeitos

Mesma pronúncia e grafia, significados diferentes.

Ex: manga (fruta) e manga (parte da roupa)

Homógrafos

Mesma grafia, pronúncias diferentes, significados diferentes.

Ex: colher (verbo) e colher (substantivo)

Homófonos

Mesma pronúncia, grafias diferentes, significados diferentes.

Ex: cela/sela, sessão/seção/cessão

Campos semânticos

Campo semântico é o conjunto de palavras que se relacionam a um mesmo tema ou área de significação.

Exemplos de campos semânticos:

Campo semântico de “escola”: professor, aluno, caderno, lápis, aula, prova, estudar.

Campo semântico de “hospital”: médico, enfermeiro, paciente, remédio, cirurgia, tratamento.

Campo semântico de “justiça”: juiz, advogado, tribunal, lei, processo, sentença, júri.

Ambiguidade

A ambiguidade ocorre quando uma palavra, expressão ou enunciado permite mais de uma interpretação. Pode ser:

Ambiguidade lexical: Causada por palavras com mais de um significado (homônimos ou polissêmicos).

“Ele foi ao banco.” (instituição financeira ou assento?)

Ambiguidade sintática: Causada pela estrutura sintática da frase.

“Pedro viu o menino com o telescópio.” (Quem estava com o telescópio: Pedro ou o menino?)

Exemplo prático

Texto:

“O advogado defendeu o réu com ardor. Sua argumentação foi tão brilhante que impressionou a todos no tribunal.”

Questão: No contexto do texto, a palavra “ardor” significa:

  1. Calor intenso
  2. Inflamação dolorosa
  3. Entusiasmo, paixão
  4. Queimação
  5. Febre alta

Resposta: C

Explicação: No contexto do texto, que trata da atuação de um advogado em um tribunal, a palavra “ardor” está sendo usada no sentido conotativo de “entusiasmo” ou “paixão”, indicando que o advogado defendeu o réu com grande empenho e dedicação.

Dica para o concurso: Nas questões sobre semântica, sempre considere o contexto em que a palavra ou expressão está inserida, pois é ele que determina o sentido específico em que está sendo usada. Fique atento também às relações de sentido entre palavras e expressões dentro do texto.

5. Relações de sinonímia e de antonímia

As relações de sinonímia e antonímia são fundamentais para a compreensão e produção de textos, pois permitem a variação vocabular e a construção de contrastes semânticos.

Sinonímia

Sinonímia é a relação de semelhança de significado entre duas ou mais palavras. Sinônimos são palavras de sentido igual ou aproximado que podem, em alguns contextos, ser substituídas uma pela outra sem alterar substancialmente o significado da frase.

É importante ressaltar que a sinonímia perfeita (palavras com exatamente o mesmo significado em todos os contextos) é rara na língua portuguesa. Geralmente, os sinônimos apresentam nuances de significado ou são adequados a contextos específicos.

Exemplos de sinônimos:

  • casa, lar, residência, moradia, habitação
  • alegre, contente, feliz, satisfeito, jubiloso
  • falar, dizer, comunicar, expressar, pronunciar
  • inteligente, esperto, sagaz, perspicaz, astuto
  • bonito, belo, formoso, lindo, vistoso

Fatores que influenciam o uso de sinônimos:

  1. Contexto: O contexto determina qual sinônimo é mais adequado.
  2. Registro linguístico: Alguns sinônimos são mais formais ou informais que outros.
  3. Regionalismo: Alguns sinônimos são mais comuns em determinadas regiões.
  4. Intensidade: Sinônimos podem expressar diferentes graus de intensidade.
  5. Conotação: Sinônimos podem ter conotações positivas, negativas ou neutras.

Exemplo de uso contextual de sinônimos:

– “O médico examinou o paciente.” (contexto formal)

– “O doutor examinou o paciente.” (contexto semiformal)

– “O esculápio examinou o paciente.” (contexto literário ou erudito)

Antonímia

Antonímia é a relação de oposição de significado entre duas palavras. Antônimos são palavras que expressam ideias contrárias ou opostas.

Tipos de antonímia:

TipoDefiniçãoExemplos
Antonímia complementarA negação de um termo implica a afirmação do outro, sem gradação intermediária.vivo/morto, presente/ausente, verdadeiro/falso
Antonímia gradualExiste uma gradação entre os termos opostos.quente/frio, grande/pequeno, jovem/velho
Antonímia recíprocaUm termo pressupõe a existência do outro em uma relação de reciprocidade.comprar/vender, dar/receber, ensinar/aprender

Exemplos de antônimos:

  • amor/ódio
  • claro/escuro
  • alegria/tristeza
  • riqueza/pobreza
  • início/fim
  • entrada/saída
  • construir/destruir
  • aceitar/rejeitar

Importância das relações de sinonímia e antonímia na construção textual

  1. Coesão textual: O uso de sinônimos evita repetições desnecessárias, tornando o texto mais fluido.
  2. Precisão semântica: A escolha do sinônimo adequado permite expressar nuances de significado.
  3. Contraste de ideias: Os antônimos são fundamentais para estabelecer oposições e contrastes.
  4. Argumentação: Tanto sinônimos quanto antônimos são recursos importantes na construção de argumentos.
  5. Estilo: A variação vocabular por meio de sinônimos enriquece o estilo do texto.

Cuidados no uso de sinônimos e antônimos

Atenção: Nem sempre é possível substituir uma palavra por seu sinônimo sem alterar o sentido da frase. É preciso considerar o contexto e as nuances de significado.

Exemplos de substituições inadequadas:

– “Ele assistiu ao filme.” (= viu o filme)

– “Ele auxiliou ao filme.” (incorreto, pois “assistir” no sentido de “ver” não é sinônimo de “auxiliar”)


– “Ela tem um temperamento forte.” (conotação neutra ou positiva)

– “Ela tem um temperamento agressivo.” (conotação negativa)

Exemplo prático

Texto:

“A economia do país cresceu no primeiro trimestre, mas declinou nos meses seguintes. Os analistas preveem uma recuperação lenta, enquanto os pessimistas acreditam que a recessão continuará.”

Questão 1: No texto, um antônimo para a palavra “cresceu” é:

  1. aumentou
  2. expandiu
  3. declinou
  4. desenvolveu
  5. progrediu

Resposta: C

Explicação: A palavra “declinou” expressa ideia contrária a “cresceu”, indicando diminuição ou queda, enquanto “cresceu” indica aumento ou expansão.

Questão 2: No texto, um sinônimo para a palavra “pessimistas” é:

  1. otimistas
  2. céticos
  3. analistas
  4. especialistas
  5. economistas

Resposta: B

Explicação: No contexto do texto, “céticos” pode ser considerado um sinônimo de “pessimistas”, pois ambos se referem a pessoas que têm uma visão negativa ou desconfiada sobre a situação econômica.

Dica para o concurso: Nas questões sobre sinonímia e antonímia, sempre considere o contexto em que a palavra está inserida. Uma palavra pode ter vários sinônimos e antônimos, mas apenas alguns serão adequados ao contexto específico do texto.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

6. Ortografia

A ortografia é o conjunto de regras que orientam a escrita correta das palavras de uma língua. No português brasileiro, a ortografia é regulamentada pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que entrou em vigor no Brasil em 2009.

Principais dificuldades ortográficas

Uso de S, Z, X, C, Ç, SC, XC, SS

Uso do S:

  • Após ditongo: coisa, lousa, causa
  • Nos sufixos -ês, -esa (adjetivos pátrios): português, francesa
  • Nos sufixos -oso, -osa: carinhoso, gostosa
  • Nos sufixos -ense (gentílicos): canadense, paranaense
  • Após as sílabas iniciais ab-, ad-, ob-, sub-: absurdo, adversário, observar, subsídio

Uso do Z:

  • Nos sufixos -ez, -eza (substantivos abstratos): rapidez, beleza
  • Nos sufixos -izar (verbos): organizar, finalizar
  • Em palavras derivadas cujo primitivo já tem Z: deslize (de deslizar)

Uso do X:

  • Após ditongo: caixa, peixe, ameixa
  • Após a sílaba inicial en-: enxada, enxoval, enxergar
  • Após a sílaba inicial me-: mexer, mexerica
  • Em palavras de origem indígena ou africana: xavante, xingar, xará

Uso do Ç:

  • Nunca no início de palavras
  • Nunca antes de e, i: cedo, cidade
  • Em substantivos derivados com os sufixos -ção, -çar: comunicação, começar

Uso do SS:

  • Quando a palavra primitiva já tem SS: confissão (confessar)
  • Após vogal com som de /s/: pássaro, assado
  • Nos sufixos -asse, -esse, -isse (subjuntivo): falasse, comesse, partisse

Exemplos:

Exceção Usa-se Ç após vogal e antes de Ã
Essência Usa-se SS após vogal com som de /s/
Enxame Usa-se X após a sílaba inicial en-

Uso de G e J

Uso do G:

  • Nas palavras derivadas de outras que já têm G: engessar (de gesso)
  • Nos substantivos terminados em -agem, -igem, -ugem: viagem, origem, ferrugem
  • Nos verbos terminados em -ger, -gir: proteger, dirigir
  • Nas palavras de origem germânica: guerra, guia, guitarra

Uso do J:

  • Nas palavras de origem tupi, africana, árabe: jiboia, jenipapo, jararaca
  • Nas formas verbais derivadas de verbos com J: arranjei (de arranjar)
  • Nas palavras derivadas de outras que já têm J: lojista (de loja)

Exemplos:

Viagem Substantivo terminado em -agem, usa-se G
Jeitoso Derivado de “jeito”, mantém o J
Geladeira Derivado de “gelo”, mantém o G

Uso do H inicial

O H inicial é uma letra muda em português, ou seja, não representa nenhum som. Seu uso é determinado pela etimologia (origem) da palavra.

Palavras com H inicial:

  • Palavras de origem latina: hábito, herança, história, homem, humor
  • Palavras de origem grega: harmonia, hélice, hemisfério, hipótese
  • Interjeições: hein, hem, hum

Palavras sem H inicial:

  • erva (não “herva”)
  • ojeriza (não “hojeriza”)
  • umidade (não “humidade”)
  • ombro (não “hombro”)

O H também aparece nos dígrafos CH, LH, NH, PH (este último foi eliminado pelo Acordo Ortográfico de 1990, sendo substituído por F).

Exemplos:

Hoje Palavra de origem latina (hodie), mantém o H inicial
Harmonia Palavra de origem grega (harmonía), mantém o H inicial

Homófonos não homógrafos

São palavras com a mesma pronúncia, mas com grafias e significados diferentes.

HomófonosSignificados
acento / assentosinal gráfico / lugar para sentar
acerca / a cerca / há cercaa respeito de / próximo à cerca / existe cerca
caçar / cassarperseguir animais / anular, invalidar
cessão / sessão / seçãoato de ceder / reunião / divisão, departamento
concerto / consertoapresentação musical / reparo
eminente / iminenteilustre, elevado / prestes a acontecer
espiar / expiarobservar secretamente / pagar por uma culpa
há / averbo haver / preposição
senso / censojuízo, entendimento / recenseamento
vês / vezverbo ver / ocasião, turno

Exemplos em frases:

– Ele foi caçar na floresta. / O juiz vai cassar o mandato do político.

– Fiz um concerto de piano. / O mecânico fez o conserto do carro.

muitos livros na biblioteca. / Vou a biblioteca.

Mudanças do Acordo Ortográfico de 1990

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 trouxe algumas mudanças importantes na ortografia:

Trema

Foi eliminado completamente: linguiça (não mais lingüiça), frequente (não mais freqüente).

Hífen

Regras simplificadas para uso com prefixos: antissocial, contraindicado, microondas.

Acentuação

Eliminação do acento diferencial em palavras como para (verbo) e pelo (substantivo).

Alfabeto

Inclusão das letras K, W e Y no alfabeto oficial português.

Regras para uso do hífen

Usa-se hífen:

  1. Com os prefixos ex-, vice-, sem-, além-, aquém-, recém-, pós-, pré-, pró- (quando tônicos): ex-aluno, vice-presidente, sem-terra
  2. Com prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas pela mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas
  3. Com prefixos terminados em r + palavras iniciadas por r: hiper-realista, super-resistente
  4. Com prefixos terminados em b + palavras iniciadas por b: sub-bibliotecário
  5. Em palavras compostas sem elemento de ligação: guarda-chuva, arco-íris

Não se usa hífen:

  1. Com prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas por consoante diferente: antissocial, ultramoderno
  2. Com prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas por vogal diferente: autoestima, extraescolar
  3. Com o prefixo co-, mesmo quando a palavra seguinte começa com o: coordenar, cooperar
  4. Com o prefixo re-, mesmo quando a palavra seguinte começa com e: reescrever, reelaborar

Dica para o concurso: Uma boa estratégia para memorizar as regras ortográficas é criar listas de palavras problemáticas e revisá-las regularmente. Também é útil ler bastante e prestar atenção à grafia das palavras.

Exercício prático

Teste seus conhecimentos

1. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas corretamente:

  • a) excessão, previlégio, beneficiente, entertido
  • b) exceção, privilégio, beneficente, entretido
  • c) exceção, privilégio, beneficiente, entertido
  • d) excessão, previlégio, beneficente, entretido
  • e) exceção, previlégio, beneficente, entertido

A grafia correta é: exceção (com “c” e “ç”), privilégio (com “i” após o “pr”), beneficente (sem “i” após o “c”) e entretido (com “tre”).

2. Assinale a alternativa em que o hífen foi usado corretamente em todas as palavras:

  • a) anti-social, contra-indicação, super-homem
  • b) anti-social, contraindicação, super-homem
  • c) antissocial, contraindicação, super-homem
  • d) antissocial, contra-indicação, superhomem
  • e) anti-social, contraindicação, superhomem

Segundo o Acordo Ortográfico, usa-se “antissocial” (sem hífen, pois o prefixo termina em vogal e a palavra começa com consoante diferente), “contraindicação” (sem hífen, pelo mesmo motivo) e “super-homem” (com hífen, pois o prefixo termina em r e a palavra começa com h).

7. Acentuação gráfica

A acentuação gráfica no português segue regras específicas que determinam quais palavras devem receber acento e em qual sílaba. Essas regras são baseadas principalmente na tonicidade das palavras e na posição da sílaba tônica.

Classificação das palavras quanto à tonicidade

Oxítonas

Palavras com a última sílaba tônica: ca, japão, anel

Paroxítonas

Palavras com a penúltima sílaba tônica: casa, livro, pis

Proparoxítonas

Palavras com a antepenúltima sílaba tônica: dico, gina, último

Regras de acentuação

Acentuação das oxítonas

Regra geral: Acentuam-se as oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em, ens.

Exemplos:

  • Terminadas em a(s): sofá, maracujá, cajás
  • Terminadas em e(s): café, você, inglês, portugueses
  • Terminadas em o(s): avô, cipó, robôs
  • Terminadas em em: armazém, também, parabéns
  • Terminadas em ens: parabéns, reféns

Observações:

  • Não se acentuam as oxítonas terminadas em i(s), u(s), r, l, z, x: partir, funil, nariz, feliz, capuz
  • Os monossílabos tônicos seguem a mesma regra das oxítonas: pá, pé, pó, mês

Acentuação das paroxítonas

Regra geral: Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ps, ã(s), ão(s), i(s), us, um, uns, on(s), ditongo oral ou nasal.

Exemplos:

  • Terminadas em l: fácil, amável, difícil
  • Terminadas em n: hífen, pólen, éden
  • Terminadas em r: açúcar, caráter, revólver
  • Terminadas em x: tórax, látex, fênix
  • Terminadas em ps: bíceps, fórceps
  • Terminadas em ã(s): órfã, ímã, ímãs
  • Terminadas em ão(s): órgão, sótão, órgãos
  • Terminadas em i(s): táxi, júri, lápis
  • Terminadas em us: vírus, bônus, Vênus
  • Terminadas em um, uns: álbum, fórum, álbuns
  • Terminadas em on(s): próton, nêutron, elétrons
  • Terminadas em ditongo: água, série, história

Observações:

  • Não se acentuam as paroxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s), em, ens: casa, casas, parede, paredes, livro, livros, homem, homens

Acentuação das proparoxítonas

Regra geral: Todas as proparoxítonas são acentuadas, sem exceção.

Exemplos:

  • médico, página, lâmpada, árvore, pêssego
  • técnico, máquina, música, último, pálido
  • ônibus, óculos, pérola, cérebro, fósforo
  • matemática, política, gramática, histórico
  • específico, magnífico, científico, analítico

Outros casos de acentuação

1. Acento diferencial:

Após o Acordo Ortográfico de 1990, foram mantidos apenas alguns acentos diferenciais:

  • pôr (verbo) x por (preposição)
  • pôde (pretérito perfeito do indicativo) x pode (presente do indicativo)
  • têm, vêm (3ª pessoa do plural) x tem, vem (3ª pessoa do singular)
  • Facultativo em: fôrma (molde) x forma

2. Ditongos abertos:

Acentuam-se os ditongos abertos éi, éu, ói quando estiverem em palavras oxítonas:

  • chapéu, céu, troféu, anéis, papéis
  • herói, anzóis, dói

Não se acentuam mais os ditongos abertos em palavras paroxítonas: ideia (não mais idéia), assembleia (não mais assembléia), heroico (não mais heróico).

3. Hiatos:

Acentuam-se o i e o u tônicos em hiato quando formarem sílaba sozinhos ou com s e estiverem na penúltima sílaba:

  • sa-ú-de, ba-ú, ra-í-zes, ju-í-zo

Exceções: quando o i ou u vierem depois de ditongo: fei-u-ra, boi-u-no

4. Trema:

O trema foi completamente eliminado das palavras da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico de 1990:

  • Antes: freqüência, lingüiça, agüentar, tranqüilo
  • Agora: frequência, linguiça, aguentar, tranquilo

Mudanças na acentuação com o Acordo Ortográfico de 1990

Antes do AcordoDepois do AcordoRegra
idéia, assembléiaideia, assembleiaEliminação do acento em ditongos abertos em paroxítonas
pára (verbo), péla (substantivo)para, pelaEliminação de acentos diferenciais
pêlo (substantivo), pêra (fruta)pelo, peraEliminação de acentos diferenciais
heróico, paranóicoheroico, paranoicoEliminação do acento em ditongos abertos em paroxítonas
lingüiça, freqüêncialinguiça, frequênciaEliminação do trema
vôo, enjôovoo, enjooEliminação do acento em hiatos oo

Dica para o concurso: Para memorizar as regras de acentuação, é útil criar listas de palavras por categoria (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas) e praticar a identificação da sílaba tônica. Lembre-se de que todas as proparoxítonas são acentuadas, o que facilita a identificação.

Exercício prático

Teste seus conhecimentos

1. Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente acentuadas:

  • a) idéia, heróico, jóia, paranóico
  • b) ideia, heroico, joia, paranoico
  • c) ideia, heróico, jóia, paranoico
  • d) idéia, heroico, joia, paranóico
  • e) ideia, heroico, jóia, paranoico

Após o Acordo Ortográfico de 1990, os ditongos abertos “éi”, “éu” e “ói” não são mais acentuados em palavras paroxítonas. Portanto, as formas corretas são: ideia, heroico, joia e paranoico.

2. Assinale a alternativa que apresenta a justificativa correta para a acentuação da palavra “lâmpada”:

  • a) É acentuada por ser uma oxítona terminada em “a”.
  • b) É acentuada por ser uma paroxítona terminada em “a”.
  • c) É acentuada por ser uma proparoxítona.
  • d) É acentuada para diferenciar do verbo “lampada”.
  • e) É acentuada por conter um hiato.

A palavra “lâmpada” é uma proparoxítona (a antepenúltima sílaba é tônica: LÂM-pa-da) e, de acordo com as regras de acentuação, todas as proparoxítonas são acentuadas sem exceção.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

8. Uso da crase

A crase é o fenômeno fonético que consiste na fusão de duas vogais idênticas, representada pelo acento grave (`). Na língua portuguesa, a crase ocorre especificamente na junção da preposição “a” com o artigo feminino “a” ou com os pronomes demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo”.

Regras básicas para o uso da crase

Casos de crase obrigatória

  1. Antes de palavras femininas: quando houver a junção da preposição “a” com o artigo definido “a”.

    Fui à escola. (Fui a + a escola)

    Voltei à noite. (Voltei a + a noite)

  2. Antes de nomes de lugar: quando o nome de lugar for feminino e estiver determinado.

    Vou à França. (Vou a + a França)

    Mas: Vou a Paris. (Paris não admite artigo em português)

  3. Antes dos pronomes demonstrativos: aquela(s), aquele(s), aquilo.

    Refiro-me àquela professora. (a + aquela)

  4. Antes de locuções: adverbiais, prepositivas e conjuntivas femininas.

    À tarde, iremos ao cinema.

    Fizemos tudo às pressas.

  5. Na indicação de horas:

    Chegarei às 8 horas.

Dica: Para verificar se ocorre crase antes de substantivos femininos, substitua o termo feminino por um masculino equivalente. Se aparecer “ao”, é sinal de que há crase.

Exemplo: “Fui à escola” → “Fui ao colégio” (há crase)

Casos em que a crase é proibida

  1. Antes de palavras masculinas:

    Refiro-me a um amigo. (não há artigo feminino)

  2. Antes de verbos:

    Comecei a estudar para o concurso.

  3. Antes de pronomes pessoais: exceto “ela(s)”.

    Refiro-me a você.

  4. Antes de artigos indefinidos: um, uma, uns, umas.

    Refiro-me a uma aluna. (não há artigo definido)

  5. Antes de numerais cardinais:

    Refiro-me a duas alunas.

Atenção: Não se usa crase antes de palavras no plural precedidas de “a” singular.

Exemplo: “Refiro-me a alunas aplicadas.” (a + alunas → não há crase)

Casos de crase facultativa

  1. Antes de pronomes possessivos femininos:

    Refiro-me a/à sua irmã.

  2. Antes de nomes próprios femininos de pessoa:

    Entreguei o presente a/à Maria.

  3. Após a preposição “até”:

    Fui até a/à escola.

Embora a crase seja facultativa nesses casos, em situações formais e em concursos públicos, recomenda-se o uso da crase para demonstrar conhecimento da norma culta.

Expressões com crase

Locuções adverbiais femininas

à beça, à deriva, à direita, à esquerda, à espera, à força, à frente, à noite, à tarde, às pressas, às vezes

Expressões sem crase

a bordo, a cavalo, a pé, a prazo, a princípio, a propósito, a rigor, a tempo, face a face, lado a lado

9. Fonética e Fonologia

A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que estudam os sons da fala. Enquanto a Fonética se ocupa dos aspectos físicos e articulatórios dos sons, a Fonologia estuda como esses sons se organizam e funcionam dentro de um sistema linguístico.

9.1. Som e fonema

Som (Fone)

É a realização concreta, física e material da fala, produzida pelo aparelho fonador humano.

Os sons são estudados pela Fonética.

São representados entre colchetes: [a], [b], [k].

Fonema

É a menor unidade sonora distintiva de uma língua, capaz de distinguir significados.

Os fonemas são estudados pela Fonologia.

São representados entre barras: /a/, /b/, /k/.

Para entender melhor a diferença entre som e fonema, observe o exemplo:

Na palavra “casa”, temos quatro letras (c-a-s-a) e quatro fonemas (/k/, /a/, /z/, /a/).

Já na palavra “táxi”, temos quatro letras (t-á-x-i) e cinco fonemas (/t/, /a/, /k/, /s/, /i/), pois a letra “x” representa dois fonemas: /k/ e /s/.

Fonemas do português brasileiro

O português brasileiro possui:

  • 19 fonemas consonantais
  • 7 fonemas vocálicos orais
  • 5 fonemas vocálicos nasais

9.2. Encontros vocálicos

Os encontros vocálicos ocorrem quando duas ou mais vogais aparecem juntas em uma palavra. Podem ser classificados em:

Ditongo

Encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) na mesma sílaba.

Exemplos: pai, céu, mau, herói

Tritongo

Encontro de uma semivogal, uma vogal e outra semivogal, na mesma sílaba.

Exemplos: Paraguai, saguão, quão

Hiato

Encontro de duas vogais em sílabas diferentes.

Exemplos: sa-ú-de, po-e-ta, ba-ú

Classificação dos ditongos

Ditongo crescente

Ocorre quando a semivogal vem antes da vogal (semivogal + vogal).

Exemplos:

Água [á-gwa] – semivogal [w] + vogal [a]
Série [sé-rje] – semivogal [j] + vogal [e]

Ditongo decrescente

Ocorre quando a vogal vem antes da semivogal (vogal + semivogal).

Exemplos:

Pai [paj] – vogal [a] + semivogal [j]
Céu [séw] – vogal [é] + semivogal [w]

9.3. Encontros consonantais

Os encontros consonantais ocorrem quando duas ou mais consoantes aparecem juntas em uma palavra, sem vogal intermediária. Podem ser classificados em:

Encontro consonantal perfeito

Quando as consoantes pertencem à mesma sílaba.

Exemplos: pra-to, blo-co, cla-ro

Encontro consonantal imperfeito

Quando as consoantes pertencem a sílabas diferentes.

Exemplos: af-ta, op-tar, ad-vo-ga-do

Tipos de encontros consonantais

Encontro consonantal inicial

Ocorre no início da palavra.

Exemplos: Prato (PR), Bloco (BL), Cravo (CR)

Encontro consonantal medial

Ocorre no meio da palavra.

Exemplos: Aplicar (PL), Advogado (DV), Afta (FT)

Encontro consonantal final

Ocorre no final da palavra.

Exemplos: Perspectiva (CT), Ritmo (TM)

9.4. Dígrafos

Dígrafos são conjuntos de duas letras que representam um único fonema (som). Diferem dos encontros consonantais, pois nestes cada consoante mantém seu som próprio.

Tipos de dígrafos

Dígrafos consonantais

São formados por duas consoantes que representam um único fonema consonantal.

ch → /ʃ/ → chave, chuva

lh → /ʎ/ → palha, alho

nh → /ɲ/ → ninho, manhã

rr → /R/ → carro, terra

ss → /s/ → pássaro, assado

qu (seguido de e, i) → /k/ → queijo, quilo

gu (seguido de e, i) → /g/ → guerra, guitarra

Dígrafos vocálicos

São formados por uma consoante (m ou n) e uma vogal, representando um único fonema vocálico nasal.

am, an → /ã/ → campo, canto

em, en → /ẽ/ → tempo, vento

im, in → /ĩ/ → limpo, tinta

om, on → /õ/ → pomba, tonto

um, un → /ũ/ → mundo, fundo

Observe que, nos dígrafos vocálicos, o m ou n não são pronunciados como consoantes, mas servem para indicar a nasalização da vogal anterior.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar a diferença entre dígrafos e encontros consonantais. Lembre-se: no dígrafo, as duas letras representam um único som; no encontro consonantal, cada consoante mantém seu som próprio.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

10. Morfologia: Classes de Palavras

A Morfologia é a parte da gramática que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras. Na língua portuguesa, as palavras são agrupadas em dez classes gramaticais, divididas em dois grandes grupos: classes variáveis e classes invariáveis.

Classes Variáveis

São aquelas que sofrem flexões de gênero, número, grau, pessoa, tempo, modo ou voz.

Exemplos: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo.

Classes Invariáveis

São aquelas que não sofrem flexões, mantendo sempre a mesma forma.

Exemplos: advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

10.1. Classes Variáveis

Substantivo

É a classe de palavras que nomeia seres, objetos, lugares, sentimentos, estados, qualidades, ações e conceitos.

Classificação dos substantivos

Quanto à significação

Comum nomeia seres da mesma espécie (casa, livro)

Próprio nomeia seres específicos (Brasil, Maria)

Concreto nomeia seres reais ou imaginários (mesa, fada)

Abstrato nomeia ações, estados e qualidades (amor, beleza)

Coletivo nomeia conjunto de seres (cardume, multidão)

Quanto à formação

Primitivo não deriva de outra palavra (pedra)

Derivado deriva de outra palavra (pedreiro)

Simples formado por um radical (casa)

Composto formado por mais de um radical (guarda-chuva)

Flexões do substantivo

Gênero

Masculino: o livro, o lápis

Feminino: a casa, a caneta

Comum de dois gêneros: o/a estudante

Sobrecomum: a criança (masc. e fem.)

Epiceno: a cobra (macho e fêmea)

Número

Singular: casa, papel, lápis

Plural: casas, papéis, lápis

Regras especiais:

– Terminados em -ão: mão → mãos, pão → pães

– Terminados em -r, -z: flor → flores, luz → luzes

Grau

Normal: casa, livro

Aumentativo: casarão, livrão

Diminutivo: casinha, livrinho

Exemplos de emprego no texto:

“O promotor apresentou as provas ao juiz.”

“A justiça é um valor fundamental para a sociedade.”

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar a classificação dos substantivos quanto à significação (concreto/abstrato) e a formação do plural de substantivos compostos.

Adjetivo

É a classe de palavras que caracteriza, qualifica ou determina o substantivo, indicando-lhe qualidade, característica, estado ou condição.

Classificação dos adjetivos

Quanto à formação

Simples formado por um radical (belo, grande)

Composto formado por mais de um radical (azul-marinho)

Primitivo não deriva de outra palavra (feliz)

Derivado deriva de outra palavra (felizmente)

Locução adjetiva

É um conjunto de palavras com valor de adjetivo.

Exemplos:

de ouro = áureo

de criança = infantil

de chuva = pluvial

de cabelo = capilar

Flexões do adjetivo

Gênero

Biformes: variam em gênero (bonito/bonita)

Uniformes: não variam em gênero (feliz, grande)

Número

Singular: bonito, feliz

Plural: bonitos, felizes

Grau

Comparativo:

– Igualdade: tão bonito quanto

– Superioridade: mais bonito que

– Inferioridade: menos bonito que

Superlativo:

– Absoluto: muito bonito, bonitíssimo

– Relativo: o mais bonito de todos

Exemplos de emprego no texto:

“O novo promotor apresentou convincentes argumentos no processo criminal.”

“A sentença foi justa e necessária para a resolução do caso.”

Observação: Adjetivos pátrios (gentílicos) indicam nacionalidade, procedência ou origem: brasileiro, paulista, europeu.

Artigo

É a classe de palavras que antecede o substantivo, determinando-o ou indeterminando-o. Concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere.

Artigo Definido

Determina o substantivo de maneira precisa, específica.

Masculino: o, os

Feminino: a, as

Exemplo: O processo foi arquivado.

Artigo Indefinido

Indetermina o substantivo, referindo-se a ele de modo vago, impreciso.

Masculino: um, uns

Feminino: uma, umas

Exemplo: Um promotor foi designado para o caso.

Funções do artigo

  1. Determinação: “O livro está sobre a mesa.” (um livro específico)
  2. Indeterminação: “Um livro foi publicado recentemente.” (qualquer livro)
  3. Generalização: “O homem é mortal.” (todos os homens)
  4. Substantivação: “O belo nem sempre é útil.” (transforma adjetivo em substantivo)

Exemplos de emprego no texto:

O juiz analisou os documentos apresentados por um advogado.”

As provas foram anexadas ao processo por uma testemunha.”

Atenção: O uso ou a omissão do artigo pode alterar o sentido da frase:

“Maria é professora.” (profissão)

“Maria é a professora.” (identificação específica)

Numeral

É a classe de palavras que indica quantidade, ordem, multiplicação ou fração em relação aos seres.

Numeral Cardinal

Indica quantidade exata.

Exemplos: um, dois, três, vinte, cem

Três testemunhas foram ouvidas.”

Numeral Ordinal

Indica ordem, posição.

Exemplos: primeiro, segundo, terceiro

“Este é o segundo processo do dia.”

Numeral Multiplicativo

Indica multiplicação.

Exemplos: dobro, triplo, quádruplo

“O valor da multa é o dobro do previsto.”

Numeral Fracionário

Indica fração, divisão.

Exemplos: meio, terço, quarto

Um terço dos processos foi analisado.”

Exemplos de emprego no texto:

Dois promotores analisaram o primeiro caso do dia.”

“O juiz determinou que o réu pagasse o triplo do valor devido, sendo metade imediatamente.”

Observação: Numerais podem funcionar como adjetivos quando caracterizam substantivos: “O segundo candidato foi aprovado.”

Pronome

É a classe de palavras que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a pessoa do discurso ou situando-a no espaço e no tempo.

Pronomes Pessoais

Retos: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas

Oblíquos: me, te, se, o/a, lhe, nos, vos, se, os/as, lhes

De tratamento: você, senhor, vossa excelência

Pronomes Possessivos

meu(s), minha(s), teu(s), tua(s), seu(s), sua(s), nosso(s), nossa(s), vosso(s), vossa(s)

Pronomes Demonstrativos

este(s), esta(s), isto, esse(s), essa(s), isso, aquele(s), aquela(s), aquilo

Pronomes Relativos

que, quem, o qual, a qual, os quais, as quais, cujo(s), cuja(s), quanto(s), quanta(s), onde

Pronomes Indefinidos

algum, nenhum, todo, muito, pouco, certo, outro, qualquer, alguém, ninguém, tudo, nada, cada

Pronomes Interrogativos

que, quem, qual, quais, quanto(s), quanta(s)

Exemplos de emprego no texto:

Ele apresentou sua defesa ao juiz, que analisou todos os argumentos.”

Nós revisamos o processo cujas páginas estavam danificadas.”

Atenção: A banca AOCP costuma explorar a classificação dos pronomes e seu emprego adequado, especialmente os pronomes relativos e demonstrativos.

Verbo

É a classe de palavras que expressa ação, estado, fenômeno da natureza ou mudança de estado. Flexiona-se em pessoa, número, tempo, modo e voz.

Flexões verbais

Pessoa e Número

1ª pessoa singular: eu falo

2ª pessoa singular: tu falas

3ª pessoa singular: ele/ela fala

1ª pessoa plural: nós falamos

2ª pessoa plural: vós falais

3ª pessoa plural: eles/elas falam

Tempo

Presente: falo, falas, fala…

Pretérito:

– Perfeito: falei, falaste…

– Imperfeito: falava, falavas…

– Mais-que-perfeito: falara, falaras…

Futuro:

– Do presente: falarei, falarás…

– Do pretérito: falaria, falarias…

Modo

Indicativo: expressa certeza (falo, falei)

Subjuntivo: expressa dúvida, possibilidade (fale, falasse)

Imperativo: expressa ordem, pedido (fala, falai)

Formas Nominais

Infinitivo: falar

Gerúndio: falando

Particípio: falado

Voz

Ativa: O juiz julgou o caso.

Passiva: O caso foi julgado pelo juiz.

Reflexiva: O réu defendeu-se.

Classificação dos verbos

Quanto à predicação

Intransitivo não exige complemento (O bebê dormiu.)

Transitivo direto exige objeto direto (Ele comprou um livro.)

Transitivo indireto exige objeto indireto (Ele gosta de música.)

Transitivo direto e indireto exige ambos (Ele enviou uma carta ao amigo.)

De ligação liga sujeito ao predicativo (Ele está feliz.)

Quanto à conjugação

1ª conjugação terminados em -ar (falar)

2ª conjugação terminados em -er (vender)

3ª conjugação terminados em -ir (partir)

Quanto à formação

Regulares seguem um paradigma (falar)

Irregulares não seguem um paradigma (fazer)

Defectivos não possuem conjugação completa (abolir)

Abundantes possuem mais de uma forma (aceito/aceitado)

Exemplos de emprego no texto:

“O promotor apresentou as provas e solicitou a condenação do réu.”

“O juiz está analisando o processo e decidirá em breve.”

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar a identificação de tempos e modos verbais, bem como a concordância verbal em situações específicas.

10.2. Classes Invariáveis

Advérbio

É a classe de palavras que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, indicando circunstâncias como tempo, lugar, modo, intensidade, etc.

Classificação dos advérbios

Advérbios de Tempo

hoje, amanhã, ontem, agora, já, ainda, sempre, nunca, jamais, antes, depois, cedo, tarde

Exemplo: Hoje o julgamento foi adiado.

Advérbios de Lugar

aqui, ali, lá, acolá, cá, além, aquém, dentro, fora, acima, abaixo, atrás, adiante

Exemplo: O processo está ali na mesa.

Advérbios de Modo

assim, bem, mal, depressa, devagar, rapidamente, calmamente (a maioria dos terminados em -mente)

Exemplo: O advogado falou calmamente.

Advérbios de Intensidade

muito, pouco, bastante, mais, menos, tão, quão, quanto, demasiado, excessivamente

Exemplo: O caso é muito complexo.

Advérbios de Negação

não, nem, nunca, jamais, tampouco

Exemplo: O réu não compareceu à audiência.

Advérbios de Afirmação

sim, certamente, realmente, efetivamente, com certeza

Exemplo: O juiz certamente analisará o caso.

Advérbios de Dúvida

talvez, possivelmente, provavelmente, acaso, porventura, quiçá

Exemplo: Talvez o processo seja arquivado.

Advérbios Interrogativos

quando, onde, como, por que, quanto

Exemplo: Quando será a próxima audiência?

Locução adverbial

É o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como advérbio.

Exemplos:

De repente, o réu confessou o crime.

O advogado falou às pressas.

Ele agiu com cautela.

O julgamento ocorrerá sem dúvida.

Observação: Alguns advérbios, especialmente os de modo terminados em -mente, podem sofrer flexão de grau: rapidamente (normal), rapidissimamente (superlativo).

Preposição

É a classe de palavras invariável que liga dois termos da oração, estabelecendo entre eles relações de sentido e dependência.

Tipos de preposições

Preposições Essenciais

São palavras que funcionam exclusivamente como preposições.

a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás

Preposições Acidentais

São palavras de outras classes gramaticais que podem funcionar como preposições.

como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto

Locução prepositiva

É o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como preposição.

Exemplos:

O processo foi arquivado de acordo com a lei.

Em frente a o fórum, havia uma manifestação.

O advogado agiu por causa de seu cliente.

O juiz decidiu a favor de o réu.

Relações estabelecidas pelas preposições

Assunto

Falamos sobre o processo.

Causa

Ele foi preso por roubo.

Companhia

O advogado chegou com o cliente.

Destino

Vamos para o tribunal.

Finalidade

Estudou para o concurso.

Instrumento

Escreveu com caneta.

Lugar

Está em casa.

Modo

Falou com firmeza.

Origem

Veio de Porto Alegre.

Posse

O carro de João.

Tempo

Chegou às 10 horas.

Atenção: A banca AOCP costuma explorar o valor semântico das preposições em diferentes contextos.

Conjunção

É a classe de palavras invariável que liga orações ou termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles relações de sentido.

Tipos de conjunções

Conjunções Coordenativas

Ligam orações independentes sintaticamente.

Aditivas e, nem, não só… mas também

Adversativas mas, porém, contudo, todavia

Alternativas ou, ora… ora, quer… quer

Conclusivas logo, portanto, por isso

Explicativas pois, porque, que

Conjunções Subordinativas

Ligam orações dependentes sintaticamente.

Causais porque, como, visto que

Comparativas como, tal qual, tanto quanto

Concessivas embora, ainda que, mesmo que

Condicionais se, caso, desde que

Conformativas conforme, segundo, como

Consecutivas tão… que, tanto… que

Finais para que, a fim de que

Proporcionais à medida que, à proporção que

Temporais quando, enquanto, assim que

Integrantes que, se

Locução conjuntiva

É o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como conjunção.

Exemplos:

O réu foi absolvido visto que não havia provas suficientes.

Ainda que o advogado tenha se esforçado, não conseguiu convencer o júri.

Ele estudou muito a fim de que pudesse passar no concurso.

Desde que o processo foi aberto, muitas evidências surgiram.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar o valor semântico das conjunções e a identificação do tipo de relação que estabelecem entre orações.

Interjeição

É a classe de palavras invariável que expressa emoções, sensações, estados de espírito ou que busca chamar a atenção do interlocutor.

Tipos de interjeições

Alegria

Ah! Oba! Viva! Eba! Uhu!

Alívio

Ufa! Ah! Uf!

Animação

Vamos! Coragem! Força!

Aprovação

Bravo! Muito bem! Isso!

Desejo

Tomara! Oxalá! Quem me dera!

Dor

Ai! Ui! Ah!

Espanto

Oh! Ah! Epa! Nossa! Caramba!

Impaciência

Puxa! Ora! Hum!

Silêncio

Psiu! Silêncio! Shh!

Tristeza

Ah! Oh! Ai! Que pena!

Locução interjetiva

É o conjunto de duas ou mais palavras que funciona como interjeição.

Exemplos:

Meu Deus! O réu confessou o crime!

Valha-me Deus! Que situação complicada!

Ora bolas! O processo foi arquivado.

Que beleza! O juiz aceitou nosso recurso.

Observação: As interjeições são pouco frequentes em textos formais e técnicos, como os utilizados no âmbito jurídico, mas podem aparecer em diálogos ou em textos que reproduzem a fala.

10.3. Emprego no Texto

O emprego adequado das classes de palavras é fundamental para a construção de textos coesos, coerentes e gramaticalmente corretos. A seguir, apresentamos algumas considerações sobre o emprego das classes de palavras em diferentes contextos textuais.

Emprego em Textos Formais

Em textos formais, como documentos oficiais, petições, relatórios e pareceres, é importante observar:

  1. Substantivos e adjetivos: Preferência por substantivos abstratos e adjetivos precisos, evitando termos coloquiais ou gírias.
  2. Pronomes de tratamento: Uso adequado de pronomes de tratamento conforme a hierarquia e o cargo do destinatário (Vossa Excelência, Senhor, etc.).
  3. Verbos: Preferência pela 3ª pessoa e pelos tempos do modo indicativo, que expressam maior objetividade.
  4. Conjunções: Uso de conjunções que estabeleçam relações lógicas claras entre as ideias (portanto, contudo, entretanto).
  5. Preposições: Atenção às regências nominal e verbal, evitando o uso inadequado de preposições.

Exemplo de texto formal:

O promotor apresentou sua manifestação contrária ao pedido da defesa, visto que as provas apresentadas não eram suficientes para comprovar a inocência do réu.”

Neste exemplo, temos: artigos definidos (o, as, a), substantivos (promotor, manifestação, pedido, defesa, provas, inocência, réu), adjetivos (contrária, suficientes), pronomes possessivos (sua), verbos (apresentou, eram, comprovar), preposições (a, de, para), conjunções (visto que), advérbios (não).

Emprego em Textos Técnicos

Em textos técnicos da área jurídica, como pareceres, sentenças e acórdãos, é importante observar:

  1. Substantivos: Uso frequente de substantivos abstratos e termos técnicos específicos da área.
  2. Adjetivos: Emprego de adjetivos precisos e técnicos, evitando adjetivos valorativos ou subjetivos.
  3. Verbos: Preferência por verbos no presente do indicativo para enunciar princípios e normas, e no pretérito perfeito para relatar fatos.
  4. Advérbios: Uso de advérbios que expressem precisão e objetividade.
  5. Conjunções: Emprego de conjunções que estabeleçam relações lógicas claras, especialmente as conclusivas e explicativas.

Exemplo de texto técnico:

Conforme o artigoda Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Portanto, o tratamento diferenciado concedido ao réu configura violação desse princípio constitucional.”

Neste exemplo, temos: conjunções (conforme, portanto), artigos (o, a), substantivos (artigo, Constituição, lei, distinção, natureza, tratamento, réu, violação, princípio), adjetivos (Federal, iguais, diferenciado, constitucional), pronomes (todos, qualquer, desse), verbos (são, configura), preposições (da, perante, sem, de, ao).

Emprego para Coesão Textual

A coesão textual é estabelecida por meio de diversos mecanismos linguísticos, entre os quais se destacam:

  1. Pronomes: Estabelecem referências anafóricas (retomam elementos já mencionados) ou catafóricas (antecipam elementos que serão mencionados).
  2. Conjunções: Estabelecem relações lógicas entre orações e parágrafos.
  3. Advérbios: Situam os fatos no tempo e no espaço, contribuindo para a progressão textual.
  4. Artigos: Indicam se o referente é conhecido ou não pelo interlocutor.
  5. Verbos: A concordância verbal e a correlação entre os tempos verbais garantem a coerência temporal do texto.

Exemplo de coesão textual:

O promotor analisou o processo cuidadosamente. Ele encontrou diversas inconsistências nas declarações das testemunhas. Por isso, solicitou uma nova audiência para esclarecer esses pontos. Quando a audiência foi realizada, todas as dúvidas foram esclarecidas.”

Neste exemplo, temos coesão por: referência pronominal (ele retoma promotor), conjunção conclusiva (por isso), advérbio de tempo (quando), repetição lexical (audiência), pronome demonstrativo (esses pontos).

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre o papel das diferentes classes gramaticais na construção da coesão textual, especialmente pronomes e conjunções.

Atenção para o concurso: A banca AOCP frequentemente apresenta questões que exigem a identificação da classe gramatical de palavras em contextos específicos, bem como a análise de seu papel na construção do sentido do texto. É importante estar atento às palavras que podem pertencer a mais de uma classe gramatical, dependendo do contexto em que são empregadas.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

11. Locuções Verbais (Perífrases Verbais)

Locução verbal ou perífrase verbal é a combinação de dois ou mais verbos que funcionam como uma unidade, expressando uma circunstância verbal específica que não seria possível expressar com um único verbo.

Estrutura da Locução Verbal

A locução verbal é formada por:

  • Verbo auxiliar: aparece conjugado, indicando pessoa, número, tempo e modo.
  • Verbo principal: aparece em uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).

Exemplos:

Eu vou estudar para o concurso. (auxiliar + infinitivo)

Ele está estudando para o concurso. (auxiliar + gerúndio)

Nós temos estudado para o concurso. (auxiliar + particípio)

Tipos de Locuções Verbais

Locuções Verbais de Aspecto

Indicam o desenvolvimento da ação verbal: início, duração, repetição, conclusão, etc.

Aspecto Incoativo

Indica o início de uma ação.

Verbos auxiliares: começar a, passar a, pôr-se a, etc.

Exemplos:

O promotor começou a analisar o processo.

Ele passou a frequentar o fórum diariamente.

Aspecto Durativo

Indica uma ação em desenvolvimento, contínua.

Verbos auxiliares: estar, andar, viver, continuar, ficar, etc.

Exemplos:

O juiz está analisando o caso.

Ele anda estudando muito para o concurso.

Aspecto Conclusivo

Indica o término de uma ação.

Verbos auxiliares: acabar de, terminar de, etc.

Exemplos:

O advogado acabou de redigir a petição.

Ela terminou de revisar o documento.

Aspecto Frequentativo

Indica uma ação habitual, repetida.

Verbos auxiliares: costumar, habituar-se a, etc.

Exemplos:

Ele costuma chegar cedo ao trabalho.

O juiz costuma analisar os processos pela manhã.

Locuções Verbais de Tempo

Expressam com mais precisão o tempo em que ocorre a ação verbal.

Futuro Próximo

Verbos auxiliares: ir, haver de

Exemplos:

Eu vou estudar para o concurso.

Nós havemos de conseguir a aprovação.

Passado Recente

Verbos auxiliares: acabar de, vir de

Exemplos:

Ele acabou de sair da sala.

O promotor vem de anunciar sua decisão.

Pretérito Mais-que-perfeito

Verbos auxiliares: ter, haver (no pretérito imperfeito)

Exemplos:

Quando cheguei, ele já tinha saído.

Ela havia estudado antes da prova.

Locuções Verbais de Modo

Expressam a maneira como a ação é realizada ou a atitude do falante em relação ao fato.

Obrigação/Necessidade

Verbos auxiliares: ter de/que, haver de, dever, precisar, necessitar

Exemplos:

Você tem que estudar mais.

Nós devemos comparecer à audiência.

Possibilidade

Verbos auxiliares: poder, dever

Exemplos:

Ele pode chegar a qualquer momento.

O réu deve estar nervoso.

Volição (Desejo)

Verbos auxiliares: querer, desejar, pretender

Exemplos:

Eu quero participar do concurso.

Ela pretende estudar Direito.

Locuções Verbais de Voz

Expressam a voz verbal (ativa, passiva ou reflexiva).

Voz Passiva

Verbos auxiliares: ser, estar, ficar + particípio

Exemplos:

O documento foi assinado pelo juiz.

O processo está sendo analisado pelo promotor.

Voz Reflexiva

Verbos auxiliares: qualquer verbo + pronome reflexivo

Exemplos:

Ele vai se preparar para o concurso.

Os candidatos estão se inscrevendo no site.

Principais Verbos Auxiliares

Verbo AuxiliarForma NominalValor/SentidoExemplo
Ir+ infinitivoFuturo próximoVou estudar
Estar+ gerúndioAção em cursoEstou estudando
Estar+ particípioEstado resultanteEstá concluído
Ter/Haver+ particípioAção concluídaTenho estudado
Ser+ particípioVoz passivaFoi aprovado
Começar a+ infinitivoInício de açãoComeçou a estudar
Acabar de+ infinitivoAção recém-concluídaAcabou de sair
Dever+ infinitivoObrigação/PossibilidadeDeve comparecer
Poder+ infinitivoPossibilidade/PermissãoPode entrar
Costumar+ infinitivoHábitoCostuma chegar cedo

Atenção: Nas locuções verbais, a concordância verbal é feita com o verbo auxiliar, que é o que aparece conjugado.

Exemplo: Os candidatos vão participar do concurso. (e não “vão participarem”)

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar o reconhecimento das locuções verbais e seus valores semânticos, bem como a distinção entre locução verbal e tempo composto. Fique atento às questões que envolvem o uso adequado dos verbos auxiliares e suas combinações com as formas nominais.

12. Funções do “que” e do “se”

Funções do “que”

A palavra “que” é uma das mais versáteis da língua portuguesa, podendo desempenhar diversas funções gramaticais.

O “que” como Pronome

Pronome Relativo

Substitui um termo antecedente e estabelece relação entre orações.

Exemplos:

O processo que analisei era complexo.

(que = o processo)

A testemunha que depôs ontem mudou sua versão.

(que = a testemunha)

Pronome Interrogativo

Introduz perguntas diretas ou indiretas.

Exemplos:

Que horas são?

Não sei que decisão tomar.

Pronome Indefinido

Equivale a “qual”, “quanto” ou “que coisa”.

Exemplos:

Que importa isso agora?

Não tenho que fazer hoje.

Pronome Demonstrativo

Equivale a “o qual”, “a qual”, “os quais”, “as quais”.

Exemplos:

Li o livro, após o que fiz um resumo.

(que = após isso)

Como identificar o “que” pronome relativo:

1. Substitui um termo antecedente

2. Pode ser substituído por “o qual”, “a qual”, “os quais”, “as quais”

3. Exerce função sintática na oração subordinada

Exemplo: O documento que o advogado apresentou foi aceito pelo juiz.

(que = o documento; pode ser substituído por “o qual”; exerce a função de objeto direto na oração subordinada)

O “que” como Conjunção

Conjunção Integrante

Introduz orações subordinadas substantivas.

Exemplos:

Espero que você seja aprovado.

É necessário que todos estudem.

Disseram que o resultado sairá amanhã.

Conjunção Causal

Indica causa, equivale a “porque”, “pois”.

Exemplos:

Estude, que o concurso está próximo.

(que = porque)

Conjunção Consecutiva

Indica consequência, geralmente precedida de “tão”, “tanto”, “tal”.

Exemplos:

Estudou tanto que foi aprovado.

O caso era tão complexo que exigiu análise detalhada.

Conjunção Comparativa

Estabelece comparação, geralmente precedida de “mais”, “menos”, “maior”, “menor”.

Exemplos:

Ele é mais inteligente que seu irmão.

O processo é menos complexo que o anterior.

Conjunção Final

Indica finalidade, equivale a “para que”.

Exemplos:

Fale mais alto que todos possam ouvir.

(que = para que)

Conjunção Temporal

Indica tempo, equivale a “quando”.

Exemplos:

Mal chegou que já começou a trabalhar.

(que = quando)

Como identificar o “que” conjunção integrante:

1. Introduz uma oração que funciona como complemento de um verbo, nome ou adjetivo

2. Não substitui nenhum termo anterior

3. Não exerce função sintática na oração que introduz

Exemplo: O advogado afirmou que o cliente é inocente.

(que = conjunção integrante; introduz uma oração que funciona como objeto direto do verbo “afirmou”)

Outros Usos do “que”

Partícula de Realce

Usado para dar ênfase, podendo ser retirado sem prejuízo do sentido.

Exemplos:

É de você que estou falando.

Foi ontem que ele chegou.

Partícula Expletiva

Usado sem valor gramatical, apenas para realçar a expressão.

Exemplos:

Há quanto tempo que não nos vemos!

Desde ontem que estou tentando falar com você.

Advérbio de Intensidade

Equivale a “quão”, “quanto”.

Exemplos:

Que bela sentença!

Que difícil é essa questão!

Preposição

Em algumas expressões, equivale a “de”.

Exemplos:

Não há que duvidar disso.

(que = de que)

Funções do “se”

A palavra “se” também pode desempenhar diversas funções na língua portuguesa.

O “se” como Pronome

Pronome Reflexivo

Indica que o sujeito pratica e recebe a ação verbal.

Exemplos:

O réu se defendeu muito bem.

Ela se preparou para o concurso.

Pronome Recíproco

Indica ação mútua entre os elementos do sujeito composto.

Exemplos:

Os advogados se cumprimentaram.

Eles se respeitam muito.

Parte Integrante do Verbo

Compõe verbos essencialmente pronominais.

Exemplos:

Ele se queixou do atendimento.

Nós se arrependemos da decisão.

Pronome Apassivador

Forma a voz passiva sintética (ou pronominal).

Exemplos:

Vendem-se casas.

(= Casas são vendidas)

Alugam-se apartamentos.

(= Apartamentos são alugados)

Como identificar o “se” pronome apassivador:

1. O verbo está na 3ª pessoa (singular ou plural)

2. O verbo é transitivo direto ou transitivo direto e indireto

3. O sujeito é paciente (recebe a ação verbal)

4. Pode ser transformado em voz passiva analítica

Exemplo: Publicaram-se os resultados.

(= Os resultados foram publicados)

O “se” como Conjunção

Conjunção Condicional

Introduz orações subordinadas adverbiais condicionais.

Exemplos:

Se você estudar, será aprovado.

Se o réu confessar, a pena será reduzida.

Conjunção Integrante

Introduz orações subordinadas substantivas, indicando dúvida ou incerteza.

Exemplos:

Não sei se ele virá.

Perguntei se o resultado já havia saído.

Como diferenciar o “se” conjunção condicional do “se” conjunção integrante:

Conjunção condicional: introduz uma condição e pode ser substituída por “caso”, “desde que”

Se (= caso) você estudar, será aprovado.

Conjunção integrante: introduz uma oração que funciona como complemento de um verbo e expressa dúvida ou incerteza

Não sei se ele virá. (não pode ser substituída por “caso”)

O “se” como Partícula

Índice de Indeterminação do Sujeito

Usado com verbos intransitivos, transitivos indiretos ou de ligação na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

Vive-se bem nesta cidade.

Precisa-se de funcionários.

Está-se feliz quando se tem saúde.

Partícula Expletiva ou de Realce

Usado para enfatizar, sem função sintática.

Exemplos:

Foi-se embora sem se despedir.

Dormiu-se até tarde no domingo.

Partícula de Valor Estilístico

Usado para dar ênfase à ação verbal.

Exemplos:

O réu se foi para nunca mais voltar.

A testemunha se calou diante da pergunta.

Como identificar o “se” índice de indeterminação do sujeito:

1. O verbo está na 3ª pessoa do singular

2. O verbo é intransitivo, transitivo indireto ou de ligação

3. Não há sujeito determinado

4. Não pode ser transformado em voz passiva analítica

Exemplo: Trabalha-se muito nesta empresa.

(Não se pode dizer: “Muito é trabalhado nesta empresa”)

Atenção: Para identificar corretamente a função do “que” e do “se”, é fundamental analisar o contexto em que estão inseridos e verificar as relações sintáticas que estabelecem na oração.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar as diferentes funções do “que” e do “se” em questões de análise sintática e morfológica. É importante saber distinguir, por exemplo, quando o “se” é pronome apassivador ou índice de indeterminação do sujeito, ou quando o “que” é pronome relativo ou conjunção integrante.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

13. Estrutura e Formação de Palavras

A estrutura e formação de palavras é um tema fundamental da morfologia, que estuda a constituição das palavras, seus elementos formadores e os processos pelos quais elas são criadas na língua portuguesa.

Estrutura das Palavras

As palavras podem ser analisadas quanto à sua estrutura, identificando os elementos mórficos que as compõem:

Radical

É o elemento básico e significativo das palavras, que contém o significado essencial.

Exemplos:

casa, caseiro, casamento

pedra, pedreiro, pedregulho

Afixos

São elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras.

Tipos:

  • Prefixos: colocados antes do radical
  • Sufixos: colocados depois do radical

Exemplos:

refazer (prefixo)

felizmente (sufixo)

Vogal Temática

É o elemento que se junta ao radical para formar o tema e indicar a que conjugação o verbo pertence ou a que grupo pertence o substantivo ou adjetivo.

Exemplos:

cantar (1ª conjugação)

vender (2ª conjugação)

partir (3ª conjugação)

Tema

É o radical + vogal temática.

Exemplos:

canta (cant + a)

vende (vend + e)

parti (part + i)

Desinências

São elementos que se acrescentam ao tema para indicar flexões.

Tipos:

  • Nominais: indicam gênero e número
  • Verbais: indicam modo, tempo, número e pessoa

Exemplos:

menino (desinência nominal de gênero)

meninos (desinência nominal de número)

cantava (desinência verbal de tempo/modo)

cantavamos (desinência verbal de número/pessoa)

Análise mórfica da palavra “infelizmente”:

in
+
feliz
+
mente
=
infelizmente

in-: prefixo (negação)
feliz: radical
-mente: sufixo (forma advérbios)

Os morfemas são as menores unidades significativas da língua. Podem ser classificados em:

Morfemas Lexicais

São os que contêm o significado básico da palavra (radical).

Exemplos:

flor em flor, florido, floreira

livr em livro, livraria, livreiro

Morfemas Gramaticais

São os que modificam o significado do radical ou indicam relações gramaticais.

Tipos:

  • Derivacionais: formam novas palavras (prefixos e sufixos)
  • Flexionais: indicam flexões (desinências)

Exemplos:

re- em refazer (derivacional)

-s em casas (flexional)

Morfemas Livres

Podem ocorrer sozinhos, constituindo palavras.

Exemplos:

sol, mar, paz

Morfemas Presos

Não ocorrem sozinhos, precisam se juntar a outros morfemas.

Exemplos:

in- (prefixo)

-mente (sufixo)

-s (desinência)

Análise dos morfemas da palavra “deslealdade”:

  • des-: morfema gramatical derivacional (prefixo)
  • leal: morfema lexical (radical)
  • -dade: morfema gramatical derivacional (sufixo)

Processos de Formação de Palavras

As palavras podem ser formadas por diferentes processos, que se dividem em dois grandes grupos:

Derivação

É o processo pelo qual se forma uma nova palavra a partir de outra já existente, chamada primitiva.

Prefixal

Acréscimo de prefixo.

Exemplos:

desfazer (des + fazer)

infeliz (in + feliz)

reler (re + ler)

Sufixal

Acréscimo de sufixo.

Exemplos:

felizmente (feliz + mente)

brasileiro (brasil + eiro)

modernidade (moderno + idade)

Parassintética

Acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo.

Exemplos:

entristecer (en + triste + ecer)

desalmado (des + alma + ado)

atardecer (a + tarde + ecer)

Regressiva

Redução da palavra primitiva.

Exemplos:

compra (de comprar)

embarque (de embarcar)

ataque (de atacar)

Imprópria

Mudança de classe gramatical sem alteração na forma.

Exemplos:

jantar (verbo → substantivo)

doente (adjetivo → substantivo)

durante (verbo → preposição)

Observação importante: Na derivação parassintética, é essencial que o prefixo e o sufixo sejam acrescentados simultaneamente. Se retirarmos um deles, a palavra resultante não existe na língua.

Por exemplo: em “entristecer”, não existem as formas “*entriste” ou “*tristecer”.

Composição

É o processo pelo qual se forma uma nova palavra pela união de dois ou mais radicais.

Justaposição

Os elementos são unidos sem alteração fonética.

Exemplos:

guarda-chuva (guarda + chuva)

passatempo (passa + tempo)

beija-flor (beija + flor)

Aglutinação

Os elementos são unidos com alteração fonética.

Exemplos:

planalto (plano + alto)

aguardente (água + ardente)

pernalta (perna + alta)

Tipos de composição quanto aos radicais:

  • Substantivo + substantivo: couve-flor, peixe-espada
  • Substantivo + adjetivo: amor-perfeito, cabra-cega
  • Adjetivo + substantivo: má-criação, alto-falante
  • Adjetivo + adjetivo: azul-marinho, luso-brasileiro
  • Verbo + substantivo: porta-voz, guarda-roupa
  • Numeral + substantivo: segunda-feira, mil-folhas
  • Advérbio + verbo: bem-querer, maldizer

Outros Processos de Formação

Onomatopeia

Criação de palavras que imitam sons naturais.

Exemplos:

tique-taque (relógio)

zunzum (barulho)

cocoricó (canto do galo)

Abreviação

Redução de uma palavra.

Exemplos:

foto (fotografia)

moto (motocicleta)

pneu (pneumático)

Sigla

Formação a partir das letras iniciais de palavras.

Exemplos:

MPRS (Ministério Público do Rio Grande do Sul)

ONU (Organização das Nações Unidas)

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Acronímia

Formação a partir de sílabas de palavras, pronunciada como uma palavra.

Exemplos:

Detran (Departamento Estadual de Trânsito)

Petrobras (Petróleo Brasileiro)

Interpol (International Police)

Hibridismo

Formação com elementos de línguas diferentes.

Exemplos:

automóvel (auto: grego + móvel: latim)

sociologia (socio: latim + logia: grego)

burocracia (bureau: francês + cracia: grego)

Neologismo

Criação de palavras novas ou atribuição de novos significados.

Exemplos:

deletar (do inglês “delete”)

internetês (linguagem da internet)

blogueiro (quem escreve em blog)

Classificação das Palavras Quanto à Formação

Palavras Primitivas

São aquelas que não derivam de outra palavra da língua portuguesa.

Exemplos: pedra, casa, flor, mar

Palavras Derivadas

São aquelas que derivam de outra palavra da língua portuguesa.

Exemplos: pedreiro (de pedra), caseiro (de casa), florista (de flor), marítimo (de mar)

Palavras Simples

São aquelas formadas por um único radical.

Exemplos: casa, papel, sol, mar

Palavras Compostas

São aquelas formadas por mais de um radical.

Exemplos: guarda-chuva, passatempo, girassol, beija-flor

PrefixoOrigemSignificadoExemplos
a-, an-GregoNegação, privaçãoanormal, ateu
anti-GregoOposiçãoantivírus, antissocial
auto-GregoPor si mesmoautoestima, automóvel
bi-LatimDoisbicampeão, bilateral
contra-LatimOposiçãocontramão, contraordem
des-, dis-LatimNegação, separaçãodesfazer, disforme
ex-LatimPara fora, cessamentoexportar, ex-presidente
in-, im-LatimNegaçãoinfeliz, impossível
inter-LatimEntreinternacional, interestadual
pós-LatimDepois depós-graduação, pós-guerra
pré-LatimAntes depré-história, pré-vestibular
re-LatimRepetiçãoreler, refazer
sub-LatimAbaixo desubterrâneo, subsolo
super-LatimAcima, excessosupermercado, superproteção
trans-LatimAlém de, atravéstransatlântico, transporte
SufixoFormaçãoSignificadoExemplos
-agemSubstantivosAção ou resultadopassagem, aprendizagem
-árioSubstantivosProfissão, localbibliotecário, dicionário
-dadeSubstantivosQualidade, estadofelicidade, bondade
-eiroSubstantivosProfissão, árvorepedreiro, laranjeira
-ez, -ezaSubstantivosQualidade, estadorapidez, beleza
-istaSubstantivosProfissão, adeptojornalista, budista
-menteAdvérbiosModofelizmente, rapidamente
-osoAdjetivosAbundânciacarinhoso, gostoso
-velAdjetivosPossibilidadeamável, contável

Atenção: É fundamental saber diferenciar os processos de formação de palavras, especialmente a derivação parassintética da prefixação e sufixação. Na parassintética, o prefixo e o sufixo são acrescentados simultaneamente, e a palavra não existe apenas com um deles.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre a identificação dos processos de formação de palavras em contextos específicos, bem como a análise mórfica das palavras. Preste atenção especial aos casos de derivação imprópria e parassintética, que frequentemente aparecem nas provas.

14. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem

Elementos da Comunicação

A comunicação é um processo de transmissão de informações entre um emissor e um receptor, por meio de um código comum. Para que esse processo ocorra de forma eficaz, são necessários alguns elementos básicos:

Emissor

Quem produz e envia a mensagem

Receptor

Quem recebe e interpreta a mensagem

Mensagem

O conteúdo transmitido

Código

Sistema de signos utilizado

Canal

Meio físico de transmissão

Contexto

Situação em que ocorre a comunicação

Exemplo prático:

  • Emissor: Promotor de Justiça
  • Receptor: Juiz
  • Mensagem: Denúncia criminal
  • Código: Língua portuguesa escrita, terminologia jurídica
  • Canal: Documento físico ou processo eletrônico
  • Contexto: Processo criminal em andamento
Emissor ou Remetente

É quem produz e transmite a mensagem. Pode ser uma pessoa, um grupo ou uma instituição.

O emissor codifica suas ideias em uma mensagem utilizando um código específico.

Exemplos: escritor de um livro, orador em um discurso, empresa que veicula uma propaganda.

Receptor ou Destinatário

É quem recebe e decodifica a mensagem. Também pode ser uma pessoa, um grupo ou uma instituição.

O receptor interpreta a mensagem de acordo com seu conhecimento do código e seu repertório cultural.

Exemplos: leitor de um livro, plateia de uma palestra, público-alvo de uma propaganda.

Mensagem

É o conteúdo da comunicação, a informação que se deseja transmitir.

A mensagem é organizada de acordo com o código utilizado e adaptada ao canal de transmissão.

Exemplos: texto de um livro, conteúdo de um discurso, slogan de uma propaganda.

Código

É o sistema de signos utilizado para transmitir a mensagem.

O código deve ser conhecido tanto pelo emissor quanto pelo receptor para que a comunicação seja eficaz.

Exemplos: língua portuguesa, linguagem de sinais, código Morse, linguagem de programação.

Canal

É o meio físico pelo qual a mensagem é transmitida do emissor ao receptor.

O canal deve ser adequado ao tipo de mensagem e ao código utilizado.

Exemplos: ar (na comunicação oral), papel (na comunicação escrita), ondas eletromagnéticas (no rádio e TV), internet.

Contexto ou Referente

É a situação em que ocorre a comunicação e à qual a mensagem se refere.

O contexto influencia a produção e a interpretação da mensagem.

Exemplos: ambiente físico, momento histórico, circunstâncias sociais, conhecimentos compartilhados.

Atenção: Para que a comunicação seja eficaz, é necessário que todos os elementos estejam funcionando adequadamente. Qualquer falha em um deles pode gerar ruídos na comunicação, comprometendo a transmissão e a compreensão da mensagem.

Funções da Linguagem

As funções da linguagem estão relacionadas aos elementos da comunicação e ao objetivo principal da mensagem. Cada função enfatiza um dos elementos do processo comunicativo:

📰
Função Referencial ou Denotativa

Elemento enfatizado: Contexto (referente)

Objetivo: Transmitir informações objetivas sobre a realidade

Características:

  • Linguagem objetiva e clara
  • Uso da 3ª pessoa
  • Predomínio da denotação
  • Ausência de expressões subjetivas

Exemplos:

– Textos jornalísticos

– Textos científicos

– Relatórios técnicos

– Documentos oficiais

“O Ministério Público do Rio Grande do Sul é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”

😊
Função Emotiva ou Expressiva

Elemento enfatizado: Emissor

Objetivo: Expressar emoções, sentimentos e opiniões do emissor

Características:

  • Linguagem subjetiva
  • Uso da 1ª pessoa
  • Presença de interjeições e exclamações
  • Uso de adjetivos valorativos
  • Expressões que revelam estado de espírito

Exemplos:

– Diários pessoais

– Cartas de amor

– Poemas líricos

– Autobiografias

“Estou extremamente feliz com minha aprovação no concurso do MPRS! Finalmente, depois de tanto esforço, consegui realizar meu sonho!”

👉
Função Conativa ou Apelativa

Elemento enfatizado: Receptor

Objetivo: Influenciar, persuadir ou convencer o receptor

Características:

  • Uso da 2ª pessoa (tu/você)
  • Presença de verbos no imperativo
  • Uso de vocativos
  • Perguntas retóricas
  • Linguagem persuasiva

Exemplos:

– Textos publicitários

– Discursos políticos

– Sermões religiosos

– Manuais de instruções

“Estude agora para o concurso do MPRS! Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Aproveite nossas aulas e garanta sua aprovação!”

📞
Função Fática

Elemento enfatizado: Canal

Objetivo: Estabelecer, prolongar ou interromper a comunicação

Características:

  • Uso de expressões que testam o canal
  • Frases feitas e convencionais
  • Repetições
  • Fórmulas de cortesia

Exemplos:

– Cumprimentos

– Expressões como “Alô?”, “Está me ouvindo?”

– Conversas sobre o tempo

– Small talk em geral

“Olá! Tudo bem com você? Como vai a preparação para o concurso? Ah, que bom! Então, vamos conversar sobre o edital…”

🔄
Função Metalinguística

Elemento enfatizado: Código

Objetivo: Explicar o próprio código utilizado na comunicação

Características:

  • Linguagem que fala sobre a própria linguagem
  • Definições e explicações sobre termos
  • Reflexão sobre o uso da língua

Exemplos:

– Dicionários

– Gramáticas

– Aulas de língua portuguesa

– Textos que explicam termos técnicos

“A palavra ‘concurso’ vem do latim ‘concursus’ e significa ‘ação de correr junto’. No contexto jurídico, refere-se a um processo seletivo para preenchimento de cargos públicos.”

🎭
Função Poética

Elemento enfatizado: Mensagem

Objetivo: Valorizar a forma da mensagem, sua estética e construção

Características:

  • Preocupação com a seleção e combinação das palavras
  • Uso de figuras de linguagem
  • Exploração de sonoridade, ritmo e rimas
  • Predomínio da conotação

Exemplos:

– Poemas

– Letras de música

– Slogans publicitários

– Trocadilhos e jogos de palavras

“Justiça justa justifica justamente o justo juízo do juiz.”

(Observe o jogo de palavras com o mesmo radical)

Observação: É importante ressaltar que, em um mesmo texto, podem coexistir várias funções da linguagem, embora geralmente haja o predomínio de uma delas, de acordo com a intenção comunicativa principal.

Relação entre os Elementos da Comunicação e as Funções da Linguagem

Função da LinguagemElemento EnfatizadoFocoExemplo
ReferencialContextoInformação objetiva“O concurso do MPRS será realizado em outubro.”
EmotivaEmissorExpressão de sentimentos“Estou ansioso para fazer a prova do MPRS!”
ConativaReceptorPersuasão“Estude agora para o concurso do MPRS!”
FáticaCanalManutenção do contato“Olá! Você está me ouvindo falar sobre o concurso?”
MetalinguísticaCódigoExplicação do código“A palavra ‘edital’ significa um documento oficial de divulgação.”
PoéticaMensagemForma da mensagem“No tribunal da vida, somos todos réus e juízes.”

Identificação das Funções da Linguagem em Textos

Texto 1: (Função Referencial)

“O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme estabelece o artigo 127 da Constituição Federal.”

Análise: Texto informativo, objetivo, em 3ª pessoa, sem marcas de subjetividade, focado na transmissão de informações sobre o Ministério Público.

Texto 2: (Função Emotiva)

“Ah, como estou feliz por ter sido aprovado no concurso do MPRS! Finalmente, depois de tanto esforço e dedicação, consegui realizar meu sonho! Estou emocionado e muito grato por esta oportunidade!”

Análise: Texto subjetivo, em 1ª pessoa, com interjeições e exclamações, expressando os sentimentos e emoções do emissor.

Texto 3: (Função Conativa)

“Candidate-se já ao concurso do MPRS! Não perca esta oportunidade única de ingressar em uma carreira promissora! Acesse nosso site e faça sua inscrição hoje mesmo!”

Análise: Texto persuasivo, com verbos no imperativo, direcionado ao receptor, buscando influenciar seu comportamento.

Texto 4: (Função Fática)

“Alô? Está me ouvindo? Que bom que atendeu! Como vai? Tudo bem com você? Podemos conversar sobre o concurso agora?”

Análise: Texto focado na verificação e manutenção do canal de comunicação, com expressões típicas para testar se o contato está estabelecido.

Texto 5: (Função Metalinguística)

“A palavra ‘concurso’ deriva do latim ‘concursus’ e significa, literalmente, ‘corrida conjunta’. No contexto jurídico, refere-se ao processo seletivo para preenchimento de cargos públicos, regido por edital específico.”

Análise: Texto que explica o significado e a origem de um termo, focando no próprio código linguístico.

Texto 6: (Função Poética)

“Na balança da Justiça, pesam-se os fatos com a precisão das palavras, e o fiel da verdade oscila entre o certo e o incerto, enquanto o tempo, juiz implacável, aguarda o veredito final.”

Análise: Texto com linguagem figurada, metáforas e construção elaborada, valorizando a forma da mensagem e não apenas seu conteúdo.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma apresentar textos diversos e solicitar a identificação da função da linguagem predominante. É importante analisar as características principais do texto, identificando qual elemento da comunicação está sendo enfatizado. Lembre-se de que um mesmo texto pode apresentar mais de uma função, mas geralmente há o predomínio de uma delas.

Atenção: Nas provas da banca AOCP, é comum a apresentação de textos que misturam diferentes funções da linguagem. Nestes casos, é fundamental identificar a função predominante, observando o objetivo principal do texto e suas características mais marcantes.

Apostila de Sintaxe – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

Introdução à Sintaxe

A sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. É através da sintaxe que organizamos as palavras para formar frases coerentes e compreensíveis.

Definição: A palavra “sintaxe” vem do grego syntaxis, que significa “arranjo” ou “organização”. Na gramática, refere-se ao estudo da estrutura das frases e das relações entre seus elementos.

Para compreender a sintaxe, é fundamental conhecer alguns conceitos básicos:

Frase

É todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma mensagem, podendo ser formada por uma ou mais palavras. Pode ser verbal (com verbo) ou nominal (sem verbo).

Exemplos: “Socorro!” (frase nominal), “O técnico arquivou os documentos.” (frase verbal)

Oração

É a frase ou parte de uma frase que se organiza em torno de um verbo ou locução verbal.

Exemplos: “O promotor analisou o processo.”, “Os documentos foram arquivados.”

Período

É a frase constituída de uma ou mais orações, formando um todo com sentido completo.

Exemplos: “O técnico arquivou os documentos.” (período simples), “O técnico arquivou os documentos e o promotor analisou o processo.” (período composto)

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões que exigem a identificação e classificação dos termos da oração, bem como a análise das relações sintático-semânticas entre orações em períodos compostos.

Termos da Oração

Os termos da oração são as unidades sintáticas que compõem uma oração. Eles são classificados em três grupos principais: termos essenciais, termos integrantes e termos acessórios.

Termos Essenciais da Oração

Sujeito

É o termo sobre o qual se declara algo. Geralmente, concorda com o verbo em número e pessoa.

Tipos de sujeito:

  • Simples: possui apenas um núcleo
  • Composto: possui mais de um núcleo
  • Oculto/Elíptico: não está explícito, mas pode ser identificado
  • Indeterminado: não se pode ou não se quer identificar
  • Inexistente/Oração sem sujeito: verbos impessoais
Predicado

É tudo aquilo que se declara sobre o sujeito.

Tipos de predicado:

  • Verbal: o núcleo é um verbo significativo
  • Nominal: o núcleo é um nome (predicativo do sujeito)
  • Verbo-nominal: possui dois núcleos (verbo e nome)
Os promotores analisaram o processo cuidadosamente.
Sujeito
Verbo
Objeto
Adjunto Adverbial

Exemplos de tipos de sujeito:

  • Simples: O promotor apresentou a denúncia.
  • Composto: O promotor e o juiz discutiram o caso.
  • Oculto/Elíptico: (Eu) [Ø] Apresentei os documentos necessários.
  • Indeterminado: [Ø] Precisa-se de técnicos no Ministério Público.
  • Inexistente: [Ø] Choveu muito durante a audiência.

Termos Integrantes da Oração

Complemento Verbal

Completa o sentido de verbos transitivos.

Tipos:

  • Objeto Direto: complemento sem preposição
  • Objeto Indireto: complemento com preposição
  • Objeto Direto Preposicionado: objeto direto precedido de preposição
Complemento Nominal

Completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). É sempre introduzido por preposição.

Exemplo: O respeito às leis é fundamental.

Agente da Passiva

Indica o ser que pratica a ação, na voz passiva. É introduzido pelas preposições “por” ou “de”.

Exemplo: O processo foi analisado pelo promotor.

O técnico enviou o relatório ao promotor ontem.

Termos Acessórios da Oração

Adjunto Adnominal

Termo que caracteriza ou determina um substantivo, sem a intermediação de preposição.

Exemplo: O processo judicial foi arquivado.

Adjunto Adverbial

Termo que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, indicando circunstâncias.

Exemplo: O promotor trabalha diligentemente.

Aposto

Termo que explica, esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração.

Exemplo: O promotor, Dr. Silva, apresentou a denúncia.

Vocativo

Termo usado para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético.

Exemplo: Senhor Juiz, solicito a palavra.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões que exigem a identificação e classificação dos termos da oração. É importante saber diferenciar, por exemplo, um complemento nominal de um adjunto adnominal, ou um objeto direto de um objeto indireto.

Período Simples

O período simples é aquele constituído por uma única oração, chamada de oração absoluta. Essa oração contém apenas um verbo ou uma locução verbal.

Exemplos de período simples:

  • O técnico arquivou os documentos.
  • Os promotores analisaram o processo cuidadosamente.
  • A audiência foi adiada para a próxima semana.

No período simples, podemos identificar todos os termos da oração: sujeito, predicado, complementos verbais, complemento nominal, adjuntos adnominais, adjuntos adverbiais, aposto e vocativo.

O técnico arquivou os documentos rapidamente.

Observação: É importante lembrar que uma oração pode ter mais de um verbo quando estes formam uma locução verbal, e ainda assim ser considerada um período simples.

Exemplo: “O técnico deve arquivar os documentos.” (locução verbal = deve arquivar)

Período Composto por Coordenação

O período composto por coordenação é formado por duas ou mais orações independentes entre si, ou seja, cada uma tem sentido próprio e não exerce função sintática em relação à outra. Essas orações são chamadas de orações coordenadas.

Orações Coordenadas Sindéticas

São ligadas por conjunções coordenativas.

Orações Coordenadas Assindéticas

São justapostas, sem conectivo.

Exemplo: O técnico chegou, organizou os documentos, foi embora.

Tipos de Orações Coordenadas Sindéticas

Aditivas

Expressam ideia de adição, soma.

Conjunções: e, nem, não só… mas também

Exemplo: O técnico arquivou os documentos e o promotor analisou o processo.

Adversativas

Expressam ideia de contraste, oposição.

Conjunções: mas, porém, contudo, todavia

Exemplo: O prazo era curto, mas o técnico conseguiu finalizar o trabalho.

Alternativas

Expressam ideia de alternância, escolha.

Conjunções: ou, ou… ou, ora… ora

Exemplo: Ou você entrega o relatório hoje ou terá que justificar o atraso.

Conclusivas

Expressam ideia de conclusão, dedução.

Conjunções: logo, portanto, por isso, assim

Exemplo: O prazo expirou; portanto, o recurso não será aceito.

Explicativas

Expressam ideia de explicação, justificativa.

Conjunções: pois, porque, que

Exemplo: O técnico foi elogiado, pois seu trabalho foi excelente.

Período Composto por Coordenação
O técnico arquivou os documentos, e o promotor analisou o processo.
O técnico arquivou os documentos
e (conjunção coordenativa aditiva)
o promotor analisou o processo

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões que exigem a identificação do tipo de oração coordenada e da relação semântica estabelecida pela conjunção coordenativa.

Período Composto por Subordinação

O período composto por subordinação é formado por uma oração principal e uma ou mais orações subordinadas, que dependem da principal e exercem função sintática em relação a ela.

Oração Principal

É a oração que não depende sintaticamente de nenhuma outra oração do período e da qual dependem as orações subordinadas.

Oração Subordinada

É a oração que depende sintaticamente de outra oração e exerce função sintática em relação a ela.

Tipos de Orações Subordinadas

Orações Subordinadas Substantivas

São orações que exercem função de substantivo em relação à oração principal. São introduzidas por conjunções integrantes (que, se) ou pronomes/advérbios interrogativos.

Subjetiva

Exerce função de sujeito da oração principal.

Exemplo: É necessário que os documentos sejam arquivados.

Objetiva Direta

Exerce função de objeto direto da oração principal.

Exemplo: O promotor afirmou que o processo estava completo.

Objetiva Indireta

Exerce função de objeto indireto da oração principal.

Exemplo: O técnico precisa de que os documentos sejam assinados.

Completiva Nominal

Exerce função de complemento nominal da oração principal.

Exemplo: Tenho certeza de que ele virá.

Predicativa

Exerce função de predicativo do sujeito da oração principal.

Exemplo: A verdade é que o prazo expirou.

Apositiva

Exerce função de aposto da oração principal.

Exemplo: Só tenho um pedido: que você cumpra o prazo.

Orações Subordinadas Adjetivas

São orações que exercem função de adjetivo em relação a um substantivo da oração principal. São introduzidas por pronomes relativos (que, quem, qual, cujo, onde, quando).

Restritiva

Restringe, limita o sentido do substantivo a que se refere. Não é separada por vírgulas.

Exemplo: O técnico que trabalha no MP é eficiente.

Explicativa

Explica, esclarece o substantivo a que se refere, acrescentando-lhe uma qualidade. É separada por vírgulas.

Exemplo: O técnico, que é muito dedicado, recebeu uma promoção.

Orações Subordinadas Adverbiais

São orações que exercem função de advérbio em relação à oração principal. São introduzidas por conjunções subordinativas adverbiais.

Causal

Indica causa, motivo, razão.

Conjunções: porque, pois, como, já que

Exemplo: Como o processo era urgente, o promotor deu prioridade a ele.

Concessiva

Indica concessão, quebra de expectativa.

Conjunções: embora, ainda que, mesmo que

Exemplo: Embora o prazo fosse curto, o técnico finalizou o trabalho.

Condicional

Indica condição, hipótese.

Conjunções: se, caso, desde que

Exemplo: Se o prazo for prorrogado, conseguiremos concluir o trabalho.

Final

Indica finalidade, objetivo.

Conjunções: para que, a fim de que

Exemplo: O técnico organizou os documentos para que o promotor pudesse analisá-los rapidamente.

Temporal

Indica tempo, momento.

Conjunções: quando, enquanto, assim que

Exemplo: Quando o juiz chegou, a audiência começou.

Período Composto por Coordenação e Subordinação

É o período que apresenta tanto orações coordenadas quanto subordinadas.

Período Composto por Coordenação e Subordinação
O técnico arquivou os documentos que o promotor solicitou, e o juiz marcou a audiência.
O técnico arquivou os documentos
que (pronome relativo)
o promotor solicitou (Oração Subordinada Adjetiva Restritiva)
e (conjunção coordenativa aditiva)
o juiz marcou a audiência (Oração Coordenada Sindética Aditiva)

Relações Sintático-semânticas

As relações sintático-semânticas são as relações de sentido estabelecidas entre termos, orações, períodos ou parágrafos. Essas relações são expressas por meio de conectivos (conjunções, preposições, advérbios) e outros recursos linguísticos.

Principais Relações Sintático-semânticas

RelaçãoConectivosExemplo
Adiçãoe, nem, não só… mas tambémO técnico arquivou os documentos e organizou as pastas.
Adversidademas, porém, contudo, todaviaO prazo era curto, mas o técnico conseguiu finalizar o trabalho.
Alternânciaou, ou… ou, ora… oraOu você entrega o relatório hoje ou terá que justificar o atraso.
Conclusãologo, portanto, por isso, assimO prazo expirou; portanto, o recurso não será aceito.
Explicaçãopois, porque, queO técnico foi elogiado, pois seu trabalho foi excelente.
Causaporque, pois, como, já queComo o processo era urgente, o promotor deu prioridade a ele.
Finalidadepara que, a fim de queO técnico organizou os documentos para que o promotor pudesse analisá-los.
Tempoquando, enquanto, assim queQuando o juiz chegou, a audiência começou.
Condiçãose, caso, desde queSe o prazo for prorrogado, conseguiremos concluir o trabalho.
Concessãoembora, ainda que, mesmo queEmbora o prazo fosse curto, o técnico finalizou o trabalho.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões que exigem a identificação das relações sintático-semânticas estabelecidas por conectivos em textos. É fundamental conhecer os principais conectivos e suas funções.

Questões Comentadas

Vamos analisar algumas questões típicas da banca AOCP sobre sintaxe e relações sintático-semânticas.

Questão 1

Leia o trecho a seguir e assinale a alternativa que classifica corretamente a oração destacada:

Quando o promotor chegou, a audiência começou.”

a) Oração Subordinada Adverbial Causal
b) Oração Subordinada Adverbial Temporal
c) Oração Subordinada Adverbial Condicional
d) Oração Coordenada Sindética Explicativa
e) Oração Subordinada Substantiva Subjetiva

Resposta: b) Oração Subordinada Adverbial Temporal

A oração destacada é introduzida pela conjunção “quando”, que indica circunstância de tempo. Ela modifica o verbo da oração principal “começou”, indicando o momento em que a audiência começou.

Questão 2

Analise a frase: “O técnico arquivou os documentos que o promotor solicitou.”

Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação da oração destacada:

a) Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
b) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
c) Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta
d) Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal
e) Oração Coordenada Sindética Aditiva

Resposta: b) Oração Subordinada Adjetiva Restritiva

A oração “que o promotor solicitou” é introduzida pelo pronome relativo “que”, que retoma o termo “documentos”. Essa oração restringe o sentido do substantivo “documentos”, especificando quais documentos foram arquivados.

Questão 3

Na frase “O prazo era curto, mas o técnico conseguiu finalizar o trabalho”, a conjunção destacada estabelece uma relação de:

a) Adição
b) Conclusão
c) Explicação
d) Adversidade
e) Concessão

Resposta: d) Adversidade

A conjunção “mas” estabelece uma relação de adversidade (oposição, contraste) entre as orações. Apesar do prazo ser curto (o que dificultaria a finalização do trabalho), o técnico conseguiu finalizá-lo.

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

Concordância Verbal e Nominal

A concordância é um princípio linguístico que estabelece a correspondência de flexão entre os termos de uma oração. Na língua portuguesa, temos dois tipos de concordância: verbal e nominal.

Concordância Verbal

A concordância verbal é a relação estabelecida entre o verbo e o sujeito da oração. O verbo deve concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (1ª, 2ª ou 3ª).

Regra Geral

O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.

Exemplos:

  • O técnico arquivou o processo. (sujeito singular → verbo singular)
  • Os técnicos arquivaram o processo. (sujeito plural → verbo plural)
Casos Especiais
Sujeito Composto

Regra geral: verbo no plural

Exemplo: O promotor e o juiz chegaram cedo.

Exceções:

  • Quando o sujeito composto vem depois do verbo, este pode concordar com o núcleo mais próximo.
  • Exemplo: Chegou o promotor e o juiz.
Sujeito Coletivo

Com sujeito coletivo no singular, o verbo fica no singular.

Exemplo: A equipe trabalhou no caso.

Se o coletivo vier especificado por um adjunto no plural, o verbo pode ir para o plural (silepse de número).

Exemplo: A equipe de técnicos trabalhou/trabalharam no caso.

Expressões Partitivas

Com expressões como “a maioria de”, “a maior parte de”, “grande número de”, etc., seguidas de substantivo no plural, o verbo pode ficar no singular (concordando com o núcleo) ou no plural (concordando com o adjunto).

Exemplo: A maioria dos processos foi/foram arquivada/arquivados.

Pronome “Que”

O verbo concorda com o antecedente do pronome relativo “que”.

Exemplo: Fui eu que fiz o relatório.

Exemplo: Foi você que fez o relatório.

Pronomes de Tratamento

Embora se refiram à 2ª pessoa, exigem verbo na 3ª pessoa.

Exemplo: Vossa Excelência sabe que o prazo está expirando.

“Um dos que”

Com a expressão “um dos que”, o verbo vai para o plural.

Exemplo: Ele é um dos técnicos que trabalham no MP.

Casos Particulares
CasoRegraExemplo
Sujeito ligado por “ou”Se indicar exclusão: verbo no singular
Se indicar adição: verbo no plural
O promotor ou o juiz decidirá o caso.
O promotor ou o juiz decidirão juntos.
Sujeito ligado por “nem”Verbo geralmente no pluralNem o promotor nem o juiz compareceram.
“Mais de um”Verbo no singular
Se houver reciprocidade: verbo no plural
Mais de um técnico faltou.
Mais de um técnico se cumprimentaram.
“Menos de dois”Verbo no pluralMenos de dois técnicos compareceram.
“Cerca de”Verbo concorda com o substantivoCerca de dez processos foram arquivados.
PorcentagemVerbo concorda com o número ou com o substantivo30% do processo foi analisado.
30% dos processos foram analisados.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar casos especiais de concordância verbal, principalmente com sujeito coletivo, expressões partitivas e porcentagens.

Concordância Nominal

A concordância nominal é a relação estabelecida entre os nomes (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais) quanto ao gênero (masculino ou feminino) e ao número (singular ou plural).

Regra Geral

Adjetivos, pronomes, artigos e numerais concordam com os substantivos a que se referem em gênero e número.

Exemplos:

  • O novo processo (masculino singular)
  • As novas audiências (feminino plural)
Casos Especiais
Adjetivo Posposto a Vários Substantivos

Opções:

  • Concordar com o substantivo mais próximo
  • Ir para o plural e para o gênero predominante (se os substantivos forem do mesmo gênero) ou para o masculino (se forem de gêneros diferentes)

Exemplos:

  • Documento e processo necessário.
  • Documento e processo necessários.
  • Documento e petição necessários.
Adjetivo Anteposto a Vários Substantivos

Concorda com o substantivo mais próximo.

Exemplo: Excelente técnico e promotor.

Predicativo do Sujeito

Sujeito simples: o predicativo concorda com o sujeito.

Exemplo: A audiência foi adiada.

Sujeito composto: o predicativo vai para o plural e para o gênero predominante (se os núcleos forem do mesmo gênero) ou para o masculino (se forem de gêneros diferentes).

Exemplo: O promotor e o juiz estavam atentos.

Exemplo: O promotor e a juíza estavam atentos.

“É proibido”, “É necessário”, etc.

Quando se referem a um substantivo feminino determinado, concordam com ele.

Exemplo: A entrada é proibida.

Quando se referem a um substantivo feminino não determinado, ficam invariáveis.

Exemplo: É proibido entrada.

“Anexo”, “Incluso”, “Mesmo”, etc.

Concordam com o substantivo a que se referem.

Exemplo: Seguem anexas as petições.

Exemplo: Seguem inclusos os documentos.

“Bastante”, “Meio”, “Quite”

Bastante: como advérbio, é invariável; como adjetivo, varia.

Exemplo: Eles estão bastante cansados. (advérbio)

Exemplo: Eles têm bastantes processos. (adjetivo)

Meio: como advérbio, é invariável; como adjetivo, varia.

Exemplo: Ela está meio cansada. (advérbio)

Exemplo: Meia hora passou. (adjetivo)

Quite: concorda com o substantivo a que se refere.

Exemplo: Eles estão quites com o serviço militar.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar casos especiais de concordância nominal, principalmente com adjetivos pospostos a vários substantivos e expressões como “é proibido”, “é necessário”, “anexo”, “incluso”, etc.

Regência Verbal e Nominal

A regência é o estudo da relação entre os termos regentes (verbos, nomes) e os termos regidos (complementos), especialmente quanto à necessidade e ao tipo de preposição que os liga.

Regência Verbal

A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).

Tipos de Verbos Quanto à Regência
Verbos Intransitivos

Não necessitam de complemento para ter sentido completo.

Exemplos: O técnico chegou. / O promotor dormiu.

Verbos Transitivos Diretos

Necessitam de um complemento sem preposição (objeto direto).

Exemplos: O técnico arquivou o processo. / O promotor analisou os documentos.

Verbos Transitivos Indiretos

Necessitam de um complemento com preposição (objeto indireto).

Exemplos: O técnico concordou com a decisão. / O promotor gosta de processos organizados.

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos

Necessitam de dois complementos: um sem preposição (objeto direto) e outro com preposição (objeto indireto).

Exemplos: O técnico entregou o processo ao promotor. / O promotor enviou o relatório para o juiz.

Verbos com Regência Especial
VerboRegênciaExemplo
Assistir

No sentido de “ver”, “presenciar”: VTI (assistir a)

No sentido de “prestar assistência”: VTD

O técnico assistiu à audiência.

O médico assistiu o paciente.

Aspirar

No sentido de “desejar”, “almejar”: VTI (aspirar a)

No sentido de “inalar”, “sorver”: VTD

O técnico aspira ao cargo de promotor.

Ele aspirou o perfume.

Visar

No sentido de “ter em vista”, “objetivar”: VTI (visar a)

No sentido de “mirar”, “apontar” ou “dar visto”: VTD

O projeto visa à melhoria do atendimento.

O técnico visou o documento.

Esquecer / Lembrar

VTD: sem pronome

VTI (de): com pronome

O técnico esqueceu o processo.

O técnico se esqueceu do processo.

Implicar

No sentido de “acarretar”, “resultar”: VTD

No sentido de “envolver-se”: VTI (com)

O atraso implicará multa.

O técnico implicou com o estagiário.

Pagar / Perdoar

Pessoa: VTI (a)

Coisa: VTD

O réu pagou ao advogado.

O réu pagou a multa.

Obedecer / DesobedecerVTI (a)O técnico obedeceu às normas.
PreferirVTD + VTI (a)O técnico prefere o trabalho remoto ao presencial.
Informar

Pessoa: VTI (a)

Coisa: VTD

Pessoa + Coisa: VTD + VTI (de, sobre)

O técnico informou ao promotor.

O técnico informou o resultado.

O técnico informou o promotor sobre o resultado.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar a regência de verbos como “assistir”, “aspirar”, “visar”, “implicar”, “preferir” e “obedecer”.

Regência Nominal

A regência nominal estuda a relação que se estabelece entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos que o complementam, especialmente quanto à preposição exigida.

Principais Casos de Regência Nominal
NomePreposiçãoExemplo
AcessívelaO documento é acessível a todos.
Acostumadoa, comO técnico está acostumado a/com trabalhar sob pressão.
Adequadoa, paraO procedimento é adequado ao/para o caso.
Ansiosopor, paraO técnico está ansioso por/para receber o resultado.
Aptoa, paraO candidato está apto a/para assumir o cargo.
AtentoaO promotor está atento aos detalhes.
BacharelemEle é bacharel em Direito.
CapazdeO técnico é capaz de resolver o problema.
CompatívelcomA decisão é compatível com a lei.
Dúvidasobre, acerca de, em relação aTenho dúvida sobre/acerca de/em relação a esse procedimento.
EntendidoemO promotor é entendido em Direito Penal.
FácildeO processo é fácil de entender.
HabituadoaO técnico está habituado a trabalhar com prazos curtos.
ImplicaçãoemA implicação em casos complexos exige dedicação.
Necessárioa, paraO documento é necessário ao/para o processo.
ObediênciaaA obediência às normas é fundamental.
OposiçãoaA oposição à decisão foi registrada.
PassíveldeO réu é passível de punição.
Preferênciapor, aTenho preferência por processos digitais.
PropensoaO juiz está propenso a aceitar o acordo.
Respeitoa, para comO respeito às/para com as leis é essencial.
ResponsávelporO técnico é responsável pelo arquivo.
Suscetívela, deO processo é suscetível a/de revisão.
VisívelaO erro é visível a todos.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar a regência de nomes como “acessível”, “adequado”, “ansioso”, “apto”, “dúvida”, “necessário”, “obediência”, “preferência” e “responsável”.

Colocação Pronominal

A colocação pronominal estuda a posição dos pronomes oblíquos átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) em relação ao verbo.

Posições do Pronome

Próclise

Pronome antes do verbo.

Exemplo: Ele me disse a verdade.

Mesóclise

Pronome no meio do verbo (usado com verbos no futuro do presente e no futuro do pretérito).

Exemplo: Dir-lhe-ei a verdade.

Ênclise

Pronome depois do verbo.

Exemplo: Diga-me a verdade.

Regras de Colocação Pronominal

Casos de Próclise (pronome antes do verbo)
Palavras Atrativas

Usa-se próclise quando antes do verbo houver:

  • Palavras negativas (não, nunca, jamais, ninguém, etc.)
  • Advérbios (já, sempre, ainda, talvez, etc.)
  • Pronomes indefinidos (alguém, tudo, todos, etc.)
  • Pronomes relativos (que, quem, onde, etc.)
  • Pronomes demonstrativos (isto, isso, aquilo, etc.)
  • Conjunções subordinativas (quando, se, porque, etc.)

Exemplos:

  • Não me diga isso.
  • Sempre se esforça.
  • Todos se retiraram.
  • O processo que se arquivou.
  • Isso me preocupa.
  • Quando se trata de justiça…
Outros Casos de Próclise
  • Em orações exclamativas
  • Em orações optativas (que expressam desejo)
  • Com o gerúndio precedido da preposição “em”
  • Nas orações interrogativas

Exemplos:

  • Quanto me alegra vê-lo!
  • Que Deus o abençoe!
  • Em se tratando de leis…
  • Quem lhe disse isso?
Casos de Ênclise (pronome depois do verbo)
Regra Geral

A ênclise é a posição básica dos pronomes átonos na língua portuguesa.

Exemplos:

  • Encontrei-o ontem.
  • Diga-me a verdade.
Casos Obrigatórios
  • No início de frases
  • Com verbos no imperativo afirmativo
  • Com verbos no infinitivo impessoal
  • Com verbos no gerúndio (sem preposição “em”)

Exemplos:

  • Encontrei-o ontem. (início de frase)
  • Diga-me a verdade. (imperativo afirmativo)
  • É importante informar-lhe o resultado. (infinitivo)
  • Encontrei o promotor saindo-se do tribunal. (gerúndio)
Casos de Mesóclise (pronome no meio do verbo)
Verbos no Futuro

Usa-se mesóclise com verbos no futuro do presente e no futuro do pretérito, quando não houver palavra atrativa.

Exemplos:

  • Dir-lhe-ei a verdade. (futuro do presente)
  • Far-me-ia um favor? (futuro do pretérito)

Observação: Se houver palavra atrativa, usa-se próclise.

Exemplo: Não lhe direi a verdade.

Casos Especiais

Locuções Verbais

Nas locuções verbais, o pronome pode ser colocado:

  • Depois do verbo principal (ênclise ao principal)
  • Antes do verbo auxiliar (próclise ao auxiliar)
  • Depois do verbo auxiliar (ênclise ao auxiliar)

Exemplos:

  • Vou encontrar-me com ele.
  • Me vou encontrar com ele.
  • Vou-me encontrar com ele.

Observação: Se houver palavra atrativa, o pronome deve ficar antes do verbo auxiliar.

Exemplo: Não me vou encontrar com ele.

Verbo + Infinitivo

Com verbos seguidos de infinitivo, o pronome pode ficar:

  • Depois do infinitivo
  • Antes do primeiro verbo (se houver palavra atrativa)

Exemplos:

  • Quero encontrar-me com ele.
  • Não me quero encontrar com ele.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar casos de colocação pronominal em que há palavras atrativas, início de frases, verbos no futuro e locuções verbais.

Questões Comentadas

Vamos analisar algumas questões típicas da banca AOCP sobre concordância, regência e colocação pronominal.

Questão 1 – Concordância

Assinale a alternativa em que a concordância verbal está correta:

a) Haviam muitos processos para serem analisados.
b) Fazem cinco anos que trabalho no Ministério Público.
c) Mais de um técnico faltaram à reunião.
d) A maioria dos servidores compareceu à assembleia.
e) Precisam-se de técnicos experientes.

Resposta: d) A maioria dos servidores compareceu à assembleia.

a) HaviamHavia (verbo “haver” no sentido de “existir” é impessoal)

b) FazemFaz (verbo “fazer” indicando tempo decorrido é impessoal)

c) faltaramfaltou (expressão “mais de um” exige verbo no singular)

d) compareceu (concordância com o núcleo “maioria” está correta)

e) Precisam-sePrecisa-se (verbo “precisar” na voz passiva sintética é impessoal)

Questão 2 – Regência

Assinale a alternativa em que a regência verbal está incorreta:

a) O promotor assistiu ao julgamento.
b) O técnico visou o documento.
c) O servidor obedeceu o regulamento.
d) O advogado informou ao juiz sobre a decisão.
e) O réu aspirava a um cargo público.

Resposta: c) O servidor obedeceu o regulamento.

a) assistiu ao (verbo “assistir” no sentido de “presenciar” é VTI e exige preposição “a”)

b) visou (verbo “visar” no sentido de “dar visto” é VTD)

c) obedeceu oobedeceu ao (verbo “obedecer” é VTI e exige preposição “a”)

d) informou ao (verbo “informar” + pessoa exige preposição “a”)

e) aspirava a (verbo “aspirar” no sentido de “desejar” é VTI e exige preposição “a”)

Questão 3 – Colocação Pronominal

Assinale a alternativa em que a colocação pronominal está incorreta:

a) Não me diga que você esqueceu o prazo.
b) Em se tratando de prazos, devemos ser rigorosos.
c) Me disseram que a audiência foi adiada.
d) O promotor que se manifestou é muito respeitado.
e) Contar-lhe-ei toda a verdade amanhã.

Resposta: c) Me disseram que a audiência foi adiada.

a) Não me diga (próclise obrigatória devido à palavra negativa “não”)

b) Em se tratando (próclise obrigatória com gerúndio precedido da preposição “em”)

c) Me disseramDisseram-me (no início de frases, usa-se ênclise)

d) que se manifestou (próclise obrigatória devido ao pronome relativo “que”)

e) Contar-lhe-ei (mesóclise obrigatória com verbo no futuro do presente)

Questão 4 – Concordância Nominal

Assinale a alternativa em que a concordância nominal está incorreta:

a) Seguem anexas as petições.
b) É proibida a entrada de pessoas não autorizadas.
c) Os técnicos estão quite com suas obrigações.
d) Ela mesma redigiu o documento.
e) Os processos estão meio atrasados.

Resposta: c) Os técnicos estão quite com suas obrigações.

a) anexas (o adjetivo “anexo” concorda com o substantivo “petições”)

b) proibida (o adjetivo “proibido” concorda com o substantivo “entrada”)

c) quitequites (o adjetivo “quite” deve concordar com “técnicos”)

d) mesma (o pronome “mesmo” concorda com o substantivo a que se refere)

e) meio (como advérbio, “meio” é invariável)

Questão 5 – Regência Nominal

Assinale a alternativa em que a regência nominal está incorreta:

a) O técnico está apto para o cargo.
b) O promotor é bacharel de Direito.
c) Tenho dúvida sobre esse procedimento.
d) O respeito às leis é fundamental.
e) Ele é responsável pelo arquivo.

Resposta: b) O promotor é bacharel de Direito.

a) apto para (o adjetivo “apto” pode ser seguido das preposições “a” ou “para”)

b) bacharel debacharel em (o substantivo “bacharel” exige a preposição “em”)

c) dúvida sobre (o substantivo “dúvida” pode ser seguido das preposições “sobre”, “acerca de”, “em relação a”)

d) respeito às (o substantivo “respeito” pode ser seguido das preposições “a”, “para com”)

e) responsável pelo (o adjetivo “responsável” exige a preposição “por”)

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

Emprego dos Sinais de Pontuação e sua Função no Texto

A pontuação é um recurso linguístico fundamental para a organização e compreensão de textos escritos. Os sinais de pontuação são responsáveis por indicar pausas, entonações, ênfases e relações sintáticas entre os elementos do texto, contribuindo para a clareza e a coerência da mensagem.

Sinais de Pausa

Ponto (.)

Função: Indicar o término de uma frase declarativa ou imperativa. Representa a pausa máxima.

Exemplos:

  • O processo foi arquivado. O promotor já foi notificado.
  • Encaminhe os documentos até amanhã.

Também usado em:

  • Abreviaturas: Dr. (doutor), Prof. (professor)
  • Siglas: M.P. (Ministério Público)
Vírgula (,)

Função: Indicar uma pausa breve no discurso.

Usos principais:

  1. Separar elementos de uma enumeração:

    O técnico organizou os processos, arquivou os documentos, enviou os relatórios e saiu.

  2. Isolar o vocativo:

    Senhor promotor, o processo está pronto.

  3. Isolar o aposto:

    O Dr. Silva, promotor de justiça, solicitou os documentos.

  4. Isolar expressões explicativas:

    O processo, ou seja, está em fase de conclusão.

  5. Separar orações coordenadas assindéticas:

    O técnico chegou, organizou os documentos, saiu.

  6. Separar orações coordenadas sindéticas (exceto as aditivas):

    Ele queria participar da reunião, mas não conseguiu chegar a tempo.

  7. Isolar orações subordinadas adjetivas explicativas:

    O processo, que estava arquivado, foi reaberto.

  8. Isolar orações subordinadas adverbiais (principalmente quando antepostas à principal):

    Quando o promotor chegou, a audiência já havia começado.

  9. Isolar adjuntos adverbiais deslocados ou de maior extensão:

    No final da tarde, o técnico concluiu o relatório.

  10. Marcar a elipse (omissão) de um termo:

    O promotor redigiu o parecer; o técnico, o relatório.

Ponto e Vírgula (;)

Função: Indicar uma pausa intermediária entre a vírgula e o ponto.

Usos principais:

  1. Separar orações coordenadas não unidas por conjunção, quando já houver vírgula interna:

    O promotor analisou o caso, com muita atenção; o técnico, por sua vez, organizou os documentos.

  2. Separar itens em enumerações extensas:

    O relatório deve conter: identificação do processo; resumo dos fatos; análise das provas; conclusão.

  3. Separar considerandos de decretos, sentenças, etc.:

    Considerando a necessidade de reorganização administrativa; Considerando a disponibilidade orçamentária; Resolve…

Dois-Pontos (:)

Função: Anunciar uma explicação, enumeração, citação ou fala.

Usos principais:

  1. Introduzir uma enumeração:

    O processo contém os seguintes documentos: petição inicial, contestação e réplica.

  2. Introduzir uma explicação ou esclarecimento:

    A conclusão é clara: o réu deve ser absolvido.

  3. Introduzir uma citação direta:

    O promotor declarou: “As provas são insuficientes.”

  4. Introduzir a fala de personagens em diálogos:

    O juiz: Pode iniciar seu depoimento.

Reticências (…)

Função: Indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

Usos principais:

  1. Indicar hesitação ou dúvida:

    Não sei se devo encaminhar o processo agora

  2. Sugerir continuidade:

    Os documentos necessários são: RG, CPF, comprovante de residência

  3. Indicar supressão de parte de um texto citado:

    “O Ministério Público é instituição permanente incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica.”

  4. Criar expectativa ou suspense:

    Quando abriu o envelope, encontrou

Atenção! A banca AOCP costuma explorar principalmente o uso da vírgula em questões de pontuação, com foco em casos de vírgula obrigatória e proibida.

Casos de vírgula obrigatória:

  • Para isolar o vocativo
  • Para isolar o aposto
  • Para isolar expressões explicativas
  • Para isolar orações adjetivas explicativas
  • Para separar orações coordenadas assindéticas
  • Para separar orações coordenadas sindéticas (exceto as aditivas iniciadas por “e”)

Casos de vírgula proibida:

  • Entre sujeito e predicado
  • Entre verbo e seus complementos (objeto direto, objeto indireto, predicativo)
  • Entre o nome e seu complemento nominal
  • Entre a oração principal e a subordinada substantiva (exceto quando for apositiva)

Sinais de Entonação

Ponto de Interrogação (?)

Função: Indicar uma pergunta direta.

Exemplos:

  • O processo já foi arquivado?
  • Quando será a próxima audiência?

Observação: Não se usa ponto de interrogação em perguntas indiretas.

Exemplo: O promotor perguntou se o processo já havia sido arquivado.

Ponto de Exclamação (!)

Função: Indicar emoção, surpresa, espanto, ordem ou apelo.

Exemplos:

  • Que absurdo!
  • Encaminhe os documentos imediatamente!
  • Como o processo está bem organizado!

Observação: Em textos técnicos e jurídicos, como os do Ministério Público, o uso do ponto de exclamação deve ser moderado, privilegiando-se a objetividade.

Os sinais de entonação (? e !) são menos frequentes em textos técnicos e jurídicos, mas podem aparecer em citações, transcrições de depoimentos ou em comunicações menos formais.

Sinais de Sequência

Travessão (—)

Função: Indicar a fala de personagens em diálogos ou destacar explicações.

Usos principais:

  1. Indicar a fala em diálogos:

    Senhor promotor, o processo está pronto.

    Obrigado, pode deixar sobre a mesa.

  2. Substituir vírgulas, parênteses ou dois-pontos para destacar uma explicação:

    O relatório conforme solicitado pelo promotor foi entregue ontem.

  3. Indicar mudança de interlocutor em diálogos sem necessidade de identificá-los:

    O processo está pronto?

    Sim, já foi revisado.

Parênteses ( )

Função: Isolar explicações, comentários ou indicações acessórias.

Exemplos:

  • O processo (que já estava arquivado) foi reaberto a pedido do promotor.
  • Conforme o artigo 5º (ver anexo), o prazo é de 15 dias.
  • A audiência será realizada no dia 10/05/2023 (terça-feira).
Colchetes [ ]

Função: Fazer intervenções em textos alheios ou indicar omissões.

Exemplos:

  • “O réu afirmou que estava [em casa] no momento do crime.”
  • “A testemunha declarou [sic] que viu o acusado.”
Aspas (” ” ou ‘ ‘)

Função: Destacar citações, palavras ou expressões.

Usos principais:

  1. Indicar citações diretas:

    O promotor declarou: As provas são insuficientes.

  2. Destacar palavras ou expressões:

    O termo jurisprudência refere-se ao conjunto de decisões judiciais.

  3. Indicar ironia ou sentido diferente do habitual:

    O especialista não soube responder às perguntas básicas.

  4. Destacar títulos de obras (artigos, capítulos) dentro de um texto:

    O artigo A Função Social do Ministério Público foi publicado na revista.

Em documentos oficiais e técnicos, como os produzidos no Ministério Público, é importante usar os sinais de sequência de forma precisa e adequada, especialmente em citações, transcrições e referências a outros documentos.

Função dos Sinais de Pontuação no Texto

Os sinais de pontuação desempenham funções essenciais para a construção do sentido do texto:

Função Sintática

Estabelecer relações sintáticas entre os elementos da oração e do período, delimitando unidades e indicando a hierarquia entre elas.

Exemplo: “O promotor, que analisou o caso, emitiu seu parecer.”

As vírgulas isolam a oração subordinada adjetiva explicativa.

Função Semântica

Contribuir para a construção do sentido do texto, evitando ambiguidades e garantindo a clareza da mensagem.

Exemplo: “O técnico disse que o promotor estava equivocado.” (O promotor estava equivocado)

Exemplo: “O técnico, disse o promotor, estava equivocado.” (O técnico estava equivocado)

Função Estilística

Conferir expressividade ao texto, indicando pausas, entonações e ritmos que refletem a intenção comunicativa do autor.

Exemplo: “O processo foi arquivado… mas pode ser reaberto.”

As reticências criam expectativa e suspense.

Função Organizacional

Estruturar o texto, organizando as informações e facilitando a leitura e a compreensão.

Exemplo: “O relatório deve conter: identificação; análise; conclusão.”

Os dois-pontos e o ponto e vírgula organizam a enumeração.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões que avaliam a compreensão das funções dos sinais de pontuação no texto, especialmente como a pontuação afeta o sentido e a clareza da mensagem.

Questão para praticar

Assinale a alternativa em que a vírgula foi empregada para isolar um aposto explicativo:

a) O promotor, que analisou o caso, emitiu seu parecer.
b) O técnico, por sua vez, organizou os documentos.
c) O Dr. Silva, promotor de justiça, solicitou os documentos.
d) Quando o promotor chegou, a audiência já havia começado.
e) O processo foi arquivado, mas pode ser reaberto.

Resposta correta: C

Na alternativa C, a expressão “promotor de justiça” é um aposto explicativo que especifica quem é o Dr. Silva. Nas demais alternativas, temos: A) oração subordinada adjetiva explicativa; B) adjunto adverbial deslocado; D) oração subordinada adverbial temporal; E) oração coordenada sindética adversativa.

Elementos de Coesão e suas Funções para a Construção da Coerência Textual

A coesão textual refere-se aos mecanismos linguísticos que estabelecem relações entre as diferentes partes do texto, garantindo sua continuidade e progressão. Já a coerência diz respeito à lógica e à consistência das ideias apresentadas, formando um todo significativo.

Coesão Referencial

A coesão referencial ocorre quando um elemento do texto faz referência a outro, estabelecendo relações de retomada ou antecipação. Os principais mecanismos de coesão referencial são:

Referência Pronominal

Uso de pronomes para retomar ou antecipar elementos do texto.

Exemplos:

  • O promotor analisou o processo. Ele emitiu um parecer favorável.
  • A testemunha não compareceu à audiência, o que prejudicou seu depoimento.
  • Isto é importante: o prazo para recurso é de 15 dias.

Tipos de pronomes usados:

  • Pessoais: ele, ela, eles, elas
  • Possessivos: seu, sua, seus, suas
  • Demonstrativos: este, esse, aquele, isto, isso, aquilo
  • Relativos: que, qual, quem, cujo
  • Indefinidos: outro, mesmo, tudo, todos
Referência Lexical

Uso de expressões nominais para retomar ou antecipar elementos do texto.

Tipos:

  1. Repetição:

    O processo foi arquivado. O processo poderá ser reaberto em caso de novas provas.

  2. Sinonímia:

    O advogado apresentou a defesa. O causídico argumentou com base na jurisprudência.

  3. Hiperonímia/Hiponímia:

    O réu dirigia um Fiat Uno. O veículo estava com a documentação irregular.

    O documento foi anexado ao processo. A certidão comprova a propriedade do imóvel.

  4. Expressões nominais definidas:

    Um homem foi detido ontem. O suspeito foi liberado após prestar depoimento.

    O Ministério Público emitiu parecer favorável. A instituição baseou-se em precedentes.

Elipse

Omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.

Exemplos:

  • O promotor analisou o processo e [o promotor] emitiu parecer.
  • O técnico arquivou os documentos, mas [o técnico] esqueceu de registrar no sistema.
  • Quando [o réu] chegou ao tribunal, o réu foi identificado.
Substituição

Uso de termos que substituem expressões anteriores para evitar repetições.

Exemplos:

  • O promotor solicitou a realização de uma perícia. O juiz autorizou tal procedimento.
  • O réu confessou o crime. Este fato foi determinante para a sentença.
  • A testemunha não compareceu à audiência. O mesmo ocorreu com o perito.

Exemplo de texto com diversos mecanismos de coesão referencial:

O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar denúncias de corrupção. A instituição recebeu documentos que comprovam irregularidades. Estes foram analisados pelo promotor responsável pelo caso. Ele solicitou novas diligências para esclarecer alguns pontos. Após a conclusão das investigações, [o promotor] oferecerá denúncia caso os indícios sejam suficientes.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre a identificação dos referentes de pronomes e expressões referenciais em textos, bem como a análise da função coesiva desses elementos.

Coesão Sequencial

A coesão sequencial estabelece relações entre partes do texto, garantindo sua progressão e continuidade. Ela pode ser estabelecida por mecanismos de recorrência ou por conectivos.

Recorrência

Repetição de elementos para dar continuidade ao texto.

Tipos:

  1. Recorrência de termos:

    O processo foi analisado pelo promotor. O processo contém provas suficientes.

  2. Recorrência de estruturas (paralelismo):

    O promotor analisou as provas, ouviu as testemunhas e emitiu seu parecer.

  3. Recorrência de conteúdos semânticos (paráfrase):

    O réu confessou o crime. O acusado admitiu sua culpa perante o juiz.

  4. Recorrência de recursos fonológicos (ritmo, rima):

    Mais comum em textos literários, mas pode aparecer em slogans e campanhas institucionais.

Conectivos

Elementos que estabelecem relações lógico-semânticas entre partes do texto.

Principais relações:

  1. Adição:

    O promotor analisou o processo e emitiu parecer.

    O técnico organizou os documentos além disso, atualizou o sistema.

    O réu confessou o crime bem como indicou os cúmplices.

  2. Oposição/Contraste:

    O promotor solicitou novas diligências, mas o prazo era curto.

    O réu negou as acusações, no entanto, as provas o incriminam.

    O advogado apresentou a defesa, porém não compareceu à audiência.

  3. Causa/Explicação:

    O processo foi arquivado porque não havia provas suficientes.

    O réu foi absolvido, pois as testemunhas confirmaram seu álibi.

    O prazo foi prorrogado, uma vez que houve greve no judiciário.

  4. Consequência:

    As provas eram insuficientes, portanto, o processo foi arquivado.

    O réu confessou o crime, logo, foi condenado.

    Houve falhas processuais, por isso, o julgamento foi anulado.

  5. Finalidade:

    O promotor solicitou novas diligências para esclarecer os fatos.

    O juiz convocou as testemunhas a fim de ouvir seus depoimentos.

    O MP instaurou inquérito com o objetivo de investigar as denúncias.

  6. Tempo:

    Quando o promotor chegou, a audiência já havia começado.

    O réu confessou o crime depois que foi confrontado com as provas.

    Enquanto o juiz analisava o processo, o promotor preparava seu parecer.

  7. Condição:

    O processo será reaberto se surgirem novas provas.

    Caso o réu não compareça, será julgado à revelia.

    O prazo será prorrogado desde que haja justificativa.

  8. Comparação:

    O novo procedimento é mais eficiente que o anterior.

    O promotor agiu conforme a lei determina.

    O caso atual é semelhante a outro julgado recentemente.

  9. Conformidade:

    Segundo o promotor, as provas são insuficientes.

    De acordo com a legislação, o prazo é de 15 dias.

    Conforme o relatório, houve irregularidades no processo.

Progressão Temática

Forma como as informações são organizadas e desenvolvidas no texto.

Tipos:

  1. Progressão linear:

    O promotor analisou o processo. O processo continha provas importantes. As provas foram decisivas para o parecer.

  2. Progressão com tema constante:

    O promotor analisou o processo. O promotor ouviu as testemunhas. O promotor emitiu seu parecer.

  3. Progressão com temas derivados:

    O julgamento ocorreu ontem. O juiz ouviu as testemunhas. O promotor apresentou as provas. O advogado fez a defesa.

Ordenadores Discursivos

Expressões que organizam as partes do texto e indicam sua sequência.

Exemplos:

  • Iniciar um assunto: Em primeiro lugar, Inicialmente, A princípio
  • Dar continuidade: Em seguida, Posteriormente, Dando continuidade
  • Adicionar informações: Além disso, Ademais, Outrossim
  • Exemplificar: Por exemplo, A saber, Isto é
  • Concluir: Por fim, Em conclusão, Portanto

Exemplo de texto com diversos mecanismos de coesão sequencial:

Em primeiro lugar, o Ministério Público analisou a denúncia recebida. Em seguida, o promotor solicitou diligências para apurar os fatos. As investigações revelaram irregularidades, portanto, foi oferecida denúncia contra os responsáveis. O processo seguiu seu curso e chegou à fase de instrução. Durante as audiências, várias testemunhas foram ouvidas. Por fim, o juiz proferiu a sentença, condenando os réus, absolvendo alguns acusados e determinando novas investigações.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões sobre a identificação e a função dos conectivos em textos, bem como a análise das relações lógico-semânticas estabelecidas por eles.

Coerência Textual

A coerência textual refere-se à lógica e à consistência das ideias apresentadas no texto, formando um todo significativo. Enquanto a coesão opera no nível da superfície textual, a coerência atua no nível semântico e cognitivo.

Fatores de Coerência

1. Conhecimento de mundo: Informações compartilhadas entre autor e leitor.

2. Conhecimento linguístico: Domínio do código linguístico.

3. Conhecimento textual: Familiaridade com diferentes tipos e gêneros textuais.

4. Intencionalidade: Objetivo do autor ao produzir o texto.

5. Aceitabilidade: Disposição do leitor para aceitar o texto como coerente.

6. Situacionalidade: Adequação do texto à situação comunicativa.

7. Informatividade: Equilíbrio entre informações novas e conhecidas.

8. Intertextualidade: Relação do texto com outros textos.

Tipos de Coerência

1. Coerência semântica: Relação lógica entre os significados das palavras e frases.

2. Coerência sintática: Organização adequada dos elementos na frase.

3. Coerência temática: Manutenção do tema central ao longo do texto.

4. Coerência pragmática: Adequação do texto à situação comunicativa e aos interlocutores.

5. Coerência estilística: Manutenção do registro linguístico adequado ao gênero e à situação.

6. Coerência global: Sentido geral do texto como um todo.

Relação entre Coesão e Coerência

A coesão contribui para a coerência, mas não a garante. Um texto pode ter elementos coesivos e ser incoerente, assim como pode ser coerente mesmo com poucos elementos coesivos explícitos.

Exemplo de texto com coesão, mas sem coerência:

“O promotor analisou o processo e o computador travou. A chuva estava forte naquele dia e o réu foi absolvido porque o carro estava estacionado em local proibido.”

Exemplo de texto com pouca coesão explícita, mas com coerência:

“Chegou cedo. Analisou documentos. Redigiu parecer. Encaminhou processo.”

Mecanismos de Construção da Coerência

1. Manutenção temática: Desenvolvimento do tema central sem digressões injustificadas.

2. Progressão temática: Avanço das informações de forma lógica e ordenada.

3. Não-contradição: Ausência de ideias que se contradigam internamente.

4. Relação com o mundo: Compatibilidade entre as informações do texto e o conhecimento de mundo.

5. Articulação: Conexão adequada entre as partes do texto.

Texto Coerente

O Ministério Público instaurou inquérito para investigar denúncias de corrupção na Secretaria de Obras. Após análise de documentos e oitiva de testemunhas, o promotor responsável pelo caso identificou irregularidades em contratos de licitação. Com base nas provas coletadas, foi oferecida denúncia contra três servidores públicos e dois empresários. O processo segue agora para a fase de instrução, quando serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa.

Texto Incoerente

O Ministério Público instaurou inquérito para investigar denúncias de corrupção na Secretaria de Obras. O promotor gosta de jogar tênis aos finais de semana. As provas foram coletadas durante o inverno, quando as temperaturas estavam baixas. A denúncia foi oferecida porque o computador estava lento. Os servidores públicos foram acusados, mas o processo foi arquivado devido à cor azul do céu naquele dia.

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre a análise da coerência textual, identificação de problemas de coerência e a relação entre coesão e coerência em textos.

Contribuição dos Elementos de Coesão para a Coerência Textual

Os elementos de coesão contribuem significativamente para a construção da coerência textual das seguintes formas:

Estabelecimento de Relações Lógicas

Os conectivos explicitam as relações lógico-semânticas entre as partes do texto, facilitando a compreensão da linha argumentativa.

Exemplo: “O réu não compareceu à audiência, portanto, foi julgado à revelia.”

O conectivo “portanto” estabelece uma relação de consequência, contribuindo para a coerência do texto.

Manutenção da Continuidade Temática

Os mecanismos de referenciação (pronomes, sinônimos, etc.) permitem retomar elementos já mencionados, mantendo o tema em foco.

Exemplo: “O promotor analisou o processo. Ele identificou irregularidades e solicitou novas diligências.”

O pronome “ele” retoma “promotor”, mantendo a continuidade temática.

Organização Textual

Os ordenadores discursivos estruturam o texto, indicando a sequência e a hierarquia das informações.

Exemplo:Em primeiro lugar, analisaremos as provas documentais. Em seguida, examinaremos os depoimentos das testemunhas. Por fim, apresentaremos nossa conclusão.”

Os ordenadores organizam o texto, contribuindo para sua coerência global.

Evitar Repetições Desnecessárias

Os mecanismos de substituição e elipse evitam repetições que poderiam tornar o texto cansativo e pouco fluido.

Exemplo: “O processo foi analisado pelo promotor. O documento continha provas importantes.”

A substituição de “processo” por “documento” evita a repetição e mantém a coesão.

Preenchimento de Lacunas Semânticas

Os elementos coesivos ajudam a preencher lacunas semânticas, tornando explícitas relações que poderiam ficar implícitas.

Exemplo: “O réu não compareceu à audiência. Isso ocorreu porque não foi notificado corretamente.”

A expressão “isso ocorreu porque” explicita a relação de causa, contribuindo para a coerência.

Progressão Textual

Os mecanismos de coesão sequencial garantem a progressão do texto, permitindo o avanço das informações de forma lógica.

Exemplo: “O inquérito foi instaurado em janeiro. Nos meses seguintes, foram ouvidas as testemunhas. Após a conclusão das investigações, o promotor ofereceu denúncia.”

As expressões temporais garantem a progressão cronológica do texto.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões sobre a função dos elementos coesivos na construção da coerência textual, especialmente em textos argumentativos e informativos.

Questão para praticar

Leia o texto a seguir:

“O Ministério Público instaurou inquérito para investigar denúncias de corrupção. A instituição recebeu documentos que comprovam irregularidades. Estes foram analisados pelo promotor responsável pelo caso. Ele solicitou novas diligências para esclarecer alguns pontos.”

Assinale a alternativa que indica corretamente o referente do pronome “Estes” no texto:

a) O Ministério Público
b) inquérito
c) denúncias de corrupção
d) documentos
e) irregularidades

Resposta correta: D

O pronome demonstrativo “Estes” retoma o termo “documentos” mencionado na frase anterior. A coesão referencial é estabelecida pelo uso do pronome demonstrativo, que faz referência a um elemento já mencionado no texto (anáfora).

Questões Comentadas

Questão 1 – Pontuação (AOCP)

Assinale a alternativa em que a vírgula foi empregada para separar orações coordenadas assindéticas.

a) O promotor analisou o processo, emitiu parecer e encaminhou ao juiz.
b) O técnico, que é muito eficiente, organizou todos os documentos.
c) Quando o prazo terminou, o advogado já havia apresentado a defesa.
d) O processo foi arquivado, mas pode ser reaberto em caso de novas provas.
e) O Dr. Silva, promotor de justiça, solicitou os documentos urgentemente.

Resposta correta: A

Na alternativa A, a vírgula separa as orações coordenadas assindéticas “O promotor analisou o processo” e “emitiu parecer”. São orações independentes, com o mesmo sujeito, justapostas sem conjunção. Nas demais alternativas: B) vírgula isolando oração adjetiva explicativa; C) vírgula separando oração subordinada adverbial temporal anteposta; D) vírgula separando oração coordenada sindética adversativa; E) vírgula isolando aposto.

Questão 2 – Pontuação (AOCP)

Assinale a alternativa em que o uso da vírgula está INCORRETO.

a) O promotor, que analisou o caso, emitiu seu parecer.
b) O técnico do Ministério Público, organizou os documentos rapidamente.
c) Quando o prazo terminou, o advogado já havia apresentado a defesa.
d) O processo foi arquivado, mas pode ser reaberto em caso de novas provas.
e) O Dr. Silva, promotor de justiça, solicitou os documentos urgentemente.

Resposta correta: B

Na alternativa B, a vírgula está incorreta porque separa o sujeito “O técnico do Ministério Público” do predicado “organizou os documentos rapidamente”. Não se deve usar vírgula entre sujeito e predicado. Nas demais alternativas, o uso da vírgula está correto: A) isolando oração adjetiva explicativa; C) separando oração subordinada adverbial temporal anteposta; D) separando oração coordenada sindética adversativa; E) isolando aposto.

Questão 3 – Coesão (AOCP)

Leia o texto a seguir:

“O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar denúncias de corrupção. ________, foram ouvidas diversas testemunhas e coletados documentos importantes.”

Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna, mantendo a relação lógico-semântica entre as orações.

a) Portanto
b) Entretanto
c) Em seguida
d) Porque
e) Embora

Resposta correta: C

A expressão “Em seguida” estabelece uma relação de sequência temporal entre as ações descritas nas duas orações, indicando que após a instauração do inquérito, foram realizadas as oitivas e coletas de documentos. As demais alternativas estabeleceriam relações inadequadas: “Portanto” (conclusão), “Entretanto” (oposição), “Porque” (causa) e “Embora” (concessão) não seriam coerentes com o contexto apresentado.

Questão 4 – Coesão e Coerência (AOCP)

Leia o texto a seguir:

“O promotor analisou o processo. Ele identificou irregularidades e solicitou novas diligências. Estas foram realizadas pelo oficial de justiça.”

Assinale a alternativa que indica corretamente os referentes dos termos destacados.

a) Ele = processo; Estas = irregularidades
b) Ele = promotor; Estas = irregularidades
c) Ele = promotor; Estas = diligências
d) Ele = processo; Estas = diligências
e) Ele = oficial de justiça; Estas = diligências

Resposta correta: C

O pronome “Ele” retoma o termo “promotor”, que é o sujeito da oração anterior. O pronome demonstrativo “Estas” retoma o termo “diligências”, que é o elemento mais próximo ao qual o pronome pode se referir de forma coerente no contexto. A coesão referencial é estabelecida pelo uso desses pronomes, que fazem referência a elementos já mencionados no texto (anáfora).

Questão 5 – Pontuação e Coesão (AOCP)

Assinale a alternativa em que o trecho apresenta problema de coesão ou pontuação.

a) O Ministério Público, que é uma instituição essencial à função jurisdicional do Estado, tem como função defender a ordem jurídica e o regime democrático.
b) O promotor analisou o processo, identificou irregularidades e solicitou novas diligências para esclarecer os fatos.
c) Quando o prazo terminou o advogado já havia apresentado a defesa do réu que estava sendo acusado de corrupção.
d) O técnico organizou os documentos, além disso, atualizou o sistema com as informações mais recentes.
e) O processo foi arquivado, pois não havia provas suficientes para sustentar a acusação.

Resposta correta: C

Na alternativa C, há problemas de pontuação: falta uma vírgula após “Quando o prazo terminou” (para separar a oração subordinada adverbial temporal anteposta) e faltam vírgulas antes e depois de “que estava sendo acusado de corrupção” (para isolar a oração subordinada adjetiva explicativa). A forma correta seria: “Quando o prazo terminou, o advogado já havia apresentado a defesa do réu, que estava sendo acusado de corrupção.”

Apostila de Língua Portuguesa – Técnico MPRS

Apostila de Língua Portuguesa

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

Função Textual dos Vocábulos

A função textual dos vocábulos refere-se ao papel que as palavras desempenham na construção do sentido e da estrutura do texto. Cada classe gramatical e cada termo da oração contribuem de maneira específica para a organização textual, a progressão temática e a coesão.

Classes Gramaticais e suas Funções Textuais

Substantivos

Função textual: Nomeiam e introduzem referentes no texto, estabelecendo o tema e os subtemas.

Exemplos:

  • O processo foi arquivado pelo promotor.
  • A audiência ocorrerá na próxima semana.
Adjetivos

Função textual: Caracterizam os substantivos, contribuindo para a construção de imagens e para a expressão de avaliações.

Exemplos:

  • O processo complexo exigiu análise detalhada.
  • A testemunha principal apresentou um depoimento contraditório.
Pronomes

Função textual: Substituem ou acompanham nomes, estabelecendo referências e evitando repetições.

Exemplos:

  • O promotor analisou o processo. Ele emitiu um parecer favorável.
  • Este documento deve ser arquivado, enquanto aquele deve ser encaminhado ao juiz.
Conjunções

Função textual: Conectam orações e períodos, estabelecendo relações lógico-semânticas.

Exemplos:

  • O processo foi arquivado porque não havia provas suficientes.
  • O promotor analisou o processo e emitiu parecer.
  • O réu não compareceu à audiência, portanto, será julgado à revelia.

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões sobre a função textual das classes gramaticais, especialmente pronomes, conjunções e advérbios, avaliando como esses elementos contribuem para a coesão e a coerência do texto.

Termos da Oração e suas Funções Textuais

Sujeito

Função textual: Indica o tema da oração, o elemento sobre o qual se faz uma declaração.

Exemplos:

  • O promotor analisou o processo.
  • Os documentos foram arquivados.
Predicado

Função textual: Apresenta informações sobre o sujeito, desenvolvendo o tema e fazendo a progressão textual.

Exemplos:

  • O promotor analisou o processo.
  • Os documentos foram arquivados pelo técnico.
Adjunto Adverbial

Função textual: Expressa circunstâncias da ação verbal, contribuindo para a contextualização.

Exemplos:

  • O processo foi analisado cuidadosamente (modo).
  • A audiência ocorrerá amanhã (tempo) no fórum (lugar).

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre a função sintática dos termos e como essa função contribui para a construção do sentido do texto.

Funções Textuais Específicas

Referenciação

Definição: Processo de construção e retomada de referentes no texto.

Elementos: Substantivos, pronomes, artigos, expressões nominais

Exemplo:

Um homem foi detido ontem. O suspeito foi liberado após prestar depoimento. Ele alegou inocência.

Articulação

Definição: Estabelecimento de relações lógico-semânticas entre partes do texto.

Elementos: Conjunções, preposições, advérbios, expressões conectivas

Exemplo:

O processo foi arquivado porque não havia provas suficientes. No entanto, poderá ser reaberto caso surjam novos elementos.

Modalização

Definição: Expressão da atitude do autor em relação ao conteúdo do texto.

Elementos: Advérbios modalizadores, verbos modais, adjetivos avaliativos

Exemplo:

O processo deve ser analisado com atenção. Provavelmente, será necessário solicitar novas diligências.

Questão para praticar

Leia o texto a seguir:

“O Ministério Público instaurou um inquérito para investigar denúncias de corrupção. A instituição recebeu documentos que comprovam irregularidades. Estes foram analisados pelo promotor responsável pelo caso. Ele solicitou novas diligências para esclarecer alguns pontos.”

Assinale a alternativa que analisa corretamente a função textual dos termos destacados:

a) “A instituição” retoma “O Ministério Público” por meio de uma expressão nominal definida, contribuindo para a coesão referencial.
b) “Estes” refere-se a “irregularidades”, estabelecendo uma relação anafórica incorreta.
c) “Ele” refere-se a “caso”, estabelecendo uma relação anafórica de retomada.
d) “para” introduz uma finalidade, mas não contribui para a coesão textual.
e) “pelo” indica apenas o agente da passiva, sem função coesiva no texto.

Resposta correta: A

A expressão “A instituição” retoma o referente “O Ministério Público” por meio de uma expressão nominal definida (hiperônimo), contribuindo para a coesão referencial do texto.

Variação Linguística

A variação linguística é um fenômeno natural e inerente a todas as línguas vivas. Refere-se às diferentes formas de expressão que uma língua apresenta, de acordo com fatores históricos, geográficos, sociais e situacionais.

Tipos de Variação Linguística

Variação Diacrônica

Definição: Variação da língua ao longo do tempo.

Exemplos:

  • Português arcaico: “Nom podemos dizer” → Português contemporâneo: “Não podemos dizer”
  • Palavras que caíram em desuso: “botica” (farmácia)
  • Novas palavras: “internet”, “smartphone”, “deletar”
Variação Diatópica

Definição: Variação da língua de acordo com o espaço geográfico.

Exemplos:

  • Sul do Brasil: “tu” como pronome de tratamento informal
  • Nordeste: “oxente” como interjeição
  • Diferentes nomes: “mandioca”, “macaxeira”, “aipim”
Variação Diastrática

Definição: Variação da língua de acordo com os grupos sociais.

Exemplos:

  • Linguagem jurídica: “impetrar um habeas corpus”
  • Gírias juvenis: “massa”, “da hora”, “top”
  • Linguagem técnica médica: “anamnese”, “etiologia”
Variação Diafásica

Definição: Variação da língua de acordo com a situação comunicativa.

Exemplos:

  • Situação formal: “Solicito que Vossa Senhoria encaminhe os documentos.”
  • Situação informal: “Por favor, manda os documentos pra mim.”

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões sobre os tipos de variação linguística, solicitando a identificação do tipo de variação presente em determinados exemplos.

Norma Culta e Variedades Linguísticas

Norma Culta

Definição: Variedade linguística de prestígio, utilizada em situações formais e por falantes escolarizados.

Contextos de uso:

  • Documentos oficiais e jurídicos
  • Textos acadêmicos e científicos
  • Comunicações formais em ambientes profissionais
Norma Popular

Definição: Variedades linguísticas utilizadas por falantes com menor escolaridade ou em situações informais.

Exemplos de fenômenos:

  • Redução de proparoxítonas: “abóbora” → “abóbra”
  • Ausência de concordância: “os menino”, “nós vai”
  • Rotacismo: “planta” → “pranta”
Preconceito Linguístico

Definição: Discriminação baseada no modo de falar de um indivíduo ou grupo.

Como combater:

  • Reconhecer a legitimidade de todas as variedades linguísticas
  • Compreender a diferença entre adequação linguística e “correção”
  • Valorizar a diversidade linguística como expressão cultural

Dica para o concurso: A banca AOCP costuma explorar questões sobre a relação entre norma culta e variedades linguísticas, enfatizando a importância da adequação linguística em diferentes contextos.

Adequação Linguística

A adequação linguística refere-se à capacidade de adaptar o uso da língua às diferentes situações comunicativas, considerando fatores como o interlocutor, o contexto, o objetivo da comunicação e o gênero textual.

Fatores de Adequação

1. Interlocutor: Quem é o destinatário da mensagem?

  • Nível hierárquico
  • Grau de familiaridade
  • Conhecimento técnico

2. Contexto: Em que situação ocorre a comunicação?

  • Formal ou informal
  • Público ou privado
  • Institucional ou pessoal
Níveis de Formalidade

1. Linguagem formal:

  • Uso da norma culta
  • Vocabulário preciso e técnico
  • Estruturas sintáticas completas
  • Tratamento respeitoso e distanciado

2. Linguagem informal:

  • Maior liberdade em relação à norma culta
  • Vocabulário cotidiano, com gírias
  • Estruturas sintáticas simplificadas
  • Tratamento próximo e familiar
Questão para praticar

Analise os textos a seguir:

Texto I: “Solicito a Vossa Senhoria que encaminhe os documentos necessários para a instrução do processo, conforme estabelecido no artigo 15 da Resolução nº 45/2022.”

Texto II: “Manda pra mim os documentos do processo, como tá na regra do artigo 15, blz?”

Assinale a alternativa correta sobre os textos:

a) O Texto I apresenta inadequação linguística por ser excessivamente formal.
b) O Texto II é adequado para comunicações oficiais em qualquer contexto.
c) Ambos os textos apresentam variação diafásica, relacionada à situação comunicativa.
d) O Texto I apresenta variação diatópica, enquanto o Texto II apresenta variação diastrática.
e) A diferença entre os textos é apenas estilística, não havendo variação linguística.

Resposta correta: C

Ambos os textos apresentam variação diafásica, que é a variação relacionada à situação comunicativa e ao grau de formalidade.

Questões Comentadas

Questão 1 – Função Textual dos Vocábulos

Leia o texto a seguir:

“O Ministério Público do Rio Grande do Sul atua na defesa dos direitos coletivos. Essa instituição tem como missão promover a justiça. Para isso, conta com promotores e procuradores dedicados, os quais trabalham diariamente para garantir o cumprimento da lei.”

Sobre a função textual dos termos destacados, assinale a alternativa correta:

a) “Essa” é um pronome demonstrativo que retoma “Rio Grande do Sul”, estabelecendo uma referência espacial.
b) “Para isso” é uma expressão que introduz uma finalidade, sem função coesiva no texto.
c) “Os quais” é um pronome relativo que retoma “promotores e procuradores dedicados”, estabelecendo uma relação anafórica.
d) “Essa” e “os quais” são pronomes com função dêitica, apontando para elementos externos ao texto.
e) Os três termos destacados têm função exclusivamente gramatical, sem contribuir para a coesão textual.

Resposta correta: C

O pronome relativo “os quais” retoma o antecedente “promotores e procuradores dedicados”, estabelecendo uma relação anafórica que contribui para a coesão textual.

Questão 2 – Função Textual dos Vocábulos

Analise o trecho a seguir:

“O concurso para o Ministério Público será realizado em três etapas. Primeiramente, os candidatos farão uma prova objetiva. Em seguida, haverá uma prova discursiva. Por fim, os aprovados participarão de uma entrevista.”

Os termos destacados desempenham qual função textual?

a) Modalização, indicando a atitude do autor em relação ao conteúdo.
b) Referenciação, retomando elementos anteriormente mencionados.
c) Sequenciação temporal, organizando cronologicamente as informações.
d) Argumentação, estabelecendo relações de causa e consequência.
e) Espacialização, situando os eventos em diferentes locais.

Resposta correta: C

Os termos destacados (“primeiramente”, “em seguida”, “por fim”) são marcadores temporais que organizam cronologicamente as informações, estabelecendo a sequência das etapas do concurso.

Questão 3 – Variação Linguística

Leia os textos a seguir:

Texto I: “Antigamente, os processos eram todos físicos, com pilhas de papel. Hoje, com a informatização, tudo é digital.”

Texto II: “No Nordeste, chamam de ‘abestado’; aqui no Sul, dizemos ‘bobo’.”

Os textos I e II exemplificam, respectivamente, quais tipos de variação linguística?

a) Variação diafásica e variação diastrática.
b) Variação diacrônica e variação diatópica.
c) Variação diamésica e variação diafásica.
d) Variação diastrática e variação diamésica.
e) Variação diatópica e variação diacrônica.

Resposta correta: B

O Texto I exemplifica a variação diacrônica (ao longo do tempo), comparando como eram os processos “antigamente” e “hoje”. O Texto II exemplifica a variação diatópica (geográfica), comparando termos usados no Nordeste e no Sul do Brasil.

Apostila de Redação Oficial – Técnico MPRS

Apostila de Redação Oficial

Concurso para Técnico do Ministério Público do RS

Banca: Instituto AOCP

Aspectos Gerais da Redação Oficial

A Redação Oficial corresponde à maneira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações oficiais. O Manual de Redação da Presidência da República estabelece as diretrizes para a elaboração desses documentos.

Princípios da Redação Oficial

Impessoalidade

A redação oficial deve ser isenta da interferência da individualidade de quem a elabora. Decorre:

  • Da ausência de impressões individuais
  • Da impessoalidade de quem recebe a comunicação
  • Do caráter impessoal do assunto tratado
Exemplo:

Eu penso que o processo deve ser arquivado.

Sugere-se o arquivamento do processo.

Clareza

O texto deve ser compreendido imediatamente pelo leitor. Para isso:

  • Usar frases curtas e concisas
  • Utilizar a ordem direta
  • Empregar palavras em seu sentido comum
  • Evitar regionalismos e neologismos
Concisão

Transmitir o máximo de informações com o mínimo de palavras:

  • Eliminar palavras e expressões supérfluas
  • Evitar adjetivações desnecessárias
  • Eliminar repetições e redundâncias

Atenção! A banca AOCP costuma explorar questões sobre os princípios da Redação Oficial, especialmente impessoalidade e clareza.

Atributos da Redação Oficial

Formalidade e Padronização

A formalidade refere-se às normas de tratamento usuais na correspondência oficial. A padronização refere-se à uniformidade dos documentos.

  • Uso do padrão culto da língua
  • Emprego adequado dos pronomes de tratamento
  • Utilização de modelos pré-estabelecidos
Correção

Refere-se ao uso do padrão culto da língua portuguesa:

  • Respeito às regras gramaticais
  • Uso correto da ortografia
  • Pontuação adequada
  • Concordância e regência
Coesão e Coerência

A coesão refere-se à conexão entre os elementos do texto. A coerência diz respeito à lógica das ideias apresentadas.

  • Uso adequado de conectivos
  • Referenciação correta
  • Progressão temática
  • Ausência de contradições

Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento são utilizados para demonstrar respeito e formalidade nas comunicações oficiais.

PronomeAbreviaturaCargo/Função
Vossa ExcelênciaV. Ex.ªPresidente, Ministros, Governadores, Juízes
Vossa SenhoriaV. S.ªDemais autoridades e particulares
Vossa MagnificênciaV. Mag.ªReitores de universidades
Particularidades dos Pronomes de Tratamento
  • Embora se refiram à 2ª pessoa gramatical, levam a concordância para a 3ª pessoa
  • Os pronomes possessivos são sempre na 3ª pessoa: seu, sua
  • Usa-se “Vossa” quando nos dirigimos à pessoa; usa-se “Sua” quando falamos sobre a pessoa
Exemplo:

Informo a Vossa Senhoria que seu requerimento foi deferido.

Gêneros Textuais na Redação Oficial

Os gêneros textuais da Redação Oficial são documentos padronizados utilizados na comunicação entre órgãos públicos e entre estes e os cidadãos.

Correspondências Oficiais

Ofício

Definição: Modalidade de comunicação entre órgãos da Administração Pública ou entre estes e particulares.

Estrutura:

  1. Cabeçalho (brasão e identificação do órgão)
  2. Identificação do documento (tipo, número e data)
  3. Destinatário
  4. Assunto
  5. Vocativo
  6. Texto (introdução, desenvolvimento, conclusão)
  7. Fecho
  8. Assinatura

Fechos: “Respeitosamente” (autoridades superiores) ou “Atenciosamente” (mesma hierarquia ou inferior)

Memorando

Definição: Modalidade de comunicação interna entre unidades administrativas de um mesmo órgão.

Características:

  • Tramitação mais ágil
  • Linguagem mais simples e direta
  • Menor formalidade (comparado ao ofício)
Aviso

Definição: Modalidade de comunicação expedida exclusivamente por Ministros de Estado para autoridades de mesma hierarquia.

Documentos Oficiais

Ata

Definição: Documento que registra resumidamente as ocorrências, deliberações e decisões de reuniões.

Características:

  • Texto em parágrafo único, sem rasuras
  • Linguagem clara, precisa e objetiva
  • Verbos no tempo presente ou pretérito perfeito
  • Números por extenso
Parecer

Definição: Manifestação de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua consideração.

Estrutura:

  1. Cabeçalho (identificação do documento)
  2. Ementa (resumo do assunto)
  3. Relatório (histórico do assunto)
  4. Análise (fundamentação)
  5. Conclusão (opinião)
Relatório

Definição: Exposição circunstanciada de atividades, fatos ou situações.

Estrutura:

  1. Introdução (identificação e objetivos)
  2. Desenvolvimento (detalhamento das atividades)
  3. Conclusão (síntese dos resultados)

Atos Normativos

Lei

Definição: Ato normativo primário que contém normas gerais e abstratas.

Estrutura:

  1. Epígrafe (tipo, número e data)
  2. Ementa (resumo do conteúdo)
  3. Preâmbulo (autoridade, fundamento legal)
  4. Texto (artigos, parágrafos, incisos, alíneas)
  5. Cláusula de vigência
  6. Cláusula de revogação (quando houver)
Decreto

Definição: Ato administrativo da competência exclusiva do Chefe do Executivo.

Tipos:

  • Decreto regulamentar (regulamenta uma lei)
  • Decreto autônomo (dispõe sobre matéria não regulada em lei)
Portaria

Definição: Ato administrativo interno pelo qual o chefe de órgão expede determinações a seus subordinados.

Finalidades:

  • Nomear, designar, exonerar
  • Criar comissões ou grupos de trabalho
  • Delegar competências
  • Estabelecer normas de serviço

Níveis de Linguagem

Os níveis de linguagem referem-se às diferentes formas de expressão linguística, que variam de acordo com o contexto comunicativo, o grau de formalidade e a relação entre os interlocutores.

Níveis de Formalidade na Linguagem

Linguagem Formal

Características:

  • Respeito às normas gramaticais
  • Vocabulário preciso e técnico
  • Estruturas sintáticas completas
  • Ausência de gírias e regionalismos

Contextos de uso: Documentos oficiais, comunicações entre órgãos, atos normativos

Linguagem Semiformal

Características:

  • Respeito às principais normas gramaticais
  • Vocabulário mais acessível
  • Estruturas sintáticas menos complexas

Contextos de uso: Comunicações internas, memorandos, atendimento ao público

Linguagem Informal

Características:

  • Maior liberdade em relação às normas gramaticais
  • Vocabulário cotidiano, com possível uso de gírias
  • Estruturas sintáticas simplificadas

Contextos de uso: Conversas entre colegas, mensagens instantâneas

Este nível de linguagem NÃO é adequado para documentos oficiais.

Linguagem Técnica na Redação Oficial

Características da Linguagem Técnica
  • Vocabulário específico de uma área
  • Precisão terminológica
  • Objetividade
  • Economia linguística
  • Impessoalidade
Áreas Técnicas na Administração Pública

Cada área possui seu vocabulário técnico específico:

  • Jurídica: habeas corpus, mandado de segurança, liminar
  • Contábil: empenho, liquidação, dotação orçamentária
  • Gestão: benchmarking, stakeholders, compliance
  • Tecnologia: backup, firewall, protocolo
Uso Adequado da Linguagem Técnica

Recomendações:

  • Utilizar termos técnicos apenas quando necessário
  • Considerar o conhecimento do destinatário
  • Explicar termos técnicos quando o destinatário não for especialista
  • Evitar o uso excessivo de siglas

Linguagem Burocrática e seus Problemas

O que é Linguagem Burocrática?

É um estilo de escrita caracterizado pelo uso excessivo de formalidades, jargões administrativos e construções sintáticas complexas.

Problemas da Linguagem Burocrática
  • Prolixidade: uso de mais palavras do que o necessário
  • Rebuscamento: uso de palavras raras ou arcaicas
  • Circunlóquio: “dar voltas” para dizer algo simples
  • Gerundismo: uso excessivo do gerúndio
  • Clichês administrativos: expressões desgastadas
Expressões Burocráticas a Evitar
Expressão BurocráticaAlternativa Recomendada
No que tange aSobre, quanto a
Vimos por meio destaInformamos, comunicamos
Cumpre-nos informar queInformamos que
Para os devidos finsPara
Em tempo hábilNo prazo

Adequação Linguística

A adequação linguística refere-se à capacidade de adaptar o uso da língua às diferentes situações comunicativas, considerando fatores como o interlocutor, o contexto, o objetivo da comunicação e o gênero textual.

Fatores de Adequação Linguística

Interlocutor

Aspectos a considerar:

  • Nível hierárquico
  • Grau de familiaridade
  • Conhecimento técnico
  • Expectativas e necessidades
Exemplo:

Para um cidadão: “Informamos que seu pedido foi deferido, ou seja, foi aceito.”

Para um advogado: “Informamos que o pedido foi deferido, nos termos do art. 15 da Lei nº 9.784/99.”

Contexto Comunicativo

Aspectos a considerar:

  • Formal ou informal
  • Público ou privado
  • Institucional ou pessoal
  • Urgente ou rotineiro
Objetivo Comunicativo

Tipos de objetivos:

  • Informar
  • Solicitar
  • Determinar
  • Persuadir
  • Esclarecer
Gênero Textual

Aspectos a considerar:

  • Estrutura típica do gênero
  • Convenções linguísticas
  • Grau de formalidade esperado
  • Extensão adequada

Adequação Linguística na Redação Oficial

Padrão Culto da Língua

A redação oficial deve seguir o padrão culto da língua portuguesa:

  • Correção ortográfica
  • Concordância verbal e nominal
  • Regência verbal e nominal
  • Pontuação adequada
  • Colocação pronominal
Formalidade e Padronização

A redação oficial deve apresentar:

  • Tratamento respeitoso
  • Uso adequado dos pronomes de tratamento
  • Fechos padronizados
  • Estrutura conforme o gênero textual
Clareza e Concisão

A redação oficial deve ser:

  • Clara: compreensível à primeira leitura
  • Concisa: máximo de informações com mínimo de palavras
  • Objetiva: ir direto ao assunto
  • Coesa: conexão entre as partes do texto
  • Coerente: lógica e consistência nas ideias
Impessoalidade

A redação oficial deve ser impessoal, evitando:

  • Impressões pessoais
  • Uso da primeira pessoa do singular (exceto em casos específicos)
  • Adjetivação excessiva
  • Linguagem subjetiva
Questão para praticar

Analise o trecho a seguir, extraído de um ofício:

“Venho por meio desta informar a Vossa Senhoria que, no que tange à solicitação feita por vós no ofício anterior, cumpre-me esclarecer que a mesma encontra-se em fase de análise.”

Assinale a alternativa que apresenta os problemas de inadequação linguística presentes no trecho:

a) Apenas uso incorreto do pronome de tratamento.
b) Apenas linguagem rebuscada e prolixa.
c) Apenas falta de clareza e objetividade.
d) Linguagem rebuscada, prolixa, uso incorreto do pronome de tratamento e expressões burocráticas desnecessárias.

Resposta correta: D

O trecho apresenta linguagem rebuscada e prolixa (“no que tange à”), uso incorreto do pronome de tratamento (“vós” em vez de “Vossa Senhoria”) e expressões burocráticas desnecessárias (“venho por meio desta”, “a mesma”).





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