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Simulado Auxiliar de Sala
Banca: Instituto Legalle
Cargo: Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
Total de Questões: 40
Antes mesmo de ser visto pela primeira vez, Roma já era um dos filmes mais comentados do ano. Dado como certo na competição do Festival de Cannes 2018, foi cortado do evento após a decisão da organização de banir os filmes da Netflix da programação. O diretor Alfonso Cuarón até tentou fazer um lobby para a empresa e o evento entrarem em sintonia, não rolou. Com isso, o filme foi guardado para o Festival de Veneza, de onde saiu com o Leão de Ouro de Melhor Filme. Agora, na programação do Festival de Toronto, desponta como forte concorrente ao Oscar do ano que vem.
✅ GABARITO: Alternativa A
O texto afirma claramente que o filme “saiu com o Leão de Ouro de Melhor Filme” do Festival de Veneza. As demais alternativas contradizem informações explícitas do texto.
Referência: Compreensão textual – localização de informações explícitas no texto.
✅ GABARITO: Alternativa B
O texto é uma crítica cinematográfica que introduz comentários sobre o filme Roma, contextualizando sua participação em festivais e antecipando uma avaliação positiva da obra.
Referência: Elementos de organização textual – identificação do gênero e objetivo do texto.
✅ GABARITO: Alternativa C
A palavra “após” é uma preposição que indica posterioridade temporal, estabelecendo relação de dependência entre termos da oração.
Referência: CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.
✅ GABARITO: Alternativa B
A palavra “desponta” possui 7 fonemas: /d/ /e/ /s/ /p/ /õ/ /t/ /a/. Justificativa: o encontro nasal representa um único fonema /õ/, a marca de nasalização não deve ser contada separadamente.
Referência: CÂMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. 44ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
✅ GABARITO: Alternativa E
A conjunção “mas” expressa a ideia de oposição/contraste adequada ao contexto, indicando que apesar da tentativa de lobby, o resultado não foi positivo.
Referência: BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
✅ GABARITO: Alternativa A
A palavra ‘exercício’ é paroxítona terminada em ditongo (e-xer-CÍ-cio), por isso é acentuada. A alternativa A ‘Série’ também é paroxítona terminada em ditongo (SÉ-rie), seguindo a mesma regra de acentuação. As demais alternativas: ‘excluí-lo’ (oxítona com ‘i’ tônico), ‘revelia’ (paroxítona terminada em ‘a’ – não acentuada), ‘além’ (oxítona terminada em ‘em’), ‘salda’ (paroxítona terminada em ‘a’ – não acentuada).
Referência: Ortografia – Regras de acentuação gráfica (questão com problema técnico).
✅ GABARITO: Alternativa B
O sujeito é desinencial (oculto), pois está implícito na desinência verbal “gosto” (1ª pessoa do singular = eu).
Referência: ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 49ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
✅ GABARITO: Alternativa C
O termo funciona como adjunto adverbial de lugar, indicando onde o filme desponta como concorrente ao Oscar.
Referência: PERINI, Mário A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
I. Os conectivos “mas”, “porém” e “contudo” estabelecem relação de oposição.
II. A palavra “isso” no texto funciona como elemento coesivo anafórico.
III. As figuras de linguagem sempre prejudicam a coesão textual.
Está(ão) CORRETA(S):
✅ GABARITO: Alternativa D
I – CORRETA: Os conectivos citados são conjunções adversativas que estabelecem oposição. II – CORRETA: “Isso” retoma informações anteriores (anáfora). III – INCORRETA: Figuras de linguagem podem contribuir para a coesão textual.
Referência: KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 22ª ed. São Paulo: Contexto, 2014.
I. A expressão “não rolou” representa variação informal da língua.
II. O verbo “assistir” no sentido de “ver” rege preposição “a”.
III. Períodos compostos sempre apresentam mais de uma oração.
Está(ão) CORRETA(S):
✅ GABARITO: Alternativa E
I – CORRETA: “Não rolou” é linguagem coloquial/informal. II – CORRETA: “Assistir” (ver) é transitivo indireto (assistir AO filme). III – CORRETA: Período composto tem duas ou mais orações.
Referência: BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. 56ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
I. Assimilação e acomodação.
II. Equilibração das estruturas mentais.
III. Interação entre sujeito e objeto de conhecimento.
Está(ão) CORRETA(S):
✅ GABARITO: Alternativa A
Todas as afirmativas estão corretas. Para Piaget, o desenvolvimento cognitivo ocorre através da assimilação (incorporação de novos conhecimentos), acomodação (modificação de estruturas mentais) e equilibração, sempre na interação sujeito-objeto.
Referência: PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
✅ GABARITO: Alternativa B
As tecnologias digitais devem ser integradas ao projeto pedagógico, complementando e potencializando o trabalho docente, não substituindo o professor, mas exigindo sua mediação pedagógica.
Referência: MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 5ª ed. Campinas: Papirus, 2012.
✅ GABARITO: Alternativa C
A avaliação formativa tem função reguladora, acompanhando continuamente o processo de aprendizagem para identificar dificuldades e reorientar o ensino, visando a melhoria da aprendizagem.
Referência: PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
✅ GABARITO: Alternativa D
A educação integral visa o desenvolvimento pleno do ser humano em suas dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural, não se limitando ao tempo escolar, mas à qualidade das experiências educativas.
Referência: BRASIL. Ministério da Educação. Educação integral: texto referência para o debate nacional. Brasília: MEC, 2009.
✅ GABARITO: Alternativa C
O PPP deve ser construído coletivamente com participação de toda a comunidade escolar (gestores, professores, funcionários, alunos, pais), refletindo a identidade e os objetivos específicos da escola.
Referência: BRASIL. Lei nº 9.394/1996 (LDB), artigo 12, inciso I; VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 29ª ed. Campinas: Papirus, 2013.
✅ GABARITO: Alternativa B
A educação inclusiva baseia-se no princípio de que a escola deve se transformar para atender à diversidade de todos os alunos, adaptando metodologias, recursos e espaços às diferentes necessidades de aprendizagem.
Referência: BRASIL. Política Nacional de Educação Especial atualizada (2008/2023/2025, MEC).
✅ GABARITO: Alternativa B
O currículo deve valorizar e incorporar as culturas locais e a diversidade cultural dos alunos, promovendo um diálogo intercultural que enriqueça o processo educativo e respeite as identidades culturais.
Referência: MOREIRA, Antonio Flavio; CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
✅ GABARITO: Alternativa C
A pesquisa como princípio educativo visa desenvolver nos alunos uma postura investigativa, crítica e reflexiva diante do conhecimento, estimulando a curiosidade, o questionamento e a construção autônoma do saber.
Referência: DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
✅ GABARITO: Alternativa D
As Diretrizes estabelecem que a educação básica deve formar para a cidadania e qualificar para o trabalho, promovendo o desenvolvimento integral do educando como pessoa, cidadão e profissional.
Referência: BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 4, de 13 de julho de 2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.
✅ GABARITO: Alternativa E
A BNCC organiza-se em torno de competências gerais e específicas e habilidades essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica, garantindo direitos de aprendizagem.
Referência: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Brasília: MEC, 2018. (ver: basenacionalcomum.mec.gov.br).
✅ GABARITO: Alternativa A
A função social da Educação Infantil é complementar a ação da família e da comunidade, promovendo o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Referência: BRASIL. Lei nº 9.394/1996 (LDB), artigo 29.
✅ GABARITO: Alternativa B
A organização do tempo deve respeitar os ritmos individuais e coletivos das crianças, suas necessidades de cuidado, brincadeira e aprendizagem, alternando momentos de atividade e descanso.
Referência: BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Resolução CNE/CEB nº 5/2009.
✅ GABARITO: Alternativa C
Educar e cuidar são dimensões indissociáveis na Educação Infantil. Toda ação de cuidado é educativa e toda ação educativa envolve cuidado, promovendo o desenvolvimento integral da criança.
Referência: BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.
I. Brincadeiras.
II. Interações.
III. Disciplinas escolares.
Está(ão) CORRETO(S):
✅ GABARITO: Alternativa D
As Diretrizes estabelecem as interações e a brincadeira como eixos estruturantes das práticas pedagógicas na Educação Infantil, não disciplinas escolares, que são características do ensino fundamental.
Referência: BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 5, de 17 de dezembro de 2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
✅ GABARITO: Alternativa E
A relação creche-família deve ser de parceria, baseada no diálogo, respeito mútuo e complementaridade, reconhecendo que ambas são importantes para o desenvolvimento da criança.
Referência: BHERING, Eliana; NEZ, Tatiane Bombardelli. Envolvimento de pais em creche: possibilidades e dificuldades de parceria. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 18, n. 1, 2002.
✅ GABARITO: Alternativa A
As Diretrizes de Florianópolis concebem a criança como sujeito histórico e de direitos, capaz de produzir cultura e conhecimento através de suas interações e experiências.
Referência: FLORIANÓPOLIS. Diretrizes Educacionais Pedagógicas para Educação Infantil. Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2010.
✅ GABARITO: Alternativa B
As Orientações Curriculares de Florianópolis organizam o trabalho em núcleos de ação pedagógica que integram diferentes linguagens e experiências de forma contextualizada e significativa.
Referência: FLORIANÓPOLIS. Orientações Curriculares para Educação Infantil da Rede Municipal. Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2012.
✅ GABARITO: Alternativa C
O Currículo de Florianópolis fundamenta-se na perspectiva histórico-cultural, que compreende o desenvolvimento humano como processo social e culturalmente mediado.
Referência: FLORIANÓPOLIS. Currículo da Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino. Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2015.
✅ GABARITO: Alternativa D
O atendimento educacional especializado deve complementar ou suplementar a formação dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.
Referência: BRASIL. Política Nacional de Educação Especial atualizada (2008/2023/2025, MEC).
✅ GABARITO: Alternativa A
A Lei Brasileira de Inclusão assegura e promove o exercício dos direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiência, incluindo o direito à educação inclusiva em todos os níveis.
Referência: BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
✅ GABARITO: Alternativa A
A Lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados.
Referência: BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
✅ GABARITO: Alternativa B
A Lei 11.645/08 amplia a Lei 10.639/03, incluindo a obrigatoriedade do ensino da história e cultura dos povos indígenas brasileiros nos currículos escolares.
Referência: BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008.
✅ GABARITO: Alternativa C
O trabalho com bebês deve priorizar a construção de vínculos afetivos seguros e oportunidades de exploração sensorial do ambiente, respeitando suas necessidades de desenvolvimento.
Referência: GOLDSCHMIED, Elinor; JACKSON, Sonia. Educação de 0 a 3 anos: o atendimento em creche. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
✅ GABARITO: Alternativa B
Para crianças bem pequenas é fundamental proporcionar experiências diversificadas de movimento corporal e desenvolvimento da linguagem oral, através de brincadeiras e interações.
Referência: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – Educação Infantil. Brasília: MEC, 2018.
✅ GABARITO: Alternativa E
O espaço físico deve ser organizado para promover a autonomia das crianças, facilitar interações sociais e potencializar diferentes aprendizagens através de ambientes desafiadores e acolhedores.
Referência: HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
✅ GABARITO: Alternativa A
A documentação pedagógica visa registrar, analisar e refletir sobre os processos de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, subsidiando o planejamento e a avaliação das práticas educativas.
Referência: GANDINI, Lella; GOLDHABER, Jeanne. Duas reflexões sobre a documentação. In: GANDINI, L.; EDWARDS, C. Bambini: a abordagem italiana à educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
✅ GABARITO: Alternativa B
O documento propõe a articulação entre a BNCC e os documentos curriculares locais, respeitando as especificidades e a identidade pedagógica da rede municipal de Florianópolis.
Referência: FLORIANÓPOLIS. Recontextualização Curricular: a BNCC e os documentos curriculares da Rede Municipal de Educação Infantil. Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2019.
✅ GABARITO: Alternativa C
Na Educação Infantil, a avaliação deve ser processual e formativa, acompanhando o desenvolvimento das crianças sem objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
Referência: BRASIL. Lei nº 9.394/1996 (LDB), artigo 31, inciso I.
I. Apoiar o professor nas atividades pedagógicas.
II. Auxiliar nos cuidados e na segurança das crianças.
III. Substituir integralmente o professor regente.
Está(ão) CORRETO(S):
✅ GABARITO: Alternativa D
O auxiliar de sala apoia o professor nas atividades pedagógicas e auxilia nos cuidados e segurança das crianças, mas não substitui integralmente o professor regente, que mantém a responsabilidade pedagógica principal.
Referência: BRASIL. Resolução CNE/CEB nº 5/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
✅ GABARITO: Alternativa E
A formação continuada deve ser permanente, sistemática e articular teoria e prática, contribuindo para a qualificação constante dos profissionais e melhoria da qualidade da educação oferecida às crianças.
Referência: BRASIL. Lei nº 9.394/1996 (LDB), artigos 61 a 67; NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
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Apostila 1 – Língua Portuguesa: Interpretação e Semântica
Preparatório para Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
📑 Índice
- 1. Compreensão Textual
- 2. Denotação e Conotação
- 3. Figuras de Linguagem
- 4. Variação Linguística
1. Compreensão Textual
A compreensão textual é uma das habilidades mais cobradas em concursos públicos e envolve a capacidade de extrair informações, interpretar sentidos e refletir criticamente sobre o que foi lido. Para dominar essa competência, é fundamental compreender os diferentes níveis de leitura e as estratégias de interpretação.
Informações explícitas são aquelas que estão claramente expressas no texto, sem necessidade de inferências. O leitor precisa apenas identificar onde a informação está localizada. Essas questões geralmente começam com expressões como “segundo o texto”, “de acordo com o autor” ou “o texto afirma que”.
Informação Explícita: É aquela que pode ser encontrada literalmente no texto, através de uma leitura atenta. Não exige interpretação profunda, apenas localização precisa da informação solicitada.
- Leia atentamente o enunciado da questão antes de buscar no texto
- Identifique palavras-chave que podem guiar sua busca
- Procure sinônimos ou paráfrases das palavras do enunciado
- Atenção aos conectivos que indicam relações de causa, consequência, oposição
- Sublinhe ou marque as informações relevantes durante a leitura
As informações implícitas não estão expressas diretamente no texto, mas podem ser deduzidas a partir do contexto, das relações entre ideias e do conhecimento prévio do leitor. Esse tipo de questão exige raciocínio inferencial e capacidade de “ler nas entrelinhas”.
Informação Implícita: É aquela que não está declarada literalmente, mas pode ser inferida através de pistas textuais, contexto, pressupostos e subentendidos. Requer interpretação e análise crítica.
Tipos de Inferências:
- Inferência Lógica: Baseada em relações de causa e efeito, premissas e conclusões
- Inferência Contextual: Depende do conhecimento de mundo e do contexto situacional
- Inferência Pragmática: Relacionada às intenções comunicativas do autor
- Inferência Lexical: Baseada no significado das palavras e suas relações semânticas
Exemplo Prático: Se um texto diz “Maria chegou em casa encharcada e tremendo de frio”, podemos inferir (informação implícita) que estava chovendo e que a temperatura estava baixa, mesmo que o texto não diga isso explicitamente.
A reflexão sobre a leitura vai além da simples compreensão e envolve uma postura crítica diante do texto. O leitor reflexivo questiona, avalia, relaciona com outros textos e contextos, e constrói significados mais profundos.
- Nível Literal: Compreensão básica do que está escrito
- Nível Interpretativo: Compreensão das relações entre ideias e inferências
- Nível Crítico: Avaliação, julgamento e posicionamento sobre o texto
- Nível Criativo: Aplicação das ideias do texto em novos contextos
Todo texto bem construído apresenta uma organização lógica que facilita a compreensão. Reconhecer essa estrutura é fundamental para interpretar adequadamente as intenções do autor e as relações entre as ideias apresentadas.
- Introdução: Apresenta o tema, contextualiza e anuncia o que será desenvolvido
- Desenvolvimento: Expõe argumentos, exemplos, dados e informações que sustentam a tese
- Conclusão: Retoma as ideias principais e apresenta uma síntese ou proposta
| Tipo | Características | Exemplo |
|---|---|---|
| Progressão Linear | Cada informação nova serve de base para a próxima | A → B → C → D |
| Progressão com Tema Constante | Um mesmo tema é retomado e desenvolvido | A → A1 → A2 → A3 |
| Progressão com Temas Derivados | Um hipertema se divide em subtemas | A → (B, C, D) |
A coesão textual refere-se aos mecanismos linguísticos que estabelecem conexões entre as partes do texto, garantindo sua unidade e fluidez. Dominar esses elementos é essencial para compreender as relações entre as ideias e interpretar corretamente o texto.
A coesão referencial ocorre quando um termo retoma ou antecipa outro elemento do texto, evitando repetições desnecessárias e criando continuidade.
Tipos de Referenciação:
- Anáfora: Retoma um elemento já mencionado (Ex: “Maria chegou. Ela estava cansada.”)
- Catáfora: Antecipa um elemento que será mencionado (Ex: “Foi isso que ele disse: nunca desista.”)
- Elipse: Omissão de um termo facilmente identificável (Ex: “João estudou muito. Ø Passou no concurso.”)
- Substituição Lexical: Uso de sinônimos, hiperônimos ou expressões equivalentes
Exemplo de Coesão Referencial: “O professor entrou na sala. O educador cumprimentou os alunos. Ele iniciou a aula com entusiasmo.” (Observe como “educador” e “ele” retomam “professor”)
A coesão sequencial é estabelecida por conectivos e operadores argumentativos que indicam as relações lógicas entre as ideias, como adição, oposição, causa, consequência, tempo, etc.
| Relação | Conectivos | Função |
|---|---|---|
| Adição | e, também, além disso, ademais, ainda | Acrescentar informações |
| Oposição | mas, porém, contudo, todavia, entretanto | Contrastar ideias |
| Causa | porque, pois, já que, visto que, uma vez que | Indicar motivo |
| Consequência | portanto, logo, assim, por isso, consequentemente | Indicar resultado |
| Conclusão | enfim, em suma, em síntese, finalmente | Finalizar raciocínio |
| Tempo | quando, enquanto, antes, depois, então | Situar temporalmente |
| Comparação | como, assim como, tal qual, do mesmo modo | Estabelecer semelhança |
Questões de concurso frequentemente testam se o candidato compreende a função dos conectivos. Trocar um conectivo por outro pode alterar completamente o sentido do texto. Por exemplo: “Estudou muito, mas passou” (oposição) é diferente de “Estudou muito, portanto passou” (conclusão).
Passo a Passo para Interpretação Eficiente:
- Primeira Leitura: Leia o texto completo sem interrupções para ter uma visão geral
- Identifique o Tema: Sobre o que o texto fala? Qual é a ideia central?
- Reconheça o Gênero: É um artigo de opinião? Notícia? Crônica? Texto científico?
- Leia as Questões: Antes da segunda leitura, veja o que está sendo perguntado
- Segunda Leitura: Releia marcando informações relevantes para as questões
- Analise as Alternativas: Elimine as claramente incorretas primeiro
- Volte ao Texto: Sempre que necessário, confirme suas respostas no texto
- Cuidado com Pegadinhas: Alternativas que usam palavras do texto mas distorcem o sentido
Dica de Ouro: Nunca responda baseado apenas no seu conhecimento prévio ou opinião pessoal. A resposta correta sempre estará fundamentada no texto, seja explícita ou implicitamente.
2. Denotação e Conotação
A compreensão dos sentidos denotativo e conotativo das palavras é fundamental para a interpretação textual, pois permite identificar quando a linguagem está sendo usada em seu sentido literal ou figurado. Essa distinção é frequentemente explorada em questões de concursos públicos.
Denotação é o sentido literal, objetivo e dicionarizado da palavra. É o significado básico, referencial, que não depende do contexto para ser compreendido. A linguagem denotativa é característica de textos científicos, jornalísticos, técnicos e instrucionais.
Características da Linguagem Denotativa:
- Objetividade e precisão
- Sentido único e direto
- Ausência de duplas interpretações
- Uso em contextos formais e técnicos
- Predomínio em textos informativos
Exemplos de Denotação:
• “A cobra é um réptil.” (sentido literal de cobra = animal)
• “O coração bombeia sangue.” (sentido literal de coração = órgão)
• “A estrela brilha no céu.” (sentido literal de estrela = astro)
Conotação é o sentido figurado, subjetivo e contextual da palavra. É o significado que vai além do literal, carregado de valores emotivos, culturais e simbólicos. A linguagem conotativa é característica de textos literários, publicitários, poéticos e expressivos.
Características da Linguagem Conotativa:
- Subjetividade e expressividade
- Múltiplas possibilidades de interpretação
- Dependência do contexto
- Carga emotiva e simbólica
- Predomínio em textos literários e artísticos
Exemplos de Conotação:
• “Aquele homem é uma cobra.” (cobra = pessoa traiçoeira)
• “Meu coração está partido.” (coração = sentimentos, emoções)
• “Ela é uma estrela.” (estrela = pessoa famosa, talentosa)
| Aspecto | Denotação | Conotação |
|---|---|---|
| Sentido | Literal, objetivo | Figurado, subjetivo |
| Interpretação | Única, direta | Múltipla, contextual |
| Contexto | Independente | Dependente |
| Uso | Textos técnicos, científicos | Textos literários, publicitários |
| Função | Informar com precisão | Expressar, emocionar, persuadir |
- Textos Científicos: “A água ferve a 100°C ao nível do mar.”
- Notícias Jornalísticas: “O presidente assinou o decreto ontem.”
- Manuais de Instrução: “Pressione o botão vermelho para ligar.”
- Textos Jurídicos: “O réu foi condenado a três anos de reclusão.”
- Poesia: “Minha vida é um barco à deriva no mar da solidão.”
- Publicidade: “Abra a felicidade!” (slogan de refrigerante)
- Crônicas: “A cidade acordou de mau humor naquela manhã cinzenta.”
- Letras de Música: “Você é a luz que ilumina meu caminho.”
A polissemia ocorre quando uma palavra possui múltiplos significados relacionados entre si. A ambiguidade surge quando não está claro qual sentido (denotativo ou conotativo) está sendo empregado, gerando dupla interpretação.
Exemplo de Polissemia:
A palavra “manga” pode significar:
• Parte da roupa (denotação)
• Fruta tropical (denotação)
• “Arregaçar as mangas” = preparar-se para trabalhar (conotação)
Questões de concurso frequentemente apresentam frases ambíguas e perguntam qual é o sentido correto no contexto. É fundamental analisar o contexto completo para determinar se a palavra está sendo usada em sentido denotativo ou conotativo.
Estratégias para Identificar Denotação e Conotação:
- Pergunte-se: a palavra está sendo usada em seu sentido literal do dicionário?
- Observe se há comparação implícita ou metáfora
- Analise o contexto: é um texto técnico ou literário?
- Verifique se a palavra carrega carga emotiva ou simbólica
- Considere se a interpretação literal faria sentido na frase
| Frase | Tipo | Explicação |
|---|---|---|
| “O leão é o rei da selva.” | Conotação | Leão não é literalmente um rei, mas simboliza poder |
| “O leão pertence à família dos felinos.” | Denotação | Informação científica objetiva |
| “Ela tem um coração de ouro.” | Conotação | Coração não é feito de ouro, significa bondade |
| “O coração tem quatro câmaras.” | Denotação | Descrição anatômica literal |
3. Figuras de Linguagem
As figuras de linguagem são recursos expressivos utilizados para tornar a comunicação mais rica, emotiva e persuasiva. Elas desviam a linguagem de seu uso convencional para criar efeitos de sentido especiais. O domínio desse conteúdo é essencial para interpretação de textos literários e publicitários em concursos.
As figuras de palavra trabalham com o significado das palavras, explorando relações de semelhança, proximidade ou substituição entre termos.
É uma comparação implícita, sem o uso de conectivo comparativo. Consiste em atribuir a um termo o significado de outro, baseando-se em uma relação de semelhança.
Exemplos de Metáfora:
• “Minha vida é um livro aberto.” (vida = livro)
• “Aquele homem é um leão.” (homem = leão, pela coragem)
• “Seus olhos são duas estrelas brilhantes.” (olhos = estrelas)
• “O tempo é dinheiro.” (tempo = dinheiro, pelo valor)
É uma comparação explícita, que utiliza conectivos comparativos como “como”, “tal qual”, “assim como”, “que nem”, “feito”, etc.
Exemplos de Comparação:
• “Ela é linda como uma flor.”
• “Ele corre feito um guepardo.”
• “A criança dormia tal qual um anjo.”
• “Seus cabelos são negros como a noite.”
Comparação: “Ele é forte como um touro.” (conectivo “como”)
Metáfora: “Ele é um touro.” (sem conectivo, comparação implícita)
É a substituição de um termo por outro com o qual mantém uma relação de proximidade, contiguidade ou interdependência lógica.
Tipos de Metonímia:
- Autor pela obra: “Li Machado de Assis.” (li a obra de Machado)
- Continente pelo conteúdo: “Bebi dois copos.” (bebi o líquido dos copos)
- Parte pelo todo: “Faltam braços na colheita.” (faltam trabalhadores)
- Marca pelo produto: “Vou tomar uma Coca.” (refrigerante)
- Efeito pela causa: “Viver do próprio suor.” (do próprio trabalho)
- Lugar pelo produto: “Comprei um champagne.” (vinho da região de Champagne)
É uma metáfora desgastada pelo uso, que se tornou convencional na língua. Usamos sem perceber que é uma figura de linguagem.
Exemplos de Catacrese:
• “Pé da mesa” (mesa não tem pé)
• “Braço da cadeira” (cadeira não tem braço)
• “Asa da xícara” (xícara não tem asa)
• “Cabeça do alho” (alho não tem cabeça)
• “Embarcar no trem” (trem não é barco)
É a fusão de sensações percebidas por diferentes órgãos dos sentidos (visão, audição, tato, olfato, paladar).
Exemplos de Sinestesia:
• “Voz aveludada” (audição + tato)
• “Doce melodia” (paladar + audição)
• “Cores quentes” (visão + tato)
• “Palavras ásperas” (audição + tato)
• “Perfume doce” (olfato + paladar)
As figuras de pensamento trabalham com ideias, conceitos e raciocínios, criando efeitos de sentido através da organização do pensamento.
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos, criando um contraste.
Exemplos de Antítese:
• “O ódio e o amor caminham juntos.”
• “Onde há luz, há sombra.”
• “Do riso fez-se o pranto.”
• “Alegria e tristeza se misturam na vida.”
É a união de ideias contraditórias em um mesmo pensamento, criando uma aparente falta de lógica que, no entanto, expressa uma verdade profunda.
Exemplos de Paradoxo:
• “Amor é fogo que arde sem se ver.” (Camões)
• “Estou cego e vejo.” (Vinícius de Moraes)
• “O silêncio gritava em seus ouvidos.”
• “Menos é mais.”
Antítese: Oposição de ideias que podem coexistir (“dia e noite”)
Paradoxo: Contradição aparentemente ilógica (“silêncio gritante”)
É dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica, sarcástica ou humorística. O contexto revela o verdadeiro sentido.
Exemplos de Ironia:
• “Que aluno inteligente! Tirou zero na prova.” (criticando)
• “Que dia lindo!” (quando está chovendo torrencialmente)
• “Como você dirige bem!” (após uma batida)
• “Que pontualidade admirável!” (para quem chegou atrasado)
É o exagero intencional de uma ideia, com finalidade expressiva ou enfática.
Exemplos de Hipérbole:
• “Estou morrendo de fome!”
• “Já te disse isso um milhão de vezes.”
• “Chorei rios de lágrimas.”
• “Estou congelando de frio!”
É a suavização de uma expressão desagradável, chocante ou grosseira, substituindo-a por outra mais amena.
Exemplos de Eufemismo:
• “Ele partiu desta para melhor.” (morreu)
• “Faltou com a verdade.” (mentiu)
• “Pessoas de baixa renda.” (pobres)
• “Ele não é muito inteligente.” (é burro)
É a atribuição de características humanas a seres inanimados, irracionais ou abstratos.
Exemplos de Personificação:
• “O vento sussurrava segredos.”
• “A lua sorria no céu.”
• “As flores dançavam ao vento.”
• “O tempo corre e não espera ninguém.”
É a invocação ou chamamento de alguém ou algo, geralmente acompanhada de vocativo.
Exemplos de Apóstrofe:
• “Ó mar, por que não me levas contigo?”
• “Senhor Deus dos desgraçados!” (Castro Alves)
• “Meu Brasil brasileiro!”
• “Ó morte, onde está tua vitória?”
As figuras de sintaxe alteram a estrutura normal das frases, criando efeitos estilísticos através da organização sintática.
É a omissão de um termo facilmente identificável pelo contexto.
Exemplos de Elipse:
• “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.” (omissão de “havia”)
• “Ø Vou ao cinema.” (omissão de “eu”)
• “Domingo, Ø vou à praia.” (omissão de “no”)
É um tipo especial de elipse em que se omite um termo já mencionado anteriormente.
Exemplos de Zeugma:
• “Ele gosta de futebol; eu, Ø de vôlei.” (omissão de “gosto”)
• “Maria comprou livros; João, Ø revistas.” (omissão de “comprou”)
É a repetição de uma ideia já expressa, com finalidade enfática. Pode ser literário (intencional) ou vicioso (erro).
Pleonasmo Literário (correto):
• “Vi com meus próprios olhos.”
• “Subir para cima” (quando usado para ênfase poética)
Pleonasmo Vicioso (erro):
• “Entrar para dentro”
• “Sair para fora”
• “Subir para cima” (uso coloquial desnecessário)
É a repetição de uma palavra ou expressão no início de frases ou versos sucessivos.
Exemplo de Anáfora:
“Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.” (Camões)
É a repetição intencional de conjunções, criando um efeito de ênfase ou prolongamento.
Exemplo de Polissíndeto:
“E canta, e ri, e brinca, e pula, e dança.”
É a ausência de conjunções entre termos coordenados, criando um ritmo acelerado.
Exemplo de Assíndeto:
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)
É a inversão da ordem direta dos termos da oração (sujeito + verbo + complementos).
Exemplos de Hipérbato:
• Ordem direta: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas.”
• Ordem inversa (hipérbato): “As margens plácidas do Ipiranga ouviram.”
As figuras de som exploram os aspectos sonoros da linguagem, criando efeitos através da repetição ou imitação de sons.
É a repetição de sons consonantais no início ou meio das palavras.
Exemplos de Aliteração:
• “O rato roeu a roupa do rei de Roma.” (repetição do som /r/)
• “Três pratos de trigo para três tigres tristes.” (repetição do som /tr/)
É a repetição de sons vocálicos em palavras próximas.
Exemplo de Assonância:
• “Sou Ana da cama, da cana, fulana, bacana.” (repetição do som /a/)
É a imitação de sons ou ruídos através de palavras.
Exemplos de Onomatopeia:
• “O sino fazia: dim-dom, dim-dom.”
• “O gato faz miau.”
• “Tic-tac, tic-tac, fazia o relógio.”
• “Crash! A porta bateu com força.”
| Figura | Definição Resumida | Exemplo Rápido |
|---|---|---|
| Metáfora | Comparação implícita | “Você é meu sol” |
| Comparação | Comparação explícita | “Você é como o sol” |
| Metonímia | Substituição por proximidade | “Li Machado de Assis” |
| Hipérbole | Exagero | “Morri de rir” |
| Ironia | Dizer o contrário | “Que dia lindo!” (chovendo) |
| Antítese | Oposição de ideias | “Amor e ódio” |
| Paradoxo | Contradição aparente | “Silêncio gritante” |
| Personificação | Humanização | “O vento sussurra” |
| Eufemismo | Suavização | “Ele partiu” (morreu) |
| Elipse | Omissão de termo | “Ø Vou sair” (eu) |
Em questões sobre figuras de linguagem, sempre analise o contexto completo. Uma mesma expressão pode ser uma figura diferente dependendo do contexto. Além disso, muitas vezes um texto apresenta várias figuras simultaneamente.
4. Variação Linguística
A variação linguística refere-se às diferentes formas de uso da língua por grupos sociais distintos ou em situações comunicativas diversas. Compreender esse fenômeno é fundamental para respeitar a diversidade linguística e reconhecer que não existe uma única forma “correta” de falar, mas sim variedades adequadas a diferentes contextos.
Variação Linguística: É o fenômeno pelo qual uma língua se diversifica, apresentando diferentes formas de realização de acordo com fatores geográficos, sociais, históricos e situacionais. Todas as variedades são legítimas e funcionais dentro de seus contextos.
A visão moderna da linguística reconhece que não há variedades “certas” ou “erradas”, mas sim variedades de maior ou menor prestígio social. O preconceito linguístico deve ser combatido, respeitando-se todas as formas de expressão, embora se reconheça a importância da norma-padrão em contextos formais.
A variação diatópica ocorre em função do espaço geográfico, manifestando-se através de sotaques, vocabulário e construções sintáticas características de cada região.
- Vocabulário: “aipim” (Sul), “macaxeira” (Nordeste), “mandioca” (Sudeste)
- Pronúncia: “porta” com /r/ retroflexo (caipira) vs. /r/ gutural (carioca)
- Expressões: “bah” (Sul), “oxente” (Nordeste), “uai” (Minas Gerais)
- Sintaxe: “tu vai” (Norte/Nordeste) vs. “você vai” (Sudeste)
Características da Variação Regional:
- Sotaque e entonação característicos
- Vocabulário específico (regionalismos)
- Construções sintáticas particulares
- Influência de línguas indígenas e de imigração
A variação diastrática está relacionada aos diferentes grupos sociais, considerando fatores como escolaridade, profissão, classe social, idade e gênero.
Exemplos de Variação Social:
• Norma culta: “Nós vamos ao cinema.”
• Norma popular: “A gente vai no cinema.”
• Jargão médico: “O paciente apresenta hipertensão arterial.”
• Gíria juvenil: “Esse filme é muito top!”
A variação diafásica depende do contexto comunicativo, da situação de uso da língua e do grau de formalidade exigido.
| Situação | Registro Formal | Registro Informal |
|---|---|---|
| Saudação | “Bom dia, como vai o senhor?” | “E aí, beleza?” |
| Pedido | “Poderia me passar o sal, por favor?” | “Me passa o sal?” |
| Despedida | “Foi um prazer. Até breve.” | “Falou! Até mais!” |
| Negação | “Não concordo com essa proposta.” | “Não curto essa ideia.” |
Fatores que Determinam o Registro:
- Relação entre os interlocutores (hierarquia, intimidade)
- Ambiente (formal ou informal)
- Objetivo da comunicação
- Meio de comunicação (oral ou escrito)
- Tema abordado
A variação diacrônica refere-se às mudanças que a língua sofre ao longo do tempo. Palavras, pronúncias e estruturas gramaticais se modificam através das gerações.
Exemplos de Mudança Histórica:
• Português Arcaico: “Vossa mercê” → “Você” (atual)
• Vocabulário: “Botica” → “Farmácia”
• Pronúncia: “Pharmácia” → “Farmácia”
• Sintaxe: “Disse-me ele” → “Ele me disse”
O português brasileiro atual é muito diferente do português falado no século XVI. Textos de Camões, por exemplo, apresentam vocabulário e estruturas que hoje soam arcaicos. Essa evolução é natural e contínua em todas as línguas vivas.
A norma-padrão (ou norma culta) é a variedade de prestígio social, ensinada nas escolas e utilizada em situações formais. É baseada no uso da língua por falantes escolarizados e está codificada em gramáticas e dicionários.
O preconceito linguístico ocorre quando se discrimina uma pessoa por sua forma de falar, considerando-a “errada” ou “inferior”. É importante reconhecer que todas as variedades linguísticas são válidas e funcionais, embora a norma-padrão seja exigida em contextos formais e em concursos públicos.
Quando Usar a Norma-Padrão:
- Documentos oficiais e jurídicos
- Textos acadêmicos e científicos
- Correspondências formais
- Provas e concursos públicos
- Apresentações profissionais
- Entrevistas de emprego
A língua se manifesta em duas modalidades principais: oral e escrita. Cada uma possui características próprias e não se pode simplesmente transpor uma para a outra.
| Característica | Modalidade Oral | Modalidade Escrita |
|---|---|---|
| Planejamento | Simultâneo à produção | Prévio, com possibilidade de revisão |
| Recursos | Entonação, gestos, expressões faciais | Pontuação, organização visual |
| Interação | Imediata, com feedback instantâneo | Diferida, sem presença do interlocutor |
| Estrutura | Frases mais curtas, repetições | Períodos mais complexos, coesão explícita |
| Permanência | Efêmera (exceto se gravada) | Permanente, pode ser relida |
Importante: A fala não é uma versão “mal feita” da escrita, nem a escrita é uma simples transcrição da fala. São modalidades diferentes, cada uma com suas regras e adequações.
A competência comunicativa envolve saber escolher a variedade linguística adequada a cada situação. Não se trata de “certo” ou “errado”, mas de “adequado” ou “inadequado” ao contexto.
Princípios da Adequação Linguística:
- Conheça seu interlocutor: Adapte sua linguagem ao nível de conhecimento e à relação que você tem com ele
- Considere o contexto: Ambiente formal exige linguagem formal; ambiente informal permite maior descontração
- Defina seu objetivo: Informar, persuadir, entreter? Cada objetivo pode exigir uma abordagem diferente
- Escolha o meio adequado: Oral ou escrito? Cada meio tem suas convenções
- Respeite as convenções: Cada gênero textual tem suas características próprias
Em provas de concurso, questões sobre variação linguística frequentemente apresentam textos em diferentes registros e perguntam sobre adequação, preconceito linguístico ou características de cada variedade. É fundamental reconhecer que todas as variedades são legítimas, mas que a norma-padrão é exigida em contextos formais.
| Tipo de Variação | Exemplo 1 | Exemplo 2 |
|---|---|---|
| Regional | “Vou pegar um ônibus” (SP) | “Vou pegar um coletivo” (RS) |
| Social | “Nós fizemos o trabalho” | “A gente fez o trabalho” |
| Estilística | “Solicito vossa atenção” (formal) | “Presta atenção!” (informal) |
| Histórica | “Vossa mercê” (antigo) | “Você” (atual) |
O Brasil, por sua extensão territorial e diversidade cultural, apresenta uma riqueza linguística impressionante. Essa diversidade deve ser valorizada como patrimônio cultural, não como motivo de discriminação. O papel da educação é ampliar o repertório linguístico dos falantes, permitindo que dominem tanto sua variedade de origem quanto a norma-padrão.
Você concluiu o estudo de Interpretação e Semântica! Dominar a compreensão textual, denotação e conotação, figuras de linguagem e variação linguística é fundamental para o sucesso em concursos públicos. Continue praticando com textos diversos e resolução de questões.
Próxima etapa: Apostila 2 – Língua Portuguesa: Gramática
Prefeitura de Florianópolis/SC – Instituto Legalle
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Apostila Educação (Professor) para Concursos A Apostila Educação (Professor) para Concursos foi elaborada por professores especializados em cada matéria e com larga experiência em concursos. O conteúdo foi organizado, visando uma fácil assimilação do conteúdo e, assim, uma melhor otimização no tempo de aprendizagem. Características: – Material; – Conteúdo atualizado; – Apostila elaborada por professores especializados em concursos. Matérias da Apostila: Conhecimentos Pedagógicos
Apostila 2 – Língua Portuguesa: Gramática
Preparatório para Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
📑 Índice
- 1. Classes Gramaticais: Nome (Substantivo)
- 2. Classes Gramaticais: Pronome
- 3. Verbos Completos
- 4. Regência Verbal e Nominal
- 5. Concordância Verbal e Nominal
- 6. Estrutura do Período
1. Classes Gramaticais: Nome (Substantivo)
O substantivo é a classe gramatical que nomeia os seres, objetos, lugares, sentimentos, ações e conceitos. É uma das classes mais importantes da língua portuguesa, pois funciona como núcleo de termos essenciais da oração (sujeito, objeto, complemento nominal, etc.).
Substantivo é a palavra que dá nome aos seres em geral (pessoas, animais, objetos), lugares, sentimentos, estados, qualidades, ações e conceitos abstratos. Pode ser flexionado em gênero (masculino/feminino), número (singular/plural) e grau (aumentativo/diminutivo).
| Tipo | Definição | Exemplos |
|---|---|---|
| Comum | Nomeia seres de forma genérica | cidade, professor, cachorro, livro |
| Próprio | Nomeia seres específicos (sempre com inicial maiúscula) | Florianópolis, Maria, Brasil, Fido |
Concreto: Nomeia seres de existência independente, real ou imaginária (pessoas, objetos, lugares, seres mitológicos).
Abstrato: Nomeia seres de existência dependente (sentimentos, estados, qualidades, ações) que só existem em relação a outro ser.
Concretos: mesa, João, fada, Deus, ar, som
Abstratos: amor, beleza, tristeza, corrida, estudo, justiça
Substantivos derivados de verbos (ação) ou adjetivos (qualidade/estado) são sempre abstratos: corrida (de correr), beleza (de belo), alegria (de alegre).
| Tipo | Característica | Exemplos |
|---|---|---|
| Primitivo | Não se origina de outra palavra | pedra, flor, terra, mar |
| Derivado | Origina-se de outra palavra | pedreira, florista, terreno, marítimo |
Simples (um radical): casa, flor, amor, guarda
Composto (dois ou mais radicais): casa-grande, couve-flor, guarda-chuva, passatempo
Substantivo coletivo é aquele que, mesmo no singular, indica um conjunto de seres da mesma espécie.
| Coletivo | Conjunto de |
|---|---|
| Alcateia | Lobos |
| Arquipélago | Ilhas |
| Biblioteca | Livros |
| Cardume | Peixes |
| Constelação | Estrelas |
| Enxame | Abelhas |
| Frota | Navios, veículos |
| Matilha | Cães |
| Multidão | Pessoas |
| Rebanho | Gado, ovelhas |
Os substantivos podem ser masculinos ou femininos. A formação do feminino pode ocorrer de várias formas:
Formas de Feminino:
- Acréscimo de -a: menino → menina, gato → gata
- Substituição de -o por -a: lobo → loba, porco → porca
- Acréscimo de sufixos: poeta → poetisa, ator → atriz, imperador → imperatriz
- Palavras diferentes (heterônimos): homem → mulher, boi → vaca, cavalo → égua
- Substantivos uniformes: o/a estudante, o/a artista, o/a colega
Comum de dois gêneros: mesma forma, artigo diferente (o/a dentista)
Sobrecomum: um só gênero para ambos os sexos (a criança, a vítima, o cônjuge)
Epiceno: animais com um só gênero (a cobra macho/fêmea, o jacaré macho/fêmea)
A formação do plural dos substantivos segue regras específicas de acordo com a terminação da palavra:
| Terminação | Regra | Exemplos |
|---|---|---|
| Vogal, ditongo oral | + S | casa → casas, pai → pais |
| -ão | -ões, -ães, -ãos | balão → balões, pão → pães, mão → mãos |
| -m | -ns | homem → homens, jardim → jardins |
| -r, -s, -z | + ES | flor → flores, país → países, luz → luzes |
| -al, -el, -ol, -ul | -is | animal → animais, papel → papéis, anzol → anzóis |
| -il (tônico) | -is | barril → barris, funil → funis |
| -il (átono) | -eis | fóssil → fósseis, réptil → répteis |
Regra geral: Flexionam-se substantivos, adjetivos e numerais. Verbos, advérbios e preposições ficam invariáveis.
Exemplos:
• couve-flor → couves-flores (subst. + subst.)
• guarda-chuva → guarda-chuvas (verbo + subst.)
• beija-flor → beija-flores (verbo + subst.)
• sempre-viva → sempre-vivas (advérbio + adj.)
Os substantivos podem ser flexionados em grau aumentativo e diminutivo, de forma sintética (com sufixos) ou analítica (com palavras auxiliares).
| Grau | Forma Sintética | Forma Analítica |
|---|---|---|
| Aumentativo | casarão, bocarra, homenzarrão | casa grande, boca enorme |
| Diminutivo | casinha, boquinha, homenzinho | casa pequena, boca minúscula |
O grau dos substantivos pode expressar não apenas tamanho, mas também afetividade, ironia ou desprezo:
• “Que filminho chato!” (diminutivo depreciativo)
• “Meu filhinho querido!” (diminutivo afetivo)
• “Aquele mulherão!” (aumentativo admirativo)
2. Classes Gramaticais: Pronome
O pronome é a classe gramatical que substitui ou acompanha o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso ou situando-o no espaço e no tempo. É fundamental para evitar repetições e estabelecer coesão textual.
Pronome é a palavra que substitui ou acompanha um substantivo, relacionando-o às pessoas do discurso. Pode indicar posse, localização espacial ou temporal, indefinição, entre outras relações.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso e podem ser do caso reto (função de sujeito) ou oblíquo (função de complemento).
| Pessoa | Reto | Oblíquo Átono | Oblíquo Tônico |
|---|---|---|---|
| 1ª sing. | eu | me | mim, comigo |
| 2ª sing. | tu | te | ti, contigo |
| 3ª sing. | ele, ela | o, a, lhe, se | ele, ela, si, consigo |
| 1ª plural | nós | nos | nós, conosco |
| 2ª plural | vós | vos | vós, convosco |
| 3ª plural | eles, elas | os, as, lhes, se | eles, elas, si, consigo |
O, A, OS, AS: Objeto direto (Eu o vi. / Comprei-as.)
LHE, LHES: Objeto indireto (Dei-lhe o livro. / Obedeci-lhes.)
ME, TE, SE, NOS, VOS: Objeto direto ou indireto (Ele me viu. / Ele me deu o livro.)
Correto: “Trouxeram o livro para eu ler.” (eu = sujeito de “ler”)
Correto: “Trouxeram o livro para mim.” (mim = complemento, sem verbo)
Errado: “Trouxeram o livro para mim ler.”
Os pronomes possessivos indicam posse, relação de pertencimento entre o ser e as pessoas do discurso.
| Pessoa | Singular | Plural |
|---|---|---|
| 1ª pessoa | meu, minha, meus, minhas | nosso, nossa, nossos, nossas |
| 2ª pessoa | teu, tua, teus, tuas | vosso, vossa, vossos, vossas |
| 3ª pessoa | seu, sua, seus, suas | seu, sua, seus, suas |
• “Este é o meu livro.” (posse da 1ª pessoa)
• “Onde está a tua caneta?” (posse da 2ª pessoa)
• “Eles trouxeram seus documentos.” (posse da 3ª pessoa)
Os pronomes demonstrativos indicam a posição de um ser no espaço, no tempo ou no texto, em relação às pessoas do discurso.
| Pessoa | Pronomes | Uso |
|---|---|---|
| 1ª pessoa | este, esta, estes, estas, isto | Perto de quem fala / tempo presente / o que será dito |
| 2ª pessoa | esse, essa, esses, essas, isso | Perto de quem ouve / tempo passado recente / o que foi dito |
| 3ª pessoa | aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo | Longe de ambos / tempo passado distante / referência anterior |
Espaço:
• “Este livro aqui é meu.” (perto de quem fala)
• “Esse livro aí é seu?” (perto de quem ouve)
• “Aquele livro lá é dele.” (longe de ambos)
Tempo:
• “Este ano está sendo difícil.” (ano atual)
• “Esse ano que passou foi bom.” (passado recente)
• “Aquele ano de 2010 foi marcante.” (passado distante)
Texto:
• “Ouça isto: você foi aprovado!” (anunciar)
• “Você foi aprovado. Isso é ótimo!” (retomar)
Os pronomes indefinidos referem-se à 3ª pessoa do discurso de modo vago, impreciso ou genérico.
Principais Pronomes Indefinidos:
- Variáveis: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vário, tanto, quanto, qualquer
- Invariáveis: alguém, ninguém, tudo, nada, algo, cada, outrem, quem
• “Alguém bateu à porta.”
• “Ninguém apareceu na reunião.”
• “Comprei alguns livros.”
• “Cada aluno trouxe seu material.”
• “Tudo está pronto para a festa.”
Os pronomes relativos retomam um termo anterior (antecedente) e introduzem uma oração subordinada adjetiva.
| Pronome | Uso | Exemplo |
|---|---|---|
| que | Universal (pessoas, coisas) | O livro que comprei é ótimo. |
| quem | Pessoas (com preposição) | A pessoa de quem falei chegou. |
| qual, quais | Com artigo (o qual, a qual) | A casa na qual moro é antiga. |
| onde | Lugar (= em que) | A cidade onde nasci é pequena. |
| cujo | Posse (concorda com o possuído) | O autor cujo livro li é famoso. |
| quanto | Após “tudo”, “todo”, “tanto” | Fez tudo quanto pôde. |
• NUNCA use artigo após “cujo” (❌ cujo o livro)
• “Cujo” concorda com o termo seguinte (possuído): “O autor cujos livros li…”
• Indica posse/relação: “A casa cujas janelas são azuis…”
Os pronomes interrogativos são usados em perguntas diretas ou indiretas.
Interrogação Direta:
• “Que horas são?”
• “Quem chegou?”
• “Qual é seu nome?”
• “Quanto custa?”
Interrogação Indireta:
• “Não sei que horas são.”
• “Perguntei quem havia chegado.”
A colocação dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo pode ser: próclise (antes), ênclise (depois) ou mesóclise (no meio).
PRÓCLISE (antes do verbo) – obrigatória:
• Palavras negativas: “Não me falaram nada.”
• Advérbios: “Aqui se trabalha.”
• Pronomes relativos: “A pessoa que me ajudou…”
• Conjunções subordinativas: “Quando me virem…”
• Frases interrogativas: “Quem te disse isso?”
• Frases exclamativas: “Quanto nos custou!”
ÊNCLISE (depois do verbo):
• Início de frase: “Diga-me a verdade.”
• Verbo no imperativo afirmativo: “Faça-o agora.”
• Verbo no infinitivo impessoal: “É preciso ajudá-lo.”
• Verbo no gerúndio: “Saiu, deixando-nos sozinhos.”
MESÓCLISE (no meio do verbo):
• Futuro do presente: “Contar-lhe-ei tudo.”
• Futuro do pretérito: “Contar-lhe-ia tudo.”
3. Verbos Completos
O verbo é a classe gramatical que expressa ação, estado, fenômeno da natureza ou mudança de estado. É o núcleo do predicado e a palavra mais importante da oração, pois estabelece relações de tempo, modo, pessoa e número.
Verbo é a palavra variável que indica ação (correr, estudar), estado (ser, estar), fenômeno natural (chover, ventar) ou mudança de estado (tornar-se, ficar). Flexiona-se em modo, tempo, número, pessoa e voz.
O verbo é formado por radical (parte invariável que contém o significado básico) e desinências (partes variáveis que indicam as flexões).
CANT-A-VA-MOS
• CANT = radical (significado básico)
• A = vogal temática (indica a conjugação: 1ª)
• VA = desinência modo-temporal (pretérito imperfeito do indicativo)
• MOS = desinência número-pessoal (1ª pessoa do plural)
Os verbos em português são classificados em três conjugações, de acordo com a vogal temática:
| Conjugação | Vogal Temática | Exemplos |
|---|---|---|
| 1ª conjugação | -A- | cantar, amar, estudar, falar |
| 2ª conjugação | -E- | vender, comer, beber, correr |
| 3ª conjugação | -I- | partir, sorrir, abrir, sair |
Os modos verbais indicam a atitude do falante em relação ao fato expresso pelo verbo.
Modos Verbais:
- Indicativo: Expressa certeza, fato real (Eu estudo todos os dias.)
- Subjuntivo: Expressa dúvida, hipótese, desejo (Espero que você estude.)
- Imperativo: Expressa ordem, pedido, conselho (Estude mais!)
| Tempo | Uso | Exemplo (cantar) |
|---|---|---|
| Presente | Ação atual, habitual ou verdade universal | eu canto |
| Pretérito Perfeito | Ação concluída no passado | eu cantei |
| Pretérito Imperfeito | Ação contínua ou habitual no passado | eu cantava |
| Pretérito Mais-que-perfeito | Ação anterior a outra no passado | eu cantara |
| Futuro do Presente | Ação futura certa | eu cantarei |
| Futuro do Pretérito | Ação futura em relação ao passado (condicional) | eu cantaria |
| Tempo | Uso | Exemplo (cantar) |
|---|---|---|
| Presente | Dúvida, desejo no presente | que eu cante |
| Pretérito Imperfeito | Hipótese, condição | se eu cantasse |
| Futuro | Hipótese futura | quando eu cantar |
O imperativo expressa ordem, pedido, conselho ou súplica. Possui duas formas: afirmativa e negativa.
Imperativo Afirmativo:
• Tu: presente do indicativo sem o “s” (tu cantas → canta tu)
• Você, nós, vós, vocês: presente do subjuntivo (cante você, cantemos nós)
Imperativo Negativo:
• Todas as pessoas: presente do subjuntivo (não cantes tu, não cante você)
Imperativo Afirmativo:
canta tu / cante você / cantemos nós / cantai vós / cantem vocês
Imperativo Negativo:
não cantes tu / não cante você / não cantemos nós / não canteis vós / não cantem vocês
As formas nominais são aquelas que podem exercer função de substantivo, adjetivo ou advérbio, além da função verbal.
| Forma | Terminação | Função | Exemplo |
|---|---|---|---|
| Infinitivo | -ar, -er, -ir | Substantivo | cantar, vender, partir |
| Gerúndio | -ndo | Advérbio | cantando, vendendo, partindo |
| Particípio | -ado, -ido | Adjetivo | cantado, vendido, partido |
Alguns verbos possuem duas formas de particípio:
• Regular (com ter/haver): “Tinha aceitado o convite.”
• Irregular (com ser/estar): “Foi aceito no emprego.”
Exemplos: aceitar (aceitado/aceito), entregar (entregado/entregue), pagar (pagado/pago)
Verbos auxiliares são aqueles que se juntam a um verbo principal para formar tempos compostos ou locuções verbais.
Principais Verbos Auxiliares:
- TER e HAVER: Formam tempos compostos (Tenho estudado. / Havia chegado.)
- SER: Forma voz passiva (O livro foi lido.)
- ESTAR: Indica ação em desenvolvimento (Estou estudando.)
- IR: Indica futuro próximo (Vou viajar amanhã.)
A voz verbal indica a relação entre o sujeito e a ação expressa pelo verbo.
| Voz | Característica | Exemplo |
|---|---|---|
| Ativa | Sujeito pratica a ação | O professor corrigiu as provas. |
| Passiva Analítica | Sujeito sofre a ação (ser + particípio) | As provas foram corrigidas pelo professor. |
| Passiva Sintética | Sujeito sofre a ação (verbo + se) | Corrigiram-se as provas. |
| Reflexiva | Sujeito pratica e sofre a ação | O menino machucou-se. |
4. Regência Verbal e Nominal
Regência é a relação de dependência que se estabelece entre um termo regente (verbo ou nome) e seus complementos (termos regidos). A regência determina se o complemento virá ou não precedido de preposição.
Regência Verbal: Relação entre o verbo (termo regente) e seus complementos (termos regidos).
Regência Nominal: Relação entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e seus complementos.
A regência verbal estuda a relação entre os verbos e seus complementos, determinando se estes exigem ou não preposição.
Exigem complemento sem preposição obrigatória (objeto direto).
• Comprei um livro. (comprar algo)
• Encontrei meu amigo. (encontrar alguém)
• Ela ama seus filhos. (amar alguém)
Exigem complemento com preposição obrigatória (objeto indireto).
• Gosto de chocolate. (gostar DE algo)
• Preciso de ajuda. (precisar DE algo)
• Obedeço aos meus pais. (obedecer A alguém)
Exigem dois complementos: um sem preposição (OD) e outro com preposição (OI).
• Dei o livro (OD) ao professor (OI). (dar algo A alguém)
• Informei o resultado (OD) aos alunos (OI). (informar algo A alguém)
• Paguei a conta (OD) ao garçom (OI). (pagar algo A alguém)
| Verbo | Regência | Exemplo |
|---|---|---|
| ASPIRAR | VTD (respirar) / VTI (desejar – A) | Aspirei o ar. / Aspiro a uma vaga. |
| ASSISTIR | VTI (ver – A) / VTI (ajudar – A) / VI (morar – EM) | Assisti ao filme. / Assisto em SP. |
| VISAR | VTD (mirar, carimbar) / VTI (objetivar – A) | Visei o alvo. / Viso à aprovação. |
| PREFERIR | VTDI (preferir algo A algo) | Prefiro café a chá. |
| OBEDECER | VTI (A) | Obedeço às leis. |
| PAGAR/PERDOAR | VTD (coisa) / VTI (pessoa – A) | Paguei a conta. / Paguei ao garçom. |
| ESQUECER/LEMBRAR | VTD (sem SE) / VTI (com SE – DE) | Esqueci o livro. / Esqueci-me do livro. |
| IMPLICAR | VTD (acarretar) / VTI (antipatizar – COM) | Isso implica mudanças. / Implico com ele. |
| CHEGAR/IR | VI (A, não EM) | Cheguei à escola. / Vou ao cinema. |
| NAMORAR | VTD (sem preposição) | Namoro Maria. (não “com Maria”) |
❌ “Prefiro mais café do que chá.” → ✅ “Prefiro café a chá.”
❌ “Assisti o filme.” → ✅ “Assisti ao filme.”
❌ “Vou na escola.” → ✅ “Vou à escola.”
❌ “Namoro com ela.” → ✅ “Namoro ela.”
❌ “Esqueci de você.” → ✅ “Esqueci você.” OU “Esqueci-me de você.”
A regência nominal estuda a relação entre nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) e seus complementos, que sempre vêm precedidos de preposição.
| Nome | Preposição | Exemplo |
|---|---|---|
| Acessível | A | Acessível a todos |
| Acostumado | A, COM | Acostumado a/com o frio |
| Apto | A, PARA | Apto para o cargo |
| Atento | A | Atento às aulas |
| Capaz | DE | Capaz de vencer |
| Compatível | COM | Compatível com o sistema |
| Contrário | A | Contrário à proposta |
| Fácil/Difícil | DE | Fácil de resolver |
| Favorável | A | Favorável à mudança |
| Grato | A | Grato a você |
| Imune | A, DE | Imune a doenças |
| Necessário | A | Necessário à vida |
| Paralelo | A | Paralelo à rua |
| Próximo | A, DE | Próximo de/a casa |
| Respeito | A, POR, COM | Respeito aos mais velhos |
Para memorizar a regência nominal, associe o nome ao verbo correspondente:
• Obediente a (obedecer a)
• Fiel a (ser fiel a)
• Amor a (amar – sem prep., mas o substantivo pede)
• Respeito a (respeitar – VTD, mas o substantivo pede prep.)
5. Concordância Verbal e Nominal
Concordância é o mecanismo pelo qual as palavras alteram suas terminações para se adequarem umas às outras. A concordância verbal refere-se à relação entre verbo e sujeito, enquanto a concordância nominal trata da relação entre nomes (substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome).
Concordância Verbal: O verbo concorda com o sujeito em número (singular/plural) e pessoa (1ª, 2ª, 3ª).
Concordância Nominal: Adjetivos, artigos, numerais e pronomes concordam com o substantivo em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural).
O verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa.
• O aluno estuda. (singular)
• Os alunos estudam. (plural)
• Tu estudas. (2ª pessoa singular)
• Nós estudamos. (1ª pessoa plural)
Antes do verbo: Verbo no plural
• “João e Maria chegaram cedo.”
Depois do verbo: Plural ou concorda com o mais próximo
• “Chegaram João e Maria.” OU “Chegou João e Maria.”
Com pessoas diferentes: Prevalece a 1ª sobre a 2ª e a 3ª
• “Tu e ele estudareis.” (2ª + 3ª = 2ª plural)
• “Eu e tu estudaremos.” (1ª + 2ª = 1ª plural)
Com expressões como “a maioria de”, “a maior parte de”, “grande número de”, o verbo pode concordar com o núcleo da expressão (singular) ou com o especificador (plural).
• A maioria dos alunos passou. (concordância com “maioria”)
• A maioria dos alunos passaram. (concordância com “alunos”)
• Grande parte das pessoas compareceu/compareceram.
Com “QUE”: Verbo concorda com o antecedente
• “Fui eu que fiz o trabalho.” (concorda com “eu”)
• “Fomos nós que fizemos o trabalho.” (concorda com “nós”)
Com “QUEM”: Verbo na 3ª pessoa do singular OU concorda com o antecedente
• “Fui eu quem fez o trabalho.” (3ª pessoa)
• “Fui eu quem fiz o trabalho.” (concorda com “eu”)
Verbos impessoais não possuem sujeito e ficam sempre na 3ª pessoa do singular.
Principais Verbos Impessoais:
- HAVER (sentido de existir, ocorrer, tempo decorrido): “Havia muitas pessoas.” / “Há dois anos…”
- FAZER (tempo decorrido, clima): “Faz dois anos…” / “Faz frio aqui.”
- Fenômenos da natureza: “Choveu muito.” / “Nevou ontem.”
❌ “Haviam muitas pessoas.” → ✅ “Havia muitas pessoas.”
❌ “Fazem dois anos.” → ✅ “Faz dois anos.”
Mas: Quando HAVER é auxiliar, concorda normalmente:
✅ “Os alunos haviam estudado.” (auxiliar de “estudado”)
Quando o sujeito é uma oração, o verbo fica no singular.
• É necessário que todos compareçam.
• Convém estudar mais.
• Parece que vai chover.
Sem especificador: Concorda com a porcentagem
• “1% compareceu.” / “2% compareceram.”
Com especificador: Pode concordar com a porcentagem ou com o especificador
• “1% dos alunos faltou/faltaram.”
• “50% da turma passou/passaram.”
Artigos, adjetivos, numerais e pronomes adjetivos concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem.
• O menino bonito. (masculino singular)
• As meninas bonitas. (feminino plural)
• Dois livros novos. (masculino plural)
Opção 1: Concorda com o mais próximo
• “Comprei camisa e vestido novo.”
• “Comprei vestido e camisa nova.”
Opção 2: Vai para o plural (masculino se houver substantivos de gêneros diferentes)
• “Comprei camisa e vestido novos.”
Quando o adjetivo vem antes dos substantivos, geralmente concorda com o mais próximo.
• “Tenho ótima memória e raciocínio.”
• “Tenho ótimo raciocínio e memória.”
Expressões que NÃO variam:
- É BOM, É NECESSÁRIO, É PROIBIDO: Invariáveis quando o substantivo não tem artigo
• “É proibido entrada.” (sem artigo)
• “É proibida a entrada.” (com artigo) - MEIO: Invariável quando é advérbio (= um pouco)
• “Ela está meio cansada.” (advérbio)
• “Comprei meia dúzia.” (numeral) - BASTANTE: Variável quando é adjetivo, invariável quando é advérbio
• “Há bastantes pessoas.” (adjetivo = muitas)
• “Elas estudaram bastante.” (advérbio = muito)
| Expressão | Regra | Exemplo |
|---|---|---|
| ANEXO, INCLUSO | Concordam com o substantivo | Seguem anexas as fotos. |
| EM ANEXO | Invariável | Seguem em anexo as fotos. |
| OBRIGADO | Concorda com quem agradece | Ela disse: “Obrigada.” |
| MESMO, PRÓPRIO | Concordam com o substantivo | Elas mesmas fizeram. |
| MENOS, ALERTA | Sempre invariáveis | Havia menos pessoas. / Fiquem alerta. |
| POSSÍVEL | Concorda com o artigo | O mais rápido possível. / Os mais rápidos possíveis. |
Em questões de concordância, sempre identifique:
1. Qual é o sujeito? (para concordância verbal)
2. Qual é o substantivo? (para concordância nominal)
3. Há algum caso especial? (expressões partitivas, verbos impessoais, etc.)
4. Qual é a regra aplicável?
6. Estrutura do Período
O período é a frase organizada em orações, delimitado por ponto final, ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências. Compreender a estrutura do período é fundamental para análise sintática e interpretação textual.
Frase: Enunciado com sentido completo (pode ou não ter verbo).
Oração: Enunciado com verbo ou locução verbal.
Período: Frase formada por uma ou mais orações.
• Período Simples: Uma oração (oração absoluta)
• Período Composto: Duas ou mais orações
Sujeito é o termo sobre o qual se declara algo. Concorda com o verbo em número e pessoa.
| Tipo de Sujeito | Característica | Exemplo |
|---|---|---|
| Simples | Um núcleo | O aluno estuda. |
| Composto | Dois ou mais núcleos | João e Maria estudam. |
| Oculto/Elíptico | Não expresso, mas identificável | Ø Estudei muito. (eu) |
| Indeterminado | Existe, mas não se pode/quer identificar | Falaram mal de você. / Precisa-se de ajuda. |
| Inexistente | Não existe (verbos impessoais) | Choveu ontem. / Há problemas. |
Predicado é tudo o que se declara sobre o sujeito. Classifica-se de acordo com o tipo de verbo.
| Tipo | Verbo | Núcleo | Exemplo |
|---|---|---|---|
| Verbal | Significativo (ação, fenômeno) | Verbo | O aluno estuda muito. |
| Nominal | De ligação (ser, estar, ficar, etc.) | Predicativo | O aluno é inteligente. |
| Verbo-nominal | Significativo + predicativo | Verbo e predicativo | O aluno chegou cansado. |
Principais verbos de ligação: ser, estar, permanecer, ficar, continuar, parecer, andar (= estar), tornar-se, virar
Eles ligam o sujeito a uma característica (predicativo do sujeito):
• “Maria é professora.” (predicativo: professora)
• “Ele ficou nervoso.” (predicativo: nervoso)
| Complemento | Característica | Exemplo |
|---|---|---|
| Objeto Direto | Complemento sem preposição obrigatória | Comprei um livro. |
| Objeto Indireto | Complemento com preposição obrigatória | Gosto de chocolate. |
Complemento nominal é o termo que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), sempre com preposição.
• Tenho necessidade de ajuda. (complementa “necessidade”)
• Sou favorável à proposta. (complementa “favorável”)
• Agiu favoravelmente ao réu. (complementa “favoravelmente”)
Agente da passiva é o termo que indica quem pratica a ação em uma oração na voz passiva. Vem precedido de preposição (geralmente “por”).
• O livro foi escrito pelo autor.
• As provas foram corrigidas pelo professor.
| Termo | Função | Exemplo |
|---|---|---|
| Adjunto Adnominal | Caracteriza ou determina o substantivo | O meu livro novo |
| Adjunto Adverbial | Indica circunstância (tempo, lugar, modo, etc.) | Estudei ontem. / Moro aqui. |
| Aposto | Explica, resume ou especifica outro termo | João, meu amigo, chegou. |
| Vocativo | Chama, invoca (isolado por vírgula) | Maria, venha aqui! |
Adjunto Adnominal:
• Refere-se sempre a substantivo
• Indica posse, qualidade, origem
• Sentido ativo: “A descoberta do cientista” (o cientista descobriu)
Complemento Nominal:
• Refere-se a substantivo, adjetivo ou advérbio
• Completa o sentido
• Sentido passivo: “A descoberta da vacina” (a vacina foi descoberta)
No período composto por coordenação, as orações são independentes sintaticamente, ou seja, uma não exerce função sintática em relação à outra.
| Tipo | Conjunções | Exemplo |
|---|---|---|
| Assindética | Sem conjunção | Estudei, passei. |
| Aditiva | e, nem, mas também | Estudei e passei. |
| Adversativa | mas, porém, contudo, todavia | Estudei, mas não passei. |
| Alternativa | ou, ou…ou, ora…ora | Estude ou reprove. |
| Conclusiva | logo, portanto, pois (depois do verbo) | Estudei, logo passarei. |
| Explicativa | pois (antes do verbo), porque, que | Estude, pois a prova é difícil. |
No período composto por subordinação, uma oração exerce função sintática em relação à outra (oração principal).
Exercem função de substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto, etc.).
| Tipo | Função | Exemplo |
|---|---|---|
| Subjetiva | Sujeito | É necessário que você estude. |
| Objetiva Direta | Objeto Direto | Espero que você passe. |
| Objetiva Indireta | Objeto Indireto | Preciso de que você me ajude. |
| Completiva Nominal | Complemento Nominal | Tenho certeza de que passarei. |
| Predicativa | Predicativo | O problema é que não estudei. |
| Apositiva | Aposto | Só quero isto: que você seja feliz. |
Exercem função de adjetivo, caracterizando um substantivo. São introduzidas por pronomes relativos.
Restritiva: Restringe, limita o sentido (sem vírgula)
• “Os alunos que estudaram passaram.” (só os que estudaram)
Explicativa: Explica, generaliza (com vírgula)
• “Os alunos, que estudaram, passaram.” (todos estudaram e passaram)
Exercem função de advérbio, indicando circunstâncias.
| Tipo | Conjunções | Exemplo |
|---|---|---|
| Causal | porque, pois, como, já que | Passei porque estudei. |
| Consecutiva | que (precedido de tão, tal, tanto) | Estudei tanto que passei. |
| Condicional | se, caso, desde que | Se estudar, passará. |
| Concessiva | embora, ainda que, mesmo que | Embora estudasse, não passou. |
| Comparativa | como, assim como, mais…que | Estudo mais que você. |
| Conformativa | conforme, como, segundo | Conforme prometido, estudei. |
| Final | para que, a fim de que | Estudo para que passe. |
| Temporal | quando, enquanto, logo que | Quando cheguei, ele saiu. |
| Proporcional | à medida que, à proporção que | À medida que estudo, aprendo. |
Substantivas: Podem ser substituídas por “ISSO”
• “Espero que você passe.” = “Espero ISSO.”
Adjetivas: Podem ser substituídas por um adjetivo
• “O aluno que estuda passa.” = “O aluno estudioso passa.”
Adverbiais: Podem ser substituídas por um advérbio
• “Passei porque estudei.” = “Passei por isso.”
Você concluiu o estudo de Gramática! Dominar substantivos, pronomes, verbos, regência, concordância e estrutura do período é essencial para o sucesso em concursos públicos. Continue praticando com exercícios e análise de textos.
Próxima etapa: Apostila 3 – Fundamentos da Educação
Prefeitura de Florianópolis/SC – Instituto Legalle
Bons estudos! 📚
Apostila 3 – Fundamentos da Aprendizagem e Desenvolvimento
Preparatório para Professor Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
1. Aprendizagem e Desenvolvimento Humano
A compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento humano é fundamental para a prática pedagógica. Esses processos são complexos, multifacetados e envolvem aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais.
Desenvolvimento: Processo contínuo de mudanças físicas, cognitivas, emocionais e sociais que ocorre ao longo de toda a vida. É influenciado por fatores biológicos (maturação) e ambientais (experiências), seguindo uma sequência relativamente previsível, mas com variações individuais.
Aprendizagem: Processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que resulta da experiência e da interação com o ambiente. Produz mudanças relativamente permanentes no comportamento e pode ser formal (escolar) ou informal (cotidiana).
Relação entre Desenvolvimento e Aprendizagem: São processos interdependentes. O desenvolvimento cria possibilidades para a aprendizagem, enquanto a aprendizagem impulsiona o desenvolvimento. Diferentes teorias explicam essa relação de formas distintas.
- Fatores Biológicos: Genética, hereditariedade, maturação do sistema nervoso, saúde física, nutrição e desenvolvimento cerebral
- Fatores Ambientais: Estimulação, experiências, qualidade das interações sociais, contexto cultural, condições socioeconômicas e acesso à educação
- Fatores Psicológicos: Motivação, interesse, autoestima, autoconceito, estilos de aprendizagem e processos cognitivos (atenção, memória, raciocínio)
- Fatores Sociais: Relações familiares, interações com pares, mediação de adultos, contexto escolar, cultura e valores sociais
1.1 Principais Abordagens Teóricas
Ao longo da história da Psicologia e da Educação, diferentes teorias foram desenvolvidas para explicar como ocorrem o desenvolvimento e a aprendizagem. As três principais teorias que estudaremos são:
- Jean Piaget (1896-1980): Epistemologia Genética – foco no desenvolvimento cognitivo por estágios
- Lev Vygotsky (1896-1934): Socioconstrutivismo – ênfase na mediação social e cultural
- Henri Wallon (1879-1962): Psicogenética – desenvolvimento integral da pessoa
2. Teoria de Jean Piaget – Epistemologia Genética
Jean Piaget (1896-1980) foi um biólogo e epistemólogo suíço que revolucionou a compreensão do desenvolvimento cognitivo infantil. Sua teoria, conhecida como Epistemologia Genética, investiga como o conhecimento é construído.
1. Construtivismo: O conhecimento não é inato nem simplesmente transmitido. A criança constrói ativamente seu conhecimento através da interação com o meio físico e social. A criança é um “pequeno cientista” que experimenta e descobre.
2. Desenvolvimento por Estágios: O desenvolvimento cognitivo ocorre em estágios sequenciais. Cada estágio tem características próprias. A sequência é universal e invariável – não se pode “pular” estágios. A idade pode variar, mas a ordem não.
3. Desenvolvimento precede Aprendizagem: Para Piaget, o desenvolvimento biológico e cognitivo cria as condições para a aprendizagem. A criança só pode aprender aquilo para o qual está cognitivamente preparada. Não adianta ensinar algo se a criança não atingiu o estágio necessário.
2.1 Conceitos-Chave da Teoria de Piaget
Estruturas mentais ou padrões de ação que servem como formas de organizar e interpretar informações. Exemplo: esquema de “pegar” (bebê aprende a segurar objetos). Os esquemas evoluem e se tornam mais complexos com o desenvolvimento.
Processo de incorporar novas informações aos esquemas existentes. A criança interpreta o novo a partir do que já conhece. Exemplo: criança que conhece “cachorro” chama todos os animais de quatro patas de “cachorro”.
Processo de modificar esquemas existentes ou criar novos. Ocorre quando a assimilação não é suficiente. A criança ajusta seu pensamento para incorporar novas experiências. Exemplo: criança aprende que “gato” é diferente de “cachorro” e cria novo esquema.
Processo de busca de equilíbrio entre assimilação e acomodação. É o motor do desenvolvimento cognitivo. Quando há desequilíbrio (conflito cognitivo), a criança busca nova equilibração. Esse processo leva ao desenvolvimento de estruturas cognitivas mais complexas.
2.2 Estágios do Desenvolvimento Cognitivo (Piaget)
Características Gerais: Conhecimento através dos sentidos e ações motoras. Inteligência prática, não verbal. Progressiva coordenação entre percepção e movimento.
Principais Aquisições:
- Reflexos (0-1 mês): comportamentos inatos (sucção, preensão)
- Reações circulares primárias (1-4 meses): repetição de ações prazerosas centradas no próprio corpo
- Reações circulares secundárias (4-8 meses): repetição de ações que produzem efeitos interessantes no ambiente
- Coordenação de esquemas (8-12 meses): combinação de ações para atingir objetivos
- Reações circulares terciárias (12-18 meses): experimentação ativa, “pequeno cientista”
- Representação mental (18-24 meses): capacidade de pensar sobre objetos ausentes
Conquista Principal: Permanência do Objeto – Compreensão de que objetos continuam existindo mesmo quando não estão visíveis. Desenvolve-se gradualmente ao longo do estágio e é fundamental para o desenvolvimento cognitivo posterior.
Implicações Educacionais: Oferecer objetos variados para manipulação, estimular exploração sensorial, brincadeiras de esconder e achar, ambiente seguro para exploração motora.
Características Gerais: Desenvolvimento da função simbólica (linguagem, jogo simbólico, desenho). Pensamento intuitivo, não lógico. Pensamento egocêntrico e centrado em um aspecto da situação.
Função Simbólica: Capacidade de representar algo por meio de símbolos. Inclui linguagem (palavras representam objetos e ideias), jogo simbólico (faz de conta, imitação diferida), desenho (representação gráfica) e imagem mental (representação interna).
Limitações do Pensamento Pré-Operatório:
- Egocentrismo: Dificuldade de se colocar no ponto de vista do outro. Acredita que todos pensam como ela. Exemplo: Experimento das Três Montanhas
- Centração: Foca em um único aspecto da situação, ignorando outras dimensões relevantes. Exemplo: na conservação de líquidos, foca apenas na altura
- Irreversibilidade: Dificuldade de reverter mentalmente uma ação. Não consegue voltar ao ponto de partida mentalmente
- Raciocínio Transdutivo: Vai do particular para o particular. Não usa lógica dedutiva ou indutiva. Estabelece relações causais inadequadas
- Animismo: Atribui vida e consciência a objetos inanimados. Exemplo: “a lua me segue”
- Artificialismo: Acredita que fenômenos naturais são criados por humanos. Exemplo: “as montanhas foram construídas por pessoas”
Provas Piagetianas – Conservação: Criança não conserva quantidade, massa, volume. Exemplo clássico: dois copos iguais com mesma quantidade de líquido. Ao despejar um em copo mais alto e fino, criança acha que tem mais líquido.
Implicações Educacionais: Valorizar o jogo simbólico e a imaginação, oferecer materiais para representação (fantasias, brinquedos, materiais de arte), respeitar o pensamento egocêntrico sem forçar lógica adulta, proporcionar experiências concretas, estimular a linguagem.
Características Gerais: Desenvolvimento do pensamento lógico. Operações mentais aplicadas a situações concretas. Superação do egocentrismo. Capacidade de reversibilidade.
Principais Aquisições:
- Conservação: Compreende que quantidade permanece a mesma apesar de mudanças na aparência. Conservação de número (6-7 anos), massa (7-8 anos), peso (9-10 anos), volume (11-12 anos)
- Reversibilidade: Capacidade de reverter mentalmente uma operação. Compreende que ações podem ser desfeitas
- Descentração: Considera múltiplos aspectos de uma situação. Supera a centração
- Classificação: Agrupa objetos por características comuns. Compreende hierarquias de classes e inclusão de classes
- Seriação: Ordena objetos segundo critérios (tamanho, peso, etc.). Compreende relações de ordem
- Noção de Número: Compreensão do conceito de número e operações matemáticas básicas
Limitações: Pensamento ainda preso ao concreto. Dificuldade com abstrações e hipóteses. Precisa de objetos ou situações reais para raciocinar.
Implicações Educacionais: Usar materiais concretos para ensinar conceitos abstratos, propor problemas que envolvam classificação e seriação, trabalhar com situações reais e significativas, estimular o raciocínio lógico, jogos de regras e estratégia.
Características Gerais: Pensamento abstrato e hipotético-dedutivo. Raciocínio sobre possibilidades. Pensamento científico. Reflexão sobre o próprio pensamento (metacognição).
Principais Aquisições: Raciocínio hipotético-dedutivo (formula hipóteses e testa), pensamento proposicional (trabalha com proposições verbais), raciocínio combinatório (considera todas as combinações possíveis), pensamento sobre o futuro e possibilidades, compreensão de conceitos abstratos (justiça, liberdade, amor), raciocínio proporcional.
Implicações Educacionais: Propor problemas complexos e abstratos, estimular formulação de hipóteses, debates sobre temas abstratos, método científico, reflexão crítica.
2.3 Contribuições e Críticas à Teoria de Piaget
- Revolucionou a compreensão do desenvolvimento infantil
- Mostrou que a criança pensa de forma qualitativamente diferente do adulto
- Valorizou a criança como sujeito ativo na construção do conhecimento
- Influenciou práticas pedagógicas construtivistas
- Fundamentou a importância da ação e da experiência na aprendizagem
- Desenvolveu método clínico de investigação
- Subestimou capacidades de crianças pequenas
- Pouca ênfase nos fatores sociais e culturais
- Estágios muito rígidos (nem todos atingem operatório-formal)
- Foco excessivo no desenvolvimento cognitivo, pouca atenção ao emocional
- Pesquisas posteriores mostraram que desenvolvimento é mais variável
- Contexto e cultura influenciam mais do que Piaget considerou
3. Teoria de Lev Vygotsky – Socioconstrutivismo
Lev Semyonovich Vygotsky (1896-1934) foi um psicólogo bielorrusso que desenvolveu a teoria sociointeracionista ou socioconstrutivista. Sua obra enfatiza o papel fundamental da cultura e das interações sociais no desenvolvimento humano.
1. Origem Social do Desenvolvimento: O desenvolvimento humano tem origem social e cultural. Funções psicológicas superiores surgem primeiro no plano social (interpsicológico) e depois são internalizadas no plano individual (intrapsicológico). “O social vem antes do individual”.
2. Mediação: A relação do ser humano com o mundo é mediada. Mediação por instrumentos (ferramentas físicas) e por signos (ferramentas psicológicas – linguagem, símbolos). A linguagem é o principal instrumento de mediação.
3. Aprendizagem Impulsiona o Desenvolvimento: Diferente de Piaget, para Vygotsky a aprendizagem precede e impulsiona o desenvolvimento. “O bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento”. A aprendizagem cria zonas de desenvolvimento proximal.
3.1 Conceitos-Chave da Teoria de Vygotsky
Conceito Central da Teoria:
Nível de Desenvolvimento Real: O que a criança já sabe fazer sozinha. Funções já amadurecidas. Resultado de ciclos de desenvolvimento já completados.
Nível de Desenvolvimento Potencial: O que a criança consegue fazer com ajuda de alguém mais experiente. Funções em processo de maturação.
Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP): Distância entre o nível de desenvolvimento real e o potencial. Espaço onde a aprendizagem é mais efetiva. É na ZDP que o ensino deve atuar. O que hoje a criança faz com ajuda, amanhã fará sozinha.
Implicações Educacionais: Professor deve identificar a ZDP de cada aluno, propor desafios adequados (nem muito fáceis, nem impossíveis), oferecer apoio e mediação, trabalho colaborativo entre alunos, ensino deve se antecipar ao desenvolvimento.
Conceito: Processo pelo qual o ser humano se relaciona com o mundo. Não é uma relação direta, mas mediada por instrumentos e signos.
Tipos de Mediação:
- Instrumentos (ferramentas físicas): Objetos criados pelo ser humano para transformar a natureza. Exemplo: martelo, computador, lápis. Orientados para fora (ação sobre o mundo externo)
- Signos (ferramentas psicológicas): Sistemas simbólicos criados culturalmente. Linguagem, escrita, números, mapas, obras de arte. Orientados para dentro (regulam o próprio comportamento). A linguagem é o signo mais importante
- Mediação Social: Outro ser humano (mais experiente) medeia a aprendizagem. Professor, pais, colegas mais experientes. Fundamental para o desenvolvimento
Papel Central da Linguagem: Linguagem é o principal instrumento de mediação. Transforma o funcionamento psicológico. Permite o pensamento abstrato e a consciência.
Desenvolvimento da Linguagem:
- Fase Pré-Intelectual da Fala (0-2 anos): Linguagem tem função social e emocional. Choro, balbucio, primeiras palavras. Não há relação com pensamento
- Fase Pré-Linguística do Pensamento (0-2 anos): Pensamento prático, não verbal. Inteligência sensório-motora
- Convergência entre Linguagem e Pensamento (por volta de 2 anos): Momento crucial no desenvolvimento. Linguagem torna-se intelectual. Pensamento torna-se verbal. Criança descobre que tudo tem um nome
Tipos de Linguagem:
- Linguagem Social (Fala Exterior): Comunicação com outros. Função social
- Linguagem Egocêntrica: Criança fala sozinha enquanto age. Transição entre fala social e interna. Não desaparece, mas se internaliza. Função: planejar e regular a própria ação
- Linguagem Interior (Fala Interna): Pensamento verbal. Fala para si mesmo. Função: planejamento, regulação, reflexão
Funções Psicológicas Elementares: Biológicas, naturais. Comuns a humanos e animais. Exemplo: reflexos, atenção involuntária, memória imediata.
Funções Psicológicas Superiores: Especificamente humanas. Origem social e cultural. Mediadas por signos. Voluntárias e conscientes. Exemplos: atenção voluntária, memória lógica, pensamento abstrato, linguagem, imaginação criadora.
Processo de Formação: Surgem primeiro no plano social (interpsicológico), são internalizadas (intrapsicológico) e transformam-se qualitativamente nesse processo.
Conceito: Processo de reconstrução interna de uma operação externa. Não é simples cópia, mas transformação.
Lei Genética Geral do Desenvolvimento Cultural: “Toda função no desenvolvimento cultural da criança aparece duas vezes: primeiro no nível social (interpsicológico) e depois no nível individual (intrapsicológico)”.
Exemplo: Criança aprende a contar com ajuda do adulto (social). Gradualmente internaliza o processo. Passa a contar sozinha (individual). Depois conta mentalmente (internalizado).
3.2 Implicações Educacionais da Teoria de Vygotsky
- Ensino na Zona de Desenvolvimento Proximal: Avaliar o que o aluno já sabe (desenvolvimento real), identificar o que pode aprender com ajuda (ZDP), propor desafios adequados, oferecer suporte gradual (scaffolding), retirar apoio conforme aluno avança
- Mediação do Professor: Professor como mediador fundamental. Não apenas transmite, mas medeia a construção do conhecimento. Faz perguntas, provoca reflexão, oferece pistas. Cria situações de aprendizagem significativas
- Interação Social: Valorizar trabalho em grupo, aprendizagem colaborativa, tutoria entre pares (alunos mais experientes ajudam outros), discussões e debates, construção coletiva do conhecimento
- Linguagem: Estimular o uso da linguagem, conversas, narrativas, explicações, verbalização do pensamento, leitura e escrita como ferramentas de pensamento
- Instrumentos Culturais: Usar diversos instrumentos e signos, tecnologias, mapas, gráficos, símbolos, valorizar a cultura
- Ensino Intencional: Ensino sistemático é fundamental. Não esperar maturação espontânea. Aprendizagem escolar impulsiona desenvolvimento. Conceitos científicos são ensinados, não descobertos espontaneamente
3.3 Contribuições e Críticas à Teoria de Vygotsky
- Valorizou o papel da cultura e da sociedade no desenvolvimento
- Destacou a importância da mediação social
- Conceito de ZDP revolucionou práticas pedagógicas
- Mostrou que aprendizagem impulsiona desenvolvimento
- Enfatizou o papel central da linguagem
- Fundamentou práticas colaborativas e interativas
- Valorizou o papel do professor como mediador
- Obra incompleta (morreu jovem, aos 37 anos)
- Alguns conceitos pouco desenvolvidos
- Pouca atenção aos aspectos emocionais
- Dificuldade de operacionalizar ZDP na prática
- Ênfase excessiva no social pode minimizar aspectos individuais
- Contexto histórico específico (Rússia pós-revolucionária)
4. Teoria de Henri Wallon – Desenvolvimento Integral
Henri Wallon (1879-1962) foi um médico, psicólogo e filósofo francês que desenvolveu uma teoria do desenvolvimento humano que integra dimensões afetivas, cognitivas e motoras. Sua abordagem é conhecida como Psicogenética.
1. Desenvolvimento Integral da Pessoa: Ser humano é uma totalidade. Integração entre afetividade, cognição, movimento e pessoa. Não se pode separar esses aspectos. Desenvolvimento é global.
2. Desenvolvimento por Estágios: Desenvolvimento ocorre em estágios sucessivos. Cada estágio tem predominância de um conjunto de atividades. Alternância entre fases centrípetas (voltadas para si) e centrífugas (voltadas para o mundo externo).
3. Importância da Afetividade: Afetividade é central no desenvolvimento. Emoções são fundamentais nas relações sociais. Afetividade e cognição são inseparáveis.
4. Papel do Meio Social: Meio social é fundamental para o desenvolvimento. Criança se desenvolve nas relações com outros. Cultura e sociedade moldam o desenvolvimento.
4.1 Conceitos-Chave da Teoria de Wallon
- Dimensão Afetiva: Emoções e sentimentos, relações interpessoais, construção da identidade, base para o desenvolvimento cognitivo
- Dimensão Cognitiva: Inteligência e pensamento, conhecimento e aprendizagem, linguagem e simbolização
- Dimensão Motora: Movimento e ação, expressão e comunicação, exploração do mundo, instrumento de relação com o meio
- Dimensão da Pessoa: Construção do eu, identidade e personalidade, consciência de si
Integração: Essas dimensões estão sempre integradas. Desenvolvimento de uma afeta as outras. Não há hierarquia entre elas.
Diferença entre Emoção e Afetividade:
Emoção: Manifestação corporal, orgânica. Mais primitiva. Contagiosa. Exemplo: choro, riso, medo.
Afetividade: Conceito mais amplo. Inclui emoções, sentimentos e paixões. Mais cognitiva e simbólica.
Papel das Emoções: Primeiras formas de comunicação do bebê. Mobilizam o ambiente social. Fundamentais para a sobrevivência. Base das relações sociais. Influenciam a cognição.
Evolução da Afetividade: Bebê: emoções puras, orgânicas. Gradualmente: diferenciação e controle. Desenvolvimento de sentimentos mais complexos. Integração com cognição.
Importância do Movimento: Não é apenas deslocamento físico. Instrumento de relação com o mundo. Forma de expressão e comunicação. Fundamental para o desenvolvimento cognitivo.
Tipos de Movimento:
- Movimentos Reflexos: Automáticos, involuntários. Presentes desde o nascimento
- Movimentos Expressivos: Expressam emoções. Comunicação não verbal. Gestos, mímicas
- Movimentos Instrumentais: Ação sobre o mundo. Manipulação de objetos. Exploração do ambiente
4.2 Estágios do Desenvolvimento (Wallon)
Características: Predominância da afetividade. Emoções são a principal forma de interação. Movimentos impulsivos e descoordenados. Dependência total do adulto. Fase centrípeta (voltada para si).
Desenvolvimento: Primeiros meses: movimentos reflexos e impulsivos. Emoções mobilizam o ambiente social. Choro, sorriso, expressões faciais. Gradual diferenciação emocional. Início da coordenação motora.
Implicações Educacionais: Atender prontamente às necessidades emocionais, criar vínculo afetivo seguro, ambiente acolhedor e responsivo, estimulação sensorial e motora.
Características: Predominância da atividade motora. Exploração do mundo físico. Desenvolvimento da marcha e manipulação. Fase centrífuga (voltada para o mundo externo).
Fase Sensório-Motora (1-2 anos): Exploração sensorial e motora. Manipulação de objetos. Desenvolvimento da marcha. Início da linguagem.
Fase Projetiva (2-3 anos): Pensamento precisa do movimento para se expressar. Imitação. Simulação. Pensamento ainda não se descolou da ação.
Implicações Educacionais: Oferecer espaço e materiais para exploração, estimular movimento e manipulação, atividades de imitação, brincadeiras sensório-motoras.
Características: Construção da consciência de si. Formação da personalidade. Predominância da afetividade. Fase centrípeta (voltada para si).
Subfases:
- Oposição (3 anos): “Crise dos 3 anos”. Criança se opõe ao adulto. Afirmação de si através da negação. “Não!” frequente. Birras e teimosia. Necessário para construção da autonomia
- Sedução (4 anos): Busca aprovação e admiração. Quer agradar. Exibicionismo. Imitação de adultos admirados
- Imitação (5-6 anos): Imitação de modelos. Identificação com adultos. Incorporação de papéis sociais
Implicações Educacionais: Compreender a oposição como fase necessária, estabelecer limites com afeto, valorizar a criança, oferecer modelos positivos, brincadeiras de faz de conta e papéis sociais.
Características: Predominância da cognição. Desenvolvimento do pensamento categorial. Capacidade de classificar, seriar, abstrair. Fase centrífuga (voltada para o mundo externo). Interesse pelo conhecimento.
Desenvolvimento Cognitivo: Pensamento mais objetivo. Diferenciação entre eu e mundo. Capacidade de categorização. Atenção mais focada. Memória mais eficiente.
Desenvolvimento Social: Importância dos pares. Grupos de amigos. Regras e normas sociais.
Implicações Educacionais: Ensino sistemático, atividades de classificação e seriação, trabalho em grupo, jogos com regras, projetos de investigação.
Características: Retorno da predominância afetiva. Fase centrípeta (voltada para si). Transformações físicas e psicológicas. Crise de identidade. Questionamentos existenciais.
Desenvolvimento: Busca de identidade. Importância do grupo de pares. Conflitos com autoridade. Desenvolvimento do pensamento abstrato. Idealismo.
Implicações Educacionais: Compreender as transformações, espaço para expressão, debates e discussões, projetos significativos, respeito à autonomia crescente.
4.3 Contribuições e Críticas à Teoria de Wallon
- Visão integral do desenvolvimento humano
- Valorizou a afetividade no desenvolvimento e na aprendizagem
- Destacou a importância do movimento
- Integração entre afetividade, cognição e motricidade
- Compreensão da construção da pessoa
- Influenciou práticas pedagógicas que valorizam o desenvolvimento integral
- Atenção aos aspectos emocionais na educação
- Teoria menos conhecida que Piaget e Vygotsky
- Alguns conceitos complexos e de difícil operacionalização
- Estágios menos precisos que os de Piaget
- Pouca pesquisa empírica posterior
- Dificuldade de aplicação prática de alguns conceitos
5. Desenvolvimento Infantil por Fases
Compreender o desenvolvimento infantil por fases etárias é fundamental para a prática pedagógica. Vamos sintetizar as principais características de cada fase, integrando as contribuições das três teorias estudadas.
5.1 Primeira Infância (0 a 2 anos)
Desenvolvimento Físico e Motor: Crescimento rápido. Desenvolvimento da coordenação motora grossa (sentar, engatinhar, andar). Desenvolvimento da coordenação motora fina (pegar objetos, manipular). Controle progressivo do corpo.
Desenvolvimento Cognitivo: Inteligência sensório-motora (Piaget). Conhecimento através dos sentidos e ações. Permanência do objeto. Imitação diferida. Início da função simbólica (final do período).
Desenvolvimento da Linguagem: Choro, balbucio. Primeiras palavras (por volta de 1 ano). Explosão vocabular (por volta de 18 meses). Frases de duas palavras (por volta de 2 anos). Convergência entre linguagem e pensamento (Vygotsky).
Desenvolvimento Socioemocional: Emoções como principal forma de comunicação (Wallon). Apego ao cuidador principal. Ansiedade de separação. Início da diferenciação eu-outro. Primeiras interações sociais.
Necessidades Educacionais: Vínculo afetivo seguro, ambiente seguro para exploração, estimulação sensorial variada, objetos para manipulação, interação responsiva do adulto, rotinas previsíveis, respeito ao ritmo individual.
5.2 Segunda Infância (2 a 6 anos)
Desenvolvimento Físico e Motor: Refinamento das habilidades motoras. Maior coordenação e equilíbrio. Desenvolvimento da motricidade fina. Energia e necessidade de movimento.
Desenvolvimento Cognitivo: Pensamento pré-operatório (Piaget). Função simbólica: linguagem, jogo simbólico, desenho. Pensamento egocêntrico. Centração. Animismo e artificialismo. Curiosidade intensa. Aprendizagem através da brincadeira.
Desenvolvimento da Linguagem: Expansão rápida do vocabulário. Frases cada vez mais complexas. Narrativas. Linguagem egocêntrica (Vygotsky). Perguntas constantes (“por quê?”).
Desenvolvimento Socioemocional: Construção da identidade (Wallon – Personalismo). Fase de oposição (3 anos). Busca de autonomia. Desenvolvimento da empatia. Brincadeiras paralelas e depois cooperativas. Amizades. Compreensão de regras sociais.
Necessidades Educacionais: Brincadeira como eixo central, jogo simbólico e faz de conta, exploração e experimentação, materiais variados e desafiadores, interações sociais, limites claros com afeto, valorização da criança, estímulo à linguagem, atividades artísticas e expressivas.
5.3 Terceira Infância (6 a 11 anos)
Desenvolvimento Físico e Motor: Crescimento mais lento e constante. Refinamento das habilidades motoras. Maior resistência física. Coordenação motora fina desenvolvida (escrita).
Desenvolvimento Cognitivo: Pensamento operatório-concreto (Piaget). Pensamento lógico aplicado ao concreto. Conservação. Reversibilidade. Classificação e seriação. Pensamento categorial (Wallon). Atenção mais focada. Memória mais eficiente. Aprendizagem escolar sistemática.
Desenvolvimento da Linguagem: Domínio da linguagem oral. Alfabetização. Desenvolvimento da leitura e escrita. Linguagem como ferramenta de pensamento (Vygotsky). Narrativas complexas.
Desenvolvimento Socioemocional: Importância dos pares. Amizades mais estáveis. Grupos de amigos. Compreensão de regras e normas. Desenvolvimento moral. Autoestima relacionada ao desempenho escolar. Comparação social.
Necessidades Educacionais: Ensino sistemático, materiais concretos para conceitos abstratos, desafios adequados à ZDP (Vygotsky), trabalho colaborativo, jogos com regras, projetos de investigação, valorização do esforço e progresso, feedback construtivo.
6. Processos Cognitivos
Os processos cognitivos são as operações mentais envolvidas na aquisição, processamento, armazenamento e uso de informações. Compreendê-los é fundamental para planejar práticas pedagógicas eficazes.
6.1 Atenção
Conceito: Processo de seleção e foco em estímulos específicos. Capacidade limitada. Fundamental para a aprendizagem.
Tipos de Atenção: Atenção Involuntária (automática, reflexa, atraída por estímulos salientes) e Atenção Voluntária (intencional, controlada, requer esforço – função psicológica superior segundo Vygotsky).
Desenvolvimento: Bebês: atenção involuntária predomina. Crianças pequenas: atenção breve, facilmente distraída. Desenvolvimento gradual da atenção voluntária. Mediação social e linguagem ajudam no controle da atenção (Vygotsky).
Implicações Educacionais: Atividades adequadas ao tempo de atenção da idade, variar estímulos e estratégias, reduzir distrações, ensinar estratégias de foco, atividades significativas e motivadoras, pausas e movimento.
6.2 Percepção
Conceito: Processo de organização e interpretação de informações sensoriais. Não é passiva, mas ativa e construtiva. Influenciada por conhecimentos prévios e expectativas.
Desenvolvimento: Bebês: percepção básica presente desde o nascimento. Refinamento progressivo. Integração de diferentes sentidos. Experiência e aprendizagem aprimoram a percepção.
Implicações Educacionais: Estimulação sensorial variada, atividades multissensoriais, observação e exploração, materiais concretos e manipuláveis.
6.3 Memória
Conceito: Processo de codificação, armazenamento e recuperação de informações. Fundamental para a aprendizagem.
Tipos de Memória:
- Memória Sensorial: Registro breve de informações sensoriais. Duração: frações de segundo
- Memória de Curto Prazo (Memória de Trabalho): Armazena informações temporariamente. Capacidade limitada (7±2 itens). Duração: segundos a minutos. Fundamental para raciocínio e resolução de problemas
- Memória de Longo Prazo: Armazenamento permanente. Capacidade ilimitada. Duração: anos, toda a vida
Subtipos de Memória de Longo Prazo: Memória Explícita/Declarativa (consciente – episódica: eventos pessoais; semântica: conhecimentos gerais, conceitos) e Memória Implícita/Não-Declarativa (inconsciente – procedural: habilidades motoras; condicionamento).
Desenvolvimento: Bebês: memória básica presente. Desenvolvimento de estratégias de memorização. Memória lógica (mediada por signos) desenvolve-se com a linguagem (Vygotsky). Metamemória: consciência sobre a própria memória.
Implicações Educacionais: Repetição e prática, organização da informação, conexão com conhecimentos prévios, uso de estratégias mnemônicas, significado e contexto, revisão espaçada, ensinar estratégias de memorização.
6.4 Pensamento e Raciocínio
Conceito: Processo mental de manipulação de informações. Resolução de problemas, tomada de decisões, criação.
Tipos de Pensamento: Pensamento Concreto (baseado em objetos e situações reais), Pensamento Abstrato (trabalha com conceitos e ideias), Pensamento Convergente (busca uma resposta correta), Pensamento Divergente (gera múltiplas soluções, criatividade).
Desenvolvimento (Piaget): Sensório-motor: pensamento prático, não verbal. Pré-operatório: pensamento simbólico, intuitivo. Operatório-concreto: pensamento lógico aplicado ao concreto. Operatório-formal: pensamento abstrato e hipotético.
Papel da Linguagem (Vygotsky): Linguagem transforma o pensamento. Pensamento verbal. Linguagem interior como ferramenta de pensamento.
Implicações Educacionais: Propor problemas desafiadores, estimular diferentes tipos de pensamento, verbalização do raciocínio, trabalho colaborativo (diferentes perspectivas), perguntas abertas, tempo para pensar.
6.5 Linguagem
Conceito: Sistema simbólico de comunicação. Fundamental para o pensamento e a aprendizagem. Principal instrumento de mediação (Vygotsky).
Funções da Linguagem: Comunicação, expressão, regulação do comportamento, pensamento, construção de conhecimento.
Desenvolvimento: 0-1 ano: choro, balbucio, primeiras palavras. 1-2 anos: explosão vocabular, frases de duas palavras. 2-3 anos: frases mais complexas, linguagem egocêntrica. 3-6 anos: domínio da gramática básica, narrativas. 6+ anos: refinamento, linguagem escrita.
Implicações Educacionais: Conversas ricas e variadas, leitura de histórias, estimular narrativas, ampliar vocabulário, valorizar diferentes formas de expressão, alfabetização significativa.
6.6 Funções Executivas
Conceito: Processos cognitivos de controle e regulação. Fundamentais para aprendizagem e comportamento.
Principais Funções Executivas: Controle Inibitório (capacidade de inibir impulsos e distrações), Memória de Trabalho (manter e manipular informações), Flexibilidade Cognitiva (adaptar-se a mudanças, ver diferentes perspectivas), Planejamento (estabelecer metas e estratégias), Organização (estruturar informações e ações).
Desenvolvimento: Desenvolvimento lento e gradual. Maturação do córtex pré-frontal. Continua até o início da vida adulta. Influenciado por experiências e aprendizagem.
Implicações Educacionais: Ensinar estratégias de autorregulação, rotinas e estrutura, jogos que desenvolvem funções executivas, planejamento de atividades, feedback sobre processos (não apenas resultados), modelagem de estratégias.
7. Processos Socioemocionais
Os processos socioemocionais são fundamentais para o desenvolvimento integral e para a aprendizagem. Afetividade e cognição são inseparáveis, como destacou Wallon.
7.1 Desenvolvimento Emocional
Emoções Básicas: Alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, nojo. Presentes desde o nascimento (algumas). Universais.
Desenvolvimento Emocional: Bebês: emoções básicas, expressão corporal. Crianças pequenas: diferenciação emocional, emoções mais complexas. Desenvolvimento da regulação emocional. Compreensão das emoções dos outros (empatia). Expressão adequada de emoções.
Papel das Emoções (Wallon): Primeiras formas de comunicação. Mobilizam o ambiente social. Fundamentais para as relações. Influenciam a cognição.
Implicações Educacionais: Acolher e validar emoções, ensinar vocabulário emocional, ajudar na regulação emocional, criar ambiente emocionalmente seguro, trabalhar empatia, literatura e arte para explorar emoções.
7.2 Desenvolvimento Social
Apego: Vínculo afetivo com cuidador principal. Base de segurança para exploração. Influencia relações futuras. Tipos: seguro, inseguro-evitante, inseguro-ambivalente, desorganizado.
Desenvolvimento das Relações: Bebês: apego ao cuidador. Crianças pequenas: brincadeiras paralelas, depois cooperativas. Pré-escolares: amizades, mas ainda instáveis. Escolares: amizades mais estáveis, grupos. Adolescentes: grupo de pares fundamental.
Papel do Meio Social (Vygotsky): Desenvolvimento tem origem social. Aprendizagem ocorre nas interações. Mediação social é fundamental.
Implicações Educacionais: Criar vínculos afetivos seguros, promover interações positivas, trabalho colaborativo, ensinar habilidades sociais, resolver conflitos de forma construtiva, valorizar a diversidade.
7.3 Autoconceito e Autoestima
Autoconceito: Percepção que a pessoa tem de si mesma. Construído nas relações sociais. Influenciado por feedback de outros.
Autoestima: Avaliação que a pessoa faz de si mesma. Pode ser positiva ou negativa. Influencia motivação e comportamento.
Desenvolvimento (Wallon – Personalismo): Construção da consciência de si (3-6 anos). Oposição, sedução, imitação. Formação da personalidade.
Implicações Educacionais: Valorizar cada criança, feedback positivo e construtivo, foco no esforço e progresso (não apenas resultado), criar oportunidades de sucesso, evitar comparações, promover autonomia.
7.4 Motivação
Tipos de Motivação: Motivação Intrínseca (interesse genuíno, prazer na atividade) e Motivação Extrínseca (recompensas externas, evitar punições).
Fatores que Influenciam: Interesse e significado da atividade, autoeficácia (crença na própria capacidade), expectativas de sucesso, atribuições causais (a que atribui sucesso/fracasso), ambiente de aprendizagem, relação com professor.
Implicações Educacionais: Atividades significativas e desafiadoras, autonomia e escolha, feedback construtivo, valorizar esforço e estratégias, criar clima positivo, conectar com interesses dos alunos, evitar excesso de recompensas externas.
8. Comparação entre as Teorias
| Aspecto | Piaget | Vygotsky | Wallon |
|---|---|---|---|
| Foco Principal | Desenvolvimento cognitivo | Desenvolvimento sociocultural | Desenvolvimento integral (afetivo, cognitivo, motor) |
| Papel da Criança | Sujeito ativo, “pequeno cientista” | Sujeito interativo, aprende com outros | Pessoa completa, integrada |
| Relação Desenvolvimento-Aprendizagem | Desenvolvimento precede aprendizagem | Aprendizagem impulsiona desenvolvimento | Desenvolvimento integral, interdependente |
| Papel do Meio Social | Importante, mas secundário | Fundamental, origem do desenvolvimento | Fundamental, meio social e afetivo |
| Linguagem | Resultado do desenvolvimento cognitivo | Instrumento fundamental, transforma pensamento | Importante para desenvolvimento integral |
| Afetividade | Pouca ênfase | Pouca ênfase | Central, inseparável da cognição |
| Estágios | Universais, invariáveis, sequenciais | Não trabalha com estágios | Estágios com alternância centrípeta/centrífuga |
| Papel do Professor | Facilitador, cria ambiente para descoberta | Mediador fundamental, ensina na ZDP | Mediador afetivo e cognitivo |
| Método | Método clínico | Método histórico-cultural | Método psicogenético |
| Conceito-Chave | Equilibração, esquemas, estágios | ZDP, mediação, internalização | Integração afetivo-cognitivo-motor |
As três teorias não são excludentes, mas complementares:
- Piaget nos ajuda a compreender os processos cognitivos e a importância da ação da criança
- Vygotsky destaca o papel fundamental da mediação social e cultural
- Wallon nos lembra da importância da afetividade e da visão integral da criança
Na prática pedagógica, podemos integrar: Respeitar os estágios de desenvolvimento (Piaget), promover interações sociais ricas (Vygotsky), valorizar a afetividade e o desenvolvimento integral (Wallon), criar ambientes desafiadores e significativos, mediar a aprendizagem de forma intencional, considerar aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores.
Você concluiu o estudo sobre Fundamentos da Aprendizagem e Desenvolvimento! Compreender as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon é essencial para sua atuação como Professor Auxiliar de Sala. Essas teorias fundamentam práticas pedagógicas que respeitam o desenvolvimento infantil e promovem aprendizagens significativas.
Lembre-se: Cada criança é única, mas compreender os processos gerais de desenvolvimento nos ajuda a planejar práticas pedagógicas mais adequadas e eficazes!
Prefeitura de Florianópolis/SC – Instituto Legalle
Bons estudos! 📚✨🧠
Apostila 4 – Tecnologia, Avaliação e Educação Integral
Preparatório para Professor Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
1. Educação, Comunicação e Tecnologia
A integração entre educação, comunicação e tecnologia representa um dos maiores desafios e oportunidades da educação contemporânea. Vivemos na era digital, onde as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) transformam as formas de ensinar, aprender e se relacionar.
1.1 Sociedade da Informação e do Conhecimento
Sociedade da Informação: Caracterizada pelo acesso massivo à informação através das tecnologias digitais. Informação abundante, disponível instantaneamente. Desafio: transformar informação em conhecimento.
Sociedade do Conhecimento: Vai além do acesso à informação. Capacidade de selecionar, analisar, sintetizar e aplicar informações. Pensamento crítico e criativo. Aprendizagem ao longo da vida.
Nativos Digitais: Crianças e jovens que cresceram imersos nas tecnologias digitais. Familiaridade natural com dispositivos e aplicativos. Novas formas de aprender e se comunicar. Desafio: orientar para uso crítico e responsável.
1.2 Tecnologias Digitais na Educação
Conceito: Conjunto de recursos tecnológicos que permitem criar, armazenar, processar e compartilhar informações de forma digital. Incluem computadores, tablets, smartphones, internet, softwares educacionais, aplicativos, plataformas digitais, recursos multimídia.
Potencialidades Pedagógicas:
- Acesso à Informação: Bibliotecas digitais, bases de dados, recursos educacionais abertos
- Interatividade: Aprendizagem ativa, simulações, jogos educativos
- Personalização: Respeito ao ritmo individual, diferentes estilos de aprendizagem
- Colaboração: Trabalho em rede, projetos colaborativos, comunidades de aprendizagem
- Multimodalidade: Textos, imagens, vídeos, áudios, animações
- Motivação: Recursos atrativos, gamificação, engajamento
- Inclusão: Tecnologias assistivas, acessibilidade
- Aplicativos Educativos: Jogos de alfabetização, matemática, ciências
- Vídeos Educacionais: Animações, documentários infantis, videoaulas
- Livros Digitais Interativos: E-books com animações, sons, interatividade
- Lousa Digital: Interatividade, recursos multimídia
- Tablets e Computadores: Pesquisas, produção de conteúdo
- Robótica Educacional: Pensamento computacional, resolução de problemas
- Realidade Aumentada: Experiências imersivas de aprendizagem
- Plataformas de Aprendizagem: Ambientes virtuais, repositórios de atividades
1.3 Papel do Professor na Era Digital
De Transmissor a Mediador: Professor não é mais a única fonte de informação. Papel de curador: selecionar, organizar, contextualizar informações. Mediador da aprendizagem com e através das tecnologias. Orientador do pensamento crítico.
Competências Digitais Docentes:
- Competência Tecnológica: Domínio básico de ferramentas digitais, capacidade de aprender novas tecnologias
- Competência Pedagógica: Integrar tecnologias ao currículo, planejar atividades significativas com TDIC, avaliar recursos digitais
- Competência Comunicativa: Comunicar-se através de diferentes mídias, orientar comunicação digital dos alunos
- Competência Ética: Uso responsável das tecnologias, cidadania digital, segurança online
- Competência Crítica: Análise crítica de informações, combate a fake news, letramento midiático
1.4 Metodologias Ativas e Tecnologias
Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom): Alunos estudam conteúdo em casa (vídeos, leituras). Sala de aula para atividades práticas, discussões, resolução de problemas. Professor como facilitador.
Aprendizagem Baseada em Projetos com TDIC: Projetos que integram tecnologias. Pesquisa online, produção de vídeos, apresentações multimídia. Colaboração através de plataformas digitais.
Gamificação: Uso de elementos de jogos na educação. Pontos, níveis, desafios, recompensas. Aplicativos e plataformas gamificadas. Motivação e engajamento.
Aprendizagem Colaborativa Online: Fóruns de discussão, wikis colaborativos, documentos compartilhados. Trabalho em equipe mediado por tecnologias.
Pensamento Computacional: Resolução de problemas de forma lógica e algorítmica. Programação básica (Scratch, Code.org). Robótica educacional. Desenvolvimento de raciocínio lógico.
1.5 Desafios e Cuidados
- Desigualdade de Acesso: Nem todos têm acesso às tecnologias (exclusão digital). Diferenças socioeconômicas. Necessidade de políticas públicas de inclusão digital
- Formação Docente: Muitos professores não tiveram formação adequada. Necessidade de formação continuada. Resistência às mudanças
- Infraestrutura: Falta de equipamentos, internet de qualidade. Manutenção e atualização tecnológica
- Uso Superficial: Tecnologia como fim, não como meio. Substituir quadro por slides sem mudança metodológica. Necessidade de integração pedagógica real
- Tempo de Tela: Preocupação com excesso de exposição. Necessidade de equilíbrio. Atividades offline também são importantes
Educação para Cidadania Digital: Uso ético e responsável das tecnologias. Respeito nas interações online. Combate ao cyberbullying. Privacidade e proteção de dados. Pensamento crítico sobre informações online. Identificação de fake news. Pegada digital (consciência sobre rastros deixados online).
Segurança Online: Orientar sobre riscos (exposição excessiva, contato com estranhos). Configurações de privacidade. Senhas seguras. Supervisão adequada à idade. Diálogo aberto sobre experiências online.
1.6 BNCC e Cultura Digital
Competência Geral 5 da BNCC: “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”
Cultura Digital como Tema Contemporâneo: Perpassa todas as áreas do conhecimento. Deve ser trabalhada de forma integrada. Não é disciplina isolada, mas dimensão transversal.
Habilidades Relacionadas: Pesquisar e selecionar informações. Produzir e compartilhar conteúdos digitais. Utilizar diferentes linguagens e mídias. Compreender e criar tecnologias. Agir de forma ética e crítica.
2. Avaliação da Aprendizagem no Contexto das Políticas Educacionais
A avaliação da aprendizagem é um dos temas mais complexos e importantes da educação. Ela está intimamente relacionada às concepções de educação, aprendizagem e às políticas educacionais vigentes.
2.1 Concepções de Avaliação
Avaliação Tradicional (Classificatória): Foco na medida, na nota. Objetivo: classificar, selecionar, aprovar/reprovar. Ênfase no produto final. Instrumentos: provas e testes. Poder centrado no professor. Função: certificação.
Avaliação Mediadora (Formativa): Foco no processo de aprendizagem. Objetivo: diagnosticar, orientar, melhorar. Ênfase no desenvolvimento. Instrumentos diversos e contínuos. Diálogo entre professor e aluno. Função: regulação da aprendizagem.
Avaliação Emancipatória: Foco na transformação social. Objetivo: conscientização, participação, autonomia. Avaliação democrática e participativa. Autoavaliação e avaliação coletiva. Função: emancipação.
2.2 Funções da Avaliação
Função Diagnóstica: Identificar conhecimentos prévios. Detectar dificuldades e potencialidades. Orientar planejamento. Momento: início de processo, unidade ou ano letivo.
Função Formativa: Acompanhar o processo de aprendizagem. Fornecer feedback contínuo. Regular e ajustar o ensino. Orientar o aluno. Momento: durante todo o processo.
Função Somativa: Verificar resultados finais. Certificar aprendizagens. Classificar (quando necessário). Momento: final de processo, unidade ou ano letivo.
Importante: Essas funções não são excludentes. Uma avaliação pode ter múltiplas funções. O ideal é que a função formativa seja predominante.
2.3 Avaliação nas Políticas Educacionais Brasileiras
LDB – Lei 9.394/96 – Artigo 24, inciso V:
- Avaliação contínua e cumulativa
- Prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos
- Prevalência dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais
- Possibilidade de aceleração de estudos
- Possibilidade de avanço nos cursos mediante verificação do aprendizado
- Aproveitamento de estudos concluídos com êxito
- Obrigatoriedade de estudos de recuperação
Princípios da Avaliação (DCN):
- Avaliação como parte integrante do processo educativo
- Caráter processual, formativo e participativo
- Contínua, cumulativa e diagnóstica
- Utilização de múltiplos instrumentos
- Prevalência dos aspectos qualitativos
- Respeito às diferenças individuais
- Autoavaliação como prática
2.4 Avaliação na Educação Infantil
LDB – Artigo 31: “Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”
Características:
- Não há retenção ou reprovação
- Não há notas ou conceitos classificatórios
- Foco no acompanhamento do desenvolvimento
- Observação e registro como principais instrumentos
- Portfólios, relatórios descritivos
- Documentação pedagógica
- Respeito aos tempos e ritmos individuais
BNCC – Educação Infantil: Avaliação deve observar os direitos de aprendizagem (conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se) e os campos de experiências. Não fragmentar o desenvolvimento em áreas isoladas. Valorizar as múltiplas linguagens da criança.
2.5 Avaliações Externas e em Larga Escala
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica: Avaliação externa, censitária e amostral. Avalia Língua Portuguesa e Matemática. Anos avaliados: 2º, 5º e 9º anos do EF e 3ª série do EM. Objetivo: diagnosticar a qualidade da educação brasileira.
Prova Brasil / ANEB: Componentes do SAEB. Fornecem dados para cálculo do IDEB.
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica: Indicador de qualidade educacional. Combina: desempenho (Prova Brasil) + fluxo escolar (aprovação). Metas estabelecidas para escolas, municípios, estados e país.
ANA – Avaliação Nacional da Alfabetização: Avaliava crianças do 3º ano do EF. Leitura, escrita e matemática. Atualmente incorporada ao SAEB.
- Risco de “ensinar para a prova”
- Estreitamento curricular (foco em Português e Matemática)
- Pressão sobre escolas e professores
- Ranqueamento e competição entre escolas
- Não captam toda a complexidade do processo educativo
- Necessidade de uso adequado dos resultados (diagnóstico, não punição)
2.6 Avaliação Institucional
Conceito: Avaliação da instituição como um todo. Não apenas dos alunos, mas de todos os aspectos da escola. Gestão, práticas pedagógicas, infraestrutura, relações, resultados.
Objetivos: Identificar pontos fortes e fracos. Orientar planejamento e tomada de decisões. Promover melhoria contínua. Prestação de contas à comunidade.
Participantes: Gestores, professores, funcionários, alunos, famílias, comunidade. Processo democrático e participativo.
Instrumentos: Questionários, entrevistas, grupos focais, análise de documentos, observação, análise de indicadores.
3. A Educação Integral no Contexto da Educação Básica
A Educação Integral representa uma concepção ampliada de educação que vai além da instrução formal, buscando o desenvolvimento pleno do ser humano em todas as suas dimensões.
3.1 Conceito de Educação Integral
Educação Integral NÃO é apenas: Aumento do tempo escolar (educação em tempo integral). Mais atividades extracurriculares. Contraturno escolar.
Educação Integral É: Concepção de educação que considera o ser humano em sua integralidade. Desenvolvimento de todas as dimensões: cognitiva, afetiva, social, física, ética, estética. Formação completa da pessoa. Articulação de saberes, espaços, tempos e atores.
Dimensões do Desenvolvimento Integral:
- Dimensão Cognitiva: Conhecimentos, raciocínio, pensamento crítico
- Dimensão Afetiva: Emoções, sentimentos, relações interpessoais
- Dimensão Social: Convivência, cidadania, participação
- Dimensão Física: Corpo, movimento, saúde
- Dimensão Ética: Valores, princípios, responsabilidade
- Dimensão Estética: Sensibilidade, criatividade, expressão artística
3.2 Histórico da Educação Integral no Brasil
Anísio Teixeira (1950-1960): Pioneiro da educação integral no Brasil. Escola Parque (Salvador-BA). Educação como direito de todos. Formação completa: intelectual, artística, física, profissional.
Darcy Ribeiro (1980-1990): CIEPs – Centros Integrados de Educação Pública (Rio de Janeiro). Escola em tempo integral. Educação, cultura, esporte, assistência.
Século XXI: Retomada do debate sobre educação integral. Programa Mais Educação (2007). Novo Mais Educação. Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Políticas estaduais e municipais.
3.3 Marco Legal da Educação Integral
Constituição Federal de 1988 – Artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (1990): Direito à educação integral. Proteção integral. Desenvolvimento pleno.
LDB – Lei 9.394/96 – Artigo 34: “A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.”
PNE – Plano Nacional de Educação (2014-2024) – Meta 6: “Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica.”
3.4 Educação Integral na BNCC
Concepção de Educação Integral na BNCC: “A BNCC afirma, de maneira explícita, o seu compromisso com a educação integral. Reconhece, assim, que a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o que implica compreender a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva.”
10 Competências Gerais da BNCC: Representam a concepção de educação integral. Articulam conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. Desenvolvimento cognitivo, socioemocional, físico, cultural.
Competências Gerais (resumo):
- Conhecimento
- Pensamento científico, crítico e criativo
- Repertório cultural
- Comunicação
- Cultura digital
- Trabalho e projeto de vida
- Argumentação
- Autoconhecimento e autocuidado
- Empatia e cooperação
- Responsabilidade e cidadania
3.5 Princípios da Educação Integral
- Integralidade: Desenvolvimento de todas as dimensões do ser humano
- Intersetorialidade: Articulação entre diferentes políticas públicas (educação, saúde, assistência, cultura, esporte)
- Transversalidade: Temas e conhecimentos que perpassam todas as áreas
- Diálogo Escola-Comunidade: Escola aberta, integrada ao território
- Territorialidade: Valorização do contexto local, da cultura e dos saberes comunitários
- Trabalho em Rede: Parcerias com organizações, equipamentos públicos, comunidade
- Convivência Escolar: Relações democráticas, participativas, respeitosas
- Equidade: Atenção às diferenças e necessidades individuais
3.6 Práticas de Educação Integral
Currículo Integrado: Superação da fragmentação disciplinar. Projetos interdisciplinares. Temas integradores. Conexão entre saberes.
Diversificação de Linguagens: Artes (música, teatro, dança, artes visuais). Esportes e movimento. Tecnologias. Múltiplas formas de expressão.
Protagonismo Estudantil: Participação ativa dos alunos. Grêmios estudantis. Projetos de iniciativa dos alunos. Escolhas e autonomia.
Educação Socioemocional: Desenvolvimento de competências socioemocionais. Autoconhecimento, autorregulação, empatia. Resolução de conflitos. Projeto de vida.
Uso de Espaços Educativos: Além da sala de aula. Biblioteca, laboratórios, quadra, pátio. Espaços comunitários (praças, museus, teatros, parques). Cidade educadora.
Participação da Comunidade: Famílias como parceiras. Saberes comunitários. Voluntários, organizações sociais. Escola como centro cultural.
3.7 Educação Integral x Educação em Tempo Integral
Educação Integral: Concepção de educação (o quê). Desenvolvimento pleno do ser humano. Pode ocorrer em qualquer jornada escolar. Foco na qualidade das experiências educativas.
Educação em Tempo Integral: Organização do tempo escolar (quanto). Ampliação da jornada (mínimo 7 horas diárias). Pode ou não ter concepção de educação integral. Foco na quantidade de tempo.
Relação: O ideal é que a educação em tempo integral seja orientada pela concepção de educação integral. Mais tempo deve significar mais oportunidades de desenvolvimento integral. Não basta ampliar o tempo, é preciso qualificar as experiências.
3.8 Desafios da Educação Integral
- Infraestrutura adequada (espaços, equipamentos)
- Formação de professores para educação integral
- Financiamento (custos da ampliação)
- Articulação intersetorial (diferentes secretarias e órgãos)
- Superação da fragmentação curricular
- Mudança de cultura escolar
- Envolvimento das famílias e comunidade
- Avaliação adequada (não apenas cognitiva)
4. Avaliação Formativa, Diagnóstica e Somativa
Compreender os diferentes tipos de avaliação e suas funções é fundamental para uma prática avaliativa coerente e eficaz. Vamos aprofundar cada modalidade avaliativa.
4.1 Avaliação Diagnóstica
Conceito: Avaliação realizada no início de um processo de ensino-aprendizagem. Objetivo: identificar o que os alunos já sabem. Detectar conhecimentos prévios, habilidades, dificuldades, potencialidades.
Quando Realizar: Início do ano letivo. Início de uma unidade temática. Início de um novo conteúdo. Quando se identifica dificuldade específica.
Objetivos: Conhecer o ponto de partida dos alunos. Adequar o planejamento ao nível da turma. Identificar necessidades específicas. Formar grupos de trabalho. Planejar intervenções.
Instrumentos: Conversas, rodas de diálogo. Questionários orais ou escritos. Atividades exploratórias. Observação. Desenhos, produções. Jogos e brincadeiras (Ed. Infantil).
Características: Não atribui nota ou conceito. Não tem caráter classificatório. Foco no levantamento de informações. Orienta o planejamento pedagógico.
- Educação Infantil: Observar como as crianças brincam, se comunicam, interagem. Propor atividades livres e observar. Conversar sobre experiências anteriores
- Alfabetização: Sondagem de escrita (níveis de escrita). Leitura de palavras e textos. Identificação de letras
- Matemática: Resolução de problemas simples. Contagem. Identificação de números. Noções espaciais
- Qualquer Área: “O que vocês já sabem sobre…?”. Mapas conceituais iniciais. Desenhos sobre o tema
4.2 Avaliação Formativa
Conceito: Avaliação realizada durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Objetivo: acompanhar, orientar, regular a aprendizagem. Fornecer feedback contínuo. Ajustar práticas pedagógicas.
Quando Realizar: Continuamente, ao longo de todo o processo. Diariamente, semanalmente. Durante as atividades. Em diferentes momentos e situações.
Objetivos: Identificar progressos e dificuldades. Fornecer feedback imediato. Regular o ensino (ajustar estratégias). Orientar o aluno (metacognição). Promover a aprendizagem. Prevenir o fracasso escolar.
Características: Processual e contínua. Diversidade de instrumentos. Feedback qualitativo. Diálogo professor-aluno. Foco no processo, não apenas no produto. Pode ou não atribuir nota (depende do sistema). Prevalência sobre avaliações pontuais (LDB).
- Feedback Efetivo: Específico, claro, oportuno. Indica o que está bom e o que precisa melhorar. Sugere caminhos. Não apenas corrige, mas orienta
- Participação do Aluno: Autoavaliação. Avaliação entre pares. Compreensão dos critérios. Protagonismo no processo
- Regulação da Aprendizagem: Ajustes constantes. Diferenciação pedagógica. Intervenções pontuais. Recuperação contínua
- Foco no Desenvolvimento: Valoriza o progresso individual. Compara o aluno com ele mesmo. Reconhece esforços e avanços. Não apenas o resultado final
- Observação Sistemática: Registro de observações diárias. Fichas de acompanhamento. Diário de classe reflexivo
- Portfólio: Coleção de trabalhos ao longo do tempo. Mostra evolução. Reflexão sobre o próprio processo
- Rubricas: Critérios claros de avaliação. Níveis de desempenho. Transparência
- Autoavaliação: Aluno reflete sobre sua aprendizagem. Identifica pontos fortes e fracos. Estabelece metas
- Avaliação entre Pares: Alunos avaliam trabalhos uns dos outros. Aprendem com feedback dos colegas
- Questões Orais: Perguntas durante as aulas. Verificação de compreensão. Diálogo
- Atividades Diversificadas: Exercícios, projetos, apresentações, produções. Múltiplas formas de expressão
- Registros Reflexivos: Diários de aprendizagem. Relatórios. Narrativas
Características de um Bom Feedback:
- Oportuno: Dado logo após a atividade, enquanto ainda é relevante
- Específico: Indica exatamente o que está bom e o que precisa melhorar
- Descritivo: Descreve o desempenho, não apenas julga
- Construtivo: Foca em como melhorar, não apenas em erros
- Equilibrado: Reconhece pontos positivos e indica melhorias
- Orientador: Sugere próximos passos, estratégias
- Respeitoso: Tom encorajador, não punitivo
Exemplo: Em vez de “Errado!” → “Você está no caminho certo! Observe que aqui você somou, mas o problema pede para subtrair. Tente novamente prestando atenção no que o problema está pedindo.”
4.3 Avaliação Somativa
Conceito: Avaliação realizada ao final de um processo de ensino-aprendizagem. Objetivo: verificar o que foi aprendido. Certificar aprendizagens. Atribuir nota ou conceito (quando necessário).
Quando Realizar: Final de uma unidade temática. Final de um bimestre/trimestre. Final do ano letivo. Após um período de aprendizagem.
Objetivos: Verificar resultados finais. Certificar aprendizagens. Classificar (quando necessário). Tomar decisões sobre aprovação/reprovação. Informar alunos, famílias, sistema.
Características: Pontual (momento específico). Geralmente atribui nota ou conceito. Caráter classificatório. Foco no produto final. Síntese de um período.
- Não deve ser a única forma de avaliação
- Deve ser coerente com o que foi ensinado
- Deve considerar diferentes formas de expressão
- Não deve gerar ansiedade excessiva
- Deve ser justa e transparente (critérios claros)
- LDB: prevalência dos resultados ao longo do período sobre provas finais
- Não deve ser usada como punição ou controle
- Provas e Testes: Escritos, orais, práticos. Questões objetivas e/ou dissertativas
- Trabalhos Finais: Projetos, pesquisas, relatórios
- Apresentações: Seminários, exposições orais
- Produções: Textos, trabalhos artísticos, experimentos
- Portfólio Final: Síntese do processo com reflexão final
4.4 Comparação entre os Tipos de Avaliação
| Aspecto | Diagnóstica | Formativa | Somativa |
|---|---|---|---|
| Momento | Início do processo | Durante todo o processo | Final do processo |
| Objetivo | Identificar conhecimentos prévios | Acompanhar e regular a aprendizagem | Verificar resultados finais |
| Função | Orientar planejamento | Regular ensino e aprendizagem | Certificar, classificar |
| Frequência | Pontual (início) | Contínua | Pontual (final) |
| Nota/Conceito | Não atribui | Pode ou não atribuir | Geralmente atribui |
| Foco | Ponto de partida | Processo | Produto final |
| Feedback | Para o professor (planejamento) | Para professor e aluno (orientação) | Para aluno, família, sistema |
4.5 Integração dos Tipos de Avaliação
Os três tipos de avaliação devem ser integrados em um processo contínuo:
- Avaliação Diagnóstica: Identifica o ponto de partida → Orienta o planejamento
- Avaliação Formativa: Acompanha o processo → Regula ensino e aprendizagem → Fornece feedback contínuo
- Avaliação Somativa: Verifica resultados → Certifica aprendizagens → Informa sobre o processo
- Nova Avaliação Diagnóstica: Resultados da somativa servem como diagnóstico para próximo ciclo
Importante: A avaliação formativa deve ser predominante. Avaliação diagnóstica e somativa são importantes, mas não suficientes. O foco deve estar no processo, não apenas em momentos pontuais.
4.6 Avaliação e Recuperação
LDB – Artigo 24, inciso V, alínea e: “Obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.”
Recuperação Contínua: Integrada ao processo de ensino. Ocorre durante todo o ano letivo. Ajustes imediatos quando se identifica dificuldade. Parte da avaliação formativa. Mais eficaz que recuperação final.
Recuperação Paralela: Atividades específicas para alunos com dificuldades. Pode ser em horário diferente. Atendimento individualizado ou em pequenos grupos. Estratégias diferenciadas.
Recuperação Final: Ao final do período letivo. Para alunos que não atingiram objetivos mínimos. Deve oferecer novas oportunidades de aprendizagem (não apenas nova prova). Menos eficaz que recuperação contínua.
Princípio: Todo aluno tem direito de aprender. Recuperação não é punição, mas oportunidade. Deve haver mudança de estratégia (não repetir o que não funcionou).
4.7 Avaliação Inclusiva
Princípios da Avaliação Inclusiva:
- Equidade: Considerar as diferenças individuais. Adaptações quando necessário. Não significa facilitar, mas adequar
- Diversidade de Instrumentos: Múltiplas formas de expressão. Respeitar diferentes estilos de aprendizagem. Avaliação oral, escrita, prática, artística
- Acessibilidade: Recursos de acessibilidade (ampliação, leitura, tecnologias assistivas). Tempo adequado. Ambiente apropriado
- Foco no Desenvolvimento: Avaliar o progresso individual. Comparar o aluno com ele mesmo. Valorizar avanços, por menores que sejam
- Participação: Todos os alunos participam da avaliação. Adaptações, não exclusão. Expectativas adequadas, mas desafiadoras
Alunos com Deficiência: Avaliação deve considerar as especificidades. Adaptações de acordo com o Plano Educacional Individualizado (PEI). Foco nas potencialidades. Mesmos objetivos educacionais, caminhos diferentes.
Você concluiu o estudo sobre Tecnologia, Avaliação e Educação Integral! Esses temas são fundamentais para a educação contemporânea e para sua atuação como Professor Auxiliar de Sala.
Lembre-se: A integração de tecnologias, a avaliação formativa e a concepção de educação integral são pilares de uma educação de qualidade que promove o desenvolvimento pleno de todos os alunos!
Prefeitura de Florianópolis/SC – Instituto Legalle
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Apostila 5 – Gestão, Currículo e Pesquisa Educacional
Preparatório para Professor Auxiliar de Sala – Florianópolis/SC
1. O Projeto Político Pedagógico (PPP) como Mecanismo de Gestão
O Projeto Político Pedagógico é o documento fundamental que orienta a identidade, os objetivos e as práticas de uma instituição educacional. Mais do que um documento burocrático, o PPP é um instrumento de gestão democrática e transformação da realidade escolar.
1.1 Conceito e Natureza do PPP
Projeto: Indica intencionalidade, planejamento, direção. Não é algo pronto, mas em construção. Projeção de um futuro desejado. Ação intencional e coletiva.
Político: Compromisso com a formação do cidadão. Posicionamento sobre o tipo de sociedade e de ser humano que se quer formar. Não é neutro – expressa valores, escolhas, compromissos. Dimensão política da educação.
Pedagógico: Define as ações educativas e características necessárias para cumprir seus propósitos. Organização do trabalho pedagógico. Práticas, metodologias, avaliação, currículo.
Definição Integrada: O PPP é um documento que define a identidade da escola, seus objetivos, suas concepções e suas práticas pedagógicas, construído coletivamente pela comunidade escolar, com vistas à formação integral dos estudantes e à transformação social.
1.2 Fundamentação Legal do PPP
Constituição Federal de 1988 – Artigo 206: Estabelece como princípio do ensino a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”.
LDB – Lei 9.394/96 – Artigos 12, 13, 14 e 15:
- Art. 12: Os estabelecimentos de ensino têm a incumbência de “elaborar e executar sua proposta pedagógica”
- Art. 13: Os docentes incumbir-se-ão de “participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino”
- Art. 14: “Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”
- Art. 15: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira”
PNE – Plano Nacional de Educação (2014-2024) – Meta 19: “Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.”
1.3 Princípios do PPP
- Igualdade: Acesso e permanência com qualidade para todos. Equidade – tratar diferentemente os diferentes. Combate às desigualdades
- Qualidade: Qualidade social da educação. Não apenas resultados quantitativos. Formação integral, cidadania, transformação social
- Gestão Democrática: Participação de todos os segmentos. Decisões coletivas. Transparência. Autonomia
- Liberdade: Autonomia pedagógica, administrativa e financeira. Liberdade de expressão, pensamento, criação. Pluralismo de ideias
- Valorização do Magistério: Formação, carreira, salário, condições de trabalho. Reconhecimento profissional
1.4 Elementos Constitutivos do PPP
1. Identificação da Escola: Nome, localização, histórico. Caracterização da comunidade. Contexto socioeconômico e cultural.
2. Marco Referencial (Filosófico): Visão de mundo, sociedade, educação, ser humano. Valores e princípios. Missão da escola. Que cidadão queremos formar?
3. Diagnóstico (Marco Situacional): Análise da realidade atual. Pontos fortes e fracos. Desafios e potencialidades. Dados sobre aprendizagem, evasão, infraestrutura, etc.
4. Objetivos e Metas (Marco Operacional): Onde queremos chegar? Objetivos gerais e específicos. Metas mensuráveis e com prazos.
5. Organização Curricular: Concepção de currículo. Áreas de conhecimento, componentes curriculares. Metodologias, projetos. Temas transversais.
6. Organização do Trabalho Pedagógico: Tempos e espaços escolares. Calendário, horários. Agrupamentos de alunos. Rotinas.
7. Avaliação: Concepção de avaliação. Avaliação da aprendizagem. Avaliação institucional. Instrumentos e critérios.
8. Formação Continuada: Plano de formação dos profissionais. Espaços de estudo e reflexão.
9. Relação Escola-Família-Comunidade: Estratégias de participação. Parcerias. Comunicação.
10. Plano de Ação: Ações concretas para alcançar os objetivos. Responsáveis, prazos, recursos.
1.5 Processo de Construção do PPP
Etapa 1 – Mobilização e Sensibilização: Envolver toda a comunidade escolar. Explicar a importância do PPP. Criar comissões de trabalho.
Etapa 2 – Diagnóstico: Levantamento de dados. Análise da realidade. Identificação de problemas e potencialidades. Escuta de todos os segmentos.
Etapa 3 – Definição do Marco Referencial: Discussão sobre valores, princípios, concepções. Definição da identidade da escola. Missão, visão, valores.
Etapa 4 – Definição de Objetivos e Metas: O que queremos alcançar? Em quanto tempo? Como medir?
Etapa 5 – Elaboração do Plano de Ação: Ações concretas. Responsáveis. Prazos. Recursos necessários.
Etapa 6 – Sistematização e Redação: Organizar as discussões em documento. Linguagem clara e acessível. Revisão coletiva.
Etapa 7 – Aprovação: Apresentação à comunidade. Discussão e ajustes. Aprovação em assembleia ou conselho escolar.
Etapa 8 – Implementação: Colocar em prática. Acompanhamento constante. Ajustes quando necessário.
Etapa 9 – Avaliação e Reelaboração: Avaliação periódica. O PPP é vivo, dinâmico. Deve ser revisado e atualizado regularmente (anualmente ou a cada 2-3 anos).
1.6 PPP como Instrumento de Gestão
Orientação das Práticas: O PPP orienta todas as ações da escola. Planejamento de aulas, projetos, eventos. Tomada de decisões. Resolução de conflitos.
Identidade Institucional: Define quem somos, o que fazemos, para onde vamos. Diferencia a escola. Cria senso de pertencimento.
Instrumento de Autonomia: Escola define seus caminhos (dentro das normas legais). Não é mera executora de políticas externas. Protagonismo institucional.
Mecanismo de Participação: Envolve todos os segmentos. Democratiza decisões. Fortalece a comunidade escolar.
Ferramenta de Avaliação: Permite avaliar se a escola está cumprindo seus objetivos. Referência para avaliação institucional. Prestação de contas à comunidade.
Articulação de Ações: Integra diferentes dimensões (pedagógica, administrativa, financeira). Coerência entre discurso e prática. Trabalho coletivo.
1.7 Desafios na Implementação do PPP
- PPP como Documento Burocrático: Elaborado apenas para cumprir exigência. Fica na gaveta, não orienta práticas. Falta de apropriação pela comunidade
- Falta de Participação: Elaborado por pequeno grupo. Comunidade não se sente parte. Baixo envolvimento
- Descontinuidade: Mudanças de gestão desconsideram PPP anterior. Falta de acompanhamento e avaliação. Não é revisado periodicamente
- Distância entre Teoria e Prática: Documento bonito, mas práticas não condizem. Falta de condições para implementação. Resistências
- Falta de Tempo e Formação: Professores sobrecarregados. Falta de momentos coletivos. Desconhecimento sobre como elaborar PPP
- Garantir momentos coletivos para discussão (dentro da carga horária)
- Formação sobre PPP para toda a comunidade
- Linguagem acessível, não apenas técnica
- Divulgação ampla do PPP
- Retomar o PPP constantemente nas reuniões e decisões
- Avaliação periódica e ajustes
- Compromisso da gestão com a implementação
- Celebrar conquistas e avanços
2. Currículo, Conhecimento e Culturas
O currículo é muito mais do que uma lista de conteúdos a serem ensinados. Ele é um território de disputa, um espaço de poder, uma seleção cultural que reflete concepções de conhecimento, sociedade e educação.
2.1 Conceitos de Currículo
Etimologia: Do latim “curriculum” = percurso, trajetória, caminho.
Concepção Tradicional: Lista de disciplinas, conteúdos, objetivos. Grade curricular. Programa de ensino. Foco no “o quê” ensinar.
Concepção Crítica: Seleção cultural. Território de poder. Não é neutro – expressa escolhas, valores, ideologias. Inclui e exclui conhecimentos. Reproduz ou transforma a sociedade.
Concepção Ampliada: Todas as experiências vividas na escola. Não apenas o planejado (currículo formal). Inclui relações, espaços, tempos, práticas. Currículo vivido, experienciado.
Definição Integrada: Currículo é o conjunto de experiências educativas planejadas e vividas na escola, que envolvem a seleção, organização e transmissão de conhecimentos, valores e práticas culturais, com vistas à formação dos estudantes.
2.2 Tipos de Currículo
Currículo Formal (Prescrito, Oficial): Documentos oficiais (BNCC, DCN, currículos estaduais/municipais). Normas, diretrizes, parâmetros. O que deve ser ensinado. Planejamentos, planos de aula.
Currículo Real (Vivido, em Ação): O que efetivamente acontece na sala de aula. Práticas concretas dos professores. Experiências dos alunos. Pode ser diferente do formal.
Currículo Oculto: Aprendizagens não explícitas, não intencionais. Valores, atitudes, comportamentos transmitidos implicitamente. Relações de poder, hierarquias. Organização dos espaços e tempos. Rituais, normas não escritas. Pode reforçar desigualdades.
Currículo Nulo (Ausente): O que não é ensinado. Conhecimentos, culturas, perspectivas excluídas. Silenciamentos. Também educa pela ausência.
- Organização das filas (meninos/meninas, ordem de tamanho)
- Quem pode falar e quando (silenciamento de vozes)
- Imagens nos materiais didáticos (representações de gênero, raça, classe)
- Uso dos espaços (quem pode usar a quadra, quando)
- Valorização de certos conhecimentos sobre outros
- Expectativas diferentes para meninos e meninas
- Tratamento diferenciado a alunos de diferentes origens sociais
2.3 Teorias Curriculares
Teorias Tradicionais: Foco na transmissão de conhecimentos. Currículo como lista de conteúdos. Neutralidade. Eficiência, organização, objetivos. Principais autores: Tyler, Bobbitt.
Teorias Críticas: Currículo como espaço de poder e ideologia. Reprodução das desigualdades sociais. Questionamento: “Por que esses conhecimentos e não outros?”. Emancipação, conscientização. Principais autores: Paulo Freire, Apple, Giroux.
Teorias Pós-Críticas: Identidade, diferença, subjetividade. Multiculturalismo, relações de gênero, raça, etnia. Desconstrução de verdades absolutas. Currículo como texto, discurso, narrativa. Principais autores: Silva, Moreira, Candau.
2.4 Currículo e Conhecimento
Conhecimento Escolar: Não é mera simplificação do conhecimento científico. É uma construção específica da escola. Transposição didática. Recontextualização. Articulação entre conhecimento científico, saberes cotidianos, cultura.
Questões Fundamentais:
- Que conhecimentos são considerados válidos?
- Quem decide o que deve ser ensinado?
- Quais culturas são representadas no currículo?
- Quais são silenciadas, excluídas?
- A quem serve esse currículo?
- Que tipo de pessoa/sociedade ele busca formar?
Conhecimento Poderoso (Young): Conhecimento que permite compreender o mundo. Vai além da experiência cotidiana. Acesso a esse conhecimento é direito de todos. Não significa desvalorizar saberes cotidianos, mas ampliá-los.
2.5 Currículo e Culturas
Cultura: Conjunto de significados, valores, práticas de um grupo social. Não é estática, mas dinâmica. Não é homogênea, mas plural. Todos têm cultura.
Currículo Monocultural: Privilegia uma única cultura (geralmente a dominante). Invisibiliza outras culturas. Trata a cultura dominante como universal, neutra. Reproduz desigualdades.
Currículo Multicultural: Reconhece e valoriza a diversidade cultural. Inclui diferentes perspectivas, vozes, conhecimentos. Questiona hierarquias culturais. Promove diálogo entre culturas.
Abordagens Multiculturais:
- Assimilacionista: Integrar as diferenças à cultura dominante
- Diferencialista: Respeitar as diferenças, mas mantê-las separadas
- Crítica/Intercultural: Diálogo, interação, transformação mútua. Questionar relações de poder. Combater desigualdades
- Incluir autores, personagens, referências de diferentes culturas
- Questionar estereótipos e preconceitos
- Valorizar saberes e práticas de diferentes grupos
- Trabalhar com múltiplas perspectivas sobre um mesmo tema
- Promover o diálogo intercultural
- Abordar questões de desigualdade, discriminação, justiça social
- Conectar currículo com a realidade dos alunos
- Implementar Leis 10.639/03 e 11.645/08 (história e cultura afro-brasileira e indígena)
2.6 Currículo Integrado
Crítica à Fragmentação: Currículo tradicional fragmenta o conhecimento em disciplinas isoladas. Dificulta compreensão da realidade complexa. Desconexão entre saberes. Falta de sentido para os alunos.
Currículo Integrado: Busca superar a fragmentação. Articulação entre diferentes áreas do conhecimento. Conexão com a realidade, com problemas concretos. Aprendizagem significativa.
Formas de Integração:
- Multidisciplinaridade: Várias disciplinas abordam um tema, mas cada uma mantém sua perspectiva
- Interdisciplinaridade: Diálogo e integração entre disciplinas. Construção de conhecimento conjunto. Superação de fronteiras disciplinares
- Transdisciplinaridade: Vai além das disciplinas. Conhecimento global, complexo. Dissolução de fronteiras
Estratégias: Projetos interdisciplinares. Temas geradores. Problematização da realidade. Trabalho coletivo dos professores. Flexibilização de tempos e espaços.
2.7 Currículo na BNCC
BNCC como Referência Curricular: Define aprendizagens essenciais. Direitos de aprendizagem de todos os alunos. Não é currículo, mas referência para elaboração de currículos. 60% do currículo (parte comum). 40% parte diversificada (contexto local).
Estrutura da BNCC: 10 Competências Gerais. Competências específicas de área. Competências específicas de componente. Habilidades (objetivos de aprendizagem).
Educação Infantil: Direitos de aprendizagem. Campos de experiências (não disciplinas). Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento.
Ensino Fundamental: Áreas do conhecimento. Componentes curriculares. Unidades temáticas, objetos de conhecimento, habilidades.
Temas Contemporâneos Transversais: Devem permear todo o currículo. Direitos da criança e do adolescente, educação para o trânsito, educação ambiental, educação alimentar e nutricional, processo de envelhecimento, educação em direitos humanos, educação das relações étnico-raciais, diversidade cultural, educação financeira, trabalho, ciência e tecnologia, etc.
3. A Pesquisa como Princípio Educativo
A pesquisa como princípio educativo representa uma mudança de paradigma: o aluno deixa de ser receptor passivo de informações e torna-se protagonista na construção do conhecimento, desenvolvendo autonomia, criticidade e capacidade investigativa.
3.1 Conceito de Pesquisa como Princípio Educativo
Pesquisa: Processo de investigação sistemática. Busca de respostas a perguntas. Construção de conhecimento. Não apenas reprodução de informações.
Princípio Educativo: Fundamento, base da prática pedagógica. Não é apenas uma técnica ou método. É uma concepção de educação. Orienta todo o processo de ensino-aprendizagem.
Pesquisa como Princípio Educativo: Atitude de questionamento, investigação, busca. Aluno como sujeito ativo, pesquisador. Professor como orientador, mediador. Aprendizagem pela descoberta, pela construção. Desenvolvimento da autonomia intelectual.
Não é: Apenas copiar da internet. Reproduzir informações sem compreensão. Pesquisa acadêmica complexa (inadequada à idade). Substituir o ensino pela pesquisa (são complementares).
3.2 Fundamentos Teóricos
Paulo Freire – Pedagogia da Pergunta: Educação problematizadora. Partir da curiosidade, das perguntas. Não há ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino. Professor pesquisador. Aluno como sujeito do conhecimento.
Pedro Demo – Educar pela Pesquisa: Pesquisa como princípio científico e educativo. Questionamento reconstrutivo. Elaboração própria. Não apenas reproduzir, mas reconstruir conhecimento. Professor precisa ser pesquisador para ensinar pela pesquisa.
Construtivismo: Conhecimento construído pelo sujeito. Aprendizagem ativa. Conflito cognitivo. Pesquisa como forma de construção de conhecimento.
Sociointeracionismo (Vygotsky): Aprendizagem na interação social. Mediação. Zona de Desenvolvimento Proximal. Pesquisa colaborativa.
3.3 Características da Pesquisa Escolar
- Adequação à Idade: Complexidade adequada ao desenvolvimento. Educação Infantil: exploração, observação, perguntas. Anos Iniciais: investigações simples, registros. Anos Finais: pesquisas mais estruturadas
- Mediação do Professor: Professor orienta, questiona, desafia. Não deixa o aluno “solto”. Ensina a pesquisar. Fornece ferramentas, estratégias
- Processo mais Importante que Produto: Foco no caminho, não apenas no resultado. Aprender a pesquisar. Desenvolver habilidades investigativas
- Articulação com Currículo: Não é atividade isolada. Integrada aos objetivos de aprendizagem. Aprofunda conteúdos. Desenvolve competências
- Diversidade de Fontes: Não apenas internet. Livros, entrevistas, observação, experimentos. Múltiplas linguagens
- Socialização: Compartilhar descobertas. Apresentações, exposições. Aprender com os outros
3.4 Etapas da Pesquisa Escolar
1. Problematização: Partir de uma pergunta, problema, curiosidade. Não dar respostas prontas. Estimular o questionamento. “Por quê?”, “Como?”, “O que aconteceria se…?”
2. Levantamento de Conhecimentos Prévios: O que já sabemos sobre o tema? Hipóteses iniciais. Ponto de partida.
3. Planejamento: Como vamos buscar respostas? Que fontes consultar? Que estratégias usar? Divisão de tarefas (se em grupo). Cronograma.
4. Coleta de Informações: Buscar em diferentes fontes. Leitura, observação, entrevistas, experimentos. Registrar (anotações, fotos, desenhos).
5. Análise e Síntese: Organizar informações. Comparar fontes. Relacionar com conhecimentos prévios. Elaborar conclusões próprias. Não apenas copiar.
6. Comunicação: Compartilhar descobertas. Diferentes formas: texto, apresentação oral, cartaz, vídeo, maquete. Socialização do conhecimento.
7. Avaliação: Refletir sobre o processo. O que aprendemos? Como aprendemos? Dificuldades e superações. Autoavaliação.
3.5 Papel do Professor
Professor como Pesquisador: Investiga sua própria prática. Reflete, questiona, busca melhorias. Atualiza-se constantemente. Modelo para os alunos.
Professor como Orientador de Pesquisa:
- Estimula a curiosidade, o questionamento
- Ajuda a formular perguntas investigativas
- Ensina estratégias de pesquisa
- Orienta na busca e seleção de fontes
- Ensina a avaliar credibilidade de informações
- Questiona, desafia, provoca reflexão
- Acompanha o processo
- Fornece feedback
- Valoriza as descobertas dos alunos
Não é: Deixar o aluno sozinho. Apenas pedir “pesquise sobre…”. Não orientar. Valorizar apenas o produto final.
3.6 Habilidades Desenvolvidas
- Curiosidade e Questionamento: Fazer perguntas. Não aceitar passivamente. Buscar compreender
- Autonomia: Buscar conhecimento por si mesmo. Tomar decisões. Autorregulação
- Pensamento Crítico: Analisar, comparar, avaliar. Não aceitar tudo como verdade. Identificar fontes confiáveis
- Resolução de Problemas: Enfrentar desafios. Buscar soluções. Criatividade
- Organização: Planejar, organizar informações. Sistematizar
- Comunicação: Expressar ideias. Argumentar. Socializar conhecimento
- Colaboração: Trabalhar em equipe. Compartilhar. Construir coletivamente
- Letramento Informacional: Buscar, avaliar, usar informações. Competência digital
3.7 Pesquisa na Educação Infantil e Anos Iniciais
Educação Infantil:
- Exploração sensorial, observação
- Perguntas simples: “O que é?”, “Como é?”, “Para que serve?”
- Investigações concretas (plantar, observar animais, experimentar)
- Registros através de desenhos, fotos
- Rodas de conversa para compartilhar descobertas
Anos Iniciais do Ensino Fundamental:
- Perguntas mais elaboradas
- Uso de diferentes fontes (livros, internet com orientação, entrevistas)
- Registros escritos (ainda com apoio)
- Pequenos experimentos, observações sistemáticas
- Apresentações simples
- Projetos de investigação
3.8 Desafios e Cuidados
- Plágio: Ensinar a citar fontes. Elaboração própria, não cópia. Desde cedo, trabalhar ética na pesquisa
- Fontes Não Confiáveis: Ensinar a avaliar credibilidade. Comparar fontes. Pensamento crítico sobre informações online
- Pesquisa Superficial: Não apenas “copiar e colar”. Orientar para aprofundamento. Questionar, relacionar, elaborar
- Falta de Orientação: Não deixar o aluno sozinho. Acompanhar o processo. Ensinar a pesquisar
- Excesso de Informação: Ajudar a selecionar, filtrar. Focar no essencial
4. Gestão Democrática e Participativa
A gestão democrática é um princípio constitucional e uma prática que visa democratizar as relações de poder na escola, promovendo a participação de todos os segmentos da comunidade escolar nas decisões e na construção de uma educação de qualidade.
4.1 Conceito de Gestão Democrática
Gestão: Administração, organização, coordenação. Tomada de decisões. Uso de recursos. Alcance de objetivos.
Democrática: Participação. Decisões coletivas. Transparência. Respeito à pluralidade. Igualdade de voz.
Gestão Democrática: Forma de administrar a escola baseada na participação de todos os segmentos da comunidade escolar (gestores, professores, funcionários, alunos, famílias) nas decisões, no planejamento, na execução e na avaliação das ações educativas, com transparência, diálogo e respeito à diversidade.
Não é: Ausência de liderança. Todos decidem tudo. Assembleísmo. Lentidão nas decisões. É: Liderança compartilhada. Decisões coletivas em questões importantes. Agilidade com participação.
4.2 Fundamentação Legal
Constituição Federal de 1988 – Artigo 206, VI: “Gestão democrática do ensino público, na forma da lei.”
LDB – Lei 9.394/96 – Artigo 3º, VIII: “Gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino.”
LDB – Artigo 14: “Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
- I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
- II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.”
LDB – Artigo 15: “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.”
PNE – Meta 19: “Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas…”
4.3 Princípios da Gestão Democrática
- Participação: Envolvimento de todos os segmentos. Decisões coletivas. Corresponsabilidade. Não apenas consulta, mas participação efetiva
- Autonomia: Escola tem autonomia para tomar decisões (dentro das normas legais). Pedagógica, administrativa, financeira. Não é independência total, mas capacidade de decidir sobre seus caminhos
- Transparência: Informações acessíveis a todos. Prestação de contas. Clareza nas decisões e ações. Comunicação aberta
- Pluralidade: Respeito à diversidade de opiniões, ideias, culturas. Diálogo. Não imposição
- Descentralização: Poder não concentrado em uma pessoa. Distribuição de responsabilidades. Liderança compartilhada
4.4 Mecanismos de Gestão Democrática
1. Projeto Político Pedagógico (PPP): Construído coletivamente. Define identidade, objetivos, práticas. Orienta todas as ações. Revisado periodicamente com participação.
2. Conselho Escolar: Órgão colegiado. Representantes de todos os segmentos (gestores, professores, funcionários, alunos, pais). Funções: deliberativa, consultiva, fiscalizadora, mobilizadora. Participa de decisões importantes. Acompanha execução do PPP. Aprova planos, projetos, prestação de contas.
3. Conselho de Classe: Professores, coordenação, às vezes alunos e pais. Avaliação coletiva do processo de ensino-aprendizagem. Discussão sobre cada turma, cada aluno. Planejamento de intervenções. Não apenas para atribuir notas.
4. Grêmio Estudantil: Organização dos alunos. Representação estudantil. Participação em decisões. Organização de atividades. Exercício de cidadania. Autonomia dos estudantes.
5. Associação de Pais e Mestres (APM) ou similar: Integração escola-família. Apoio às atividades escolares. Participação nas decisões. Mobilização da comunidade.
6. Assembleias e Reuniões: Espaços de discussão e decisão coletiva. Assembleias gerais (toda comunidade). Reuniões por segmento. Reuniões pedagógicas.
7. Eleição de Diretores: Escolha democrática da direção. Pode ser: eleição direta, consulta à comunidade, processo seletivo com participação. Varia conforme legislação local.
4.5 Dimensões da Gestão Escolar
Gestão Pedagógica: Foco no processo de ensino-aprendizagem. Currículo, metodologias, avaliação. Formação de professores. Acompanhamento dos alunos. Projetos pedagógicos. É o coração da escola.
Gestão Administrativa: Organização da escola. Matrícula, documentação, arquivos. Recursos humanos. Normas, regimentos. Infraestrutura, manutenção.
Gestão Financeira: Recursos financeiros. Orçamento, prestação de contas. Programas (PDDE, etc.). Transparência. Priorização de gastos conforme PPP.
Gestão de Pessoas: Relações interpessoais. Clima organizacional. Valorização dos profissionais. Resolução de conflitos. Trabalho em equipe.
Gestão Participativa: Envolve todos os segmentos. Conselhos, assembleias. Decisões coletivas. Comunicação, diálogo.
Importante: Todas as dimensões devem estar a serviço da dimensão pedagógica. O objetivo final é a aprendizagem dos alunos.
4.6 Papel dos Diferentes Atores
Diretor/Gestor: Liderança democrática (não autoritária). Coordena, articula, mobiliza. Garante espaços de participação. Toma decisões (algumas sozinho, outras coletivamente). Presta contas. Representa a escola.
Professores: Participam da elaboração do PPP. Contribuem com sua expertise pedagógica. Participam de conselhos, reuniões. Implementam as decisões coletivas. Avaliam o processo.
Funcionários: Também são educadores. Participam das decisões. Contribuem com suas perspectivas. Representação em conselhos.
Alunos: Protagonistas do processo educativo. Participam conforme a idade (grêmio, conselhos, assembleias). Opinam sobre questões que os afetam. Exercem cidadania.
Famílias: Parceiras da escola. Participam de conselhos, reuniões. Acompanham a aprendizagem dos filhos. Contribuem com a comunidade escolar.
Comunidade Local: Pode participar de conselhos. Parcerias. Uso dos espaços escolares. Escola como centro cultural.
4.7 Desafios da Gestão Democrática
- Cultura Autoritária: Tradição de gestão centralizada. Resistência à participação. Medo de perder poder. Necessidade de mudança de cultura
- Falta de Tempo: Professores sobrecarregados. Dificuldade de encontrar horários comuns. Necessidade de garantir tempos para participação
- Baixa Participação: Desinteresse, descrença. Falta de hábito de participar. Necessidade de mobilização, sensibilização
- Conflitos: Divergências de opinião. Dificuldade de lidar com conflitos. Necessidade de diálogo, negociação
- Falta de Formação: Desconhecimento sobre gestão democrática. Falta de preparo para participar. Necessidade de formação
- Burocratização: Excesso de normas, papéis. Conselhos apenas formais. Necessidade de desburocratizar
- Interferências Externas: Políticas centralizadoras. Falta de autonomia real. Necessidade de fortalecer autonomia das escolas
4.8 Benefícios da Gestão Democrática
- Decisões mais legítimas e aceitas por todos
- Maior comprometimento da comunidade
- Diversidade de perspectivas enriquece as decisões
- Desenvolvimento de cidadania (alunos, famílias, todos aprendem a participar)
- Transparência e prestação de contas
- Fortalecimento da identidade da escola
- Melhoria da qualidade da educação
- Clima escolar mais positivo
- Distribuição de responsabilidades
- Escola mais conectada com sua comunidade
Você concluiu o estudo sobre Gestão, Currículo e Pesquisa Educacional! Esses temas são fundamentais para compreender a escola como espaço democrático, o currículo como construção social e a pesquisa como princípio formativo.
Lembre-se: O PPP orienta a identidade da escola, o currículo é uma seleção cultural que deve ser multicultural e integrado, a pesquisa desenvolve autonomia e criticidade, e a gestão democrática fortalece a participação de todos na construção de uma educação de qualidade!
Prefeitura de Florianópolis/SC – Instituto Legalle
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